domingo, 25 de setembro de 2005

Bom dia, todos.
Desde um pouco antes de viajar pra ca' (quase um mes!) desenvolvi um profundo interesse por um tipo de palavras-cruzadas so' de numeros, chamado Sudoku. Vi pela primeira vez numas revistas do Coquetel, e depois no jornal que a Clau e o Terry assinam. Pra minha soete, embora os dois sejam viciados em palavras cruzadas, nenhum deles curte o tal Sudoku. Bom, uns dias atras minha prima me deu uma revistinha so' disso. Minhas horas de sono encurtaram. Tou obcecada com o maledeto!
E outra fissura que desenvolvi foi por pao com manteiga. A Clau me acompanha nessa. Nao tem mais pao que resista aqui em casa. Vou voltar rolando pro Brasil.
Nada muito digno de nota nos dois ultimos dias.
Na sexta (i.e., antes de ontem) fui bater perna em Chinatown outra vez, e comprar um monte de coisinhas pequenas que estava precisando. 'A tarde saimos pra passear de carro, Clau, Andrew e eu.
Ontem, aniversario dela, fomos a um shopping almocar, e na saida passamos por um parque onde tinha um grupo de maracatu ensaiando. O ritmo nao e' particularmente do meu agrado, mas algo deve ter, porque tinha um monte de gente assistindo ao ensaio, marcando o ritmo com o corpo, e cada vez que eles paravam todo mundo batia palmas, entusiasmado. Bom, eu nem sabia o que era maracatu, e so' soube porque, por coincidencia, a gente conhecia uma das pessoas do grupo (bom, eu conhecia uma, a Clau conhecia varias). Eta mundo pequeno.
De tarde tomei o trem (oba, ja' sei como se faz, mais um ponto pra mim!) e fui para Mississauga visitar meus amigos birdwatchers que, descobri, sao ambos estadunidenses. Po, nao existem canadenses nesta terra?! Observamos aves num parque lindo. Aconteceu algo engracado, que no Brasil raramente acontece. Estavamos na beira de um brejo, olhando uns patos com um telescopio, quando chegou um outro cara tambem munido de telescopio. "Algum macarico?" foi logo perguntando (macaricos sao umas aves de perna comprida que vivem na beira dagua), e pensei ca' com meus botoes "um fanatico". Nao era nao, era so' que ele tinha ouvido falar que no dia anterior alguem tinha visto um bicho raro ali, e ele tinha vindo verificar. Papo vai, papo vem, o sujeito revelou que ano que vem esta' preparando uma viagem pro Brasil. Eta muito pequeno II. Voltei pra casa de trem, achei legal chegar tardao na estacao de trem e vir caminhando pra casa. Era dez e meia e a opera tinha acabado de acabar, e tava cheio de gente elegante pela rua. Um barato. Vi um escoces de kilt parado numa esquina batendo papo. Traje de gala ou fantasia? Sei la'. Quando cheguei em casa tinha visitas e ficamos batendo papo, rindo e comendo pizza.
Ah, a quem interessar possa: carreguei mais fotos em http://marthaargel.multiply.com e em http://pinguimviajante.multiply.com. Sao as ultimas do mes de setembro, porque esgotei meu limite mensal no Multiply.
De qualquer forma, devo sair do ar por uns dias. Viajo hoje de noite pra Nova York e so' volto na sexta, e acho que nao vou ter acesso la'.

Curtam os dias.
Martha Argel
P.S. Quantas pessoas vcs conhecem que chegaram a NY... de onibus?! To me sentindo uma retirante!

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Oi, todos.
A aula anteontem foi otima. A Dr. Elizabeth Miller e' muito simpatica. Alem de mim, havia apenas tres alunos na sala, melhor dito alunas. Uma delas e' uma atriz, bem jovem, e alegre. A outra e' uma senhora sorridente. A terceira e' um nojo, deve chupar um limao todas as manhas, para passar os dias bem azeda. Sentou bem de frente 'a professora, e devolvia todos os sorrisos e piadinhas da mestra com uma carantonha fechada de dar medo. Sou a unica escritora do grupo.
A aula foi sobre os vampiros pre-Dracula, a origem do mito e as primeiras aparicoes literarias. Puxa, eu nem podia acreditar que estava ouvindo tudo aquilo, apresentado por uma autoridade mundial no assunto. Tipo "a palavra definitiva", entendem? Tomei notas como uma doida.
E vejam so' a gentileza: ontem ela mandou um e-mail para todas as alunas, dizendo que tinha gostado muito de conhece-las e ja' pedindo por favor para todas irem preparadas para a proxima aula. A sugestao estava implicita: leiam o Dracula, de Bram Stoker. E' a especialidade dela. E eu vou perder JUSTO essa aula porque vou estar em Nova York!
Bolas, nao da' pra ganhar todas...
Sai' da aula meio em estado de graca. A Universidade e' longe de casa, mas eu estava tao agitada que resolvi mudar meu plano original de tomar o metro e fui bater perna pela cidade. Meus passos me levarm 'a transadissima Queen West, e entrei em umas lojas bacanas, uma mistura de roupas goticas, heavy metal e SM.
Ontem a programacao foi completamente outra! Sai' cedo pra observar aves com o Larry. Tomamos o ferry e cruzamos para as Toronto Islands, que ficam bem aqui em frente 'a cidade. O dia estava otimo, embora a epoca seja ruim. O grosso da migracao de outono ja' passou, e de novo vimos principalmente aves jovens, todas irritantemente parecidas. Pontos altos nao-ornitologicos: a praia "clothing optional", o que significa "praia de nudismo" (vazia, por sorte, pois seria embaracoso sermos pegos la' com nossos binoculos...); um farol antigo, que depois descobri ser considerado mal-assombrado; nos dois entrando numa area proibida ("o maximo que pode acontecer e' mandarem a gente embora", disse o Larry; "ou me explusarem do pais", pensei eu com meus botoes).
Bom entre uma coisa e outra, aproveito pra visitar as lojas, em especial no PATH e no Eaton Centre, o mais afamado centro de compras de T.O. Caramba, estou babando pelas roupas que tem aqui. Se pudesse, comprava tudo. A moda outono que esta entrando agora, entao, e' tao, tao elegante, que ao percorrer as lojas me sinto num episodio do Esquadrao da Moda. Por que nao compro nada? Nao sei. Porque ja comprei demais, porque acho que ja' tenho bagagem excessiva, porque nao consigo me decidir entre tantas maravilhas. Meu, como a moda brasileira e' pobrinha, sem imaginacao, deselegante e sem graca! Ah, e cara. Roupas maravilhosas aqui nao custam muito mais do que as roupas insossas dai'. As vezes, bem menos.

tenham todos um bom dia
Martha Argel

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

Oi, todos.
Vixe, cada coisa que acontece! Anteontem a Claudia me chamou: "Prima, olha so' essa noticia no jornal. Vai ter um curso sobre vampiros na Universidade de Toronto". Caramba, e nao e' que era verdade?! Um curso sobre a literatura de vampiros, com a dra. Elizabeth Miller, uma das maiores autoridades do mundo sobre o assunto! E nao podia ser mais conveniente: quatro aulas, terminando dois dias antes de eu embarcar de volta pro Brasil. Resultado? Ontem fui 'a U. of T. e me matriculei. Quem diria que eu voltaria aos bancos escolares... no Canada'! As aulas comecam hoje.
Quando eu voltava da universidade pra casa, passei por um parque lindo e me deparei com uma equipe de filmagem, rodando um episodio de uma serie chamada "The Missing". Alguem ai' ja' ouviu falar? Toronto nao e' Vancouver, a Meca do cinema norte-americano, mas tem filmagens nas ruas o tempo todo. Nao e' a primeira vez que vejo, outro dia estavam filmando no mercado do lado aqui de casa. Mas era so' um comercial.
E enquanto eu rondava o set, curiosa, acabei fazendo amizade com o Jack, um lindo cachorrinho daquela raca que parece o fox paulistinha. Foi bem legal: vi a dona jogar uma bolinha beeeem longe e o bichinho sair na disparada. Quando ele voltou, correndo como um doido, percebeu que eu estava olhando e em vez de levar a bolinha pra dona... trouxe pra mim! Gracinha!!!!
De noite, a Clau e eu fomos fazer laundry (lavar roupa) nas maquinas do 6o. andar aqui do predio. E quem aparece com seu cestinho de roupa suja? Meu fan texano. "Voce esta' otima", ele disse. De camiseta imensa, calca de abrigo, sem batom e cabelo mal-preso? Af! Me poupe.
fiquem bem, e torcam por mim em meu primeiro dia de aula com a bam-bam-bam em vampiros!

