sábado, 24 de dezembro de 2005

Queridos amigos:

Para marcar o fim de mais um ano, preparei junto com Giulia Moon uma nova edição do FicZine, nosso fanzine voltado para a Literatura Fantástica. Esta edição de número 4 é dedicada ao Natal. São três contos de fantasia inéditos, com três visões diferentes sobre a data.
Desta vez, nosso convidado especial é Adriano Siqueira, escritor vampírico e criador do site Adorável Noite, que nos traz "A vampira de Vermelho", mostrando que vampiros também têm a ver com proteção à natureza.
Em "Nas Águas de Março", Giulia Moon cria uma fábula de humor e malícia com sabor bem brasileiro.
E meu próprio conto, "A Melhor Época do Ano", mostra várias maneiras de tornar realmente inesquecível a noite de Natal!

Todo mundo que quiser pode baixar o FicZine, em versão pdf, no site Visuh, http://visuh.net/ficzine4/ , de Fernando Erlantz, o fotógrafo oficial da comunidade vampírica paulistana. Tenho certeza de que vocês vão curtir muito todas as histórias!

Beijos e abraços a todos!

Martha Argel

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Bom dia.
Não vou fazer estardalhaço do tipo "este é o último post do ano", "fiz um balanço de 2005", "as festas estão chegando" ou "abomino o natal". Tá cheio disso por aí, podem escolher, ao gosto do cliente.
Sempre desejo tudo de bom a todos, exceto, claro, àqueles que não merecem. Que esta época de fim de ano, fim de saco, festas, comilanças e extremos de humor apenas siga o padrão. Quem merece ser feliz que seja; quem atrai maus fluidos a si e aos outros que se esbalde em sua própria infelicidade, se é o que deseja.
Ah, estranho os desafetos merecerem mais palavras do que as mulheres e homens de bem. Bem, consumemos o fato, lá vai mais um punhado de frases dedicadas aos azedos da vida: critiquem os outros, mostrem-se muito mais exigentes com relação às qualidades alheias que com as próprias, desfaçam-se de amizades porque sim, fechem-se em seu mundo de "virtudes elevadas", sejam impacientes com o entusiasmo alheio e desdenhem sucessos que não podem alcançar. Cortejem o fracasso e as frustações e tenham a certeza de uma velhice mais amarga que o presente. Estes são meus votos, para 2006 e para sempre, àqueles que fazem parte do problema e não da solução.
E a gente de bem? Sei lá, porra. Pra esses não preciso desejar nada. Sei que o que quiserem, conseguirão. Faz parte de sua alma, da alma de tantas pessoas valiosas, valorosas, que conheço, com quem me deparo todos os dias. Dizer algo a essas pessoas é bem fácil: vão lá e façam. Pronto. Enriqueçam o mundo, aqueçam o coração do próximo, somem e multipliquem e anulem as operações de quem subtrai e divide. E riam-se, vocês também, dos frustrados e recalcados. Paz na terra aos seres humanos de boa vontade e torta na cara dos amargurados.
Estamos combinados?

beijos, queijos, peru e salpicão a todos, de mim e de todos meus alter-egos
Martha Argel, Maria Clara Baumgarten, Lucila Vampira, Irena Padova, Emilie Snethlage, Aníbal Sangregório, Alberto Tedesco, Francesca Fornasari e o resto da galera.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Bom dia. O ventinho úmido que entra por minha janela aberta vem carregado com o perfume da magnólia amarela. Há alguns anos esta época do ano se tornou minha preferida, por causa desse cheirinho tão, tão bom.
Ontem voltei a ver e ouvir os tico-ticos, desta vez em quatro lugares diferentes. Esperança do retorno...
O pêndulo que se move ciclicamente entre ciência e arte devagar me leva, de novo, mais para perto da literatura de ficção e não-ficção. Terminei de escrever um conto, retomei outro que estava abandonado há meses, e voltei a negociar com a editora a publicação de meu segundo romance de vampiros, Amores Perigosos, continuação de Relações de Sangue. Já está nas livrarias a linda agenda da Escrituras Editora, que traz textos meus sobre as aves brasileiras e as fotos belíssimas de Fábio Colombini. O projeto da série de livros sobre aves do Brasil, com a WCS, aos poucos avança. Fora isso, conheci nas últimas semanas muita gente do mercado editorial e do mundo literário.
Estou feliz, também, por ter escrito a apresentação e por ter sido a revisora científica de Berços da Vida: ninhos de aves brasileiras, o maravilhoso livro de Dante Buzzetti e Silvestre Silva. O livro está prometendo, e deve estourar nos próximos dias. O Dante e o Silvestre merecem sucesso, por toda sua arte e respeito pela natureza!

beijos, aproveitem a beleza peculiar dos dias de chuva
Martha Argel

segunda-feira, 28 de novembro de 2005

Uma daquelas noites em que a gente fica rolando de um lado para outro da cama, pensando em como pode ter gente babaca no mundo, pessoas cujo ego vai sempre na frente, adiante de tudo, a despeito de quem esteja a seu redor, a despeito de objetivos comuns, sem respeito e sem limites.
Aiai, eu não preciso perder tempo com pessoas assim, mas é aí que reside seu grande poder: esses seres asquerosos absorvem nossa atenção, com sua negra ação impedem que usemos nosso tempo em coisas produtivas. Tranca-ruas, é como uma amiga os chama. Ela sabe. Ela convive com essa laia. Ela conhece o mal que causam.
O que eu quero? Cair fora. Distância. Deixar que o ser se esbalde em sua pequena arrogância e grande mediocridade. Se fosse bom já seria famoso. Mas e se não puder sair de cena? Ai meu saco, tão pouco tempo pra fazer o que realmente gosto e preciso estar de maquinações contra o Mal? Not fair.

Enquanto isso, no mundo real...

Domingo senti um saborzinho de passado. Durante minha caminhada, em dois lugares vi algo que há muito não via aqui no meu bairro: tico-ticos! Sumidos há quase dois anos, não acreditei no que ouvia: da primeira vez foram os tic, tic de um passarinho saltitante num gramadinho; muitas quadras depois, o canto melodioso de um macho, escondido entre arbustos. Será que eles estão voltando?!

beijos a todos, e não dêem atenção àqueles que não medem conseqüências para consegui-la
Martha Argel

domingo, 27 de novembro de 2005

Lindo domingo de sol, mas nem parece quase dezembro; o vento frio da manhã de hoje não faria feio num mês de maio.
Nos últimos dias li duas antologias vampíricas excelentes:
- Dracula in London (2001), editada por P.N. Elrod, é sem dúvida a melhor que já li. Dois ou três contos fraquinhos, que são inevitáveis, mas boa parte do material ali é de primeira. Meu preferido foi "Beast", de Amy L. Gruss e Catt Kinsgrave-Ernstein; nunca tinha ouvido falar delas, e me surpreendeu a engenhosidade de sua narrativa.
- The Ultimate Dracula (1991), editada por Byron Preiss, é quase tão boa quanto a anterior. "The Vampire in his Closet", de Heather Graham, outra desconhecida, é uma leitura deliciosa. Outro destaque é "All Dracula's Children", um conto de Dan Simmons que deu origem ao romance Childen of the Night, um dos melhores livros de vampiro que já li. O conto em si é impressionante, talvez por ser calcado em fatos reais que são mais horripilantes que muita ficção por aí que se diz de Horror, mas que no final das contas não passa de ficção horrorosa...

Beijos a todos, que neste ano suas árvores de natal fiquem lindas!
Martha Argel

segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Bom dia!
A Primavera dos Livros foi ótima. Apesar de meu nervosismo extremo, me saí bem na apresentação de sábado. Vejam só que coisa, a gente nunca sabe quem está na platéia, não é? Havia vários editores e ao menos um assessor de um secretário municipal e uma jornalista. Sei que gostaram de minhas colocações. Isso paga qualquer estress pré-palestra!
Conheci pessoas interessantíssimas, revi gente que não via há anos (em dois casos, décadas!) e me senti feliz, cercada de gente que ama os livros a ponto de fazer deles a sua vida.
E ontem, o brilho nos olhos das crianças enquanto "a autora" autografava seus livros foi algo de dar nó na garganta.
Sabe quando a gente vai pra cama com aquela sensação boa de que este país tem conserto? Pois é. E o melhor é quando a gente sente que está, de novo, no centro da ação.

beijos, queijos e uma boa semana a todos
Martha Argel

quinta-feira, 17 de novembro de 2005

Estou de volta!!!
Desculpem o sumiço. Recuperar-me totalmente, depois da cirurgia, demorou um pouco mais do que eu esperava, mas foi mais uma questão de estado de espírito que física.
Apesar do desânimo pós-operatório, fiz o possível pra não ficar parada, de forma que já volto com novidades:

Eu na Primavera dos Livros!

Neste final de semana estarei participando da Primavera dos Livros, uma feira literária charmosíssima que acontece na Oca, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. E minha agenda está cheia de atividades durante o evento!

No sábado, dia 19, das 15 às 17 horas, participo da Mesa redonda "Livros e Meio Ambiente", juntamente com Aziz Ab?Saber e Dante Buzzetti.
No domingo, dia 20, às 19 horas, estarei autografando meu livro "Voando pelo Brasil" (Cuca Fresca Edições), finalmente lançado aqui em Sampa. Muitos de vocês já conhecem este livro, destinado ao público infanto-juvenil e ilustrado com as belíssimas esculturas em papel de Carlos Meira.
Além disso, na mesma oportunidade será lançado o livro "Berços da Vida: Ninhos de aves brasileiras" (Editora Terceiro Nome), de Dante Buzzetti e Silvestre Silva, do qual sou revisora científica. Além disso, foi com muita honra que aceitei o convite da editora para fazer a apresentação da obra, que reúne fotos fantásticas e é simplesmente maravilhosa.

A Primavera dos Livros é organizada pela Liga Brasileira de Editores e reúne mais de 80 editoras, numa ótima oportunidade para conhecer e comprar ótimos livros. Haverá ainda lançamentos, debates e saraus de poesia. Seguem mais algumas informações.

Primavera dos Livros 2005
18 a 20 de novembro, das 10 às 20 horas
Local: Oca, Parque do Ibirapuera, São Paulo (acesso pelo Portão 2 do Parque)
Ingresso: R$ 2,00. Estudantes pagam meia. Entrada gratuita para menores de 12 anos, maiores de 65, professores e bibliotecários

Ficarei muito feliz se vocês assistirem à mesa-redonda (afinal, o Ab?Saber é uma das maiores autoridades científicas deste país!) ou se aparecerem para bater um papo durante o lançamento desses dois livros tão especiais!

abraços
Martha Argel

sábado, 22 de outubro de 2005

Boa tarde.
Estou de volta. Correu tudo bem e tive alta hoje de manhã. Tenho que ir devagar por uma semana, mas é tudo.
É bom resolver os problemas, não é?

beijos e queijos (e muito repouso por enquanto)
Martha Argel

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

Boa noite!
Cheguei de volta em casa e sumi da internet. Saudades da banda larga da Clau, lá em Toronto. Saudades de lá. Estranho, num dia Clau, Terry e Andrew fazem parte de minha rotina, T.O. lá fora, inglês na tv e nas ruas, e no outro, cá estou eu de novo em minha sala e nem parece que estive um mês naquele lugar agora milhares de quilômetros distante.
Toronto provavelmente vai fazer parte de mim pra sempre.
De novo a pergunta que me faço após cada viagem: sou ainda a mesma pessoa? Não sei. Quem sabe.
Vou ficar alguns dias fora do ar. Desejem-me que tudo corra bem. É estranho quando, ao preencher um cadastro, uma das informações pedidas é "Religião". Me dá um calafrio. Tento não pensar. Mas amanhã é inevitável.
Mudando de assunto: dois contos meus saíram publicados. "Adivinha o que tenho no meu freezer" saiu na Scarium. "O guarda-mor, a urutu-dourada e o disco-voador" saiu na Somnium. O primeiro é de terror. O segundo é ficção-científica.

Até a volta.

Martha Argel

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Meu ultimo dia inteiro aqui no Canada. Amanha embarco de volta pro Brasil.
Os dias cinzentos e frios nao inspiram a sair de casa. Vou ao super-mercado, caminho um pouco nos arredores visitando as lojas mais proximas, ocasionalmente me sento no jardim da igreja de St. James para ler.
Estou lendo "Sanglasses after dark", de Nancy Collins. Ha' anos eu procurava esse livro e achei em um sebo por aqui. Apesar de ser extremamente violento, estou gostando. O personagem principal e' uma vampira chamada Sonja Blue. Nao consigo me lembrar de outras vampiras marcantes na literatura, exceto Carmilla, do final do seculo XIX. Por que sera' que personagens femininos marcantes sao tao raros na literatura vampirica?!
Ontem tive minha ultima aula com a dra Elizabeth Miller. Todos os alunos ganharam um exemplar autografado de um livro dela. Comprei seus outros dois titulos. Raridades. Estou bem feliz.
Depois da aula perambulei um pouco por downtown, debaixo da garoa fina e fria, numa despedida que deve prosseguir hoje. Praticamente tudo ja' esta nas malas. Meu cartao telefonico terminou, as passagens de metro idem, comecei a colocar os e-mails em dia e passei para um CD todos os arquivos que estavam no computador. Fim de festa. Sempre um travo de melancolia.
Espero que o dia melhore hoje. Quero dizer tchau para as arvores vermelhas.

