domingo, 11 de janeiro de 2004

Boa tarde.

O relógio marca 21 horas aquí, aí no Brasil sao dez da noite, mas lá fora o sol acaba de desaparecer, e o dia ainda está claro. Aquí na Patagonia, os vampiros estariam ferrados.
Pois é, finalmente. Depois de uma viagem de quase 20 horas, cheguei. Estou em San Carlos de Bariloche.
[putz, este teclado é uma doideira, nao consigo encontrar NADA aquí, as teclas nao correspondem ao que de fato aparece na tela, e tem uma autocorreçao que fica corrigindo tudo e mudando do portugues pro castelhano!]
A viagem foi longa, mas muito legal. Havia um único lugar vazio no onibus, e era justamente o que estava a meu lado. Vim esparramada nos dois assentos. Fiz amizade com uma socióloga e um professor. Assisti O Senhor dos Anéis II.
Vi o amanhecer já em plena estepe patagonica, uma vasta extensao de terreno ondulado revestido por arbustos baixos e que muitas vezes termina em mesetas de topo plano e encostas multicores erodidas pelo vento e pela chuva. Ao longo da estrada, uma verdadeira floresta de torres de alta tensao. De repente, algo surreal: um cartaz com um enorme dinossauro, anunciando a... Posada de los Dinosaurios!!!! Dá para acreditar nisso?!
Durante as ùltimas horas, a estrada correu ao longo da margem esquerda do rio Limay. Junto com varios outros passageiros, comecei a procurar nos céus os condores, que sao relativamente comuns por aquí. Da primeira vez que vim para esta regiao aprendi uns truques par encontrar seus pousos no penhascos e encostas das montanhas, e nao deu outra: foi só localizar um pouso e daí a pouco localizei também o condor, em voo ao redor de uma torre de pedra. Uma beleza. Cada vez que ele se virava, o sol brilhava na grande mancha branca que ele tem nas costas e asas.
De repente, aparece no horizonte a Cordilheira dos Andes, com seus picos ainda recobertos de neve. E a montanha mais espetacular é o vulcao Lanín, um cone perfeito e branco erguendo-se solitario e majestoso num horizonte que parece próximo mas que está a dezenas de quilometros.
Até que, finalmente, depois de uma curva da estrada, aparecem as aguas azuis do lago Nahuel Huapi, com a cidade se estendendo na margem esquerda e toda a cordilheira nevada ao fundo.
Neste momento estou na casa de meus amigos Silvia e Carlos. Estou com o sono atrasado de varios dias mas nao consigo dormir. Lá fora a noite finalmente está caindo num cenário de sonho, um bairro residencial de chalés e bangalos de madeira cercados de gramados, flores e uma arborizacao densa, onde o aparecimento de duendes ou gnomos nao pareceria nem um pouco impossível.
É isso aí. Nao consigo nem acreditar.

Beijos a todos.

Martha Argel

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