terça-feira, 20 de setembro de 2005

Oi, todo mundo!
Ui, experiencias novas todos os dias. Ontem fui ate' a rodoviaria e comprei uma passagem para Nova York. Depois arranjei um mapa e comprei um guia num sebo, bem legalzinho, de bolso, com mapa e ate' bussola. Estou preparada, Daqui uns dias enfrento a Big Apple! Frio na barriga so' de imaginar eu descendo na rodoviaria da capital do mundo. Mas como diz minha prima, quem mora em Sampa enfrenta (quase) qualquer coisa!
De noite, fui com a Amanda 'a opera e aproveitei pra me produzir com umas coisas bem goticas que comprei em Montreal. Assistimos "Macbeth" de Giuseppe Verdi. Devo confessar minha ignorancia: nem sabia que essa obra existia. E' maravilhosa, os coros sao majestosos, bem verdianos, te fazem respirar fundo e querer subir no alto de uma montanha pra sentir o vento no rosto (sei la' se isso faz sentido, mas e' o que EU sinto). Quando as bruxas cantavam em coro, eu quase tinha um troco, de tao lindo. E a montagem, entao, era es-pe-te-cu-lar. O cenario era muito simples. Bom, eu jah vi muita opera com cenario simples no Brasil, mas uma coisa e' vc usar um cenario simples for falta de grana e necessidade, e outra e' usar um cenario simples por opcao. Na verdade nao era simples, apenas parecia, porque era muito high tech e usava uns truques absolutamente engenhosos. A base era toda cinza, e os diferentes segmentos do palco se moviam de acordo com o andamento da obra. A iluminacao era tudo, e as vezes um unico foco de luz sobre algum personagem por si so' contava a historia. No comeco do terceiro ato, as luzes vermelhas sobre o cinza criaram uma atmosfera incrivel. No final, uma iluminacao mortica vinda de tras delineava a silhuerta do coro, reunido no fundo do palco, criando uma atmosfera assustadora. O mais legal de tudo foi saber que o Terry, marido da Claudia, era quem controlava as luzes!
Puxa vida, que tremenda viagem, literal e figurativamente.

beijos mil
Martha Argel

segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Boooom dia.
Ontem teve festinha de aniversario aqui. Docinhos brasileiros, suco de caju, pao de queijo e uma brasileirada danada. Brindamos com brigadeiros a prisao de Paulo Maluf. Na Toronto multietnica, uma fasta nao poderia ser diferente: alem dos brazucas, um malaio, um canadense, dois ingleses, uma iraniana.
De noite assistimos "Bowling for Columbine" ("Tiros em Columbine"), e foi particularmente interessante fazer isso aqui em T.O., pois no filme abundam as comparacoes entre EUA e Canada, e sempre favoraveis ao pais setentrional. Muuuuito bacana a parte em que o Michael Moore tenta encontrar alguma casa de porta trancada, e nao acha. E' verdade mesmo, o pessoal nao tranca as portas, sequer no centro da maior cidade do pais!!! E quando o cara sai atras das "slums" (favelas? corticos? casas de pobres?) daqui de Toronto, entao? O que aparece no filme sao as "housings", ou apartamentos populares, que ficam logo aqui na frente de casa!!! Se alguem ai' assistiu esse documentario, na hora em que o diretor fala das slums aparece um parquinho infantil. Meu priminho Andrew costuma ir brincar la' sempre, e foi um dos primeiros lugares em que fui no dia em que cheguei aqui...
Ah, outra coisa que tinha esquecido de comentar! Os canadenses tem o costume de sempre tirar o sapato quando chegam em casa. Ninguem fica de sapato dentro do lar. No maximo, um chinelo de dedo. Bem legal, mas vcs nao imaginam como e' dificil acostumar com isso.

beijos e queijos, tenham todos uma boa semana!

Martha Argel

domingo, 18 de setembro de 2005

Bom dia, todos!
Anteontem choveu quase o dia inteiro. De manha sai' pra fazer umas compras e fui de metro, com o qual ja' estou bem familiarizada. Na volta, jah estava quase chegando, quando o trem parou na estacao Dundas e nao mais saiu dali. No comeco, os passageiros foram entrando, entrando e lotando o vagao. Uma mulher sentou do meu lado, tirou de uma sacola um tupperware e comecou a comer algo que parecia ricota (bleargh!). Dai' a pouco, inquietando-se com a imobilidade do trem, me perguntou se haviam anunciado algo. Respondi que nao. Minutos depois, alguem falou algo pelo alto-falante. Claro que nao entendi. Ela tambem nao. Alguns passageiros sairam e se aglomeraram ao redor de um funcionario na estacao. Vendo aquilo, mais gente saiu e se juntou ao bolo. O sujeito falava, apontava numa direcao e distribuia uns papeizinhos amarelos. Sai' tambem pra ver o que era. Aparentemente eram passes para pegar um onibus sei la' pra onde. Nao descobri porque e' que o trem tinha parada, mas pelo visto nao ia voltar a andar tao cedo.
Mandei tudo as favas e decidi caminhar ate' em casa, afinal faltavam so' duas estacoes. Debaixo de chuva?! Nao mesmo, pois aqui temos... o PATH!!!
E la' fui eu de novo pelo shopping subterraneo! Eu e, claro, metade da populacao de T.O. O troco e' util mesmo! So' voltei aa superficie na mesma saida por onde teria saido se tivesse continuado no metro.
O resto do dia foi chuva, morgacao e algumas compras aqui nas vizinhancas.

Para ontem estava prevista mais chuva pela manha. Puxa, justo quando eu tinha combinado sair com um povo pra minha primeira observacao de aves DE VERDADE aqui no Canada! Quando amanheceu nao estava tao ruim assom, e fomos do mesmo jeito. Ainda bem! O dia aos poucos ficou lindo. Sheila e Larry sao super-simpaticos, e foram extremamente gentis comigo e o lugar, pertinho daqui, o Tommy Thompson Park, e' realmente otimo. Vi varias especies interessantes, mas acho que o mais espetacular foi ter visto uma enormes aglomeracoes de borboletas-monarcas, por toda parte. Meu, que incrivel, era a tal da migracao, que leva esses insetos ate' a America do Sul!!! Meus amigos nunca tinha visto, e ficaram encantados. Conversamos com varios outros birdwatchers e anilhadores de aves e fiquei morrendo de inveja dos equipamentos e dos recursos que eles tem a disposicao aqui.
Depois da manha de campo, eles me levaram a Missassauga, uma cidade vizinha, para almocar na casa deles. Caramba, parecia cenario de filme. Casas enormes, lindas, entre um bosque exuberante, cercadas de vegetacao, e sem qualquer cerca separando-as. A casa deles, de madeira, com amplas janelas que deixam o sol inundar as salas e a cozinha, tem um belo jardim na frente, e a varanda na parte de tras da para um enorme gramado, que desce suavemente ate umas arvores, em meia as quais uma escada leva ate' a beira de um grande rio. Caramba, como deve ser morar num lugar desses? E' como estar no meio do mato! So' que a estacao de trem esta' a tres quadras!
Depois de almocar e bater muito papo, eles me levaram ate' la', tomei um trem "double-decker" (dois andares!) e em 25 minutos eu estava no centro de T.O.
O final da tarde foi gasto com preparativos para a festinha de aniversarios (da Clau e meu) que daremos hoje.
Ja' estou entendendo melhor o que as pessoas falam. Consigo pelo menos saber sobre o que os locutores do radio estao falando, e muitas vezes entendo o que os vendedores ou as pessoas na rua me dizem. O problema e' que as vezes as pessoas te dizem coisas completamente absurdas, do tipo "Voce tem o cartao Air Miles?" ou "Voce e' a irma do Peter?" ou senao e' algum maluco (tem muitos por aqui, um deles me seguiu o outro dia!) ou um pedinte e ai' demora pra sacar que diabos e' aquilo. Essa do tal Air Miles demorou uma semana pra eu entender, ate' que um vendedor me explicou. No seguinte eu ja' sabia e me senti muito orgulhosa de mim mesma.

