segunda-feira, 5 de setembro de 2005

Bom dia, amigos.
Hoje eh Dia do Trabalho aqui, feriado. Em comemoracao, acordei cedo e dei um trato na caotica cozinha de minha prima. Hoje ela vai fazer laundry, isto eh, lavar toda a roupa para a lavanderia coletiva aqui do predio onde ela mora. Fazendo um rapa nas minhas roupas sujas, descobri que a toalha que eu tinha deixaod lah fora para secar estah toda cagada por pombos. Malditos ratos emplumados!
Ontem o dia comecou com uma caminhada pela cidade, rumo aa AGO, Art Gallery of Toronto. Fui parando em obras de arte, jardins publicos quase escondidos e parques. O que nao canso de admirar eh a inventividade com que foram idealizados esses pequenos tesouros. Sempre estah evidente a intencao de fugir do lugar comum, de criar o inusitado. Inevitavel a comparacao com a mediocridade publica tupiniquim.
Dois destaques durante a caminhada:
- a igreja de St, Andrew, cuja fachada lembra o estilo medieval escoces. Ela jah tinha me chamado a atencao quando a vi lah de cima, da Torre. Quando entrei, que surpresa. O som do orgao enchia a nave ampla, discreta, com um belissimo mezzanino (qual o nome correto?) de madeira escura, como os bancos. Fiquei lah um bom tempo.
- no parque ao lado do AGO, jah nos limites de Chinatown, um grupo de velhinhos chineses aproveitava a manha de sol para fazer exercicios, primeiro com espadas, depois com leques.
A visita ao museu me tomou menos de 3 horas. O AGO estah em reformas, e poucas salas estao abertas aa visitacao, o que faz com que a visita seja compacta e evita aquela sensacao de desanimo que nos invade em tours pelos grandes museus quando, ja cansados apos cinco horas de caminhada, percebemos que nao visitamos nem metade do acervo.
Os pontos altos do acervo estavam todos concentrados em duas ou tres salas. Foi bem legal.
Meu preferido foi um quadro de Brueghel o Novo, "O casamento aldeao" (creio que sec. XVI) que eu ja conhecia de livros. Tinha ainda Monet, Magritte, Renoir, Cezanne, mas o fato eh que realmente nao curto muito esses lances mais modernos.
Na volta para casa, passei por minha esquina favorita, Dundas e Younge, e fiquei babando por uma saia, que nao comprei porque estava sem dinheiro em cash.
Com toda intencao de retornar pra comprar a peca, fui para casa, mas uma sugestao inesperada de minha prima fez meu plano malograr: "Por que nao vamos para Niagara Falls?"
YEEEESSSS!!!
E foi assim que aas tres horas da tarde (!) saimos para o principal ponto turistico do Canada! Uma viagem de menos de 150 km.
O caminho e' uma autopista, insossa como todas. Fizemos um desvio pela deliciosa vila de Niagara on the Lake, com casinhas de filme em meio aa densa arborizacao. Metade do canada e boa parte da populacao ianque circulavam pela rua principal, um inferno, mas na rua paralela a tranquilidade era infinita. Pra variar, a quantidade de flores e imensa em floreiras, jardins, canteiros.
O caminho que liga as duas Niagaras eh bucolico, countryside. Lah pelas tantas a estrada fica paralela ao rio Niagara, a jusante das cataratas: ele sai do Lago Eire, a sul, cai pelas cataratas e continua fluindo rumo norte, para desaguar na margem sul do lago Ontario (Toronto esta a margem norte do mesmo lago). O rio marca a fronteira entre Canada e EUA. Assim, na outra margem avistavamos o pais vizinho.
Chegando a Niagara Falls, descobri onde estava a outra metade da populacao canadense: todos apinhados ao redor das quedas. Foi uma surpresa descobrir, ainda, que a avenida principal da cidade passa ao longo da catarata chamada Canadian, ou Horseshoe. Do lado de lah estah a muito mais modesta American. A forca e o volume das aguas eh impressionante.
O mais engracado foi ver, lah do outro lado, em passarelas ao longo da queda estadunidense, um mooooonte de gente com capas de chuva amarelas. Quem aih se lembra daquele desenho do Pica Pau em que ele fazia um sujeito cair repetidas vezes pela queda d'agua, dentro de um barril, enquanto duzias de pessoas com capinhas amarelas erguiam os bracos e lancavam gritos de saudacao?! Pois eh, aquele lugar existe! E as pessoas tambem! Mas posso confessar algo? Pelo que eu via no desenho, eu achava que as cataratas fossem beeeem maiores!
Dica: se alguem for visitar Niagara algum dia, LEVA CAPA DE CHUVA!!! O spray das quedas eh tao intenso que uma chuva constante cai sobre a avenida e a calcada, mudando de posicao conforme o vento. Eu estava de capa, mas o JC, coitadinho, ficou molhado como um pinto, rs.
No fim da viagem, a ultima emocao do dia, assistir ao azul do ceu ficando cada vez mais profundo, adquirindo tonalidades belissimas que nosso ceu tropical nunca exibe.
Tenham uma boa segunda-feira, daqui a pouco estou saindo para ir bater perna de novo. Beijos e queijos, fiquem bem.

Martha Argel

Nenhum comentário: