quarta-feira, 27 de julho de 2005

Só para aliviar um pouco meu desabafo quase destemperado do post aí de baixo, eis o link para uma matéria muito simpática sobre o livro Maravilhas do Brasil: Aves, com fotos do Fabio Colombini e textos meus: http://www1.uol.com.br/bichos/noticias/ult295u1235.shl . Tem uma linda amostra da arte insuperável do Fabio, um fotógrafo que na hora do clic não esquece o respeito pela ave. Ah, e não deixem de clicar no link Zoo Zoom.
Já disse aqui mas não custa repetir: o livro está merecendo uma atenção excelente da mídia (bem, da parte séria e profissional da mídia, é claro), não apenas por sua óbvia qualidade mas também pela competência da assessoria de imprensa da editora Escrituras.

Beijos e queijos, e continuemos na torcida para que a devassa da corrupção brasileira seja mais do que mera picuinha partidária.

Martha Argel
Bom (?) dia.
A leitura da Folha de São Paulo de hoje está particularmente angustiante. Manchetes. editoriais, cartas, matérias. Tudo reflete pensamentos sombrios que têm me perturbado nos últimos dias, em especial uma pergunta renitente, que curiosamente parafraseia o Cony de hoje: Quem matou Jean Charles?
O editorial de Marcelo Crivella é especialmente pungente. E a chamada dói, pela crueza como desvela a verdade: "Ele só queria ir trabalhar, mas o mataram. Jean saiu do Brasil porque aqui eletricista não acha mais emprego e salário digno".
Quem, afinal, matou o brasileiro pobre, mestiço e expatriado naquela estação de metrô londrina? Com certeza não apenas um punhado de policiais em pânico, despreparados para lidar com suas armas e seu medo. Os cúmplices são uma multidão.
A política de Gérson, que prevalece entre nossos patéticos legisladores, aqueles mesmos que em público lembram a catástrofe dos "tsumânis", e que só tomam a peito suas responsabilidades se for para legislar em proveito próprio. O povo? Foda-se o povo.
A distorção moral que cria cuecas milionárias, defensores de Daslus e publicitários mentirosos, em detrimento do contribuinte que paga em dia os tributos acachapantes e do cidadão que morre pela ausência do estado.
A omissão criminosa de Renildas de Souza, mulheres apáticas que anulam-se em favor da segurança proporcionada por um marido que (desgraça escandalosamente generalizada neste país de terceira) não passa de um ser amoral e sem respeito para com ninguém, nem mesmo para com a pobre idiota iludida.
O fanatismo religioso, que permite a pessoas com QI abaixo da média (ou ganância acima dela), chegarem a cargos de poder inimaginável, através da manipulação de eleitores crédulos, inocentes, despidos de conhecimento mas plenamente dotados de fé.
A intolerância e a falta de auto-estima, que levam ao racismo, a todas as formas de preconceito, à arrogância gratuita e adolescente de pessoas que aliviam o tédio de suas vidas inúteis por meio de agressões grosseiras, contra alvos inocentes escolhidos a esmo.
A burrice ampla, geral e irrestrita, alimentada de forma diabólica pela mídia e pelos administradores do sistema educacional, eles próprios já os frutos podres de um mecanismo mantido e azeitado pelos governantes, versão atualizada dos senhores de engenho.
Chega um ponto em que a mediocridade satura. Há alguns dias me surpreendi com um articulista da Folha que teve coragem de estampar na segunda página do jornal um sentimento que eu não ousava confessar sequer a mim própria. Ele saía de férias e dizia: quero passar uns tempos longe, e tentar esquecer que o Brasil existe. Algo assim.
É isso que sinto. Em um mês viajo para fora, para outro hemisfério. A vontade que tenho é de não voltar mais. Sei bem que é ilusão supor que a boçalidade é monopólio brazuca. Mas pelo menos lá fora a gente não passa a vergonha de saber que os imbecis do dia-a-dia nasceram no mesmo país que a gente.
Meus amigos que lêem este blog não são cretinos, mas se algum estúpido caiu aqui por acaso, eu imploro: por favor, deixe de ser o problema e passe a fazer parte da solução. Os Jean Charles do mundo todo agradecem.

Fiquem bem.
Martha Argel

terça-feira, 26 de julho de 2005

Boa tarde!
Essa eu não podia deixar de comentar. Até o momento eu não tinha prestado atenção nos depoimentos da CPI dos correios. Hoje passei algum tempo assistindo aos depoimentos de Renilda de Souza, mulher do Marcos Valério. Quanta cara de pau!
Mas o melhor da tarde foi a frase do deputado Asdrúbal Bentes: "... e de repente as coisas parecem desabar... um verdadeiro tusumâni."
Pior que isso só a bravata aquele cara, acho que era prefeito de uma capital do nordeste: " Pode vir até o Suriname, que a gente não tem medo!"

beijos, tenham todos um delicioso fim de tarde
Martha Argel

quinta-feira, 21 de julho de 2005

Bom dia!