Fiquem bem, curtam os dias.
Martha Argel
Meu ultimo dia inteiro aqui no Canada. Amanha embarco de volta pro Brasil.
Os dias cinzentos e frios nao inspiram a sair de casa. Vou ao super-mercado, caminho um pouco nos arredores visitando as lojas mais proximas, ocasionalmente me sento no jardim da igreja de St. James para ler.
Estou lendo "Sanglasses after dark", de Nancy Collins. Ha' anos eu procurava esse livro e achei em um sebo por aqui. Apesar de ser extremamente violento, estou gostando. O personagem principal e' uma vampira chamada Sonja Blue. Nao consigo me lembrar de outras vampiras marcantes na literatura, exceto Carmilla, do final do seculo XIX. Por que sera' que personagens femininos marcantes sao tao raros na literatura vampirica?!
Ontem tive minha ultima aula com a dra Elizabeth Miller. Todos os alunos ganharam um exemplar autografado de um livro dela. Comprei seus outros dois titulos. Raridades. Estou bem feliz.
Depois da aula perambulei um pouco por downtown, debaixo da garoa fina e fria, numa despedida que deve prosseguir hoje. Praticamente tudo ja' esta nas malas. Meu cartao telefonico terminou, as passagens de metro idem, comecei a colocar os e-mails em dia e passei para um CD todos os arquivos que estavam no computador. Fim de festa. Sempre um travo de melancolia.
Espero que o dia melhore hoje. Quero dizer tchau para as arvores vermelhas.

Fiquem bem, curtam os dias.
Martha Argel

terça-feira, 11 de outubro de 2005

Bom dia!
Em quatro dias embarco de volta pro Brasil.
Ontem foi Thanksgiving Day aqui no Canada. Eles comemoram numa data diferente dos estadunidenses. Meu primeiro Thanksgiving. Ajudei a Claudia a fazer o peru. Usei meu conhecimento ornitologico de uma forma realmente util. Primeiro tirei de dentro do peru o saquinho que continha os miudos, informei a minha prima o que se tratava e quando ela saiu correndo de nojo joguei no lixo. Depois descobri que o pescoco do bicho tbm tava enfiado la' dentro, e de novo me desfiz da coisa quando a Clau fugiu da cozinha aterrorizada. Tambem cortei fora a pele de pescoco que ficou pendurada na carcaca. Mais tarde, a Clau quase vomitou quando foi jogar algo na lata de lixo e viu todos esses trecos por la'.
Bom, fora isso, minhas reais contribuicoes 'a qualidade da refeicao foram lavar o bicho com carinho e depois sugerir que ela o temperasse com alecrim. Ficou boa a coisa!!!!
Alem do inusitado fato de eu ter me metido a cozinheira (ao menos a assistente de cozinheira) outra coisa bizarra aconteceu. Apareceu um lindo esquilinho por aqui, em busca de comida. Dei um monte de petiscos ao meigo bichinho, ate' que o filhodaputa, num momento de desespero, agarrou minha mao e, em vez de pegar os cajus que eu lhe oferecia, cravou os dentes com vontade no meu dedo indicador. Putaqueopariu!!! Criatura traicoeira! Arrancou sangue. O que os vampiros nunca conseguiram, um maldito roedor rabudo conseguiu!
Aprendam: esquilos nao sao as fofurinhas doces que papai Walt Disney quer nos fazer crer. Tico e Teco sao filhotes do demo!!!

beijos
Martha Argel

segunda-feira, 10 de outubro de 2005

Oie!!!!
Vendo as noticias de hoje, tomei um susto. Ameaca terrorista no metro de NY! Puxa, e um dos lugares que esta' sendo vigiado mais de perto e' a Port Authority Bus Station, a rodoviaria da cidade. Caramba. Foi la' que cheguei, foi de la' que sai'. As noticias ficam muito mais terriveis quando a gente conhece os lugares, quando esteve la'.
O que consegui notar quanto a' seguranca da rodoviaria: tem cameras por toda parte. Enquanto eu esperava meu onibus, uma garotada, obviamente turistas europeus, tirou uma foto. Imediatamente, soou pelo auto-falante a informacao de que era proibido tirar fotos dentro do terminal. Os caras ficam de olho mesmo! E a cada cinco minutos, mais ou menos, soavam os avisos, em ingles e em espanhol, de que (1) toda bagagem portada por passageiros estava sujeita a revista e (2) qualquer volume abandonado deveria ser denunciado a' seguranca. Nao vi muita policia, nao. E nao revistaram nada nem quando cheguei nem quando embarquei.
Ah, no metro nao me lembro de ter visto cameras de seguranca, nao.

Ontem fomos, Claudia, Gustavo, Andrew e eu, ao lago Simcoe. Acabamos chegando num Parque provincial, lindo! Fizemos picnic, passeamos e tiramos fotos. Fazia frio de manha, cerca de 11 graus, mas o dia esquentou e, com o sol, estava super-agradavel.
Uma das partes mais bonitas da viagem, acreditem se quiserem, foi dentro de Toronto, a Don Valley Road, uma autopista que corre dentro de um vale cujas escarpas estao revestidas de bosques. AS CORES ERAM MARAVILHOSAS!!!! Os tons de vermelho, laranja e amarelo ja' comecam a dominar na paisagem, so' vendo mesmo pra acreditar a beleza disso. Fiquei taaaao feliz, eu ja' comecava a acreditar que tinha vindo cedo demais, e que nao conseguiria ver o outono se instalando nas arvores. Ueba!
Se alguem ai' planeja vir ao Canada' pra ver esse espetaculo, acredito que a melhor epoca e' o final de outubro.

beijos e queijos, e cinco dias na contagem regressiva!
Martha Argel

domingo, 9 de outubro de 2005

Bons dias!!!
Tem horas que nao vejo a hora de entrar no aviao. Dai' a pouco nao quero voltar nunca mais. Tantas coisas legais aconteceram que eu quero que continuem acontecendo. Por outro lado, rolaram novidades com desenrolares interessantes em casa, e nao vejo a hora de por a mao na massa.
Os ultimos dias tem sido muito menos agitados do que o periodo pre'-NY. As ultimas compras, algumas caminhadas pela cidade, algumas horas em parques e pracas lendo um romance de vampiros. Fazendo a mala e brigando com o excesso de bagagem (que ainda tenho esperanca de nao ter).
A temperatura caiu, como previsto, mas nao tanto como se esperava. Ontem a minima foi 7 grau, diz meu amigo Gustavo que ha' pouco estava 6, mas nao acho. Dei um pulo no mercado e achei que esta' uns 9-10. So' vai haver uma queda acentuada depois que eu partir.
A coisa mais interessante que aconteceu esses dias foi na madrugada de ontem. Ouvi um barulho no quintal e, na minha neura paulistana, ja' imaginei que alguem tinha entrado em casa. Olhei pela janela e nao vi nada, mas o barulho continuava. Vinha dos recipientes de lixo reciclavel.
Abri a porta de vidro da sala (fechada desde o episodio do rato) e coloquei a cabeca pra fora, cautelosa. E, de debaixo da toalha da mesa, onde esta' o conteiner, outra cabeca cautelosa assomou e me devolveu o olhar: um racoon!!!!! Eu tava querendo ver desde que cheguei!!!
Nao tenho tempo pra descrever o embate que se seguiu (ele esava espalhando lixo no quintal!), mas acabei espantando o bichinho com uma lanterna... e um guarda-chuva! E esqueci de tirar foto, que droga.
Beijos, tou com pressa, estamos indo pro lago Simcoe.
Te' amanha!!!

Martha Argel

quinta-feira, 6 de outubro de 2005

Bom di... aaatchim!
Vixe, quantas pessoas vcs conhecem que pegaram resfriado porque se molharam no passeio 'as cataratas do Niagara?!
Tou meio podre. Ontem passei boa parte do dia em casa.
Me entupi de remedios e fui 'a aula de literatura vampirica. O tema foi, basicamante, a ficcao de vampiros entre Bram Stoker e Anne Rice, com destaque para os livros de Richard Matheson, Stephen King e Fred Saberhagen. Nunca me interessei em ler o primeiro ("I am legend"), achei um saco o segundo ("Salem's Lot") e gostei bastante do terceiro ("The Dracula tape"), um curioso precursor da Anne Rice.
Eu me sentia como o aluno pentelho de um filme ianque: cheguei antes da aula pra poder bater papo com a professora, e depois acompanhei ela quase ate' o metro. So' faltou eu oferecer pra carregar os livros dela.
Voltei pra casa quase que direto pra cama e dormi horas. Acordei me sentindo bem melhor.
Na minha cabeca ja' estou voltando pro Brasil. Ontem de novo fiz longos telefonemas. Esses ultimos dias vao ser loooongos!
E de noite, ja' eram bem umas dez horas, bateu uma vontade de caminhar. Botei uma quantidade de roupas quentes desproporcional 'a temperatura amena que fazia la' fora e sai' batendo perna a esmo pelo centro de Toronto. Bem legal. Inspirador. Voltei pra casa cozinhando.
Diz que hoje a temperatura cai. E cai mesmo. Previsao de menos 1. Vamos ver.

beijos a todos
Martha Argel

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

Bom dia. Esta' ficando cada vez mais dificil manter em dia este blog. A viagem vai chegando ao fim (ao fim? 10 dias, muitas viagens estariam apenas comecando!), e o cansaco comeca a se acumular. Saudades da rotina, do dia-a-dia. Talvez seja uma das maiores qualidades de viajar: fazer com que a gente valorize a vida normal, corriqueira. Nos ultimos dias fiz uma porcao de longos telefonemas ao Brasil, aproveitando o fato de que utilizar cartoes telefonicos reduzem o preco das chamadas a quase zero. Um cartao de 10 dolares (20 reais), por exemplo, em teoria da' direito a umas seis horas de ligacao pra Sampa. Incrivel, nao?!

Esta epoca e' excelente para uma escritora de vampiros visitar a America do Norte. Vespera de Halloween, lembram? A oferta de quinquilharias nas lojas e' assombrosa. Eu, claro, quero comprar tudo o que vejo, de brincos de morcego a cranios com luz estroboscopica. Morcegos, de plastico, borracha, pelucia de todos os tamanhos. Ratos gigantescos. Vestidos de Morticia Addams. Esqueletos em tamanho natural, muito realisticos. Achei muito legal uma taca enorme que tem sangue dentro, super decorativa, mas me contive. Ja' nao tenho onde colocar tanta tranqueira nas malas!

Ontem sai' cedinho rumo a rodoviaria e comprei passagens pra Niagara Falls. O dia estava lindo! No quiche pedi informacoes quanto 'a distancia entre a estacao e as quedas "Ah, uns 15 minutos de caminhada, pela beira do rio". Opa, beleza! So' que o cara nao sacava nada - eram 4 km! Uma liiinda e longa caminhada... com o sol no rosto. Resumo da opera: quando eu chegar no Brasil, vao achar que eu fui passar ferias no Caribe e nao no Canada'. Tou absolutamente bronzeada (so' no rosto, porem...).
Foi um passeio maravilhoso. Eu tinha pouco tempo e nao pude ir em todas as atracoes que a cidade e as quedas oferecem. Nao fiz, por exemplo, o passeio do Maid of the Mist, que leva os turistas pra dentro do spray da catarata maior. As pessoas saem pingando, e eu nao tava a fim. Mas fiz um passeio que te leva pra baixo da catarata, por um tunel, e vc ve de longe por uma abertura as aguas caindo. Impressionante. Um pouco menos umido, mas tem um mirante, pertinho da queda, onde uma virada do vento e' suficiente pra vc se ensopar. O que eu mais curti foi usar aquelas capas de chuva amarelas que a gente ve no desenho do Pica Pau! Tudo bem, hoje elas sao de platico fininho, descartavel, e Made in China, mas e' legal ver aquele mooooonte de gente de capinha amarela! Ah, outra coisa que curti foram os tuneis: a iluminacao e' amarela, e as pessoas ficam verdadeiramente assustadoras com aquela luz - braaaancas, morticas, parecendo zumbis!!! Um barato.
Voltei pra casa acabada. Pior: com um resfriado que hoje de manha resolveu desabrochar. Resultado nao so' de meu passeio encharcado mas do maldito ar condicionado do onibus.
Bom, espero estar bem pra aula com a Elizabeth Miller, hoje a tarde.

beijos, queijos e muuuitas saudades!
Martha Argel

segunda-feira, 3 de outubro de 2005

Bom dia.
Os dois ultimos dias foram de morgacao quase total. Talvez um mes seja meu limite maximo para ficar fora do Brasil. Ou talvez o espirito das ferias finalmente tenha me alcancado, e eu esteja fazendo o que realmente se deve fazer nas ferias, ficar de papo pro ar vendo as nuvens cruzarem o ceu.
Alias, nuvens andar rarissimas por aqui. O outono esta' sendo anormalmente seco e quente. Ontem de manha estava friozinho, mas 'a tarde sai' de moletom e acabei tendo de tirar. E tem gente que me pergunta, por e-mail, pelo orkut, se estou congelando aqui... Se continuar assim, as duas malhas de la~ voltam pra Sampa do jeito que vieram. Alias, nao, porque uma delas eu usei quando embarquei.
No sabado fomos fazer comprar num complexo de outlets numa das cidades satelite de Toronto. Uma das principais vias da cidade, a Highway, que corre paralela ao lago Ontario, estava fechada. Meu, o transito estava medonho na cidade inteira! Como pode uma unica via ferrar toda uma cidade de 3 milhoes de habitantes?! Tudo bem, suponho que se fecharem a 23 de maio, ferra boa parte de uma cidade de 11 milhoes...
Uma coisa que me impressiona aqui e' como os espacos publicos sao imensos. Parques enormes e estacionamentos gigantescos. Os saguoes de entrada e patios internos dos edificios, e os quintais mal-divididos por cerquinhas de madeirinha (ate' em NY!) ou telas de arame. Nao tem economia de espaco aqui. Fico imaginando porque e' que nos vivemos tao apertadinhos em Sampa, sendo o Brasil um pais quase tao grande quanto estes dois norte-americanos anglofonos.Ontem levamos o Andrew para Riverdale Farm, uma fazenda urbana, onde os pais levam os pimpolhos para verem vacas, cavalos, mulas, galinhas, ovelhas, coelhos e por ai' afora. Lindo lugar. Eu ja tinha estado la', fica vizinha a Cabbage Town, um dos lugares que mais amei aqui na cidade.
Tambem tive de novo a confirmacao de que os Torontonianos adoram falar. Li outro dia, num livro que, fora isso detestei, que no Canada um estranho puxa conversa e cinco minutos depois voce ja sabe todos os podres da familia dele. Duas vezes, ontem, puxei papo sobre bichos, uma vez sobre um cabritos que estavam balindo e outra sobre dois cachorrinhos muuuito fofos, e as pessoas desandaram a falar e nao paravam mais! Nas duas vezes tive que ser eu a por um ponto final na arenga, mesmo porque nao entendia mais da metade do falatorio.

