terça-feira, 31 de dezembro de 2002

Último post do ano, embora isso não signifique nada. Amanhã o sol vai nascer como tem nascido em qualquer outro dia. Vai brilhar sobre um número um pouco maior de bêbados, é verdade, e daí umas horas este grande e miserável país terá um novo presidente, que a gente espera consiga melhorar a qualidade de vida, não só dos pobres mas também da empobrecida e deprimida classe média (esperança contra todo o bom-senso, pois as nuvens negras se acumulam no horizonte enquanto os abutres sorriem de satisfação).

Afinal, fui ao Rio. Revi amigos e conheci pessoas. Foi bom. Minha alma agradeceu.

De volta, o calor parece mais insuportável, o sono invencível, a falta de ânimo gigantesca. Sinto uma dor de cabeça persistente. Não sou, em definitivo, a mais entusiasmada das criaturas.

Pra quem curte, Feliz Ano Novo, muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender, essas coisas todas que todo mundo repete à exaustão.

Martha Argel

quinta-feira, 26 de dezembro de 2002

Olá.

Autodefesa 1
E foi assim que mais um natal se foi. Um ano até o próximo circo. Não foi tão ruim, na verdade. Sei que tenho um talento incomum em adaptar-me a situações que a princípio parecem insuportáveis. Tenho paciência e a capacidade de encontrar focos de interesse nas situações mais insossas. Não encontro dificuldade em iniciar qualquer conversação e um piloto automático exemplar me permite prolongá-las quase indefinidamente. Podem chamar de instinto de sobrevivência.

Autodefesa 2
Sou dona e senhora de uma infinidade de mundos. Às vezes a vida no planeta Terra se torna agradável e por dias, semanas, meses, deixo de freqüentar minhas propriedades. Ultimamente tenho visitado uma delas com tal assiduidade que penso estabelecer-me um bom tempo por lá. Parece um bom plano para 2003.

Contra-ataque
Há aqueles que cativam os outros, sem aviso ferem-nos de morte, e então seguem adiante, puros como profetas, já esquecidos da vítima agonizante. Lanço sobre tais pessoas a maldição da insatisfação eterna. Que habitem para sempre um inferno de sua própria autoria.

Ataque
Quero meus sonhos de volta.
Quero minha força de volta.
Quero poder desfrutar a pessoa na qual me transformei.

Talvez eu volte nos próximos dias. Para o caso de não voltar, já vou desejando a todos um bom resto de ano.

Martha Argel


terça-feira, 24 de dezembro de 2002

Oi a todos!
Uma coisa boa aconteceu faz poucos dias e ninguém percebeu. Dia 22 foi o solstício de verão. Bobagens esotéricas à parte, além de representar o início do maldito verão, foi o dia mais longo do ano. Daí pra frente é só ladeira abaixo!!!! Uipi, os dias vão ficando mais e mais curtos! A única merda é que, infelizmente, segundo os registros meteorológicos, janeiro tem médias de temperatura mais altas do que dezembro. No meu caso em particular, outra coisa boa: no solstício de verão, o sol chega ao extremo sul de seu percurso; é o único dia do ano em que ele brilha perpendicularmente a nossas cabeças paulistanas, já que moramos exatamente a cavaleiro do trópico de Capricórnio. A partir de agora o sol nasce cada dia mais a norte, e logo ele pára de bater na mesa onde trabalho com o laptop. Depois que aqueles filhos da puta detonaram os eucaliptos que tinha aqui em frente, dando-me de presente uma paisagem tipo pós-bombardeio, minha sala virou um forno hiper-iluminado. É foda. Como um ser humano normal consegue usar o cérebro num ambiente desses? Claro que eu poderia resolver esse problema com umas cortinas. Talvez eu pense nisso mês que vem, enquanto todo o país está entregue à lezeira do verão, férias, muito sol, areia nas frieiras e abundante exposição de banhas nas praias.
Realmente, descobri que as pessoas desprezíveis não são a causa de minha irritação, apenas combustível para ela. As verdadeiras causas estão no calor, na falta de dinheiro e na babaquice inerente à época.
Vou comemorar a véspera de natal caminhando, trabalhando no livro, jogando FreeCell e checando os e-mails quatro vezes durante o dia. De noite agüento o suplício de uma família a cada ano menor, e como salpicão, tender e algumas frutas. Amanhã caminho oito quilômetros e me desfaço de uma parte das calorias. Recomendo a todos fazerem o mesmo.
Desejo a todos um tremendo saco pra agüentar estes dois dias.