Desculpem o sumiço. De repente meus dias encolheram e o tempo não alcança para nada. Comecei a fisioterapia para uma bursite que me incomoda há meses. Resumo da história: minhas tardes foram pras cucuias, e agora transcorrem numa clínica especializada, em que me entrego aos cuidados de um pessoal divertido e companhia de dúzias de outros pacientes idem. Não é desagradável, em absoluto, mas que perda de tempo!

Atendendo a pedidos:
O programa Repórter Eco, com a matéria sobre meu livro Maravilhas do Brasil: Aves, será reprisado na TV Cultura hoje, quinta-feira, às 23:30 aproximadamente (pode atrasar, segundo me confessou a própria editora-chefe do programa). Quem sabe desta vez consigo assistir. Sim, acreditem: eu mesma caí no sono no domingo e não vi.

abraços e beijos e enfrentem o frio com galhardia e muita roupa quente!

Martha Argel

quinta-feira, 14 de julho de 2005

Caros amigos

Neste domingo, dia 17 de julho, vai ao ar no programa Repórter Eco, da TV Cultura, uma matéria sobre o livro Maravilhas do Brasil: Aves (Escrituras Editora), cujos textos são de minha autoria.
A matéria foi gravada no Parque do Ibirapuera e conta também com a participação do fotógrafo Fabio Colombini. Acho que ficou bem bacana.
O Repórter Eco começa às 18:30, e a matéria sobre o livro será a última do programa.

abraços, tenham todos um bom dia!

Martha Argel

domingo, 10 de julho de 2005

Oi, todo mundo!

Um update:
- minha página http://www.marthaargel.com.br/ voltou ao ar, saiu e voltou de novo. Pra saber se está visitável, uma dica: caso a fotinho de meu livro Relações de Sangue apareça, aí na coluna do lado direito, no alto, está tudo ok.
- já minha sala continua exatamente do mesmo jeito, estilo Ground Zero 9-11. Gente vocês não imaginam como está ge-la-da!
- e ontem comprei algo que procurava há muito tempo: uma underwear térmica (traduzindo, um minhocão quentinho). Meu, que maravilha!!! Excelente pra quem está a fim de usar saia com bota, combinação que acho ótima (embora o fato de estar na moda leve a mulherada a praticar misturas medonhas, idiotas e patéticas). Ela é preta, de um material sintético confortável e é da Kailash (tinha outra marca mais barata, mas a cintura era baixa demais e o material grudava na pele, achei horrível). Comprei numa loja super-simpática, a Mar e Sol (rua Orissanga, 142, Praça da Árvore, pertinho do metrô). Já me disseram que esse é o melhor lugar em Sampa pra comprar material de atividades ao ar livre.
- também ontem, um encontro de amigos que há muito não acontecia. Os vampiros voltaram a se reunir no Ponto Chic: Giulia, Roberto, Cíntia, Adriano Siqueira, Fernando Molina, Kizzy, Liz Vamp e uma visitante de longe, Carolyn, da Califórnia, interessada no movimento gótico brasileiro. Alto consumo de batatinhas e refrigerantes, com direito à gentileza e presteza do Machado, o garçom que já é um velho amigo e que nos recebeu efusivamente.
- comecei na semana que passou os preparativos para a longa viagem que farei em setembro; a burocracia é infernal.
Deixa eu ir que preciso preparar a palestra de daqui a pouco.

Tenham um bom frio, er, dia.
Martha Argel

quinta-feira, 7 de julho de 2005

Bom dia, amigos!

Grrrr, meu site está fora do ar desde anteontem. Se alguém tentou visitar, desculpe o transtorno.
E olhaí embaixo, tem evento no domingo! Sim, é bizarro que eu esteja participando de um evento de RPG, mas uma especialista em literatura vampírica pode trocar uma bela idéia com a garotada...

Workshop de RPG "O Vampiro de Cada Um"

Venha conhecer um pouco mais sobre os vampiros, esses seres fantásticos que povoam o folclore no mundo todo, inclusive no Brasil.
Participação especial das escritoras de livros de vampiros Martha Argel e Giulia Moon.
Martha Argel é autora de seis livros, entre os quais Relações de Sangue e O Vampiro de Cada Um.
Giulia Moon é autora de Luar de Vampiros e Vampiros no Espelho.