Ah, eu tinha prometido contar a tragicomedia da noite em que cheguei de NY.
Estavamos todos aqui na sala, a Clau e eu sentadas e o Terry em pe, olhando o Andrew dancar em frente a televisao. De repente o Terry diz "Temos um rato aqui em casa. Um rato pequeno. Talvez um camundongo". Eu achei que ele estava fazendo alguma piadinha sobre o Andrew, mais uma das coisas que ele fala e que eu nao entendo. Mas ele pegou o Andrew no colo e repetiu "Temos um rato! Ele passou por ali" e apontou na direcao da porta do quintal. "Um rato ali fora?!" perguntei "Nao, um rato aqui dentro. Ele passou para tras da estante!"
Foi um rebulico! A Claudia catou o Andrew e pulou pra cima do sofa "Eu odeio ratos!".
Sem saber o que fazer, comecamos a cutucar embaixo da estante (imensa, com teve, som, livros, brinquedos, pesadissima e com muuuitos lindo lugares onde um rato se enfiar), e nada.
De repente, o Terry se levanta e toma uma decisao. "Vou chamar o zelador. Ele esta' no bar. Vou ate' la'", e saiu muito decidido.
A Claudia e eu nos entreolhamos. "Temos um rato em casa e portanto preciso ir ao bar." Vcs ja' ouviram desculpa melhor?!
Dai a pouco ele volta com um zelador, um hungaro esquisitissimo, de olhar meio alucinado, oculos de aros escuros e grossos, magro alto e com um cabecao enorme. Careca.
"O rato esta ali!" apontamos para a estante.
Muito decidido, o zelador afirmou "O problema e' o mercado! Muito lixo, ratos, racoons, aquele outro bicho... como e' que chama... Venha, venha. Venha comigo que vou lhe mostrar!" e levou o Terry para fora de novo.
A Clau, ainda encolhida em cima do sofa', me olhou espantada "O rato esta' aqui e ele leva o Terry pra ver o mercado?!"
Dai' a pouco eles voltam. "O rato esta' ali, a gente tem que tirar ele daqui senao nao vamos conseguir dormir".
"Voces tem que deixar isso aqui fechado" instruiu o zelador, apontando para a tela de correr, na porta, "senao os ratos entram".
"Mas ele ja' entrou, se a gente fechar ele nao tem como sair", eu disse.
"Nao, nao, tem que fechar, senao eles entram. O problema e' o mercado, todo aquele lixo..."
"Mas ele ja' esta' aqui. O senhor pode ajudar a gente a tirar ele daqui?"
"Voces tem que fazer uma reclamacao, porque senao a administradora nao vai tomar nenhuma providencia. Eu vou trazer um formulario e voces fazem a reclamacao por escrito, senao vamos continuar a ter ratos por aqui". Ele virou as costas e se foi.
"Ele nao vai ajudar a expulsar o rato?!" perguntei, exasperada, ao Terry.
"Ele diz que a administradora tem que tomar uma providencia, o problema e' ter muito lixo por ai."
"Mas o rato esta' aqui dentro!" e como ninguem fazia nada, continuei cutucando embaixo da estante com a vassoura.
Dai a pouco batem na porta. Umas batidinhas tao meigas que imaginei que do outro lado estaria a Branca de Neve, ou a Cinderela. Era o zelador hungaro com um formulario que parecia ter sido mimeografado.
"Aqui." explicou ao Terry. "Voces tem que preencher aqui, aqui e aqui", disse, apontando para todos os lugares onde havia linhas em branco. Acho que ele queria que ficasse claro que NAO deveriamos escrever por cima do texto ja' impresso. "Sem isso, o problema continua".
Vendo que os dois pareciam se entender muito bem, resolvi interferir.
"O senhor tem uma ratoeira?"
Eu devo ter falado grego.
"Nao, ratoeira nao. Voces preenchem o formulario, senao o problema nao vai ser resolvido".
"O senhor nao entendeu. NOS TEMOS UM RATO AQUI DENTRO. NOS ESTAMOS EM PANICO. NOS PRECISAMOS TIRAR O RATO DAQUI SENAO NAO VAMOS DORMIR! O senhor tem uma ratoeira?"
"RATOEIRA NAO! Voces precisam preencher o formulario, se nao preencherem, ninguem vai ligar pras reclamacoes e ninguem vai fazer nada. Preencham o formulario."
"E o que a gente faz com o rato que JA esta aqui?"
"O problema e' o mercado, eles nao tem higiene, todos aqueles restos de comida... E' por isso que voces tem que preencher o formulario".
Eram 11 de noite e eu tinha viajado de Nova York ate' aqui.
"Muito obrigada por sua ajuda, o senhor foi muito gentil. Nos vamos preencher o formulario."
"Nao se preocupem, preencham o formulario e alguma coisa vai ser feita. Boa noite" e ele se foi, muito satisfeito.
Naquela noite dormimos com as portas fechadas e toalhas enfiadas nos vaos. A tela ficou aberta a noite toda. O rato deve ter saido porque nao tivemos mais noticias dele. E ninguem quis saber quem foi que, durante a noite, comeu o resto de macarrao que estava sobre o fogao...

beijos e queijos (sem ratos)
Martha Argel

sábado, 1 de outubro de 2005

Vixe, passei a manha inteira arrumando minhas tralhas e dando um jeito nas fotos. Elas jah estao carregadas nos sites de sempre:
http://marthaargel.multiply.com
http://pinguimviajante.multiply.com
Bom, vou tentar fazer um resumao da viagem a Nova York

1o. Dia:
Depois de viajar a nooooite toda (e passar por aquele SACO da imigracao estadunidense), cheguei na loucura novaiorquina de manhazinha. Passei o dia batendo perna pela cidade. Fui do Upper East End pra sul ateeeeee Union Square. Deve ter dado uns 8-9 km. Fiquei e-xaus-ta. Voltei de metro. Pontos altos: O Central Park, sem sombra de duvida, e o pequeno zoologico que ele hospeda. Jantei com meu anfitriao John Gwynne.

2o. Dia:
Acordei cedo e fomos, John e eu, observar aves no Central Park. Depois fui para o Bronx Zoo, mas nao vi quase nada porque trabalhei o dia inteiro. No fim da tarde, John me levou para a guest house onde eu ficaria hospedada. Limpinha, basiquinha. Banho quente e colchao confortavel, e o apartamento dispunha de uma cozinha e um jardim que mal usei. O unico senao era o preco, salgadissimo, mas seriam so tres pernoites. Bom outro senao era estar situado no Harlem, mas como todo mundo me disse, e percebi por mim propria, o Harlem nao e' mais o que era, esta' sendo invadido pela classe media e todos se perguntam para onde os pobres estao indo... De noite fomos jantar com amigos do John.

3. Dia:
Foi o melhor de todos. Fui de metro ate' downtown, e a custa de muito quebrar a cabeca consegui entender em todos os detalhes o intrincado e eficiente sistema de trens. Muito maluco, numa mesma palataforma vc pode pegar dois ou tres trens diferentes, numa mesma linha nem todos os trens param nas mesmas estacoes, e pra chegar mais rapido num dado ponto as vezes vc precisa ficar fazendo uma baldeacao atras da outra. Caminhei pelo centro a manha toda. De tarde fui ao Metropolitan Museum, e no fim da tarde, peguei o metro para o Brooklyn e la, na companhia do blogueiro Guilherme (Ay, Caramba!) assisti, deslumbrada, ao cair da noite sobre Manhattan. Depois fizemos um longo walking tour noturno por toda downtown, com direito a Chinatown, Little Italy e outros bairros que juro que nao lembro o nome. Jantamos no restaurante mais brega do mundo, o indiano Panna II, absolutamente abarrotado de fieiras de pequenas lampadas vermelhas, parecidas com pimentas malaguetas. Abarrotado e' abarrotado mesmo, vc quase tem que se abaixar pra entrar. Terminamos a noite perdidos no Harlem. Cheguei ao hotel 'a uma da manha! Pontos altos: os quadros de Durer, Vermeer e Caravaggio no Met, a vista espetacular de Manhattan a partir do Brooklyn, a travessia da ponte a pe', o restaurante indiano, atravessar o Morningside Park (acho que isso), no Harlem, de madrugada.

4. Dia
Trabalhei o dia inteiro, na sede da Wildlife Conservation Society (WCS), no Bronx Zoo. Putz, dois dias num dos maiores zoos do mundo e eu nao vi os animais!!!! O unico break foi pra comer um sanduiche e comprar alguns souvernirs na loja do Zoo. De noite, aconteceu o ponto alto do dia. John e eu fomos jantar com Guy Tudor. Se voce e' ornitologo ou passarinheiro deve ter ficado arrepiado. Se nao e' nenhum dos dois, a explicacao? Guy Tudor e' o melhor ilustrador de aves do mundo. Suas ilustracoes contribuiram para a formacao de centenas de ornitologos no Brasil e no resto do mundo. A ornitologia neotropical nao seria a mesma sem a obra dele. Lenda viva, entendem? Pois e', e eu la' jantando com ele, e a gente falando besteira juntos, gargalhando e se divertindo pra caramba. O cara e' uma piada. Parece uns velhos anarquistas que ate hoje existem em Buenos Aires e se reunem nos cafes da cidade pra xingar o governo. Eu disse isso pra ele. Ele adorou a ideia! O melhor: ele discorrendo acaloradamente sobre as "garotas de biquini que corriam apavoradas com aquelas cobras enormes na novela Pantanal". Hilariante!!! E mais engracado era ele mandando tudo e todos se foderem, o tempo todo. "Fuck them" pra ca', "Fuck them" pra la'. Amei o sujeito!

5. Dia
Quase nao fiz outra coisa a nao ser a mala e esperar o onibus na rodoviaria. Mas teve algo que valeu minha curta e entediante ultima manha em NY: vagando a esmo pela cidade com minhas malas (nao tem locker na rodoviaria! deve ser por medo de atentados), so' pra nao ficar duas horas inteiras mofando na rodo, eu ja' estava me sentindo infeliz e deprimida quando de repente encontro... uma livraria! Pensando em pelo menos passar uns minutos no meio dos livros entrei. E ganhei o dia!!!! Achei um livro da Laurell K. Hamilton que eu sabia que tinha sido lancado no dia 27 (ontem era 30) tinha procurado como uma doida, mas nao tinha achado. Putz, tava dando por perdido, e nao e' que encontro ele no ultimo momento?!!! Voltei pra rodo, tomei o bus as 11 e viajei, muito confortavel com os dois bancos so pra mim, ate' chegar em T.O. as 10:30 da noite, exausta e feliz.