beijos e queijos e fiquem bem.
Martha Argel

sexta-feira, 16 de setembro de 2005

Hoje toh com pressa porque o tempo vai mudar, e vai chover a tarde. Preciso aproveitar ao maximo a manha.
Ontem passei boa parte da manha procurando infos sobre trens e onibus, pra organizar meus proximos dias. Terminei de recolher os dados na Rodoviaria de Toronto.
Foi ai' que vi uma indicacao para algo que vem me atentando desde o dia em que cheguei: o PATH. PATH e' uma verdadeira cidade subterranea, um labirinto de lojas e restaurantes interligados que percorre boa parte do centro da cidade. Bom, desde o primeiro dia eu queria entrar nela, e me sentia tipo assim como se tentasse invadir um reino proibido. Quando vi a entrada na rodoviaria, pensei ca' com meus velcros, "e' hoje!", e estabeleci como meus objetivos nao apenas explorar aquelas catacumbas modernas de luxo consumista mas tambem chegar 'a Union, a estacao de trens, no extremo sul do PATH.
E la' fui eu. Gente, aquilo e' o maximo!!! Um shopping center gigante debaixo da terra. Devo ter levado umas duas horas pra percorrer a rota preeestabelecida, e caminhei so' numa parte do sistema. Moral da historia: adorei.
Chegando a Union, eu tinha outro objetivo: continuar indo pra sul ate' atingir a Harbourfront, um sistema de areas verdes, jardins e calcadoes na beira do lago.
Antes de chegar la', porem, tive a oportunidade de parar num lugar e fazer uma pergunta que acelerou meu coracao. Acho que muitos de voces tambem ficariam emocionados ao proferirem essas palavras. Cheguei no balcao do Air Canada Center e perguntei: "Tem ingressos pro show do U2?". Nunca pensei que eu faria essa pergunta, foi magico. A resposta? Ah, bem, foi "Nao, estao esgotados", mas tudo bem, eu jah sabia mesmo (tinha visto num cartaz na rua). Eu soh queria mesmo passar pela experiencia de perguntar.
Passei o resto do dia passeando pela Harbourfront, e me deliciando com a paisagem ensolarada, a agua azul, os gansos e gaivotas, os barcos e as flores. Aproveitei pra fazer algo que a gente ve em filmes: comprei um hot-dog num carrinho de rua, enchi de mil balangandans e fui comer sentada na grama, olhando o lago Ontario. O^ vidao!
Voltando pra casa, uma ultima emocao me aguardava: entrei no site da Air Canada e descobri que as restricoes de peso de bagagem... NAO SE APLICAM AO BRASIL!!!! Ehhhhhhhhhhh, liberou geral! Posso voltar as livrarias!!!
Tchau, fui!

Martha Argel

quinta-feira, 15 de setembro de 2005

Bom dia, todos. O sol brilha la' fora, vou tentar ser rapida e cair na rua mais uma vez.
Ontem resolvi explorar com mais detalhes Chinatown. Tracei com cuidado minha rota, coloquei-me a caminho e, sai do metro, mudei de ideia. O caminho cruzava a Universidade de Toronto (UT), e acabei passando um bom tempo por la', percorrendo as ruas repletas de estudantes e me admirando com as construcoes antigas, creio que neogoticas. Lindo, lindo, lindo. Eu adoraria estudar la'.
Saindo de la', peguei a Spadina Avenue e, depois de algumas quadras, comecaram a aparecer os letreiros orientais. Lugar otimo para praticar peoplewatching, rostos orientais misturados a rencas de turistas com maquinas fotograficas. Bancas de frutas, vendedores de ervas, tocadores de instrumentos estranhos. O mais estranho eram as vitrines de lojas de assados, expondo fieiras de frangos, carnes e coisas absolutamente inidentificaveis; numa delas, vi duas lulas imensas, gordonas e de um laranja berrante, que juro que vieram da cidade dos cartoons de Roger Rabbit!
La' pela uma da tarde resolvi comer algo. Saquei meu guia Lonely Planet e achei uma recomendacao a meia quadra da esquina onde estava parada, feito a turista perdida que eu era: Pho Hu'ng, descrito como "um autentico restaurante vietnamita". Nunca comi comida vietnamita. Era la' mesmo! Depois de meia hora de indecisao, escolhi algo com frango e noodles, e esperei ansiosa pra ver o que e' que ia vir. Meu, uma tigela imensa de uma sopa de cor doentia e cheiro delicioso, acompanhada por um pratinho de algo que pareciam brotos de feijao, mas bem mais grossos. Sei la' o que era aquilo. Detalhe: nada de talheres. Olhei ao redor e estava todo mundo usando palitos e uma colher estranhissima. Tinha uma pequeno artefato em minha mesa, cheio desses instrumentos. Aparelhei-me devidamente e comecei a comer, discretamente observando um sujeito numa mesa a minha frente e uma mocinha atras de mim (esta ultima, nao tao discretamente). Dai' a pouco peguei o jeito da coisa. Descobri que por baixo da superficie da sopa estavam pedacos de frango, os tais noodles, um pedacao de batata, os tais brotos e MUITA cebola. Esta foi a pior, mas com bastante paciencia removi todos os pedacos. Outro detalhe: a sopa era de curry. Ardeu ate' os recantos mais remotos de minha alma. Mas tomei minha sopa ate' o fim. O mais complicado era que os noodles ficavam escorregando e caindo de volta no curry, e com isso sai' com curry ate' na lente dos oculos. Foi uma porqueira, inda mais que os sovinas forneceram um unico e misero guardanapo, que tive que usar com sabedoria maxima. Percebi a expressao de reprovacao na cara da garconete, quando veio retirar os pratos e, com meu guardanapo emporcalhado, limpou toda a mesa que eu tinha salpicado de sopa. No fim das contas, valeu a pena, foi um almoco diferente, saborosissimo e barato.
Voltei pra casa percorrendo a Queen, que cada vez curto mais. A fauna humana que tem por la'. Piercings, maquiagem gotica, dreadlocks, hippies tardios pedindo pelas calcadas, roupas rasgadas, cabelos estranhos... Demais! Pena que nao consigo registrar com a camera...
Mais algumas observacoes sobre a paisagem e a fauna urbanas:
- lembram aquelas manobras que os carros fazem nos filmes ianques, dobrando no meio da rua pra pegar a direcao oposta? A gente acha um absurdo, mas aqui e' pratica absolutamente normal. E em Toronto, quando o sinal fecha, vc pode numa boa dobrar a direita. Mas todo mundo para pros pedestres. Tem um monte de regras pra cruzar a rua, e aos poucos a gente aprendi direitinho.
- A quantidade de asiaticos que a gente ve pelas ruas e' enorme, e nao apenas em Chinatown. Na universidade achei que todo mundo ou era chines (e asemelhados) ou arabe (e assemelhados). Muculmanas com seus veus na cabeca sao comuns, mas ontem vi pela primeira vez uma daquelas que so' deixam os olhos de fora.
- eu ja tinha reparado em filmes na tv (por exemplo em Highlander, a serie) e pelo visto ainda nao saiu de moda: muitas mulheres usam saias es-can-da-lo-sa-men-te curtas. Nao sao garotinhas, nao, sao mulheres maduras, algumas delas executivas, com sapatos de salto e sem meia de nailon. O resultado nao e' muito agradavel. Vi uma com umas pernas que, se fossem minhas, eu so' usava saia arrastanto pelo chao!
Por enquanto e' so'.
Ate' amanha. Aproveitem as oportunidades e vivam a vida.

Martha Argel

quarta-feira, 14 de setembro de 2005

Bom dia a todos.
Ontem passei boa parte do dia no computador. Consegui carregar algumas fotos em http://marthaargel.multiply.com e em http://pinguimviajante.multiply.com, deem um pulo e confiram.
Apesar de ter demorado uma eternidade para me entender com a tecnologia, o tempo ainda alcancou para que eu conversasse com UM MONTE de gente nova.
O mais bizarro foi o sujeito que me passou uma tremenda cantada! Um texano barrigudo, ex-jogador de futebol, que mora aqui no predio e que falou que passa pra me visitar. Promessa ou ameaca? Brrrr.
Quando saih pra bater perna pela Queen (a rua transada e cool daqui, com cada loja de babar, inclusive sebos e, bem, sabem como eh, eu nao resisti, mas foi um livrinho soh, que simplesmente NAO PODIA ficar lah) bati papo com um chileno e uma equatoriana, foi bem legal usar o castelhano pra variar.
Ah, e definitivamente estou me aclimatando. As pessoas jah nao param pra me perguntar se estou perdida ou se preciso de ajuda. Durante meu passeio, duas turistas velhinhas pararam... pra me pedir informacao! E eu, claro, dei. Afinal, elas estavam querendo ir justamente para minha esquina preferida, a famosa Dundas e Yonge. Imagina se eu nao ia saber ajudar?!
Depois teve a Amanda, tambem aqui do predio, que me convidou, no fim da tarde, pra ir a Cherry Beach. Eh aqui pertinho. Estava uma delicia, fazia sol e havia um vento fresco e suave. Em frente aa praia estao as Islands, cobertas de bosques, e vasta extensao de agua que separa a praia das ilhas havia quase uma duzia de kite-surfers, com seus paraquedas coloridos e manobras aereas. Um rapaz passeava com uma cachorrinha tipo fox paulistinha, mas menor, uma gracinha, e eh claro que rapidinho fizemos amizade. Puxamos conversa com ele e depois com uma ciclista de Rochester, nos EUA, que havia vindo de ferry pra pedalar em Toronto.
Voltando pra casa, liguei para um casal de birdwatchers amigos do Juan, e ficamos no maior papo. Combinamos uma saida a campo, nao vejo a hora.

beijos a todos, fiquem bem.
Martha Argel

terça-feira, 13 de setembro de 2005

Bons dias.
Soube que em Sampa o calor tah de rachar. Aqui em Toronto tambem. Ontem fez 31 graus. Hoje espera-se uma temperatura de 32.
Naquele calorao todo, saih umas 10 da manha com um objetivo definido: visitar o segundo dos dois melhores sebos da cidade. No caminho aproveitei para usar pela primeira vez minha camera digital, e registrar o entorno (tinha toda a intencao de postar agora as fotos no meu site do Multiply, mas a porcaria nao estah abrindo).
Caminhei ateh minha querida esquina Dundas e Yonge. Jah pelas tantas, ouco o maior forfeu de sirenes, passa um carro de bombeiros, uma ambulancia e depois sei lah mais o que. Quando vou tomar o metro, descubro que o epicentro da acao era exatamente a boca da estacao. Uma senhora (de capacete) tinha caido da bicicleta. Seu cotovelo estava ralado. Ela estava sentada no meio fio, com tres sujeitos ao redor, cada um com um uniforme diferente. Jah me disseram que bombeiro aqui passa em diaparada ateh pra tirar gato de arvore. Suponho que socorram tambem esquilos em apuros.
No metro fiz um pouco de "peoplewatching". Eh engracado como um povo tao organizado e limpo larga papel jogado nos trens! E praxe aqui deixar o jornal nos assentos. Aih o jornal cai no chao, dezenas de pes espalham as folhas e o vagao fica parecendo rua depois da feira.
Outra coisa que as pessoas fazem: carregam garrafas dagua e copos de cafe simplesmente o tempo todo! Me contaram que ate nas aulas da escola la estao os indefectiveis copoes de papel com aquele liquido ralo.
Nao sei se ja comentei, ainda, que mochila faz parte da vestimenta normal. Talvez as pessoas ateh durmam com elas. Tenho a maior dificuldade em exercitar um de meus hobbies de viagem: descobrir na multidao quem eh nativo e quem eh turista. Acho que 90% dos torontonianos (sim, esse eh o adjetivo, horrivel, neh?) se vestem o tempo todo como turistas. O pista mais segura para fazer a distincao eh observar se carregam na mao o mapa da cidade. Como eu jah quase nao preciso do meu, posso passar por residente permanente, sem problemas.
Bom, retomando, tomei o metroh ateh Eglinton e, quando desci, pensei que por engano tinha entrado num forno aberto. Calor senegalesco no Canada, quem diria, e um sol de rachar mamona. Ainda bem que o sebo ficava a menos de uma quadra da estacao.
Meu, mais um paraiso! Fiz a feira com 60 dolares (120 reais), e encontrei coisas in-cri-veis. Resultado: enchi a mochila (o que nao ajudou em nada a melhorar meu ombro, que voltou a doer) e rumei direto de volta pra casa, novamente com aquela sensacao de absoluto extase que tenho sentido com frequencia nos ultimos dias. O mapa da mina: BMV, em 2489 Younge (esquina Younge e Eglinton). Ao contrario de TUDO aqui no Canada, eles nao cobram os 15% de imposto.
O resto do dia morguei, embriagada com os livros de vampiros e de historia europeia que adquiri. A unica nota de pesar foi descobrir que, transcorrido apenas um terco de minha viagem, jah nao posso comprar sequer um livro mais, ou terei de comecar a me desfazer do resto da bagagem. MEU DEUS, UM MES NA AMERICA DO NORTE SEM PODER COMPRAR LIVROS!!!! Eh um pesadelo. Bom, decidi o seguinte: vou desencanar ateh faltar uma semana pra voltar. Aih quem sabe descubro algum sortilegio de levitacao que reduza o peso das coisas.
De noite, Claudia e Terry me convidaram para um jantar de aniversario. Fomos num chines "eat all you can", onde um corinho de recepcionistas uniformizadas te recebe cantando alguma musica estupida, e sempre tem uns cinco funcionarios ao seu rador, tirando o prato sujo que vc NAO quer que tirem, te dando guardanapo novo, enchendo seu copo de agua, perguntando se esta tudo bem, fazendo sugestoes... E ACHANDO QUE VOCE ESTAH ENTENDENDO! Eu nao entendia porra nenhuma, soh sorria e fazia que sim com a cabeca. Mas meu, COMO EU COMI!!! Uma delicia, sushi, frutos do mar, saladas estranhas, carnes e massas ah vontade, sem falar nas sobremesas. Me empanturrei de sushi, lula, peixe, marisco, as tais saladas estranhas e posr cima soquei um monte de doces com chocolate, morango e/ou pessego, nas mais variadas combinacoes. Achei que ia passar mal. Recomendo: Restaurante Mandarin, na Queensway.