Martha Argel

sábado, 21 de dezembro de 2002


Boa tarde.

Há coisas que me irritam. Umas irritam mais, outras irritam menos. Algumas não irritam mais, outras ainda irritam. Algumas não deveriam irritar, mas.
E assim, portanto, desde ontem estou irritada. Por uma bobagem, uma estupidez. Passado, faça o favor e permaneça passado, não me importune no presente, pois tenho coisas mais importantes com que me preocupar.

Linhas e caminhos cruzados
Vanessa me ligou no final da tarde. Como sempre a conversa se esticou. Fez-se noite e eu, ao telefone, não me dei ao trabalho de acender a luz. De repente, som de passos um vulto aparece na sala escura. “Oi, o telefone estava ocupado, resolvi aparecer”. A Giulia. Mal sabia eu, o Tetsuo estava tentando ligar também. Mas ele não apareceu. Freguesia do Ó é longe demais.

Poderoso
Descobri (mais) uma particularidade de meu super-cão Thor, o pitpulga. Acho que todo mundo sabe que quando a gente coça um determinado ponto nas costelas de um cachorro, ele tem um reflexo de mexer com a pata de trás, como se estivesse coçando. No interior, o pessoal diz que o cachorro, quando faz isso, toca viola. Pois bem, desde que o Thor veio pra casa eu tento encontrar o ponto T nas costelinhas dele, em vão. Ontem descobri que estava procurando no lugar errado: o dele é nas costas, perto da base do rabinho! E mais, quando a gente coça ali, ele não só toca viola como começa a mordiscar o que estiver por perto, principalmente se for a mão ou a roupa da gente! Esse pentelhinho é o máximo!

O amor de um vampiro sempre é perigoso...
Continuo trabalhando no livro Amores perigosos. Consegui resolver uns problemas sérios da trama, e agora devo avançar razoavelmente depressa pelos próximos dias. Meus leitores-beta mais assíduos têm sido a Giulia e o Tetsuo, e os comentários deles têm sido preciosos. Se quiserem ler um trechinho desse livro, cliquem aqui.

Nau sem rumo
A viagem pro Rio ficou adiada: dia 27. Giu, Tetsuo e eu indo visitar a Vanessa. Vai ter mais gente chegando de outros cantos. Quer saber? Tou indo sem passagem de volta. Significa que não sei quando volto. Easy rider. Há muito não faço isso.

Bom, eu ia continuar fingindo que tenho assunto, mas a irritação se aprofundou. Foda-se.

Tem muita gente por aí parando de blogar por causa do fim de ano, desejos de boas festas, feliz natal, ano novo que tudo se realize, essa merda toda. Eu não vou parar, não mais do que já tenho parado (tô postando a cada 3-4 dias?). Essa época babaca não merece que eu mude meus hábitos.

Tenham todos um bom fim de semana, exceto aqueles que merecem se foder. Pra esses eu desejo que o fim de semana seja uma merda, bem como o resto de suas vidas.

Martha Argel

quarta-feira, 18 de dezembro de 2002

De novo a dúvida: às 05:30 da manhã é bom-dia ou boa-noite?

Estou atualizando de teimosa, nos últimos dias não aconteceu nada de muito relevante. Os filmes que assisti com a Giulia Moon no domingo já estão devidamente comentados no blog dela. As caminhadas diárias têm transcorrido sem incidentes dignos de nota. Meu telefone mantém-se persistentemente mudo. Ontem assisti um episódio de Buffy, da última temporada, e não achei nada de mais, mas de qualquer forma voltei a gravar e quero ver se gravo toda a temporada. Terminei um relatório de impacto ambiental que espero que redunde em algum depósito em minha combalida conta bancária. Continuo escrevendo "Amores Perigosos", continuação do ''Relações de Sangue", e a Giulia e a Carmilla me ajudaram a resolver alguns percalços da trama. E já estou trabalhando no projeto de outro livro, não-ficção, cujo tema ainda não posso dizer, porque tá cheio de urubu rodeando, sempre.

De resto, sem um puto, só de olho nas contas que vou ter de pagar no mês que vem. O coração há muito não bate por ninguém, e não há ninguém que possa representar alguma perspectiva. Nenhum plano muito emocionante à vista, e nem posso fazer nenhum, com essa penúria financeira que se abate sobre mim.