Amanha eu conto a tragicomedia que presenciei tipo uma hora depois de ter voltado para a casa da Claudia. Foi absolutamente hilariante, e nonsense total!

beijos e tchau, que estou saindo pra bater perna, feliz de ter voltado pra ca!
Martha Argel
VOLTEI DE NOVA YORK!!! AMEI A CIDADE!
Agora estou podre, depois de passar quase o dia inteiro no busao. E tou resfriada.
Vou tentar ao menos postar um resumo da viagem aqui no blog amanha. Se tiver tempo, coloco no Multiply tbm as fotos.

beijos e queijos pra todos.
Martha

domingo, 25 de setembro de 2005

Bom dia, todos.
Desde um pouco antes de viajar pra ca' (quase um mes!) desenvolvi um profundo interesse por um tipo de palavras-cruzadas so' de numeros, chamado Sudoku. Vi pela primeira vez numas revistas do Coquetel, e depois no jornal que a Clau e o Terry assinam. Pra minha soete, embora os dois sejam viciados em palavras cruzadas, nenhum deles curte o tal Sudoku. Bom, uns dias atras minha prima me deu uma revistinha so' disso. Minhas horas de sono encurtaram. Tou obcecada com o maledeto!
E outra fissura que desenvolvi foi por pao com manteiga. A Clau me acompanha nessa. Nao tem mais pao que resista aqui em casa. Vou voltar rolando pro Brasil.
Nada muito digno de nota nos dois ultimos dias.
Na sexta (i.e., antes de ontem) fui bater perna em Chinatown outra vez, e comprar um monte de coisinhas pequenas que estava precisando. 'A tarde saimos pra passear de carro, Clau, Andrew e eu.
Ontem, aniversario dela, fomos a um shopping almocar, e na saida passamos por um parque onde tinha um grupo de maracatu ensaiando. O ritmo nao e' particularmente do meu agrado, mas algo deve ter, porque tinha um monte de gente assistindo ao ensaio, marcando o ritmo com o corpo, e cada vez que eles paravam todo mundo batia palmas, entusiasmado. Bom, eu nem sabia o que era maracatu, e so' soube porque, por coincidencia, a gente conhecia uma das pessoas do grupo (bom, eu conhecia uma, a Clau conhecia varias). Eta mundo pequeno.
De tarde tomei o trem (oba, ja' sei como se faz, mais um ponto pra mim!) e fui para Mississauga visitar meus amigos birdwatchers que, descobri, sao ambos estadunidenses. Po, nao existem canadenses nesta terra?! Observamos aves num parque lindo. Aconteceu algo engracado, que no Brasil raramente acontece. Estavamos na beira de um brejo, olhando uns patos com um telescopio, quando chegou um outro cara tambem munido de telescopio. "Algum macarico?" foi logo perguntando (macaricos sao umas aves de perna comprida que vivem na beira dagua), e pensei ca' com meus botoes "um fanatico". Nao era nao, era so' que ele tinha ouvido falar que no dia anterior alguem tinha visto um bicho raro ali, e ele tinha vindo verificar. Papo vai, papo vem, o sujeito revelou que ano que vem esta' preparando uma viagem pro Brasil. Eta muito pequeno II. Voltei pra casa de trem, achei legal chegar tardao na estacao de trem e vir caminhando pra casa. Era dez e meia e a opera tinha acabado de acabar, e tava cheio de gente elegante pela rua. Um barato. Vi um escoces de kilt parado numa esquina batendo papo. Traje de gala ou fantasia? Sei la'. Quando cheguei em casa tinha visitas e ficamos batendo papo, rindo e comendo pizza.
Ah, a quem interessar possa: carreguei mais fotos em http://marthaargel.multiply.com e em http://pinguimviajante.multiply.com. Sao as ultimas do mes de setembro, porque esgotei meu limite mensal no Multiply.
De qualquer forma, devo sair do ar por uns dias. Viajo hoje de noite pra Nova York e so' volto na sexta, e acho que nao vou ter acesso la'.

Curtam os dias.
Martha Argel
P.S. Quantas pessoas vcs conhecem que chegaram a NY... de onibus?! To me sentindo uma retirante!

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Oi, todos.
A aula anteontem foi otima. A Dr. Elizabeth Miller e' muito simpatica. Alem de mim, havia apenas tres alunos na sala, melhor dito alunas. Uma delas e' uma atriz, bem jovem, e alegre. A outra e' uma senhora sorridente. A terceira e' um nojo, deve chupar um limao todas as manhas, para passar os dias bem azeda. Sentou bem de frente 'a professora, e devolvia todos os sorrisos e piadinhas da mestra com uma carantonha fechada de dar medo. Sou a unica escritora do grupo.
A aula foi sobre os vampiros pre-Dracula, a origem do mito e as primeiras aparicoes literarias. Puxa, eu nem podia acreditar que estava ouvindo tudo aquilo, apresentado por uma autoridade mundial no assunto. Tipo "a palavra definitiva", entendem? Tomei notas como uma doida.
E vejam so' a gentileza: ontem ela mandou um e-mail para todas as alunas, dizendo que tinha gostado muito de conhece-las e ja' pedindo por favor para todas irem preparadas para a proxima aula. A sugestao estava implicita: leiam o Dracula, de Bram Stoker. E' a especialidade dela. E eu vou perder JUSTO essa aula porque vou estar em Nova York!
Bolas, nao da' pra ganhar todas...
Sai' da aula meio em estado de graca. A Universidade e' longe de casa, mas eu estava tao agitada que resolvi mudar meu plano original de tomar o metro e fui bater perna pela cidade. Meus passos me levarm 'a transadissima Queen West, e entrei em umas lojas bacanas, uma mistura de roupas goticas, heavy metal e SM.
Ontem a programacao foi completamente outra! Sai' cedo pra observar aves com o Larry. Tomamos o ferry e cruzamos para as Toronto Islands, que ficam bem aqui em frente 'a cidade. O dia estava otimo, embora a epoca seja ruim. O grosso da migracao de outono ja' passou, e de novo vimos principalmente aves jovens, todas irritantemente parecidas. Pontos altos nao-ornitologicos: a praia "clothing optional", o que significa "praia de nudismo" (vazia, por sorte, pois seria embaracoso sermos pegos la' com nossos binoculos...); um farol antigo, que depois descobri ser considerado mal-assombrado; nos dois entrando numa area proibida ("o maximo que pode acontecer e' mandarem a gente embora", disse o Larry; "ou me explusarem do pais", pensei eu com meus botoes).
Bom entre uma coisa e outra, aproveito pra visitar as lojas, em especial no PATH e no Eaton Centre, o mais afamado centro de compras de T.O. Caramba, estou babando pelas roupas que tem aqui. Se pudesse, comprava tudo. A moda outono que esta entrando agora, entao, e' tao, tao elegante, que ao percorrer as lojas me sinto num episodio do Esquadrao da Moda. Por que nao compro nada? Nao sei. Porque ja comprei demais, porque acho que ja' tenho bagagem excessiva, porque nao consigo me decidir entre tantas maravilhas. Meu, como a moda brasileira e' pobrinha, sem imaginacao, deselegante e sem graca! Ah, e cara. Roupas maravilhosas aqui nao custam muito mais do que as roupas insossas dai'. As vezes, bem menos.

tenham todos um bom dia
Martha Argel

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

Oi, todos.
Vixe, cada coisa que acontece! Anteontem a Claudia me chamou: "Prima, olha so' essa noticia no jornal. Vai ter um curso sobre vampiros na Universidade de Toronto". Caramba, e nao e' que era verdade?! Um curso sobre a literatura de vampiros, com a dra. Elizabeth Miller, uma das maiores autoridades do mundo sobre o assunto! E nao podia ser mais conveniente: quatro aulas, terminando dois dias antes de eu embarcar de volta pro Brasil. Resultado? Ontem fui 'a U. of T. e me matriculei. Quem diria que eu voltaria aos bancos escolares... no Canada'! As aulas comecam hoje.
Quando eu voltava da universidade pra casa, passei por um parque lindo e me deparei com uma equipe de filmagem, rodando um episodio de uma serie chamada "The Missing". Alguem ai' ja' ouviu falar? Toronto nao e' Vancouver, a Meca do cinema norte-americano, mas tem filmagens nas ruas o tempo todo. Nao e' a primeira vez que vejo, outro dia estavam filmando no mercado do lado aqui de casa. Mas era so' um comercial.
E enquanto eu rondava o set, curiosa, acabei fazendo amizade com o Jack, um lindo cachorrinho daquela raca que parece o fox paulistinha. Foi bem legal: vi a dona jogar uma bolinha beeeem longe e o bichinho sair na disparada. Quando ele voltou, correndo como um doido, percebeu que eu estava olhando e em vez de levar a bolinha pra dona... trouxe pra mim! Gracinha!!!!
De noite, a Clau e eu fomos fazer laundry (lavar roupa) nas maquinas do 6o. andar aqui do predio. E quem aparece com seu cestinho de roupa suja? Meu fan texano. "Voce esta' otima", ele disse. De camiseta imensa, calca de abrigo, sem batom e cabelo mal-preso? Af! Me poupe.
fiquem bem, e torcam por mim em meu primeiro dia de aula com a bam-bam-bam em vampiros!

terça-feira, 20 de setembro de 2005

Oi, todo mundo!
Ui, experiencias novas todos os dias. Ontem fui ate' a rodoviaria e comprei uma passagem para Nova York. Depois arranjei um mapa e comprei um guia num sebo, bem legalzinho, de bolso, com mapa e ate' bussola. Estou preparada, Daqui uns dias enfrento a Big Apple! Frio na barriga so' de imaginar eu descendo na rodoviaria da capital do mundo. Mas como diz minha prima, quem mora em Sampa enfrenta (quase) qualquer coisa!
De noite, fui com a Amanda 'a opera e aproveitei pra me produzir com umas coisas bem goticas que comprei em Montreal. Assistimos "Macbeth" de Giuseppe Verdi. Devo confessar minha ignorancia: nem sabia que essa obra existia. E' maravilhosa, os coros sao majestosos, bem verdianos, te fazem respirar fundo e querer subir no alto de uma montanha pra sentir o vento no rosto (sei la' se isso faz sentido, mas e' o que EU sinto). Quando as bruxas cantavam em coro, eu quase tinha um troco, de tao lindo. E a montagem, entao, era es-pe-te-cu-lar. O cenario era muito simples. Bom, eu jah vi muita opera com cenario simples no Brasil, mas uma coisa e' vc usar um cenario simples for falta de grana e necessidade, e outra e' usar um cenario simples por opcao. Na verdade nao era simples, apenas parecia, porque era muito high tech e usava uns truques absolutamente engenhosos. A base era toda cinza, e os diferentes segmentos do palco se moviam de acordo com o andamento da obra. A iluminacao era tudo, e as vezes um unico foco de luz sobre algum personagem por si so' contava a historia. No comeco do terceiro ato, as luzes vermelhas sobre o cinza criaram uma atmosfera incrivel. No final, uma iluminacao mortica vinda de tras delineava a silhuerta do coro, reunido no fundo do palco, criando uma atmosfera assustadora. O mais legal de tudo foi saber que o Terry, marido da Claudia, era quem controlava as luzes!
Puxa vida, que tremenda viagem, literal e figurativamente.

beijos mil
Martha Argel

segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Boooom dia.
Ontem teve festinha de aniversario aqui. Docinhos brasileiros, suco de caju, pao de queijo e uma brasileirada danada. Brindamos com brigadeiros a prisao de Paulo Maluf. Na Toronto multietnica, uma fasta nao poderia ser diferente: alem dos brazucas, um malaio, um canadense, dois ingleses, uma iraniana.
De noite assistimos "Bowling for Columbine" ("Tiros em Columbine"), e foi particularmente interessante fazer isso aqui em T.O., pois no filme abundam as comparacoes entre EUA e Canada, e sempre favoraveis ao pais setentrional. Muuuuito bacana a parte em que o Michael Moore tenta encontrar alguma casa de porta trancada, e nao acha. E' verdade mesmo, o pessoal nao tranca as portas, sequer no centro da maior cidade do pais!!! E quando o cara sai atras das "slums" (favelas? corticos? casas de pobres?) daqui de Toronto, entao? O que aparece no filme sao as "housings", ou apartamentos populares, que ficam logo aqui na frente de casa!!! Se alguem ai' assistiu esse documentario, na hora em que o diretor fala das slums aparece um parquinho infantil. Meu priminho Andrew costuma ir brincar la' sempre, e foi um dos primeiros lugares em que fui no dia em que cheguei aqui...
Ah, outra coisa que tinha esquecido de comentar! Os canadenses tem o costume de sempre tirar o sapato quando chegam em casa. Ninguem fica de sapato dentro do lar. No maximo, um chinelo de dedo. Bem legal, mas vcs nao imaginam como e' dificil acostumar com isso.

beijos e queijos, tenham todos uma boa semana!

Martha Argel

domingo, 18 de setembro de 2005

Bom dia, todos!
Anteontem choveu quase o dia inteiro. De manha sai' pra fazer umas compras e fui de metro, com o qual ja' estou bem familiarizada. Na volta, jah estava quase chegando, quando o trem parou na estacao Dundas e nao mais saiu dali. No comeco, os passageiros foram entrando, entrando e lotando o vagao. Uma mulher sentou do meu lado, tirou de uma sacola um tupperware e comecou a comer algo que parecia ricota (bleargh!). Dai' a pouco, inquietando-se com a imobilidade do trem, me perguntou se haviam anunciado algo. Respondi que nao. Minutos depois, alguem falou algo pelo alto-falante. Claro que nao entendi. Ela tambem nao. Alguns passageiros sairam e se aglomeraram ao redor de um funcionario na estacao. Vendo aquilo, mais gente saiu e se juntou ao bolo. O sujeito falava, apontava numa direcao e distribuia uns papeizinhos amarelos. Sai' tambem pra ver o que era. Aparentemente eram passes para pegar um onibus sei la' pra onde. Nao descobri porque e' que o trem tinha parada, mas pelo visto nao ia voltar a andar tao cedo.
Mandei tudo as favas e decidi caminhar ate' em casa, afinal faltavam so' duas estacoes. Debaixo de chuva?! Nao mesmo, pois aqui temos... o PATH!!!
E la' fui eu de novo pelo shopping subterraneo! Eu e, claro, metade da populacao de T.O. O troco e' util mesmo! So' voltei aa superficie na mesma saida por onde teria saido se tivesse continuado no metro.
O resto do dia foi chuva, morgacao e algumas compras aqui nas vizinhancas.