- Os vampiros mitológicos
- O processo de criação de personagens vampíricos
- Sorteio de brindes
- Apresentação de filme

Data: 10 de julho de 2005 (domingo)
Local: Sala Lima Barreto - Gibiteca, Centro Cultural São Paulo
Av. Vergueiro 1000, Paraíso, São Paulo
(ao lado da estação Vergueiro do Metrô)
Horário: a partir das 11:00 (retirar os ingressos com 30 min de antecedência)
Vagas limitadas!

Organização MegaCorp - Realização Centro Cultural São Paulo

domingo, 3 de julho de 2005

Boa tarde! Apenas a título de informação: minha sala continua exatamente do mesmo jeito, no estilo que costumo definir como "contemporâneo bagdali".
Quinta-feira passada estive na noite de autógrafos de meu amigo André Vianco. Quem gosta de dizer que brasileiro não gosta de ler precisava ter estado lá pra ver a fila gigantesca de leitores em busca de autógrafo, alguns deles carregando sob o braço a obra completa do autor (e olha que precisa ser forte pra conseguir segurar aquele monte de livro!). O próprio André estava maravilhado.
É isso aí. Academias de letras, câmaras do livro, secretarias e ministérios deveriam prestar um pouquinho mais de atenção nos leitores e talvez assim conseguissem ter êxito em seus projetos "culturais" (como a vergonhosa Lei Rouanet, por exemplo).

Mais perguntas de leitores

Fabian Thorm: Lendo "O Vampiro de Cada Um" e lembrando dos contos da extinta página da Lucila percebi que você usa sua cria para matar todo mundo que te aporrinha, ou que já te aporrinhou no passado. Deve ser algum tipo de terapia. A própria história que a originou [ops... não devemos falar muito sobre esse tesouro secreto] é assim. O que você me diz?

Eu diria que é prerrogativa do escritor transferir a realidade para a ficção e aí dar a seus problemas a solução que gostaria de ter dado de verdade! A sensação de poder é fantástica, e não só para o autor. De certa forma, se já passou por uma situação semelhante, o leitor também sente sua alma lavada. Talvez uma das virtudes de um escritor seja reconhecer e usar os elementos e cenários familiares não apenas a ele, mas a seu público potencial.
Na verdade, nem todas as situações e personagens "aporrinhantes" dos contos cruzaram minha vida. Você mencionou o conto original. Esse é um bom exemplo. Ele surgiu de uma experiência que jamais tive em primeira mão, mas quando descobri que seis ou sete amigos meus já tinham passado por aquilo, resolvi que era momento de fazer algo. A minha moda.
Terapia? Pode ser a palavra certa. Não gosto daquela literatura que deprime o leitor e cria mais problemas na cabeça dele. Deve ser alguma deficiência minha, mas gosto que meus personagens, se incomodados, tirem o traseiro da cadeira e tomem uma atitude, pô! Talvez seja porque acredito que, na vida real, é assim que as pessoas devem agir, e não ficar se lamuriando derrotadas num canto, enchendo o saco do próximo.

Beatriz Rezende Ramos: O vampiro-sugador-de-energia também tem uma evolução como o vampiro-sugador-de-sangue? Mas se for a minha teoria que eles são pessoas normais que abusam das outras, tanto no dinheiro como no esforço físico, eu sei... Mas deve ter surgido de algum lugar...

Sim, vampiro-sugador-de-energia teve uma evolução, pois ele é uma derivação do vampiro-sugador-de-sangue. Quando a figura do vampiro eslavo chegou à Europa Ocidental (final do século XVIII, ainda sob a forma do vampiro-monstro-da-aldeia), as pessoas mais esclarecidas ficaram indignadas com o fato da sociedade levar a sério uma figura obviamente folclórica e imaginária. Já em 1764, o pensador Voltaire afirmava que os vampiros existiam, e eram os especuladores, cobradores de impostos e comerciantes que sugavam o sangue das pessoas em plena luz do dia. Muito cedo, portanto a palavra vampiro tornou-se uma metáfora para pessoas que exploram outras, e não pelo estrito consumo de sangue. A idéia de que havia um tipo de vampirismo em que certas pessoas roubavam a energia de outras (as ?esponjas psíquicas?) surgiu no final do século XIX, e logo foi incorporada à ficção, por exemplo no conto Luella Miller, de Mary E. Wilkins-Freeman (1903).
Nas últimas décadas, o conceito de vampiro psíquico tornou-se extremamente popular. O fenômeno talvez se explique pelo fato de que, apesar da ânsia que muita gente tem em crer na existência real dos vampiros, as provas físicas (mordidas, corpos dessangrados, registro de mortos-vivos saindo da covas, etc) se recusam a aparecer.
A saída, então, é defender a existência de um vampirismo que não deixa marcas físicas, e cuja aceitação só depende da disposição em crer nos relatos porventura apresentados.