quinta-feira, 24 de maio de 2007

24 de maio, quinta-feira

Terça-feira foi um dia de cansaço pós-viagem e de pequenas surpresas e novidades.
Vencendo a inércia que tentava me manter em casa, voltei ao Value Village, aquele brechó que mais parece um super-mercado de segunda mão. Já disse o quão baratas são as coisas lá, né? Pois bem, o dia 22 de cada mês é dia de liquidação. Liquidação de verdade: tudo por metade do preço! Não dá nem pra acreditar. Bom, e imaginem quanta gente havia, atrás de barganhas absurdas, e eu lá no meio... (mas a escolha era enfrentar a multidão ou ir lá depois do arrastão e correr o risco de não achar nada de bom). Em resumo: com trinta dólares (cinqüenta reais?) fiz uma senhora festa, com direito a dois jeans, duas bolsas, puloveres e camisetas. Uau. Cores lindas. Foi dia de azuis e marrons.
Após o despropósito de compras (e já começo a meditar acerca do quão grandes são minhas malas...), ganhei uma carona da Clau até minha livraria favorita, em minha rua predileta, a Bakka-Phoenix, na Queen Street West.
Caso vocês ainda não estejam cansados de me ver dizendo isso, a Tanya Huff trabalhou lá por oito anos. Foi na Bakka que ela se deu conta da fidelidade canina dos leitores de ficção vampírica, e resolveu escrever algo voltado para eles. Feliz idéia, eu diria.
Zanzei um pouco em busca de livros que não encontrei, ou que acabei desistindo de levar, até que me ocorreu fazer uma pergunta. “Vocês têm algum livro autografado pela Tanya Huff?”. E a resposta veio rápida: “Ah, sim, dá uma olhada ali, tem vários”. Uaaaaah! Quase tive um troço.
E lá estava eu, ajoelhada diante da prateleira mais baixa, tentando decidir qual levar (acabei levando meu preferido, Blood Trail), quando a simpática vendedora chega junto. “Não sei se você sabe, mas ela vai estar autografando aqui”. Caraaaaaalho! Quase caí sentada. Quando? Quando? “Hum... peraí.... hum.... ah, dia 2 de junho.”. Nããão! Quase uma semana depois de minha partida! Não, não, não!!! A vida não é justa.
Engolindo a decepção, continuei de papo com a vendedora. Ela estava muito bem informada sobre Blood Ties, e me contou que um amigo tinha baixado os primeiros episódios, e um grupo se reunia na casa dele para assistir à série. Cool. A coisa tá boa por aqui também.
Já de posse de meu livro autografado, peguei o rumo de volta pra casa, sem pressa e com um objetivo. Estava em busca de mais blood steps na própria Queen, em Chinatown e na Spadina. O resultado da procura, bem sucedida, está no Multiply.
O mais legal foi um lugar que vi primeiro no ep 12, Post Partum, e depois notei de novo no 9, Stone Cold. Era uma cena com a fachada de algumas lojas, que eu tinha certeza que era na Queen. Procurei, procurei até que achei! O mais legal, uma das lojas é um brechó que eu já tinha visitado antes, o Black Market!! Não é cool?
Cheguei em casa alegrita como lambari na sanga (sem mencionar preocupada com a iminente montagem das malas...).
Ontem, quarta-feira, dia 23, o dia começou diante do computador. Horas, literalmente, carregando as fotos e tentando pôr o diário em ordem. Às onze e meia saí ventando, quase atrasada para encontrar a Claudia B (minha prima) e a Claudia E (a esposa do Gustavo). Tínhamos combinado uma girlie party: um bate-e-volta até Niagara-on-The-Lake, uma cidadezinha lindinha, na beira do Niagara, onde ele desemboca no lago Ontário. A viagem foi meio longa, mas divertida. Usei de novo meu GPS, e ainda estou tentando entender como funciona. Sem, claro, ler o manual de instruções...
Uma coisa bizarra no caminho de ida: do lado de lá da QEW (a rodovia super-movimentada pra Niagara, e que liga T.O. a NY), um caminhãozinho com fardos de feno parado à beira da estrada e um moooonte de fardos caídos no meio do asfalto. Vocês não imaginam o tamanho do congestionamento! Tudo por causa de capim seco. Incongruente.
Chegando na cidadezinha, atravessamos vinhedos e pomares, com mansões enormes espalhadas na paisagem bucólica. Muito lindo, mesmo.
Na cidade em si não ficamos muito tempo. Passeamos por um parque, atraídas pelos sinos de uma igreja (provavelmente uma gravação, oh, well) que tocavam várias músicas, e acabamos perambulando pelo cemitério atrás dela. Bem típico, com as lápides em maio a gramados e árvores. Muito pacífico. Melancólico.
Caminhamos pela rua central, olhamos as flores, os turistas, as lojas e restaurantes, comemos algo e então pegamos a estrada de volta.
O retorno foi muuuuito engraçado. Deu um ataque de nerdice nas duas. A Claudia ficava controlando a velocidade do piloto automático, o nível de combustível, os avisos sobre o estado do trânsito à frente. Eu monitorava a velocidade de cruzeiro com o GPS, o ETA (Estimated Time of Arrival) e a distância até Toronto. O mais engraçado é que esses dois últimos eram estapafúrdios, porque o GPS insistia que o melhor caminho até T.O. era... através do lago! Rimos muito.
Chegamos a tempo de pegar o Andrew na escola, e acabei pedindo pra Clau me largar na universidade, pra eu voltar pra casa caminhando. Aproveitei pra passar na Biggest, e fazer uma compra basiquinha de livros...
No finalzinho, uma experiência meio desconcertante. Chegando na St Andrew, peguei o Path, pra ir bisbilhotando as lojas do subterrâneo. De repente, notei que não havia mais ninguém pelos corredores, só eu. As lojas todas fechadas. Eram oito horas da noite e eu não tinha percebido, pois ainda era dia lá fora! Aí bateu um terror de ficar presa na cidade subterrânea, e comecei a procurar meio assustada a saída mais próxima. Até que achei uma escada rolante e saí para o saguão de um hotel luxuoso, e dali pra rua. Ufa! Eu estava bem mais pra oeste do que pensava – tinha perdido não só a noção da hora mas também o rumo! Mas uau, o Path pode ser bem assustador. Adorei saber disso!

Beijos a todos
Martha Argel

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