Hoje o calor aqui em Neuquen vai ser demais. Quem diria, nao e? Quando a gente ouve falar de Patagonia, pensa em ventos gelados e temperaturas abaixo de zero. So que estamos no curto verao austral, e por tres meses e isso que temos hoje: temperaturas que passam dos trinta graus, sem piedade, todos os dias. De noite refresca, mas com o surgir do sol nao tem perdao.
Ontem fomos a Villa El Chocon, em busca de mais dinossauros, e nao nos decepcionamos. Pelo contrario, terminamos por nos deparar com algo espetacular e inesperado: uma excavacao aberta a visitacao publica, onde estao desenterrando tres exemplares, um carnivoro e dois herbivoros. E o melhor de tudo: A GENTE PODE EXCAVAR OS FOSSEIS!!!! Nao imaginam como e emocionante: uma especie de estilete e um pincel de pintar parede, e a gente vai removendo pouco a pouco a argila endurecida e expondo o osso. Os dois tecnicos que estavam la, Cristian e Mari, nos explicaram um monte de coisa sobre as campanhas de campo, a rotina de excavacao e transporte, o trabalho de laboratorio. Nos contaram de dois caminhoneiros que um dia pararam para dar uma olhada e ficaram tao alucinados que agora a cada tanto aparecem com barracas e ficam dias excavando junto com os paleontologos. Minha prima Dominga ficou alucinada, e comecou a fazer planos de vir trabalhar alguns dias no local.
Depois da excavacao, fomos a vila, que nasceu de um acampamento implantado quando da construcao da represa de El Chocon, um lago impressionante, de belissimas aguas azuis, em meio a aridez da estepe e sob um ceu absolutamente limpo. Na vila, as margens do lago, visitamos o museu paleontologico, onde novamente nos deparamos com o Giganotosaurus carolinii, em varias versoes. Esse bicho tremendo foi descoberto justamente ai, por um morador do local, Carolini, que hoje e diretor do museu. Infelizmente, ele ja tinha ido embora quando chegamos, e nao pude conhece-lo.
Depois de uma rapida visita a barragem, e uma aulinha muito interessante sobre seu funcionamento, dada por Claudio, decidimos voltar. Mas as surpresas nao haviam terminado. Na saida da cidade, a meia encosta entre a vegetacao patagonica, nos esperava, imponente e assustador, um legitimo Giganotosaurus da fibra de vidro mais pura e resistente que possa existir! Foi um barato! Nos divertimos pra caramba pendurando-nos nas garras, subindo nos pes, escalando suas costas.
Na viagem de volta estavamos mortos, e pra mim, o U2 foi a trilha sonora de um majestoso por de sol patagonico.
Engracado como as outras etapas de minha viagem, Buenos Aires, Rauch, Bariloche, Puerto Montt, parecem algo tao remoto, como se tivessem acontecido em outra era, com outra pessoa.
Beijos a todos.
Martha Argel
sexta-feira, 23 de janeiro de 2004
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