beijos a todos, enfrentem o calor com muita valentia.
Martha Argel

domingo, 11 de setembro de 2005

Boa noite. Ontem nao postei por motivos de forca maior.
Meu ultimo dia em Montreal pode ser resumido assim: (1) de manha me deliciei no Village des Values, o brecho' mais inimaginavel que pode existir, realizando boa parte de meus sonhos de espectadora assidua de "Esquadrao da Moda". Putaqueopariu, em duas horas de loja encontrei mais objetos do desejo do que em meses batendo perna pelas lojas de roupas de Sampa! Ainda estou em estado de graca; (2) de tarde, voltei ao lugar e preenchi mais algumas lacunas de meu guarda-roupa; (3) depois disso saih pra caminhar e fui do bairro onde estavamos hospedados ateh o centro da cidade, devem ter sido pelos menos 10 quilometros.
Cheguei exausta em casa, onde minha prima Claudia me esperava com uma mudanca de planos: em vez de voltar a Toronto na manha seguinte (isto eh, hoje), que tal voltar naquele mesmo instante? Eram nove e meia da noite. Tah, tudo bem. Acabamos saindo aas dez e meia. Chegamos a T.O. aas tres e meia da manha, mortas de cansaco e depois de passarmos por uma experiencia extraordinaria, que eu PRECISO contar.
Breve dialogo no inicio da viagem:
- Clau, vc jah viu a aurora boreal?
- Putz, nao. Mas se eu morrer antes de ver isso, vou ficar muito brava.
- E onde eh que tem?
- Ah, diz que tem no norte de Ontario.
Centenas de quilometros de onde a gente estava.
Meia hora depois, olho pra fora, por minha janela e me arrepio inteira. O ceu estava cheio de manchas luminosas esverdadas
- CLAUDIA! CLAUDIA! CLAUDIA! - berrei - PARA O CARRO!!!!
Minha prima quase bateu no teto de susto.
- Caramba, Tita, que que aconteceu?
- PARA O CARRO! PARA! PARA! A AURORA BOREAL!!!
- Que aurora boreal, o que, vc acha que vai ter aurora boreal aqui?!
- PARA O CARRO! PARA! EH AURORA BOREAL, SIM, NAO PODE SER OUTRA COISA, PARAAAA!
Ela nem se dignou a olhar para o lado.
- Num eh aurora boreal, que vai ser aurora boreal!
- PARA O CARRO, PARA!
- Mas eu nao posso parar, eh proibido parar no acostamento!
- LIGA O ALERTA E PARAAAAAAAAAAA!
Aih ela parou. E era aurora boreal mesmo. Coisa mais doida. Ficamos as duas arrepiadas. O ceu parecia que estava vivo. Em varios momentos a gente viu aquela cortina vertical, tao tipica. Minutos depois, as manchas mais espetaculares desapareceram, e so' ficou uma luminosidade difusa que nos acompanhou pelo resto do caminho. A Clau guiava e me xingava porque eu nao tirava os olhos da aurora, enquanto ela soh podia olhar nossa looonga estrada.
Uma duas horas depois forcei a Clau a parar de novo, e dessa vez tivemos que descer do carro. Quase metade do ceu estava tomada pela luminosidade difusa, que a cada segundo era percorrida por uma onda de luz mais intensa. O ceu parecia estar pulsando, como se fosse percorrido por gigantescas ondas de eletricidade. Fazia um frio do cao, e so depois de algum tempo percebemos que a Clau estava sem casaco e eu apertava o meu entre as maos.
Estamos falando disso ate agora.
Quanto ao dia de hoje, eu estava tao exausta que fiquei em casa o dia todo. Arrumei as compras que fiz ateh agora, separei roupa suja e, jah que estava embalada, coloquei um pouco de ordem na bagunca indescritivel que eh a casa de minha prima.
Soh no final da tarde saih pra dar uma volta do quarteirao e, de quebra, testar a maquina digital que comprei (a um terco do preco que pagaria no Brasil...).

beijos e queijos e fiquem bem
Martha Argel

sexta-feira, 9 de setembro de 2005

Boa noite.
Hoje passei o dia passeando pela parte histórica de Montreal. Que delícia!
É muito estranho andar pelas ruas e só ouvir francês. Você entra nas lojas, e o pessoal sempre te recebe em francês, mas ao menor sinal de hesitação de sua parte eles mudam para o inglês, com uma naturalidae impressionante.
Eu tinha que ficar me lembrando o tempo todo de que estava no Canadá, não na França (que eu não conheço). Mas a arquitetura é impressionantemente européia. Além disso, tem a elegância: as mulheres aqui se vestem com um bom gosto que é de babar. Babei muito diante de vitrines, como ainda não tinha feito desde que me tornei consciente da importância de escolher as roupas certas. Pela primeira vez encontrei mulheres que realmente sabem se vestir, e fazia meses que não me sentia tão avexada com meus trapos.
Resultado: entrei numa loja de roupas e fiz uma compra escandalosa. Nem tentei fazer a conversão pra reais pro meu bolso não doer. Vocês não imaginam. Algum dia vocês varão alguma foto minha usando "that incredible outfit".
Apesar de envergonhada pelo jeans surrado e camiseta preta desbeiçada, fiquei mais conformadinha quando me perguntaram se eu era italiana. Putz, acho legal quando me confundem com européia, acho que alguma classe ainda consigo ter, mesmo mal-vestida...
Bom, voltando ao assunto: caminhei o dia inteiro por ruelas que têm mais de trezentos anos, onde se erguem casas e edificios centenários. Demais. Ponto alto: Basílica de Notre Dame, com seu incrível teto azul-turquesa. E a informação irrelevante que merece ser citada: em 1994 Celine Dion se casou aí. Dã.
Dica: a comida do Eggspectation, restaurante próximo à basílica, é uma delicia. Comi um crepe de frango, com espinafre, champignon e queijo que era o máximo.
Por enquanto é só.

beijos a todos.
Martha Argel
PS. Que vergonha do brasileiro filho-da-puta que hackeou o site da Cruz Vermelha Americana e desviou para o próprio bolso as contribuições para as vítimas do Katrina. A notícia repercutiu aqui. Assassino, alguém precisava dar uma surra nesse cretino.

quinta-feira, 8 de setembro de 2005

Bon soir, ou sei lá como se fala.
(vejam que maravilha, estou um computador com acentuação!!!)
Sair de Ontario e entrar em Quebec é como ir de um país a outro. De repente, todo mundo a seu redor fala francês e os hábitos são outros. Acho que a única coisa que não muda é o dinheiro, mas até os preços são diferentes.
A viagem foi cansativa, não tanto pela duração (cerca de seis horas), mas principalmente pela chuva que desabou durante toda a metade final.
O ponto alto, para mim, foram alguns minutos de observação de aves quando paramos em um posto de gasolina. Vi o lindíssimo Blue Jay e um sabiá, creio que se chama Robin.
Chegamos a Montreal embaixo de chuva e nos perdemos. Por sorte, numa das paradas no caminho eu tinha comprado um guia da cidade, e graças a ele chegamos sãos e salvos a casa de Carlos e Meire, um casal de brasileiros super simpático.
O tempo ruim persistiu, de modo que nao tive ainda chance de percorrer a cidade, mas fui às compras com nossos anfitriões e me diverti MUITO.
Afinal, Halloween está chegando, e vocês não imaginam as coisas que a gente encontra até em supermercados.

