terça-feira, 27 de janeiro de 2004

Buenos dias, Buenos Aires!

Vixe, que calor faz nesta terra!!!
Anteontem, quando me aprontava para tomar o onibus em Neuquen, achei que ia derreter de tanto calor. Mas ja imaginava o que estava me esperando na outra ponta da looonga estrada que percorreria. O onibus era o maximo, um conforto so, leito, com cobertorzinho de fleece, rodomoço de gravata, refeicoes melhores que as de um aviao, e ate champanhe! Que tal, tomar champanhe cruzando o deserto patagonico? Mas eu nao tomei. Dormi ate babar. Um dos filmes que passaram foi Dinossauro, dos estudios Disney. Estranho ver os bichos na telinha e do lado de fora, como se fosse uma imensa televisao, a paisagem arida e interminavel.
E um contraste maluco: ja de noite, no meio do nada surge uma cidadezinha com nome de filme de aventura, Puelches (devem ter sido alguma tribo), e o onibus chiquitissimo e modernesimo, para na frente de uma vendinha pauperrima. Em frente a venda, uma mesa com dois homens jantando ao fresco, tranquilos, descansados. Um cachorro esticado ao lado, morto de calor. O rodomoço sai do onibus, entra na venda e dai a pouco reaparece trazendo nos bracos um saco preto do qual sobresaem... duas patas de cabrito!
Eu havia torcido para que a meu lado nao se sentasse ninguem simpatico (ah, e o Trauco, pensando sempre em meu bem estar, me enviou votos solidarios de que nenhum rapaz simpatico compartilhasse a viagem comigo...). Bem, ao subir no onibus descobri que havia uma mulher sentada em meu lugar, e fiz com que ela mudasse de lugar. Excelente inicio! Nas primeiras horas nem nos olhamos. Num dado momento, porem, ela me fez uma gentileza, eu agradeci com um sorriso, coisa e tal, e terminamos a viagem tagarelando as duas, Ana Maria e eu, como velhas amigas.
Chegando a Buenos Aires ontem de manha, tive alguns pequenos contratempos, e Ana foi de uma atencao extraordinaria, acompanhando-me e fazendo companhia ate que consegui mais ou menos resolver tudo. Fim da historia: me deu seu telefone e disse que, caso eu nao tivesse onde ficar, fosse para a casa dela! Ok, e eu torcendo por encontrar alguem antipatico!
Fui para o apartamento de Juan (que esta na Antartida) e de sua mae. Maravilhoso, super bem decorado e muuuuito confortavel, mas nao fiquei nem meia hora, e ja peguei a estrada de novo. Fui para La Plata, com a Ana Ines (que conheci no onibus para Bariloche). A viagem foi um fracasso retumbante: o Museu de Historia Natural estava fechado e ela nao conseguiu fazer o que precisava. Mas nos divertimos muito. A cidade e bonita, arborizada, com edificios antigos e imponentes, e jardins amplos. E planejada, um perfeito tabuleiro de xadrez, exceto por algumas diagonais, que eram nosso terror: voce entra numa delas e so Deus sabe onde vai parar!
Voltamos a Buenos Aires e nosso onibus pegou um tremendo congestionamento. Surpresa! Uma manifestacao monstro!!! Sendo Ana sociologa, nao deu outra: turismo sociologico, e seguimos a manifestacao ate a Plaza de Mayo. Um barato, embora, confesso, tenha sentido um pouco de medo quando cruzavamos com manifestantes encapuçados e armados com pedacos de pau.
Ja eram umas nove da noite quando comecamos a visitar livrarias. Fiz boas compras.
Cheguei de volta a casa era mais de dez da noite, e-xaus-ta.
Hoje cedo, lendo o jornal, soube duas coisas: que a manifestacao reuniu 15.000 pessoas (achei que eram muito mais) e que ontem foi o dia mais quente do ano, com quase 37 graus.
Hoje vai ser dia de bater perna pela cidade e de aproveitar um pouco os cafes e livrarias.

tenham todos um dia excelente

Martha Argel

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