Acho final de ano um pé no saco, principalmente quando não tenho dinheiro. Uma coisa que me deixa no fundo do poço é imaginar que alguém vá me dar um presente que não poderei retribuir porque não tenho um puto para comprar sequer uma porta de entrada decente para minha casa, que dizer de presentes a ser dados por obrigação. Eu odeio natal, abomino passagem de ano. Pelo menos quando tenho grana, posso comprar minha tranqüilidade. Este ano, porém, vai ser foda.

Coisas boas? O telefonema de um amigo fazendo planos mirabolantes, me empurrando a sonhar e elogiando meu corpo ''novo''. Não voltei a ganhar peso e me sinto muito bem. Sábado, a Giu e eu vamos pro Rio (eu estaria mais feliz se tivesse grana para isso, mas sei que quando chegar lá e me encontrar com os amigos, nem vou lembrar disso...). Parece que vai pintar mais um projeto de livro. Os e-mails de fãs continuam chegando, embora tenham minguado muito. Mas o que mais me impulsiona adiante nestes dias: eu realmente estou com vontade de trabalhar, e trabalho com gosto, cumpro metas e sinto as coisas indo adiante. Quem sabe daqui uns dias, algumas semanas no máximo, me sinto no direito de voltar a sonhar?

Cuidem-se, todos. Pra quem gosta, curtam o clima natalino. Pra quem detesta, toda minha solidariedade e a certeza de que logo termina.

Beijos

Martha Argel

domingo, 15 de dezembro de 2002

Bom dia.

Hoje quero falar de uma amiga, Jacqueline Bishop, americana que mora em New Orleans. Conhecemo-nos em 1996, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, durante um congresso sobre conservação de aves.
Jacqueline é artista plástica, e vem expondo desde 1987, sempre tendo como tema a natureza e sua destruição. Apaixonada pelo Brasil, há muitos anos sua principal fonte de inspiração é o estado do Acre, a floresta amazônica e a luta pela conservação da biodiversidade. Seus quadros não são apenas representações da natureza, mas afirmações políticas. Não são passivos. Impossível olhar suas imagens sem sentir uma perturbação crescente.


Imaginaire, 1994


Detalhe da instalação Terra, 1999.

Há três anos ela é presidente do BACI, Brazilian-American Cultural Institute, organização sediada em New Orleans. Fundada há mais de 20 anos, o BACI preocupa-se em divulgar a cultura brasileira e unir brasileiros e não-brasileiros através da arte, da música, da culinária e de conferências em Português.
Resolvi falar da Jacqueline porque há dias venho pensando nela, desde a indicação de Marina Silva para o Ministério do Meio Ambiente. Imaginei como ela estaria feliz, e não me enganei. Ontem ela me escreveu, em resposta a um e-mail que lhe mandei. Ela teve contato com a nova Ministra em 1996, e achou-a muito dinâmica. Para ela, a indicação é um fato muito positivo.
Outra coisa que me fez pensar nela foi a notícia da morte de Stan Rice, marido da escritora Anne Rice, segunda-feira passada, dia 9, por um tumor cerebral. Algum tempo atrás a Jacqueline tinha me contado que os Rice eram seus vizinhos e que Stan Rice havia participado de um evento organizado por ela há seis anos. Ela o entrevistou diante de uma grande platéia e ele se mostrou articulado e muito aberto. Segundo ela me contou, por 30 anos Stan Rice ensinou escrita criativa na San Francisco State University, antes de mudar-se para New Orleans e se tornar pintor. No ano passado, ele emprestou sua casa por uma noite para sediar a festa de Natal do BACI pois, segundo a Jacqueline, ele amava o Brasil. Ela diz que a vizinhança não parece a mesma sem ele.
No momento, Jacqueline foi convidada por duas universidades (Loyola e Tulane) para dar um curso sobre Arte e Ambiente. Além de dar aulas, ela continua pintando full time e proferindo palestras sobre seu trabalho (as próximas serão nas universidades de Nova York e Georgia). Recentemente esteve em um tour de conferências na Índia e em Bangladesh, que deve visitar novamente em 2004.
As coisas estão acontecendo rápido para a Jacqueline. E ela termina seu e-mail dizendo: But my heart is in Brazil.
Para saber mais sobre a Jacqueline e sua obra, vocês podem visitar os seguintes sites:

Arthur Roger Gallery
Clark Gallery
Southeastern Louisiana University
Entrevista para reddotmagazine.com

beijos a todos, tenham um bom domingo

Martha Argel

quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

Bom dia. Dia nublado, dia fresco. Ainda não fiz minha caminhada, que o coquetel de ontem à noite faz ainda mais necessária.
Estou dando a semana de trabalho por encerrada.
Na segunda, reunião com uma editora, pra discutir um projeto muito legal. Rua Guaicurus, lá na Lapa, e relembrei os bons tempos de Estação Ciência. O projeto: um livro paradidático e artístico. As negociações vão indo bem, obrigada. Se der certo, o resultado será lindo!
Na terça, lançamento do quinto livro do André Vianco, A Casa. Puxa vida, que cena de sonho. Gente fazendo fila pra conseguir o autógrafo de um autor nacional de Literatura Fantástica (nada de auto-ajuda, esoterismo, sensacionalismo oportunista em cima de morbidezes). Das sete às nove a fila não diminuiu. O André, o sujeito simpático de sempre. A Marisa, com aquele sorriso autêntico de felicidade, que a gente reconhece de longe. E a Marina, irmã do André, tiete número um e toda orgulhosa do irmãozão.
E como um sub-produto inesperado, um contato excelente, que deve resultar em uma noite de autógrafos, daqui algumas semanas. Aguardem novidades!
Ontem, quarta-feira, participei de uma mesa redonda no Workshop Anuário Mata Atlântica, promovido pela equipe da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Evento importante. Falei sobre a situação da fauna na periferia da Região Metropolitana de São Paulo. Reencontrei ou conheci gente ótima: o pessoal do DEPRN (Térsia, Heloisa, Liza, Ângela – ótimos nomes para personagens!), a Lika da Reserva da Biosfera, o Mário Cencig da Unicamp e mais um monte de gente que não lembro o nome (aiai, eu sou mal-educada)! Só um episódio asquerosamente desagradável: reencontrar uma pessoa que (por sorte) eu não via há uns dez anos, “Oi, Martha? Que que você anda fazendo? Mas que porcaria seu levantamento do [nome do projeto deletado], hein?” PUTAQUEO PARIU, vá à merda! A vida toda trabalhando num órgão público, nunca publicou porra de dado nenhum e vem pra cima de mim arrotando importância?! Uma indicação da seriedade e competência dessa pessoa, e do respeito que merece de seus colegas de trabalho: entrou no evento só, sentou só, não falou com ninguém, ninguém veio lhe falar, foi embora sem que ninguém percebesse. O típico zero à esquerda que só sabe fuder com o trabalho dos outros. Foda-se. Eu, por outro lado, me diverti pra caralho no coquetel no final dos trabalhos. Pessoal ótimo! (ô, se algum de vocês tiver vindo me visitar, cliquem logo aí embaixo, em comentários, e deixem um alô!!!). Fiz alguns contatos interessantes. Tomara que algo role.
Bom, é isso, depois de semelhante início de semana, meu lance agora é retomar o Amores perigosos, e terminar a semana sem botar o nariz fora de casa, só escrevendo.

Tenham todos um bom resto de semana. E MUITO obrigada a todos os que visitam, comentam, etc e tal..

Martha Argel

PS. Ah, tinha esquecido! Na noite de autógrafos do André conheci o Rodrigo Santos, que tem um blog e que em breve estará lançando seu primeiro livro. O André e o Rodrigo posaram juntos para uma foto, e não sei quem estava com o sorriso maior, afinal o Rodrigo veio do Rio de Janeiro, onde ele mora, especialmente para conhecer o André!!! Isso é que é fã! É isso aí, Rodrigo, boa sorte na carreira literária!!!

domingo, 8 de dezembro de 2002

Ok, atualização. São quase 11 da noite, e portanto não garanto a qualidade do texto (leia-se sono), mas tá valendo.