Para ontem estava prevista mais chuva pela manha. Puxa, justo quando eu tinha combinado sair com um povo pra minha primeira observacao de aves DE VERDADE aqui no Canada! Quando amanheceu nao estava tao ruim assom, e fomos do mesmo jeito. Ainda bem! O dia aos poucos ficou lindo. Sheila e Larry sao super-simpaticos, e foram extremamente gentis comigo e o lugar, pertinho daqui, o Tommy Thompson Park, e' realmente otimo. Vi varias especies interessantes, mas acho que o mais espetacular foi ter visto uma enormes aglomeracoes de borboletas-monarcas, por toda parte. Meu, que incrivel, era a tal da migracao, que leva esses insetos ate' a America do Sul!!! Meus amigos nunca tinha visto, e ficaram encantados. Conversamos com varios outros birdwatchers e anilhadores de aves e fiquei morrendo de inveja dos equipamentos e dos recursos que eles tem a disposicao aqui.
Depois da manha de campo, eles me levaram a Missassauga, uma cidade vizinha, para almocar na casa deles. Caramba, parecia cenario de filme. Casas enormes, lindas, entre um bosque exuberante, cercadas de vegetacao, e sem qualquer cerca separando-as. A casa deles, de madeira, com amplas janelas que deixam o sol inundar as salas e a cozinha, tem um belo jardim na frente, e a varanda na parte de tras da para um enorme gramado, que desce suavemente ate umas arvores, em meia as quais uma escada leva ate' a beira de um grande rio. Caramba, como deve ser morar num lugar desses? E' como estar no meio do mato! So' que a estacao de trem esta' a tres quadras!
Depois de almocar e bater muito papo, eles me levaram ate' la', tomei um trem "double-decker" (dois andares!) e em 25 minutos eu estava no centro de T.O.
O final da tarde foi gasto com preparativos para a festinha de aniversarios (da Clau e meu) que daremos hoje.
Ja' estou entendendo melhor o que as pessoas falam. Consigo pelo menos saber sobre o que os locutores do radio estao falando, e muitas vezes entendo o que os vendedores ou as pessoas na rua me dizem. O problema e' que as vezes as pessoas te dizem coisas completamente absurdas, do tipo "Voce tem o cartao Air Miles?" ou "Voce e' a irma do Peter?" ou senao e' algum maluco (tem muitos por aqui, um deles me seguiu o outro dia!) ou um pedinte e ai' demora pra sacar que diabos e' aquilo. Essa do tal Air Miles demorou uma semana pra eu entender, ate' que um vendedor me explicou. No seguinte eu ja' sabia e me senti muito orgulhosa de mim mesma.

beijos e queijos e fiquem bem.
Martha Argel

sexta-feira, 16 de setembro de 2005

Hoje toh com pressa porque o tempo vai mudar, e vai chover a tarde. Preciso aproveitar ao maximo a manha.
Ontem passei boa parte da manha procurando infos sobre trens e onibus, pra organizar meus proximos dias. Terminei de recolher os dados na Rodoviaria de Toronto.
Foi ai' que vi uma indicacao para algo que vem me atentando desde o dia em que cheguei: o PATH. PATH e' uma verdadeira cidade subterranea, um labirinto de lojas e restaurantes interligados que percorre boa parte do centro da cidade. Bom, desde o primeiro dia eu queria entrar nela, e me sentia tipo assim como se tentasse invadir um reino proibido. Quando vi a entrada na rodoviaria, pensei ca' com meus velcros, "e' hoje!", e estabeleci como meus objetivos nao apenas explorar aquelas catacumbas modernas de luxo consumista mas tambem chegar 'a Union, a estacao de trens, no extremo sul do PATH.
E la' fui eu. Gente, aquilo e' o maximo!!! Um shopping center gigante debaixo da terra. Devo ter levado umas duas horas pra percorrer a rota preeestabelecida, e caminhei so' numa parte do sistema. Moral da historia: adorei.
Chegando a Union, eu tinha outro objetivo: continuar indo pra sul ate' atingir a Harbourfront, um sistema de areas verdes, jardins e calcadoes na beira do lago.
Antes de chegar la', porem, tive a oportunidade de parar num lugar e fazer uma pergunta que acelerou meu coracao. Acho que muitos de voces tambem ficariam emocionados ao proferirem essas palavras. Cheguei no balcao do Air Canada Center e perguntei: "Tem ingressos pro show do U2?". Nunca pensei que eu faria essa pergunta, foi magico. A resposta? Ah, bem, foi "Nao, estao esgotados", mas tudo bem, eu jah sabia mesmo (tinha visto num cartaz na rua). Eu soh queria mesmo passar pela experiencia de perguntar.
Passei o resto do dia passeando pela Harbourfront, e me deliciando com a paisagem ensolarada, a agua azul, os gansos e gaivotas, os barcos e as flores. Aproveitei pra fazer algo que a gente ve em filmes: comprei um hot-dog num carrinho de rua, enchi de mil balangandans e fui comer sentada na grama, olhando o lago Ontario. O^ vidao!
Voltando pra casa, uma ultima emocao me aguardava: entrei no site da Air Canada e descobri que as restricoes de peso de bagagem... NAO SE APLICAM AO BRASIL!!!! Ehhhhhhhhhhh, liberou geral! Posso voltar as livrarias!!!
Tchau, fui!

Martha Argel

quinta-feira, 15 de setembro de 2005

Bom dia, todos. O sol brilha la' fora, vou tentar ser rapida e cair na rua mais uma vez.
Ontem resolvi explorar com mais detalhes Chinatown. Tracei com cuidado minha rota, coloquei-me a caminho e, sai do metro, mudei de ideia. O caminho cruzava a Universidade de Toronto (UT), e acabei passando um bom tempo por la', percorrendo as ruas repletas de estudantes e me admirando com as construcoes antigas, creio que neogoticas. Lindo, lindo, lindo. Eu adoraria estudar la'.
Saindo de la', peguei a Spadina Avenue e, depois de algumas quadras, comecaram a aparecer os letreiros orientais. Lugar otimo para praticar peoplewatching, rostos orientais misturados a rencas de turistas com maquinas fotograficas. Bancas de frutas, vendedores de ervas, tocadores de instrumentos estranhos. O mais estranho eram as vitrines de lojas de assados, expondo fieiras de frangos, carnes e coisas absolutamente inidentificaveis; numa delas, vi duas lulas imensas, gordonas e de um laranja berrante, que juro que vieram da cidade dos cartoons de Roger Rabbit!
La' pela uma da tarde resolvi comer algo. Saquei meu guia Lonely Planet e achei uma recomendacao a meia quadra da esquina onde estava parada, feito a turista perdida que eu era: Pho Hu'ng, descrito como "um autentico restaurante vietnamita". Nunca comi comida vietnamita. Era la' mesmo! Depois de meia hora de indecisao, escolhi algo com frango e noodles, e esperei ansiosa pra ver o que e' que ia vir. Meu, uma tigela imensa de uma sopa de cor doentia e cheiro delicioso, acompanhada por um pratinho de algo que pareciam brotos de feijao, mas bem mais grossos. Sei la' o que era aquilo. Detalhe: nada de talheres. Olhei ao redor e estava todo mundo usando palitos e uma colher estranhissima. Tinha uma pequeno artefato em minha mesa, cheio desses instrumentos. Aparelhei-me devidamente e comecei a comer, discretamente observando um sujeito numa mesa a minha frente e uma mocinha atras de mim (esta ultima, nao tao discretamente). Dai' a pouco peguei o jeito da coisa. Descobri que por baixo da superficie da sopa estavam pedacos de frango, os tais noodles, um pedacao de batata, os tais brotos e MUITA cebola. Esta foi a pior, mas com bastante paciencia removi todos os pedacos. Outro detalhe: a sopa era de curry. Ardeu ate' os recantos mais remotos de minha alma. Mas tomei minha sopa ate' o fim. O mais complicado era que os noodles ficavam escorregando e caindo de volta no curry, e com isso sai' com curry ate' na lente dos oculos. Foi uma porqueira, inda mais que os sovinas forneceram um unico e misero guardanapo, que tive que usar com sabedoria maxima. Percebi a expressao de reprovacao na cara da garconete, quando veio retirar os pratos e, com meu guardanapo emporcalhado, limpou toda a mesa que eu tinha salpicado de sopa. No fim das contas, valeu a pena, foi um almoco diferente, saborosissimo e barato.
Voltei pra casa percorrendo a Queen, que cada vez curto mais. A fauna humana que tem por la'. Piercings, maquiagem gotica, dreadlocks, hippies tardios pedindo pelas calcadas, roupas rasgadas, cabelos estranhos... Demais! Pena que nao consigo registrar com a camera...
Mais algumas observacoes sobre a paisagem e a fauna urbanas:
- lembram aquelas manobras que os carros fazem nos filmes ianques, dobrando no meio da rua pra pegar a direcao oposta? A gente acha um absurdo, mas aqui e' pratica absolutamente normal. E em Toronto, quando o sinal fecha, vc pode numa boa dobrar a direita. Mas todo mundo para pros pedestres. Tem um monte de regras pra cruzar a rua, e aos poucos a gente aprendi direitinho.
- A quantidade de asiaticos que a gente ve pelas ruas e' enorme, e nao apenas em Chinatown. Na universidade achei que todo mundo ou era chines (e asemelhados) ou arabe (e assemelhados). Muculmanas com seus veus na cabeca sao comuns, mas ontem vi pela primeira vez uma daquelas que so' deixam os olhos de fora.
- eu ja tinha reparado em filmes na tv (por exemplo em Highlander, a serie) e pelo visto ainda nao saiu de moda: muitas mulheres usam saias es-can-da-lo-sa-men-te curtas. Nao sao garotinhas, nao, sao mulheres maduras, algumas delas executivas, com sapatos de salto e sem meia de nailon. O resultado nao e' muito agradavel. Vi uma com umas pernas que, se fossem minhas, eu so' usava saia arrastanto pelo chao!
Por enquanto e' so'.
Ate' amanha. Aproveitem as oportunidades e vivam a vida.

Martha Argel

quarta-feira, 14 de setembro de 2005

Bom dia a todos.
Ontem passei boa parte do dia no computador. Consegui carregar algumas fotos em http://marthaargel.multiply.com e em http://pinguimviajante.multiply.com, deem um pulo e confiram.
Apesar de ter demorado uma eternidade para me entender com a tecnologia, o tempo ainda alcancou para que eu conversasse com UM MONTE de gente nova.
O mais bizarro foi o sujeito que me passou uma tremenda cantada! Um texano barrigudo, ex-jogador de futebol, que mora aqui no predio e que falou que passa pra me visitar. Promessa ou ameaca? Brrrr.
Quando saih pra bater perna pela Queen (a rua transada e cool daqui, com cada loja de babar, inclusive sebos e, bem, sabem como eh, eu nao resisti, mas foi um livrinho soh, que simplesmente NAO PODIA ficar lah) bati papo com um chileno e uma equatoriana, foi bem legal usar o castelhano pra variar.
Ah, e definitivamente estou me aclimatando. As pessoas jah nao param pra me perguntar se estou perdida ou se preciso de ajuda. Durante meu passeio, duas turistas velhinhas pararam... pra me pedir informacao! E eu, claro, dei. Afinal, elas estavam querendo ir justamente para minha esquina preferida, a famosa Dundas e Yonge. Imagina se eu nao ia saber ajudar?!
Depois teve a Amanda, tambem aqui do predio, que me convidou, no fim da tarde, pra ir a Cherry Beach. Eh aqui pertinho. Estava uma delicia, fazia sol e havia um vento fresco e suave. Em frente aa praia estao as Islands, cobertas de bosques, e vasta extensao de agua que separa a praia das ilhas havia quase uma duzia de kite-surfers, com seus paraquedas coloridos e manobras aereas. Um rapaz passeava com uma cachorrinha tipo fox paulistinha, mas menor, uma gracinha, e eh claro que rapidinho fizemos amizade. Puxamos conversa com ele e depois com uma ciclista de Rochester, nos EUA, que havia vindo de ferry pra pedalar em Toronto.
Voltando pra casa, liguei para um casal de birdwatchers amigos do Juan, e ficamos no maior papo. Combinamos uma saida a campo, nao vejo a hora.

