terça-feira, 6 de setembro de 2005

Bom dia. Hoje resolvi ficar um pouco mais em casa porque estou com dor de cabeca. Agitacao demais, suponho.
Ontem passei o dia no Royal Ontario Museum. No caminho, cruzei com as festividades do Dia do Trabalho, e aproveitei para tirar uma foto do JC com escoceses legitimos, vestidos de kilt e com a gaita de foles debaixo do braco. Depois de cruzar um parque belissimo (creio que Queen`s Park) cheguei ao museu.
Maravilhoso. Por uma tremenda felicidade, consegui pegar o ultimo dia de uma exposicao sobre dinossauros emplumados, de cair o queixo. Ano passado fiz um update "in loco" dos dinossauros patagonicos. Agora foi a vez das descobertas chinesas. Patagonia e China sao as duas maiores fontes de novidades paleontologicas do mundo, e estou feliz por ter tido essas duas oportunidades.
Outros pontos altos do museu, que pra variar estah em reformas:
- a Caverna dos Morcegos, uma instalacao que imita o ambiente cavernicola, com saloes, corredores, formacoes "rochosas", reentrancias e saliencias, e morcegos e outros bichos espalhados por todos os lugares onde estariam numa caverna de verdade. Como trilha sonora, o ping-ping de agua gotejando e ocasionalmente o bater de asas de uma horda de morcegos, devidamente acompanhado por luzes estroboscopicas.
- algumas vitrines esquecidinhas num canto, sobre a espetacular fauna fossil de Burgess Shale. Vcs nao devem saber o que eh, entao nao vou ficar aqui enchendo o saco, mas essa exposicao me arrepiou inteirinha. Essa fauna foi o tema de um dos melhores livros de divulgacao cientifica que ja li: "Vida Maravilhosa", de Stephen J. Gould. Fiquei super-emocionada. Nao sabia que Burguess Shale ficava no Canada.
- uma secao sobre biodiversidade, onde as pessoas podem examinar materiais com lupa, tocar nos objetos e bichos expostos, descobrir duzias de seres em dioramas geniais. A interatividade eh assombrosa. Nao eh soh a grana que possibilita isso. Eh tambem um conhecimento profundo de museologia, de tecnicas de educacao e, principalmente, de historia natural, aliado a uma criatividade infinita. Nossa, que inveja. Como fica patente, por comparacao a mediocridade de nossos educadores/formadores de opiniao/museologos brazuquinhas (bom, talvez nao todos, claro, que saudades da Waldisa, minha professora de museologia).
- a exposicao sobre a evolucao do mobiliario, em que os aposentos de cada epoca estao recriados com moveis, tapecarias e utensilios originais. De tanto em tanto, hah cabines com gravacoes sobre determinados assuntos: o pepel da mulher na idade media, higiene no renascimento, a iluminacao no seculo XVIII, coisas desse tipo. Talvez vcs nem achem interessante, mas eu estava babando.
- um mural mandado fazer por Nabucodonosor (lembram??? Babilonia, jardins suspensos, etc.), representando um leao. Putz, eu nem acreditava que era the real thing
- e, quando eu jah estava exausta, minha cabeca estourando de dor e o cerebro virando geleia, cheguei aa secao do Egito. Putaqueopariu!!! Uma quantidade i-men-sa de artefatos, ornamentos, estatuas, MUMIAS, tudo TAO bem preservado que vc fica na duvida se tem MESMO 4000 anos de idade ou se eh uma replica bem feita. A maioria eh original, sim, e quando nao eh eles avisam. Adorei a reconstrucao de uma tumba, onde vc entra e pode ver as inscricoes nas paredes imitando pedra (claro, nao eh original, foi tudo feito usando moldes).
Bom, saih do museu as cinco da tarde. Apesar da dor de cabeca, nao resisti e caminhei ate a esquina de Dundas e Yonge, para espiar o mundo inteiro. Comprei uma linda saia indiana, bati papo com uma israelense simpatica, ouvi musica andina, escutei mil e um idiomas desconhecidos e entao voltei pra casa, acabada.
Eh isso aih, tenham um bom dia!

Martha Argel

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