Cheiro de flor
Uns dias atrás eu andava intrigada porque tinha a impressão de que havia constantemente um perfume delicioso no ar . Eu o sentia durante o dia em minha casa, e à noite dormia e acordava com ele. Sentia ao caminhar de manhãzinha pelas ruas do bairro. Por onde eu fosse, ele me seguia. Comecei a imaginar que estava maluca. Imagina, o ar de São Paulo... perfumado? Até que um dia minha faxineira matou a charada, ao comentar que tinha visto uma árvore grande e de florzinhas amarelas, muito cheirosa. Bingo! O perfume que eu sentia, e que ainda sinto, é o da magnolia-amarela Michelia champaca, que nesta época está em plena floração. Eu nunca tinha reparado como as magnólias são comuns em Sampa. Se vc mora por aqui, preste atenção. É um perfume maravilhoso.

Coisas bonitas que os homens dizem
Anteontem uma dúvida existencial me assaltou: será que eu rebolo quando caminho? Sempre achei que não. Tentei caminhar acentuando o rebolado, mas era desconfortável e encerrei a sessão de experimentação com um foda-se retórico. Pois bem. Hoje de manhã coloquei um shorts (calorão!), saí pra caminhar e optei pela avenida porque não queria pegar ladeira. Là pelas tantas, passa um carro e um sujeito põe a cabeça pra fora da janela e grita algo. Demorei uns segundos pra entender, mas o que ele disse foi: Rebola mais com a esquerda que a direita tá ganhando!. Ok, pergunta respondida, e ainda por cima com o parecer de um especialista!

Os Simpsons no Brasil
Finalmente passou aqui o episódio em que os Simpsons detonam o Brasil. Na época em que passou nos EUA, o desenho quase gerou um incidente diplomático. Assisti com a Giu e o Tetsuo. Não achei tão escrachado assim. O mais engraçado foi o disclaimer da Fox, eximindo-se de qualquer responsabilidade pelo conteúdo do programa.

Noite de autógrafos do André Vianco
No dia 10 de dezembro, a partir das 19:00, meu amigo André Vianco vai autografar seu livro ''A Casa'', na Siciliano do Shopping Santa Cruz, aqui em Sampa. Vou dar um pulo lá. Quem estiver a fim, apareça. Não é minha noite, mas se alguém quiser, pode levar o "Relações de Sangue" que eu autografo.

... e afinal, Martha, por que é que vc está demorando tanto entre uma atualização e outra, caralho?
Simplesmente porque estou trabalhando no ''Amores perigosos''. Agora acho que é pra valer. Se está ficando bom? Perguntem pro Tetsuo, ele leu tudo até a última letra que digitei. Parece que ele gostou, mas vai saber...

Bom, é isso aí. Chega. Agora vou dormir. Tenham uma boa semana.

Martha Argel

quarta-feira, 4 de dezembro de 2002


Bom dia. Ou quando são 4 e meia da manhã a gente ainda diz ''boa noite''?

Tinha um monte de coisa que eu queria pôr aqui. A determinação, ou a necessidade, ou a energia, ou tudo isso se desvaneceu nos últimos segundos (num acesso de mágoa profunda, que por sua vez se perdeu em um FODA-SE daqueles bem potentes), mas não importa. Essas coisas estiveram na minha cabeça, existiram, foram importantes, e ainda são, pois são causa e parte de como me sinto nos últimos dias.
Alguns pensamentos são fortes demais para se perderem, inda mais por motivos tão tolos.

O postal que o Juan me mandou, por exemplo, carrega todo um mundo dentro de si, e encontro nele tantas simbologias que... sei lá (aproveitem o fato raro: a escritora sem a frase exata para explicar-se aos leitores). Muitas delas eu sei, foram intencionais, outras certamente são obra de minha imaginação ultimamente hiperativa em busca da FELICIDADE. Certamente? Ou não? Talvez o Juan e eu tenhamos uma dessas empatias que nos faz ler a alma do próximo, por mais breve que tenha sido o tempo efetivamente compartilhado. Les Luthiers, U2, a Recoleta, Murici, as pizzas proibidas e os papos até duas da manhã são evidências. Juan, a neve é dispensável quando as montanhas estão no horizonte. Elas por si bastam. (porra, cara, não vejo a hora da gente se encontrar por lá. qual é a melhor época?)

E o que dizer daquela pessoa que tem a incrível capacidade de aparecer SEMPRE nos momentos em que você mais precisa? Não em todos os momentos em que você simplesmente precisa (se assim fosse, não seria MÁGICA, seria rotina, uma rotina; reconfortante, sem preço, insubstituível, mas rotina), mas naqueles em que você realmente se desespera porque se convence de que ninguém, NINGUÉM pode te ajudar. E então descobre que estava errado e que, uma vez mais, a ajuda estava, como sempre esteve, ao alcance da mão. Demorei tantos anos para entender, não estou certa na verdade de ter mesmo entendido, mas no momento a sensação perdura e a paz não parece, afinal, inalcançável. Obrigada.