beijos a todos, fiquem bem.
Martha Argel

terça-feira, 13 de setembro de 2005

Bons dias.
Soube que em Sampa o calor tah de rachar. Aqui em Toronto tambem. Ontem fez 31 graus. Hoje espera-se uma temperatura de 32.
Naquele calorao todo, saih umas 10 da manha com um objetivo definido: visitar o segundo dos dois melhores sebos da cidade. No caminho aproveitei para usar pela primeira vez minha camera digital, e registrar o entorno (tinha toda a intencao de postar agora as fotos no meu site do Multiply, mas a porcaria nao estah abrindo).
Caminhei ateh minha querida esquina Dundas e Yonge. Jah pelas tantas, ouco o maior forfeu de sirenes, passa um carro de bombeiros, uma ambulancia e depois sei lah mais o que. Quando vou tomar o metro, descubro que o epicentro da acao era exatamente a boca da estacao. Uma senhora (de capacete) tinha caido da bicicleta. Seu cotovelo estava ralado. Ela estava sentada no meio fio, com tres sujeitos ao redor, cada um com um uniforme diferente. Jah me disseram que bombeiro aqui passa em diaparada ateh pra tirar gato de arvore. Suponho que socorram tambem esquilos em apuros.
No metro fiz um pouco de "peoplewatching". Eh engracado como um povo tao organizado e limpo larga papel jogado nos trens! E praxe aqui deixar o jornal nos assentos. Aih o jornal cai no chao, dezenas de pes espalham as folhas e o vagao fica parecendo rua depois da feira.
Outra coisa que as pessoas fazem: carregam garrafas dagua e copos de cafe simplesmente o tempo todo! Me contaram que ate nas aulas da escola la estao os indefectiveis copoes de papel com aquele liquido ralo.
Nao sei se ja comentei, ainda, que mochila faz parte da vestimenta normal. Talvez as pessoas ateh durmam com elas. Tenho a maior dificuldade em exercitar um de meus hobbies de viagem: descobrir na multidao quem eh nativo e quem eh turista. Acho que 90% dos torontonianos (sim, esse eh o adjetivo, horrivel, neh?) se vestem o tempo todo como turistas. O pista mais segura para fazer a distincao eh observar se carregam na mao o mapa da cidade. Como eu jah quase nao preciso do meu, posso passar por residente permanente, sem problemas.
Bom, retomando, tomei o metroh ateh Eglinton e, quando desci, pensei que por engano tinha entrado num forno aberto. Calor senegalesco no Canada, quem diria, e um sol de rachar mamona. Ainda bem que o sebo ficava a menos de uma quadra da estacao.
Meu, mais um paraiso! Fiz a feira com 60 dolares (120 reais), e encontrei coisas in-cri-veis. Resultado: enchi a mochila (o que nao ajudou em nada a melhorar meu ombro, que voltou a doer) e rumei direto de volta pra casa, novamente com aquela sensacao de absoluto extase que tenho sentido com frequencia nos ultimos dias. O mapa da mina: BMV, em 2489 Younge (esquina Younge e Eglinton). Ao contrario de TUDO aqui no Canada, eles nao cobram os 15% de imposto.
O resto do dia morguei, embriagada com os livros de vampiros e de historia europeia que adquiri. A unica nota de pesar foi descobrir que, transcorrido apenas um terco de minha viagem, jah nao posso comprar sequer um livro mais, ou terei de comecar a me desfazer do resto da bagagem. MEU DEUS, UM MES NA AMERICA DO NORTE SEM PODER COMPRAR LIVROS!!!! Eh um pesadelo. Bom, decidi o seguinte: vou desencanar ateh faltar uma semana pra voltar. Aih quem sabe descubro algum sortilegio de levitacao que reduza o peso das coisas.
De noite, Claudia e Terry me convidaram para um jantar de aniversario. Fomos num chines "eat all you can", onde um corinho de recepcionistas uniformizadas te recebe cantando alguma musica estupida, e sempre tem uns cinco funcionarios ao seu rador, tirando o prato sujo que vc NAO quer que tirem, te dando guardanapo novo, enchendo seu copo de agua, perguntando se esta tudo bem, fazendo sugestoes... E ACHANDO QUE VOCE ESTAH ENTENDENDO! Eu nao entendia porra nenhuma, soh sorria e fazia que sim com a cabeca. Mas meu, COMO EU COMI!!! Uma delicia, sushi, frutos do mar, saladas estranhas, carnes e massas ah vontade, sem falar nas sobremesas. Me empanturrei de sushi, lula, peixe, marisco, as tais saladas estranhas e posr cima soquei um monte de doces com chocolate, morango e/ou pessego, nas mais variadas combinacoes. Achei que ia passar mal. Recomendo: Restaurante Mandarin, na Queensway.

beijos a todos, enfrentem o calor com muita valentia.
Martha Argel

domingo, 11 de setembro de 2005

Boa noite. Ontem nao postei por motivos de forca maior.
Meu ultimo dia em Montreal pode ser resumido assim: (1) de manha me deliciei no Village des Values, o brecho' mais inimaginavel que pode existir, realizando boa parte de meus sonhos de espectadora assidua de "Esquadrao da Moda". Putaqueopariu, em duas horas de loja encontrei mais objetos do desejo do que em meses batendo perna pelas lojas de roupas de Sampa! Ainda estou em estado de graca; (2) de tarde, voltei ao lugar e preenchi mais algumas lacunas de meu guarda-roupa; (3) depois disso saih pra caminhar e fui do bairro onde estavamos hospedados ateh o centro da cidade, devem ter sido pelos menos 10 quilometros.
Cheguei exausta em casa, onde minha prima Claudia me esperava com uma mudanca de planos: em vez de voltar a Toronto na manha seguinte (isto eh, hoje), que tal voltar naquele mesmo instante? Eram nove e meia da noite. Tah, tudo bem. Acabamos saindo aas dez e meia. Chegamos a T.O. aas tres e meia da manha, mortas de cansaco e depois de passarmos por uma experiencia extraordinaria, que eu PRECISO contar.
Breve dialogo no inicio da viagem:
- Clau, vc jah viu a aurora boreal?
- Putz, nao. Mas se eu morrer antes de ver isso, vou ficar muito brava.
- E onde eh que tem?
- Ah, diz que tem no norte de Ontario.
Centenas de quilometros de onde a gente estava.
Meia hora depois, olho pra fora, por minha janela e me arrepio inteira. O ceu estava cheio de manchas luminosas esverdadas
- CLAUDIA! CLAUDIA! CLAUDIA! - berrei - PARA O CARRO!!!!
Minha prima quase bateu no teto de susto.
- Caramba, Tita, que que aconteceu?
- PARA O CARRO! PARA! PARA! A AURORA BOREAL!!!
- Que aurora boreal, o que, vc acha que vai ter aurora boreal aqui?!
- PARA O CARRO! PARA! EH AURORA BOREAL, SIM, NAO PODE SER OUTRA COISA, PARAAAA!
Ela nem se dignou a olhar para o lado.
- Num eh aurora boreal, que vai ser aurora boreal!
- PARA O CARRO, PARA!
- Mas eu nao posso parar, eh proibido parar no acostamento!
- LIGA O ALERTA E PARAAAAAAAAAAA!
Aih ela parou. E era aurora boreal mesmo. Coisa mais doida. Ficamos as duas arrepiadas. O ceu parecia que estava vivo. Em varios momentos a gente viu aquela cortina vertical, tao tipica. Minutos depois, as manchas mais espetaculares desapareceram, e so' ficou uma luminosidade difusa que nos acompanhou pelo resto do caminho. A Clau guiava e me xingava porque eu nao tirava os olhos da aurora, enquanto ela soh podia olhar nossa looonga estrada.
Uma duas horas depois forcei a Clau a parar de novo, e dessa vez tivemos que descer do carro. Quase metade do ceu estava tomada pela luminosidade difusa, que a cada segundo era percorrida por uma onda de luz mais intensa. O ceu parecia estar pulsando, como se fosse percorrido por gigantescas ondas de eletricidade. Fazia um frio do cao, e so depois de algum tempo percebemos que a Clau estava sem casaco e eu apertava o meu entre as maos.
Estamos falando disso ate agora.
Quanto ao dia de hoje, eu estava tao exausta que fiquei em casa o dia todo. Arrumei as compras que fiz ateh agora, separei roupa suja e, jah que estava embalada, coloquei um pouco de ordem na bagunca indescritivel que eh a casa de minha prima.
Soh no final da tarde saih pra dar uma volta do quarteirao e, de quebra, testar a maquina digital que comprei (a um terco do preco que pagaria no Brasil...).

beijos e queijos e fiquem bem
Martha Argel

sexta-feira, 9 de setembro de 2005

Boa noite.
Hoje passei o dia passeando pela parte histórica de Montreal. Que delícia!
É muito estranho andar pelas ruas e só ouvir francês. Você entra nas lojas, e o pessoal sempre te recebe em francês, mas ao menor sinal de hesitação de sua parte eles mudam para o inglês, com uma naturalidae impressionante.
Eu tinha que ficar me lembrando o tempo todo de que estava no Canadá, não na França (que eu não conheço). Mas a arquitetura é impressionantemente européia. Além disso, tem a elegância: as mulheres aqui se vestem com um bom gosto que é de babar. Babei muito diante de vitrines, como ainda não tinha feito desde que me tornei consciente da importância de escolher as roupas certas. Pela primeira vez encontrei mulheres que realmente sabem se vestir, e fazia meses que não me sentia tão avexada com meus trapos.
Resultado: entrei numa loja de roupas e fiz uma compra escandalosa. Nem tentei fazer a conversão pra reais pro meu bolso não doer. Vocês não imaginam. Algum dia vocês varão alguma foto minha usando "that incredible outfit".
Apesar de envergonhada pelo jeans surrado e camiseta preta desbeiçada, fiquei mais conformadinha quando me perguntaram se eu era italiana. Putz, acho legal quando me confundem com européia, acho que alguma classe ainda consigo ter, mesmo mal-vestida...
Bom, voltando ao assunto: caminhei o dia inteiro por ruelas que têm mais de trezentos anos, onde se erguem casas e edificios centenários. Demais. Ponto alto: Basílica de Notre Dame, com seu incrível teto azul-turquesa. E a informação irrelevante que merece ser citada: em 1994 Celine Dion se casou aí. Dã.
Dica: a comida do Eggspectation, restaurante próximo à basílica, é uma delicia. Comi um crepe de frango, com espinafre, champignon e queijo que era o máximo.
Por enquanto é só.

beijos a todos.
Martha Argel
PS. Que vergonha do brasileiro filho-da-puta que hackeou o site da Cruz Vermelha Americana e desviou para o próprio bolso as contribuições para as vítimas do Katrina. A notícia repercutiu aqui. Assassino, alguém precisava dar uma surra nesse cretino.

quinta-feira, 8 de setembro de 2005

Bon soir, ou sei lá como se fala.
(vejam que maravilha, estou um computador com acentuação!!!)
Sair de Ontario e entrar em Quebec é como ir de um país a outro. De repente, todo mundo a seu redor fala francês e os hábitos são outros. Acho que a única coisa que não muda é o dinheiro, mas até os preços são diferentes.
A viagem foi cansativa, não tanto pela duração (cerca de seis horas), mas principalmente pela chuva que desabou durante toda a metade final.
O ponto alto, para mim, foram alguns minutos de observação de aves quando paramos em um posto de gasolina. Vi o lindíssimo Blue Jay e um sabiá, creio que se chama Robin.
Chegamos a Montreal embaixo de chuva e nos perdemos. Por sorte, numa das paradas no caminho eu tinha comprado um guia da cidade, e graças a ele chegamos sãos e salvos a casa de Carlos e Meire, um casal de brasileiros super simpático.
O tempo ruim persistiu, de modo que nao tive ainda chance de percorrer a cidade, mas fui às compras com nossos anfitriões e me diverti MUITO.
Afinal, Halloween está chegando, e vocês não imaginam as coisas que a gente encontra até em supermercados.

beijos e queijos
Martha Argel

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

Boa noite.
Hoje fui a Casa Loma, um dos pontos turisticos mais visitados de Toronto. Eh um castelo no alto de uma colina, maravilhoso. O que mais me impressionou foi o fato dele ter sido utilizado pelos ingleses, durante a Segunda Guerra, para a construcao de equipamentos secretos para os navios britanicos. O sistema de seguranca: um cadeado e um cartaz informando "Obras. Entrada proibida", para manter afastados os turistas que jah naquela epoca enxameavam pela propriedade.
O castelo eh fake total, construido no inicio da seculo XX, imitando construcoes mais antigas. Adorei as suites do dono do castelo e mulher dele. Subir nas torres e percorrer um tunel de cerca de 250 m sao os pontos altos do passeio. Ah, e tem as passagens secretas!
Engracado, apos uma semana aqui, finalmente hoje me senti mais aclimatada aa cidade. Pela primeira vez falei num telefone publico e tomei o metro. Tambem entrei num dos infindaveis cafes da cidade. E decidi fazer o que toda mae desaconselha: comecei a falar com estranhos. E eh um barato como o povo aqui a-do-ra puxar papo. Eu ja tinha notado isso, e o Hugo confirmou. Povo desesstressado tah aqui: voce dah trela e eles nao tem muita pressa em dizer bye e encerrar a conversa.
Dica: se vierem pra cah, facam isso. Conversacao de verdade.
Outra coisa: canadenses devem ser criaturas miticas. Eh a coisa mais dificil de achar. Hoje conversei com um cuja mae era de Trinidad e o pai da Inglaterra. Depois conversei com um ucraniano. Acho que vou comecar a colecionar nacionalidades. Da israelense eu jah falei aqui, neh? Fora um monte de brasileiros, conversei tambem com um portugues acoriano, uma hindu e um casal de iranianos.
E hoje ainda tive o prazer de comer umas salchichas fantasticas. Sabe aquele cheiro delicioso que as salchichas tem, e que quando vc vai comer descobre que nao tem nada a ver com o gosto verdadeiro e insosso delas? Pois essas que eu comi tinham exatamente aquele sabor que eu me lembro de minha infancia. Meu, que delicia!!!
Por fim: fiz uma tentativa de tirar dinheiro num caixa eletronico direto da minha conta bancaria no Brasil e... deu certo!!!
Entao, outra dica: quando viajarem para o exterior, certifiquem-se de que seu cartao magnetico tem a bandeira Plus no verso. Nao sei se precisa ter chip, chequem com seu gerente. Voces nao imaginam que sensacao boa eh ter acesso direto a seu proprio banco no Brasil!
Talvez eu desapareca por uns dias. Viajo amanha para Montreal. Se tiver acesso, posto de lah.