beijos e queijos
Martha Argel

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

Boa noite.
Hoje fui a Casa Loma, um dos pontos turisticos mais visitados de Toronto. Eh um castelo no alto de uma colina, maravilhoso. O que mais me impressionou foi o fato dele ter sido utilizado pelos ingleses, durante a Segunda Guerra, para a construcao de equipamentos secretos para os navios britanicos. O sistema de seguranca: um cadeado e um cartaz informando "Obras. Entrada proibida", para manter afastados os turistas que jah naquela epoca enxameavam pela propriedade.
O castelo eh fake total, construido no inicio da seculo XX, imitando construcoes mais antigas. Adorei as suites do dono do castelo e mulher dele. Subir nas torres e percorrer um tunel de cerca de 250 m sao os pontos altos do passeio. Ah, e tem as passagens secretas!
Engracado, apos uma semana aqui, finalmente hoje me senti mais aclimatada aa cidade. Pela primeira vez falei num telefone publico e tomei o metro. Tambem entrei num dos infindaveis cafes da cidade. E decidi fazer o que toda mae desaconselha: comecei a falar com estranhos. E eh um barato como o povo aqui a-do-ra puxar papo. Eu ja tinha notado isso, e o Hugo confirmou. Povo desesstressado tah aqui: voce dah trela e eles nao tem muita pressa em dizer bye e encerrar a conversa.
Dica: se vierem pra cah, facam isso. Conversacao de verdade.
Outra coisa: canadenses devem ser criaturas miticas. Eh a coisa mais dificil de achar. Hoje conversei com um cuja mae era de Trinidad e o pai da Inglaterra. Depois conversei com um ucraniano. Acho que vou comecar a colecionar nacionalidades. Da israelense eu jah falei aqui, neh? Fora um monte de brasileiros, conversei tambem com um portugues acoriano, uma hindu e um casal de iranianos.
E hoje ainda tive o prazer de comer umas salchichas fantasticas. Sabe aquele cheiro delicioso que as salchichas tem, e que quando vc vai comer descobre que nao tem nada a ver com o gosto verdadeiro e insosso delas? Pois essas que eu comi tinham exatamente aquele sabor que eu me lembro de minha infancia. Meu, que delicia!!!
Por fim: fiz uma tentativa de tirar dinheiro num caixa eletronico direto da minha conta bancaria no Brasil e... deu certo!!!
Entao, outra dica: quando viajarem para o exterior, certifiquem-se de que seu cartao magnetico tem a bandeira Plus no verso. Nao sei se precisa ter chip, chequem com seu gerente. Voces nao imaginam que sensacao boa eh ter acesso direto a seu proprio banco no Brasil!
Talvez eu desapareca por uns dias. Viajo amanha para Montreal. Se tiver acesso, posto de lah.

Beijos e queijos

Martha Argel
Bom dia.
As manhas aqui sao frescas, e ainda nao faz frio. Durante o dia, o sol forte faz a gente passar calor, mas aa sombra a pele da gente fica toda arrepiada. Logo logo este ser tropical deve comecar a sentir frio em seus passeios pela cidade.
Nao tenho muito o que dizer sobre o dia de ontem. Nao que nao tenha acontecido nada de extraordinario. Pelo contrario, logo no comeco da manha, tive uma experiencia tao transcendental que passei o resto do dia em estado de graca.
O fato eh que, por causa de minha dor de cabeca persistente (que alias me acompanha ate agora), decidi abortar meus planos de uma loooonga caminhada ate um dos belos pontos altos desta cidade. Em vez disso, resolvi fazer compras. Tinha uma nebulosa ideia de comprar roupas, mas meus passos me levaram, contra (contra?) minha vontade, ate a autodenominada "Maior Livraria do Mundo". Bem, na verdade sequer cheguei lah. Na porta ao lado funciona um sebo, que depois vim a descobrir ser um dos dois melhores sebos de Toronto.
Parada na porta, olhei de um lado, olhei de outro e decidi entrar. Foi como atravessar os portoes do Paraiso. I-men-so. Organizadissimo. Sabem os sebos do Brasil, cheios de coisas imprestaveis, e qualquer livro que valha a pena custa os dois olhos da cara e alguns dedos da mao? Entao. Nada disso. A coisa mais facil do mundo nesse sebo seria encher de preciosidades uma mala de fazer inveja a um pastor da Universal. Foi mais ou menos o que eu fiz: enchi a daypack ateh a boca. No total 11 livros de vampiros e 4 variados. O vendedor, um sujeito simpatico e muito colirio-para-os-olhos chamado Mike ficou impressionado: "Voce esta fazendo alguma pesquisa?" "Vai caber tudo na mochila?".
Encontrei coisas que estava procurando hah anos, como "Sunglasses after dark", da Nancy Collins, e "American Gothic" de Michael Romkey. Tambem um livro que eu soh imaginava que existia, o setimo de uma serie que aparentemente completei.
E vejam que coincidencia incrivel: comprei um livro de Fantasia da Tanya Huff, soh porque vi na contra-capa que ele se passa aqui em Toronto. Chegando em casa, dei uma olhadinha nas primeiras paginas, e qual nao foi minha surpresa ao descobrir que a personagem principal percorreu... o mesmo caminho que eu tinha feito para ir aa livraria, poucas horas antes!!!
Bom, como jah disse, passei o resto do dia meio abobada com meu tesouro e nao fiz mais nada digno de nota: comprei algumas lembrancas, fiquei lendo a Kim Harrison, depois saih com a Clau, o Hugo e o Andrew pra fazer supermercado.
Um outro fato digno de nota em meu dia foi ter, finalmente, recebido noticias de minha amiga Jacqueline Bishop, que mora, ou morava, em Nova Orleans. Ela me escreveu e contou que toda sua familia sobreviveu e se refugiou em Houston. A casa dela, porem, foi saqueada sexta-feira passada. Por um lado fiquei aliviada, agoniada por outro com as palavras dela: 'nossa paisagem se foi'. Que terrivel deve ser nao ter mais nenhuma referencia familiar em sua vida!