Termino este post, formado por frases obscuras e significados ocultos, com ainda outro parágrafo incompreensível. Terminei de ler Blood Pact, o quarto livro da série Vicki Nelson, da Tanya Huff, e ao final tive um vislumbre do futuro. Chorei muito, não só porque é sempre essa minha reação ao terminar um livro soberbo, e não só porque, ainda por cima, sou uma chorona que se emociona com finais felizes ou infelizes. Tive um motivo muito mais poderoso para chorar, e que só a Carmilla pode entender. Preciso conversar com você!!!

tenham um bom dia e façam como a Ceres escreveu nos comentários: abram seus próprios caminhos
Tita

PS. Obrigada Lili, Ingrid, Carol, Kiki, Vampirella, Scarlett, Nnato, Leo, Juan, Carl, Tetsuo, Giu, Vanessa e quem mais tiver me visitado e preferido ficar anônimo.

domingo, 1 de dezembro de 2002

Boa tarde a todos!

Lá fora um lindo domingo de sol, e eu aqui, ouvindo David Bowie e fazendo hora até a Giu passar pra gente ir ao Ponto Chic encontrar o Tetsuo e a Cintia
Os últimos dias foram intensos. Fantasmas que se foram (voltarão ou não?). Novas perspectivas que surgiram. A reconfortante (re)descoberta de que o passado ainda pode ser presente, e que algumas coisas não mudam, ou às vezes nos surpreendem e mudam para melhor.
Por que nada disso apareceu por aqui? Exatamente por tanta coisa ter acontecido em tão pouco tempo. Overload, quem sabe e também o fato de ter me afastado da internet. Leio os e-mails mas não tenho respondido senão os mais urgentes, e perdão por não visitar os blogs de vocês a não ser esporadicamente.
Alguns de vocês gostarão de saber que definitivamente retomei o trabalho em meu próximo livro, Amores perigosos, e a escrita está avançando e vai bem, obrigada. Saiu um conto meu publicado no zine Hipertexto, do Clube Jeronymo Monteiro de Literatura (http://www.jmonteiro.org.br) (quero agradecer ao editor Luiz Marcos da Fonseca, por ter dedicado toda a 4a. capa a meu livro Relações de Sangue. Ficou maravilhosa!!!). Fui convidada para participar de uma mesa-redonda num Seminário sobre a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, e devo falar sobre a situação da fauna silvestre na periferia da região metropolitana de São Paulo. Mais pra frente coloco detalhes aqui. E fui convidada, ainda, para escrever um livro sobre animais brasileiros. Ainda é um projeto, mas com grandes chances de dar certo.
Some-se a todos esses eventos profissionais uma tranqüilidade emocional que há muito não experimentava. Não tenho o desembaraço que muitos têm para escancarar sentimentos e citar nomes. Só quero dizer que os amigos são importantes, em especial aqueles que aceitam confidências, dando-nos em troca a sinceridade e suas almas. E quando esses mesmos amigos acompanham a gente nas baladas, então, a amizade atinge o que só podemos chamar de PERFEIÇÃO!!!
Sei que este post soa egocêntrico e presunçoso. Talvez eu tenha adiado tanto uma atualização por saber que nos últimos tempos o universo está girando ao redor de meu umbigo. A exacerbação de meu ego já não muito discreto foi o artifício desesperado que usei para escapar do grande pântano de desânimo e pessimismo no qual me havia metido até o pescoço. É possível que esteja agora no extremo oposto, nas alturas, achando que posso tudo. Foda-se se é ilusão -- enquanto estiver nas alturas, eu posso tudo, e vou fazer o máximo que conseguir. Ao menos hoje sou uma grande especialista em fauna, uma escritora de sucesso, uma mulher gostosa com pernas lindas e vou ganhar um monte de dinheiro e viajar para a Inglaterra. Que seja eterno enquanto dure. O David Bowie está cantando aqui: we can be heroes / just for one day

Fiquem bem, e guardem um pouco deste sol dominical para iluminar a segunda-feira.

Martha Argel