sábado, 17 de janeiro de 2004

Eu de novo.
Ha pouco: de frente para a imensa baia, que em algum lugar se abre para o ainda mais imenso oceano Pacifico. Comendo cerejas maduras, doces e vermelhas, compradas na rua a uma vendedora ambulante. O vento sul, incessante, gelando pes e maos desta paulistana audaz (ou ingenua?) a ponto de chegar as terras mais austrais do mundo (quase) sem lenco nem documento. Nas aguas cinzentas e tranquilas que justificam o nome do oceano, sob um ceu totalmente encoberto, a delicia e o pesadelo de uma ornitologa que, num lugar novo e desconhecido, esqueceu de trazer seus manuais e guias de campo: especies incognitas de gaivotas, trinta-reis e mergulhoes. E pelicanos! E lobos-marinhos.
E que dizer quando todas suas musicas preferidas fazem todo o sentido do mundo? Quando a trilha sonora de sempre por primeira vez e perfeita e exata em sua medida, momento e lugar?
Isso e a felicidade?
Felicidade e vir ao fim do mundo e, simbolicamente,ter a sua frente um transatlantico (ou seria transpacifico?!) chamado The World, enquanto entende ao menos por um instante o que significa VIDA.
Chora-se de felicidade. Eu choro de felicidade. Que ela seja eterna enquanto dure.

Martha Argel


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