Beijos e queijos

Martha Argel
Bom dia.
As manhas aqui sao frescas, e ainda nao faz frio. Durante o dia, o sol forte faz a gente passar calor, mas aa sombra a pele da gente fica toda arrepiada. Logo logo este ser tropical deve comecar a sentir frio em seus passeios pela cidade.
Nao tenho muito o que dizer sobre o dia de ontem. Nao que nao tenha acontecido nada de extraordinario. Pelo contrario, logo no comeco da manha, tive uma experiencia tao transcendental que passei o resto do dia em estado de graca.
O fato eh que, por causa de minha dor de cabeca persistente (que alias me acompanha ate agora), decidi abortar meus planos de uma loooonga caminhada ate um dos belos pontos altos desta cidade. Em vez disso, resolvi fazer compras. Tinha uma nebulosa ideia de comprar roupas, mas meus passos me levaram, contra (contra?) minha vontade, ate a autodenominada "Maior Livraria do Mundo". Bem, na verdade sequer cheguei lah. Na porta ao lado funciona um sebo, que depois vim a descobrir ser um dos dois melhores sebos de Toronto.
Parada na porta, olhei de um lado, olhei de outro e decidi entrar. Foi como atravessar os portoes do Paraiso. I-men-so. Organizadissimo. Sabem os sebos do Brasil, cheios de coisas imprestaveis, e qualquer livro que valha a pena custa os dois olhos da cara e alguns dedos da mao? Entao. Nada disso. A coisa mais facil do mundo nesse sebo seria encher de preciosidades uma mala de fazer inveja a um pastor da Universal. Foi mais ou menos o que eu fiz: enchi a daypack ateh a boca. No total 11 livros de vampiros e 4 variados. O vendedor, um sujeito simpatico e muito colirio-para-os-olhos chamado Mike ficou impressionado: "Voce esta fazendo alguma pesquisa?" "Vai caber tudo na mochila?".
Encontrei coisas que estava procurando hah anos, como "Sunglasses after dark", da Nancy Collins, e "American Gothic" de Michael Romkey. Tambem um livro que eu soh imaginava que existia, o setimo de uma serie que aparentemente completei.
E vejam que coincidencia incrivel: comprei um livro de Fantasia da Tanya Huff, soh porque vi na contra-capa que ele se passa aqui em Toronto. Chegando em casa, dei uma olhadinha nas primeiras paginas, e qual nao foi minha surpresa ao descobrir que a personagem principal percorreu... o mesmo caminho que eu tinha feito para ir aa livraria, poucas horas antes!!!
Bom, como jah disse, passei o resto do dia meio abobada com meu tesouro e nao fiz mais nada digno de nota: comprei algumas lembrancas, fiquei lendo a Kim Harrison, depois saih com a Clau, o Hugo e o Andrew pra fazer supermercado.
Um outro fato digno de nota em meu dia foi ter, finalmente, recebido noticias de minha amiga Jacqueline Bishop, que mora, ou morava, em Nova Orleans. Ela me escreveu e contou que toda sua familia sobreviveu e se refugiou em Houston. A casa dela, porem, foi saqueada sexta-feira passada. Por um lado fiquei aliviada, agoniada por outro com as palavras dela: 'nossa paisagem se foi'. Que terrivel deve ser nao ter mais nenhuma referencia familiar em sua vida!

Beijos a todos, fiquem bem.
Martha Argel

terça-feira, 6 de setembro de 2005

Bom dia. Hoje resolvi ficar um pouco mais em casa porque estou com dor de cabeca. Agitacao demais, suponho.
Ontem passei o dia no Royal Ontario Museum. No caminho, cruzei com as festividades do Dia do Trabalho, e aproveitei para tirar uma foto do JC com escoceses legitimos, vestidos de kilt e com a gaita de foles debaixo do braco. Depois de cruzar um parque belissimo (creio que Queen`s Park) cheguei ao museu.
Maravilhoso. Por uma tremenda felicidade, consegui pegar o ultimo dia de uma exposicao sobre dinossauros emplumados, de cair o queixo. Ano passado fiz um update "in loco" dos dinossauros patagonicos. Agora foi a vez das descobertas chinesas. Patagonia e China sao as duas maiores fontes de novidades paleontologicas do mundo, e estou feliz por ter tido essas duas oportunidades.
Outros pontos altos do museu, que pra variar estah em reformas:
- a Caverna dos Morcegos, uma instalacao que imita o ambiente cavernicola, com saloes, corredores, formacoes "rochosas", reentrancias e saliencias, e morcegos e outros bichos espalhados por todos os lugares onde estariam numa caverna de verdade. Como trilha sonora, o ping-ping de agua gotejando e ocasionalmente o bater de asas de uma horda de morcegos, devidamente acompanhado por luzes estroboscopicas.
- algumas vitrines esquecidinhas num canto, sobre a espetacular fauna fossil de Burgess Shale. Vcs nao devem saber o que eh, entao nao vou ficar aqui enchendo o saco, mas essa exposicao me arrepiou inteirinha. Essa fauna foi o tema de um dos melhores livros de divulgacao cientifica que ja li: "Vida Maravilhosa", de Stephen J. Gould. Fiquei super-emocionada. Nao sabia que Burguess Shale ficava no Canada.
- uma secao sobre biodiversidade, onde as pessoas podem examinar materiais com lupa, tocar nos objetos e bichos expostos, descobrir duzias de seres em dioramas geniais. A interatividade eh assombrosa. Nao eh soh a grana que possibilita isso. Eh tambem um conhecimento profundo de museologia, de tecnicas de educacao e, principalmente, de historia natural, aliado a uma criatividade infinita. Nossa, que inveja. Como fica patente, por comparacao a mediocridade de nossos educadores/formadores de opiniao/museologos brazuquinhas (bom, talvez nao todos, claro, que saudades da Waldisa, minha professora de museologia).
- a exposicao sobre a evolucao do mobiliario, em que os aposentos de cada epoca estao recriados com moveis, tapecarias e utensilios originais. De tanto em tanto, hah cabines com gravacoes sobre determinados assuntos: o pepel da mulher na idade media, higiene no renascimento, a iluminacao no seculo XVIII, coisas desse tipo. Talvez vcs nem achem interessante, mas eu estava babando.
- um mural mandado fazer por Nabucodonosor (lembram??? Babilonia, jardins suspensos, etc.), representando um leao. Putz, eu nem acreditava que era the real thing
- e, quando eu jah estava exausta, minha cabeca estourando de dor e o cerebro virando geleia, cheguei aa secao do Egito. Putaqueopariu!!! Uma quantidade i-men-sa de artefatos, ornamentos, estatuas, MUMIAS, tudo TAO bem preservado que vc fica na duvida se tem MESMO 4000 anos de idade ou se eh uma replica bem feita. A maioria eh original, sim, e quando nao eh eles avisam. Adorei a reconstrucao de uma tumba, onde vc entra e pode ver as inscricoes nas paredes imitando pedra (claro, nao eh original, foi tudo feito usando moldes).
Bom, saih do museu as cinco da tarde. Apesar da dor de cabeca, nao resisti e caminhei ate a esquina de Dundas e Yonge, para espiar o mundo inteiro. Comprei uma linda saia indiana, bati papo com uma israelense simpatica, ouvi musica andina, escutei mil e um idiomas desconhecidos e entao voltei pra casa, acabada.
Eh isso aih, tenham um bom dia!

Martha Argel

segunda-feira, 5 de setembro de 2005

Bom dia, amigos.
Hoje eh Dia do Trabalho aqui, feriado. Em comemoracao, acordei cedo e dei um trato na caotica cozinha de minha prima. Hoje ela vai fazer laundry, isto eh, lavar toda a roupa para a lavanderia coletiva aqui do predio onde ela mora. Fazendo um rapa nas minhas roupas sujas, descobri que a toalha que eu tinha deixaod lah fora para secar estah toda cagada por pombos. Malditos ratos emplumados!
Ontem o dia comecou com uma caminhada pela cidade, rumo aa AGO, Art Gallery of Toronto. Fui parando em obras de arte, jardins publicos quase escondidos e parques. O que nao canso de admirar eh a inventividade com que foram idealizados esses pequenos tesouros. Sempre estah evidente a intencao de fugir do lugar comum, de criar o inusitado. Inevitavel a comparacao com a mediocridade publica tupiniquim.
Dois destaques durante a caminhada:
- a igreja de St, Andrew, cuja fachada lembra o estilo medieval escoces. Ela jah tinha me chamado a atencao quando a vi lah de cima, da Torre. Quando entrei, que surpresa. O som do orgao enchia a nave ampla, discreta, com um belissimo mezzanino (qual o nome correto?) de madeira escura, como os bancos. Fiquei lah um bom tempo.
- no parque ao lado do AGO, jah nos limites de Chinatown, um grupo de velhinhos chineses aproveitava a manha de sol para fazer exercicios, primeiro com espadas, depois com leques.
A visita ao museu me tomou menos de 3 horas. O AGO estah em reformas, e poucas salas estao abertas aa visitacao, o que faz com que a visita seja compacta e evita aquela sensacao de desanimo que nos invade em tours pelos grandes museus quando, ja cansados apos cinco horas de caminhada, percebemos que nao visitamos nem metade do acervo.
Os pontos altos do acervo estavam todos concentrados em duas ou tres salas. Foi bem legal.
Meu preferido foi um quadro de Brueghel o Novo, "O casamento aldeao" (creio que sec. XVI) que eu ja conhecia de livros. Tinha ainda Monet, Magritte, Renoir, Cezanne, mas o fato eh que realmente nao curto muito esses lances mais modernos.
Na volta para casa, passei por minha esquina favorita, Dundas e Younge, e fiquei babando por uma saia, que nao comprei porque estava sem dinheiro em cash.
Com toda intencao de retornar pra comprar a peca, fui para casa, mas uma sugestao inesperada de minha prima fez meu plano malograr: "Por que nao vamos para Niagara Falls?"
YEEEESSSS!!!
E foi assim que aas tres horas da tarde (!) saimos para o principal ponto turistico do Canada! Uma viagem de menos de 150 km.
O caminho e' uma autopista, insossa como todas. Fizemos um desvio pela deliciosa vila de Niagara on the Lake, com casinhas de filme em meio aa densa arborizacao. Metade do canada e boa parte da populacao ianque circulavam pela rua principal, um inferno, mas na rua paralela a tranquilidade era infinita. Pra variar, a quantidade de flores e imensa em floreiras, jardins, canteiros.
O caminho que liga as duas Niagaras eh bucolico, countryside. Lah pelas tantas a estrada fica paralela ao rio Niagara, a jusante das cataratas: ele sai do Lago Eire, a sul, cai pelas cataratas e continua fluindo rumo norte, para desaguar na margem sul do lago Ontario (Toronto esta a margem norte do mesmo lago). O rio marca a fronteira entre Canada e EUA. Assim, na outra margem avistavamos o pais vizinho.
Chegando a Niagara Falls, descobri onde estava a outra metade da populacao canadense: todos apinhados ao redor das quedas. Foi uma surpresa descobrir, ainda, que a avenida principal da cidade passa ao longo da catarata chamada Canadian, ou Horseshoe. Do lado de lah estah a muito mais modesta American. A forca e o volume das aguas eh impressionante.
O mais engracado foi ver, lah do outro lado, em passarelas ao longo da queda estadunidense, um mooooonte de gente com capas de chuva amarelas. Quem aih se lembra daquele desenho do Pica Pau em que ele fazia um sujeito cair repetidas vezes pela queda d'agua, dentro de um barril, enquanto duzias de pessoas com capinhas amarelas erguiam os bracos e lancavam gritos de saudacao?! Pois eh, aquele lugar existe! E as pessoas tambem! Mas posso confessar algo? Pelo que eu via no desenho, eu achava que as cataratas fossem beeeem maiores!
Dica: se alguem for visitar Niagara algum dia, LEVA CAPA DE CHUVA!!! O spray das quedas eh tao intenso que uma chuva constante cai sobre a avenida e a calcada, mudando de posicao conforme o vento. Eu estava de capa, mas o JC, coitadinho, ficou molhado como um pinto, rs.
No fim da viagem, a ultima emocao do dia, assistir ao azul do ceu ficando cada vez mais profundo, adquirindo tonalidades belissimas que nosso ceu tropical nunca exibe.
Tenham uma boa segunda-feira, daqui a pouco estou saindo para ir bater perna de novo. Beijos e queijos, fiquem bem.

Martha Argel

sábado, 3 de setembro de 2005

Boa noite!
Hoje de manha fiz uma longa caminhada pela Cabbagetown, um bairro historico com casinhas lindas, bem antigas, e muito arborizado. Aproveitei e visitei um cemiterio fundado em meados do seculo XIX, bonito, arborizado, com algumas lapides tao antigas que a gente mal via em meio ao gramado.
Durante meu passeio, vi esquilos absolutamente em todos os lugares: alguns estavam fucando em latoes de lixo; vi outro sobre o peitoril de uma janela de segundo andar; e tinha ate' um atropelado numa rua movimentada. Estou quase certa de que sao duas especies: uma preta de rabo despenteado e outra cinzenta, bem mais eleganto. Acho que vi um avermelhado, tambem.
Num dos parques vi algumas especies de aves que ainda nao conhecia; em outro, um canteiro de rosas perfumava o ar de uma forma que eu jamais tinha visto.
A tarde fizemos uma excursao brazuca ao Zoologico de Toronto: Claudia, Andrew, Gustavo (meu amigo de orkut que por fim conheci em pessoa) e eu.
O zoo eh lindo. Tem recintos de ambientes tropicais, fantasticos. Nao deu tempo para ver tudo, e vi apenas os setores Africano, Indo-Malaio e Canadense. Pra mim, os pontos altos foram o recinto das raposas-voadoras africanas (aqueles morcegos enooooormes, que se alimentam de frutos) e o gigantesco aquario de peixes do lago Malawi - voces nao imaginam, parecia uma imensa arvore de natal subaquatica, absolutamente repleta de enfeites multicoloridos. Se der, posto fotos em breve.
Ah, outra coisa legal foi a alcateia de lobos brancos, das altas latitudes canadenses. Que animais lindos.
Dica: o zoo eh programa para o dia inteiro, nao caiam no mesmo erro que eu, de tentar visita-lo em uma mera tarde.
Putz, toh exausta. Ateh amanha.

Martha Argel

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Boa noite. O dia esteve lindo, muito sol e calor.
Hoje subi na CN Tower, que segundo meu guia Lonely Planet Canada (os guias LP sao fantasticos!!!) e "a estrutura livre mais alta do mundo", com 553 m de altura. Fazer ideia de como isso eh alto? Sao mais de cinco quadras de altura!!!! Pois eh, cheguei a mais de 400 metros. O elevador sobe super-rapido, e e agente sente nos ouvidos a mudanca de pressao.
A vista la de cima e impressionante, diz que em dias bem claros pode-se ver a 160 km de distancia. A cidade fica parecendo uma maquete.
Duas coisas curiosas aconteceram lah em cima. Eu jah tinha reparado que rarissimas mulheres aqui pintam o cabelo de vermelho, como eh moda em Sampa agora. Pois bem, quando estava lah em cima, vi uma garota com cabelo quase da cor do meu. Daih a pouco ela passa perto de mim, conversando com uma amiga... em portugues! Nao apenas as duas eram brazucas, mas de SP, alunas da USP e cursando Ciencias Ambientais! Batemos o maior papo, eles se encantaram com o JC e fizemos varias fotos.
A outra coisa bizarra foi ter recebido a pior cantada da minha vida: um gringao alto, forte e loiro (nao loiro aguado, um loiro meio dourado, o efeito nao era tao ruim assim...) chegou e ficou encarando, com ar intrigado, o pequeno orangotango de pelucia que fica pendurado no ziper da mochila que minha prima me emprestou. "Ele e' simpatico", disse. E eu la' pensando, que que esse cara ta' querendo, ate' que ele perguntou se eu era francesa e eu saquei, por fim qual era a dele. Alias, uns minutos atras ele jah tinha tentado chegar em mim, mas eu achei que ele estava soh querendo passar no corredor estreito e tinha saido do caminho! Trocamos meia duzia de frases absolutamente mediocres, eu disse bye e caih fora. Comentario de uma de minhas amigas recem-conhecidas: "Soh faltava ele ter pedido o telefone do macaco!". Putz, soh mesmo!

Uma dica pra quem vem ao Canada: se comprarem dolares canadenses no Brasil, nao aceitem notas de 100 dolares. Tragam apenas notas de 20 dolares. Ninguem no comercio aceita notas maiores, e voces terao que trocar no banco.
Outra dica: chegando aqui, comprem o Toronto City Pass, que custa cerca de 48 dolares canadenses (uns 90 reais) e dah direito a visitar seis das principais atracoes da cidade, num prazo de 9 dias, por menos da metade do preco normal.
Comida eh mais cara que no Brasil, mas a variedade de produtos eh incrivel. O mercado de St Lawrence, que fica aqui do lado da casa da minha prima, eh otimo para quem quer conhecer alimentos e produtos diferentes. Tem queijos do mundo todo, e paes que eu nunca trinha visto antes, sem falar nos temperos, nos vegetais, nos frios e nos frutos do mar!
O cafeh eh estilo americano, fraco, aguado e enorme, mas hoje tomei um cafe com leite passavel quando fui fazer umas compras no mercado.
Produtos brasileiros que jah vi fazendo boa figura aqui: bombons Garoto, facas Tramontina, pirex Santa Marina e sandalias Reef.

Beijos e ateh amanha!

Martha Argel
PS. pra quem esta' entrando aqui vindo do Google, em busca de informacoes sobre Anne Rice e o furacao Katrina: a titia Arroz nao mora mais em Nova Orleans, pois ela se mudou ano passado para a California.

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Good evening!
Ontem fui assistir a um musical, "Annie get your gun". Toronto nao eh a Broadway, mas foi o maximo. O teatro era lindo, o musical muito divertido e os artistas otimos. A atriz principal ganhou um premio Toni nos EUA, e eh badaladissima por aqui. Nao perguntem o nome que nao lembro.
Hoje de manha saih para passear pela cidade, e fui ateh a torre da CN, a mais alta estrutura livre do mundo. Meu, eh muuuuito alta!!!! Nao subi, talvez o faca amanha. De tarde fui passear na Queen, a rua descolada daqui. Meu walking tour me levou, ainda, a Chinatown (aqui tbm tem!), a Prefeitura (descrita no guia como "duas metades de uma concha com um disco voador no meio", e a esquina por onde o mundo inteiro passa, Yonges (pronuncia-se como young) com Dundas. Fantastica, tinha um grupo de hip-hop numa calcada e um conjunto musical cigano na outra. Todas as etnias imaginaveis desfilando, e um centro comercial deslumbrante. Toronto eh uma das cidades mais cosmopolitas do mundo.
Faz calor por aqui, e as pessoas pela rua sao descontraidas. Mil tribos, mas a indumentaria padrao parace ser bermuda ou jeans com camiseta e mochila nas costas. Nao dah para saber quem e' turista e quem e' daqui mesmo. Muitas muculmanas com veu. Orientais a torto e a direito. Familias de hindus. Todas as nuances entre o branco muito branco e o negro bem negro. No meio, volta e meia alguem falando portugues - o nosso brazuca ou o de alem-mar. A coisa mais interessante que vi hoje foi um cara com uma longa tranc,a... na barba!!!
Neste fim de verao, TO eh uma cidade muito florida, canteiros e vasos por toda parte. Ha parques e jardins, invariavelmente com espelhos e cursos dagua, nos lugares mais inesperados, lindos. Em alguma placa li que isso eh resultado de uma politica publica muito inspirada, de criar areas verdes em todos os locais possiveis. Puta que o pariu, porque eh que nossos administradores nunca tiveram o minimo interesse nesse tipo de coisa?! E os parques nao sao simples areas gramadas. Sao cheios de obras de arte, caminhos sinuosos, detalhes inesperados. Eh maravilhoso.
Entre uma andanca e outra, estive em duas livrarias sen-sa-cio-nais. Uma delas especializada em livros de fantasia e ficcao cientifica. A outra se chama "A maior livraria do mundo". A pilha de aquisicoes, claro, cresceu enormemente, e agora inclui os tres livros que eram um dos objetivos desta viagem. Nada mal para quem estah no pais hah pouco mais de 48 horas!!!
Quase nove da noite, e o Chardonnay californiano comeca a fazer efeito, estou relaxada e pronta pra ir pra cama, ler meus novos livros durante algum tempo.
Amanha tem mais. Fiquem bem.

beijos e queijos
Martha Argel

quarta-feira, 31 de agosto de 2005

Bom dia. Amanheceu de chuva. Jah era esperado. E' o que restou do furacao Katrina em sua marcha rumo norte, uma chuva mansa que amortece os sons da rua, lah fora, para alem do patio interno cheio de plantas onde abrem-se as janelas do apartamento da Clau. Ontem, depois do post, visitei a biblioteca publica. Na volta, jah escuro, fiz um bizarro walking tour pelo centro da cidade: Andrew, de dois anos, ia na frente, reiterando seu objetivo "Agua. Agua". Levou-nos a uma fonte atras da outra. Claudia comentou "ele conhece fontes que nem eu sei que existem". De repente, ele tomou uma rota que ela nao sabia onde ia dar. Atravessamos ruas, avenidas, seguimos por longas calcadas, por mais de meio quilometro, sempre atras do pirralho. A Clau ficou intrigada. "Nao faco a minima ideia de onde ele quer chegar, eu nunca passei por aqui!". Entramos por um passeio de pedestres e chegamos a um largo no meio de predios, coisa comum aqui, e lah estavam, tres estranhas fontes ultrahipermodernas. "Agua, agua" repetia o moleque, triunfante, apesar delas estarem desligadas, talvez por ser de noite. Ficamos pasmas as duas. "Como ele sabia?" perguntei. A Clau nao sabia.
No passeio, topamos com uma figura esquisitissima: um homeless (pedinte) imundo, com um travesseiro preso aos fundilhos, puxando por uma cordinha um coelho de pelucia calcado com um par de sapatos masculinos, em peh sobre um papelao, como se fosse um treno'. O sujeito ia impavido pelas ruas do centro puxando seu pequeno e sapatudo passageiro. Talvez se acreditasse um husky siberiano... ou seria um husky canadense?
Hoje provavelmente vou aproveitar a chuva para ler um pouco sobre o pais e tentar fazer o que vim fazer aqui: descansar.

beijos e queijos
Martha Argel

terça-feira, 30 de agosto de 2005

Boa tarde, diretamente das margens do lago Ontario. Cah estou eu em Toronto, onde cheguei hoje pela manhan, depois de uma viagem nao totalmente isenta de turbulencias (metaforicas e literais).
Comecou jah em Cumbica, vejam soh que doido: devido a overbooking, no balcao da Air Canada me fizeram uma proposta: jah que a senhora tem visto por EUA, toparia ir pela Delta e fazer uma escala em Atlanta? A senhora chega algumas horas mais tarde, mas em compensacao a gente te dah 1000 dolares de credito ou 500 em cash. Putz! Bom, acabei nao topando, principalmente por um motivo: eu tinha visto na CNN que o furacao Katrina, ia chegar em Atlanta hoje, rebaixado a tempestade mas ainda assim cheio de energia. De forma que perdi uma belissima grana...
No aviao, um caos. Nao sei como a Air Canada conseguiu, mas parece que todos os passageiros estavam reclamando porque tinham sido separados de seus parceiros, maes, familias, etc. Uma garotinha de ano e meio, bem do meu lado, se esgoelava; MAMAAAAAAE! MAMAAAAAAAAE! Foram bem uns 15 minutos antes que alguem resolvesse o problema. E o mais divertido foi a velhinha que, nem bem subiu no aviao conseguiu... perder o sapato! Procura daqui, procura de lah, um passageiro acabou encontrando o sapato... no compartimento de bagagem em cima do assento dele. Como foi parar lah, ninguem sabe!
Cheguando a Toronto, claro que revistaram minha mala inteirinha. O cara foi tirando tudo. "Po, moco, demorei 3 dias pra por tudo ai e agora o senhor tira..." Ele olhou bem pra minha cara "Ah, eu nao acredito. Tenho certeza que voce arruma direitinho". E realmente, arrumei. Ele: "Viu, eu nao disse?" E depois de minha prima procurar o carro por uns vinte minutos no estacionamento (estavamos procurando no piso errado, claro), finalmente nos dirigimos a Toronto!!!!
No caminho, vi os gansos do Canada no Canada!!!!!
Bom, nao vou encher o saco de vcs com detalhes. So vou dizer que jah fui passear na beira do lago, comi comida grega, vi MONTES de esquilos e gastei uma nota preta numa livraria.
Preciso correr, to indo conhecer a biblioteca com minha prima Claudia (ela estah dizendo que eh o maximo)

beijossssss, ate amanha e divirtam-se (mas nao mais do que eu, hehehehe)
Martha Argel

segunda-feira, 29 de agosto de 2005

Bom dia.
Desde ontem estou angustiada com o furacão que está atingindo Nova Orleans neste momento. Há muito tempo tenho especial vontade de visitar a cidade, como acontece com qualquer leitor assíduo de Anne Rice. Mais que isso, tenho uma amiga querida que mora lá, no Bairro Francês.
Não paro de pensar nela, na casa dela, nos quadros dela. Que catástrofe se acontecer o que os meteorologistas estão prevendo. Que perda para a humanidade se o centro histórico for afetado.
Independente do furacão, estou com os nervos à flor da pele, como sempre acontece em vésperas de viagem. E nem véspera é: viajo hoje. Amanhã a estas horas vou estar a vários milhares de quilômetros daqui. Outra paisagem, outro idioma, outra cultura. Queria já estar lá, queria não ter de viajar, queria que faltasse um ano para a viagem.
Isso sempre acontece comigo antes de viagens grandes. Passa logo. Termina quando entro no Airport Bus.
Bem, tudo o que posso desejar agora é uma viagem segura, e chegar sã e salva lá.

beijos, fiquem bem.
Martha Argel

sábado, 27 de agosto de 2005

Fui pro Rio e voltei. A cidade continua linda, mesmo embaixo de chuva e no frio de rachar (segunda vez neste ano que a Vampira Paulistana passa frio no Rio!). A viagem foi ótima, produtiva para mim embora os resultados da reunião não tenham sido tão bons pro projeto. A questão, porém, é só continuar insistindo.
Agora... quantas vezes na vida a gente tem oportunidade de ficar numa suíte de hotel cuja diária é quase equivalente a seu orçamento mensal?! Não que eu esteja com essa bola toda, não, mas segundo o moço da recepção "estamos lotados e a senhora teve um upgrade para uma Suíte de Luxo. A senhora concorda?" Eu? Hmmmmm, deixe-me pensar...
E quantas vezes na vida a gente ganha uma carona num carrão importado com motorista e bancos de couro legítimo, e o papo das pessoas que te acompanham inclui causos engraçados tipo "... então o Bill passou o braço por meus ombros e disse...", sendo que o tal "Bill" é o Clinton?
Mais uma experiência bizarra para minha coleção.
Faltam 3 dias pro embarque. De hoje a mala não escapa.

beijos cheios de nervosismo.
Martha Argel

P.S. pra quem ficou curioso sobre o quê o Clinton disse, não faço a mínima idéia. Eu não entendi, meu inglês é muito pior do que faço crer. E quando o causo foi "... durante dois anos a imprensa ficou imaginando o que eu tinha dito ao Primeiro Ministro da Austrália pra ele rir tanto. Sabe o que eu disse? ..." eu também não entendi. Droga, tô precisando mesmo dessa viagem pro Canadá.