Beijos a todos, fiquem bem.
Martha Argel

terça-feira, 6 de setembro de 2005

Bom dia. Hoje resolvi ficar um pouco mais em casa porque estou com dor de cabeca. Agitacao demais, suponho.
Ontem passei o dia no Royal Ontario Museum. No caminho, cruzei com as festividades do Dia do Trabalho, e aproveitei para tirar uma foto do JC com escoceses legitimos, vestidos de kilt e com a gaita de foles debaixo do braco. Depois de cruzar um parque belissimo (creio que Queen`s Park) cheguei ao museu.
Maravilhoso. Por uma tremenda felicidade, consegui pegar o ultimo dia de uma exposicao sobre dinossauros emplumados, de cair o queixo. Ano passado fiz um update "in loco" dos dinossauros patagonicos. Agora foi a vez das descobertas chinesas. Patagonia e China sao as duas maiores fontes de novidades paleontologicas do mundo, e estou feliz por ter tido essas duas oportunidades.
Outros pontos altos do museu, que pra variar estah em reformas:
- a Caverna dos Morcegos, uma instalacao que imita o ambiente cavernicola, com saloes, corredores, formacoes "rochosas", reentrancias e saliencias, e morcegos e outros bichos espalhados por todos os lugares onde estariam numa caverna de verdade. Como trilha sonora, o ping-ping de agua gotejando e ocasionalmente o bater de asas de uma horda de morcegos, devidamente acompanhado por luzes estroboscopicas.
- algumas vitrines esquecidinhas num canto, sobre a espetacular fauna fossil de Burgess Shale. Vcs nao devem saber o que eh, entao nao vou ficar aqui enchendo o saco, mas essa exposicao me arrepiou inteirinha. Essa fauna foi o tema de um dos melhores livros de divulgacao cientifica que ja li: "Vida Maravilhosa", de Stephen J. Gould. Fiquei super-emocionada. Nao sabia que Burguess Shale ficava no Canada.
- uma secao sobre biodiversidade, onde as pessoas podem examinar materiais com lupa, tocar nos objetos e bichos expostos, descobrir duzias de seres em dioramas geniais. A interatividade eh assombrosa. Nao eh soh a grana que possibilita isso. Eh tambem um conhecimento profundo de museologia, de tecnicas de educacao e, principalmente, de historia natural, aliado a uma criatividade infinita. Nossa, que inveja. Como fica patente, por comparacao a mediocridade de nossos educadores/formadores de opiniao/museologos brazuquinhas (bom, talvez nao todos, claro, que saudades da Waldisa, minha professora de museologia).
- a exposicao sobre a evolucao do mobiliario, em que os aposentos de cada epoca estao recriados com moveis, tapecarias e utensilios originais. De tanto em tanto, hah cabines com gravacoes sobre determinados assuntos: o pepel da mulher na idade media, higiene no renascimento, a iluminacao no seculo XVIII, coisas desse tipo. Talvez vcs nem achem interessante, mas eu estava babando.
- um mural mandado fazer por Nabucodonosor (lembram??? Babilonia, jardins suspensos, etc.), representando um leao. Putz, eu nem acreditava que era the real thing
- e, quando eu jah estava exausta, minha cabeca estourando de dor e o cerebro virando geleia, cheguei aa secao do Egito. Putaqueopariu!!! Uma quantidade i-men-sa de artefatos, ornamentos, estatuas, MUMIAS, tudo TAO bem preservado que vc fica na duvida se tem MESMO 4000 anos de idade ou se eh uma replica bem feita. A maioria eh original, sim, e quando nao eh eles avisam. Adorei a reconstrucao de uma tumba, onde vc entra e pode ver as inscricoes nas paredes imitando pedra (claro, nao eh original, foi tudo feito usando moldes).
Bom, saih do museu as cinco da tarde. Apesar da dor de cabeca, nao resisti e caminhei ate a esquina de Dundas e Yonge, para espiar o mundo inteiro. Comprei uma linda saia indiana, bati papo com uma israelense simpatica, ouvi musica andina, escutei mil e um idiomas desconhecidos e entao voltei pra casa, acabada.
Eh isso aih, tenham um bom dia!

Martha Argel

segunda-feira, 5 de setembro de 2005

Bom dia, amigos.
Hoje eh Dia do Trabalho aqui, feriado. Em comemoracao, acordei cedo e dei um trato na caotica cozinha de minha prima. Hoje ela vai fazer laundry, isto eh, lavar toda a roupa para a lavanderia coletiva aqui do predio onde ela mora. Fazendo um rapa nas minhas roupas sujas, descobri que a toalha que eu tinha deixaod lah fora para secar estah toda cagada por pombos. Malditos ratos emplumados!
Ontem o dia comecou com uma caminhada pela cidade, rumo aa AGO, Art Gallery of Toronto. Fui parando em obras de arte, jardins publicos quase escondidos e parques. O que nao canso de admirar eh a inventividade com que foram idealizados esses pequenos tesouros. Sempre estah evidente a intencao de fugir do lugar comum, de criar o inusitado. Inevitavel a comparacao com a mediocridade publica tupiniquim.
Dois destaques durante a caminhada:
- a igreja de St, Andrew, cuja fachada lembra o estilo medieval escoces. Ela jah tinha me chamado a atencao quando a vi lah de cima, da Torre. Quando entrei, que surpresa. O som do orgao enchia a nave ampla, discreta, com um belissimo mezzanino (qual o nome correto?) de madeira escura, como os bancos. Fiquei lah um bom tempo.
- no parque ao lado do AGO, jah nos limites de Chinatown, um grupo de velhinhos chineses aproveitava a manha de sol para fazer exercicios, primeiro com espadas, depois com leques.
A visita ao museu me tomou menos de 3 horas. O AGO estah em reformas, e poucas salas estao abertas aa visitacao, o que faz com que a visita seja compacta e evita aquela sensacao de desanimo que nos invade em tours pelos grandes museus quando, ja cansados apos cinco horas de caminhada, percebemos que nao visitamos nem metade do acervo.
Os pontos altos do acervo estavam todos concentrados em duas ou tres salas. Foi bem legal.
Meu preferido foi um quadro de Brueghel o Novo, "O casamento aldeao" (creio que sec. XVI) que eu ja conhecia de livros. Tinha ainda Monet, Magritte, Renoir, Cezanne, mas o fato eh que realmente nao curto muito esses lances mais modernos.
Na volta para casa, passei por minha esquina favorita, Dundas e Younge, e fiquei babando por uma saia, que nao comprei porque estava sem dinheiro em cash.
Com toda intencao de retornar pra comprar a peca, fui para casa, mas uma sugestao inesperada de minha prima fez meu plano malograr: "Por que nao vamos para Niagara Falls?"
YEEEESSSS!!!
E foi assim que aas tres horas da tarde (!) saimos para o principal ponto turistico do Canada! Uma viagem de menos de 150 km.
O caminho e' uma autopista, insossa como todas. Fizemos um desvio pela deliciosa vila de Niagara on the Lake, com casinhas de filme em meio aa densa arborizacao. Metade do canada e boa parte da populacao ianque circulavam pela rua principal, um inferno, mas na rua paralela a tranquilidade era infinita. Pra variar, a quantidade de flores e imensa em floreiras, jardins, canteiros.
O caminho que liga as duas Niagaras eh bucolico, countryside. Lah pelas tantas a estrada fica paralela ao rio Niagara, a jusante das cataratas: ele sai do Lago Eire, a sul, cai pelas cataratas e continua fluindo rumo norte, para desaguar na margem sul do lago Ontario (Toronto esta a margem norte do mesmo lago). O rio marca a fronteira entre Canada e EUA. Assim, na outra margem avistavamos o pais vizinho.
Chegando a Niagara Falls, descobri onde estava a outra metade da populacao canadense: todos apinhados ao redor das quedas. Foi uma surpresa descobrir, ainda, que a avenida principal da cidade passa ao longo da catarata chamada Canadian, ou Horseshoe. Do lado de lah estah a muito mais modesta American. A forca e o volume das aguas eh impressionante.
O mais engracado foi ver, lah do outro lado, em passarelas ao longo da queda estadunidense, um mooooonte de gente com capas de chuva amarelas. Quem aih se lembra daquele desenho do Pica Pau em que ele fazia um sujeito cair repetidas vezes pela queda d'agua, dentro de um barril, enquanto duzias de pessoas com capinhas amarelas erguiam os bracos e lancavam gritos de saudacao?! Pois eh, aquele lugar existe! E as pessoas tambem! Mas posso confessar algo? Pelo que eu via no desenho, eu achava que as cataratas fossem beeeem maiores!
Dica: se alguem for visitar Niagara algum dia, LEVA CAPA DE CHUVA!!! O spray das quedas eh tao intenso que uma chuva constante cai sobre a avenida e a calcada, mudando de posicao conforme o vento. Eu estava de capa, mas o JC, coitadinho, ficou molhado como um pinto, rs.
No fim da viagem, a ultima emocao do dia, assistir ao azul do ceu ficando cada vez mais profundo, adquirindo tonalidades belissimas que nosso ceu tropical nunca exibe.
Tenham uma boa segunda-feira, daqui a pouco estou saindo para ir bater perna de novo. Beijos e queijos, fiquem bem.

Martha Argel

sábado, 3 de setembro de 2005

Boa noite!
Hoje de manha fiz uma longa caminhada pela Cabbagetown, um bairro historico com casinhas lindas, bem antigas, e muito arborizado. Aproveitei e visitei um cemiterio fundado em meados do seculo XIX, bonito, arborizado, com algumas lapides tao antigas que a gente mal via em meio ao gramado.
Durante meu passeio, vi esquilos absolutamente em todos os lugares: alguns estavam fucando em latoes de lixo; vi outro sobre o peitoril de uma janela de segundo andar; e tinha ate' um atropelado numa rua movimentada. Estou quase certa de que sao duas especies: uma preta de rabo despenteado e outra cinzenta, bem mais eleganto. Acho que vi um avermelhado, tambem.
Num dos parques vi algumas especies de aves que ainda nao conhecia; em outro, um canteiro de rosas perfumava o ar de uma forma que eu jamais tinha visto.
A tarde fizemos uma excursao brazuca ao Zoologico de Toronto: Claudia, Andrew, Gustavo (meu amigo de orkut que por fim conheci em pessoa) e eu.
O zoo eh lindo. Tem recintos de ambientes tropicais, fantasticos. Nao deu tempo para ver tudo, e vi apenas os setores Africano, Indo-Malaio e Canadense. Pra mim, os pontos altos foram o recinto das raposas-voadoras africanas (aqueles morcegos enooooormes, que se alimentam de frutos) e o gigantesco aquario de peixes do lago Malawi - voces nao imaginam, parecia uma imensa arvore de natal subaquatica, absolutamente repleta de enfeites multicoloridos. Se der, posto fotos em breve.
Ah, outra coisa legal foi a alcateia de lobos brancos, das altas latitudes canadenses. Que animais lindos.
Dica: o zoo eh programa para o dia inteiro, nao caiam no mesmo erro que eu, de tentar visita-lo em uma mera tarde.
Putz, toh exausta. Ateh amanha.

Martha Argel

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Boa noite. O dia esteve lindo, muito sol e calor.
Hoje subi na CN Tower, que segundo meu guia Lonely Planet Canada (os guias LP sao fantasticos!!!) e "a estrutura livre mais alta do mundo", com 553 m de altura. Fazer ideia de como isso eh alto? Sao mais de cinco quadras de altura!!!! Pois eh, cheguei a mais de 400 metros. O elevador sobe super-rapido, e e agente sente nos ouvidos a mudanca de pressao.
A vista la de cima e impressionante, diz que em dias bem claros pode-se ver a 160 km de distancia. A cidade fica parecendo uma maquete.
Duas coisas curiosas aconteceram lah em cima. Eu jah tinha reparado que rarissimas mulheres aqui pintam o cabelo de vermelho, como eh moda em Sampa agora. Pois bem, quando estava lah em cima, vi uma garota com cabelo quase da cor do meu. Daih a pouco ela passa perto de mim, conversando com uma amiga... em portugues! Nao apenas as duas eram brazucas, mas de SP, alunas da USP e cursando Ciencias Ambientais! Batemos o maior papo, eles se encantaram com o JC e fizemos varias fotos.
A outra coisa bizarra foi ter recebido a pior cantada da minha vida: um gringao alto, forte e loiro (nao loiro aguado, um loiro meio dourado, o efeito nao era tao ruim assim...) chegou e ficou encarando, com ar intrigado, o pequeno orangotango de pelucia que fica pendurado no ziper da mochila que minha prima me emprestou. "Ele e' simpatico", disse. E eu la' pensando, que que esse cara ta' querendo, ate' que ele perguntou se eu era francesa e eu saquei, por fim qual era a dele. Alias, uns minutos atras ele jah tinha tentado chegar em mim, mas eu achei que ele estava soh querendo passar no corredor estreito e tinha saido do caminho! Trocamos meia duzia de frases absolutamente mediocres, eu disse bye e caih fora. Comentario de uma de minhas amigas recem-conhecidas: "Soh faltava ele ter pedido o telefone do macaco!". Putz, soh mesmo!

Uma dica pra quem vem ao Canada: se comprarem dolares canadenses no Brasil, nao aceitem notas de 100 dolares. Tragam apenas notas de 20 dolares. Ninguem no comercio aceita notas maiores, e voces terao que trocar no banco.
Outra dica: chegando aqui, comprem o Toronto City Pass, que custa cerca de 48 dolares canadenses (uns 90 reais) e dah direito a visitar seis das principais atracoes da cidade, num prazo de 9 dias, por menos da metade do preco normal.
Comida eh mais cara que no Brasil, mas a variedade de produtos eh incrivel. O mercado de St Lawrence, que fica aqui do lado da casa da minha prima, eh otimo para quem quer conhecer alimentos e produtos diferentes. Tem queijos do mundo todo, e paes que eu nunca trinha visto antes, sem falar nos temperos, nos vegetais, nos frios e nos frutos do mar!
O cafeh eh estilo americano, fraco, aguado e enorme, mas hoje tomei um cafe com leite passavel quando fui fazer umas compras no mercado.
Produtos brasileiros que jah vi fazendo boa figura aqui: bombons Garoto, facas Tramontina, pirex Santa Marina e sandalias Reef.

Beijos e ateh amanha!

Martha Argel
PS. pra quem esta' entrando aqui vindo do Google, em busca de informacoes sobre Anne Rice e o furacao Katrina: a titia Arroz nao mora mais em Nova Orleans, pois ela se mudou ano passado para a California.

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Good evening!
Ontem fui assistir a um musical, "Annie get your gun". Toronto nao eh a Broadway, mas foi o maximo. O teatro era lindo, o musical muito divertido e os artistas otimos. A atriz principal ganhou um premio Toni nos EUA, e eh badaladissima por aqui. Nao perguntem o nome que nao lembro.
Hoje de manha saih para passear pela cidade, e fui ateh a torre da CN, a mais alta estrutura livre do mundo. Meu, eh muuuuito alta!!!! Nao subi, talvez o faca amanha. De tarde fui passear na Queen, a rua descolada daqui. Meu walking tour me levou, ainda, a Chinatown (aqui tbm tem!), a Prefeitura (descrita no guia como "duas metades de uma concha com um disco voador no meio", e a esquina por onde o mundo inteiro passa, Yonges (pronuncia-se como young) com Dundas. Fantastica, tinha um grupo de hip-hop numa calcada e um conjunto musical cigano na outra. Todas as etnias imaginaveis desfilando, e um centro comercial deslumbrante. Toronto eh uma das cidades mais cosmopolitas do mundo.
Faz calor por aqui, e as pessoas pela rua sao descontraidas. Mil tribos, mas a indumentaria padrao parace ser bermuda ou jeans com camiseta e mochila nas costas. Nao dah para saber quem e' turista e quem e' daqui mesmo. Muitas muculmanas com veu. Orientais a torto e a direito. Familias de hindus. Todas as nuances entre o branco muito branco e o negro bem negro. No meio, volta e meia alguem falando portugues - o nosso brazuca ou o de alem-mar. A coisa mais interessante que vi hoje foi um cara com uma longa tranc,a... na barba!!!
Neste fim de verao, TO eh uma cidade muito florida, canteiros e vasos por toda parte. Ha parques e jardins, invariavelmente com espelhos e cursos dagua, nos lugares mais inesperados, lindos. Em alguma placa li que isso eh resultado de uma politica publica muito inspirada, de criar areas verdes em todos os locais possiveis. Puta que o pariu, porque eh que nossos administradores nunca tiveram o minimo interesse nesse tipo de coisa?! E os parques nao sao simples areas gramadas. Sao cheios de obras de arte, caminhos sinuosos, detalhes inesperados. Eh maravilhoso.
Entre uma andanca e outra, estive em duas livrarias sen-sa-cio-nais. Uma delas especializada em livros de fantasia e ficcao cientifica. A outra se chama "A maior livraria do mundo". A pilha de aquisicoes, claro, cresceu enormemente, e agora inclui os tres livros que eram um dos objetivos desta viagem. Nada mal para quem estah no pais hah pouco mais de 48 horas!!!
Quase nove da noite, e o Chardonnay californiano comeca a fazer efeito, estou relaxada e pronta pra ir pra cama, ler meus novos livros durante algum tempo.
Amanha tem mais. Fiquem bem.

beijos e queijos
Martha Argel