quarta-feira, 2 de maio de 2007

2 de maio – quarta-feira


Bom, não sei o que era, mas não era gripe. Ontem eu me sentia horrível pela manhã, e o único termo técnico para descrever meu estado era “esquisito”. Além do mais, o céu voltou a ficar todo cinzento e a temperatura caiu violentamente. Assim, em homenagem ao dia do trabalho, passei quase o dia inteiro dentro de casa trabalhando.
Depois que a turma toda saiu – Terry para o trabalho, Claudia para a universidade, Andrew para o daycare, consegui terminar e enviar o documento de impacto ambiental que estava devendo.
Em seguida, suspirei fundo e peguei todas as anotações para o maldito livro novo. Não consegui avançar muito, só revisei parte do que já estava escrito há anos, e quando fui ver já estavam todos de volta em casa. Fim da agonia, ainda mais que a Clau e eu íamos sair voando.
O compromisso dela, na parte oeste da cidade, me levou muito perto de um lugar que estava shortlisted pra ser visitado desde antes de eu sair do Brasil, e logo logo eu estava diante...
... da livraria The Beguiling! Ueba! Foi nessa livraria que, na década de noventa, um sujeito chamado Peter Mohan encontrou um livro interessantíssimo de vampiros, um tal de Blood Price, de uma tal de Tanya Huff, e decidiu que algum dia faria uma adaptação dele para a tela. Pois é, foi na The Beguiling que nasceu o Blood Ties, muitos anos atrás. E a loja é homenageada no quarto episódio da série (Gifted, o mais fraquinho, mas tudo bem...), aparecendo logo na primeira cena.



Bom, a fachada é dela mesma, mas o interior que aparece no seriado, incrivelmente arrumadinho, não tem nada a ver com a bagunça que recheia the real one! É demais. Os vendedores com que conversei, Peter e Chris, são muito menos esquisitos e mais simpáticos (sem dizer que são bem mais bonitinhos) que os dois nerds do seriado, mas não eram menos nerds.
O Peter me contou que Mohan costumava ser um cliente assíduo da livraria no passado. Eles não sabiam muito sobre o seriado, só que estava sendo filmado, e não tinham idéia de que a livraria tivesse aparecido em um episódio. O Chris ainda sabia alguma coisa, mas os dois ficaram impressionados em saber que BT já tinha uma legião de fãs pelo mundo todo. O Peter comentou com o Chris que eu havia dito que já havia um bom número de fãs no Brasil, e me disse “Eles adorariam saber disso”. Bom, a verdade é que eu também adoraria contar isso a “eles”, quem quer que fossem...
No fim, o Peter acabou me perguntando se eu conhecia uma série de quadrinhos chamada Anita Blake e eu quase caí dura de susto. Caramba!!!! Eu tinha esquecido TO-TAL-MEN-TE dos quadrinhos. É a adaptação de Guilty Pleasures, de Laurell K. Hamilton, primeiro livro de uma série sobre a supracitada Anita Blake, uma reanimadora de mortos e caçadora de vampiros que se envolve com o espetacular Jean-Claude, Mestre-Vampiro da cidade de Saint Louis. A série foi minha porta de entrada para a moderna literatura de vampiros, que tem nas duas,Tanya Huff e Laurell K. Hamilton, dois de seus mais altos expoentes. Eu já mencionei pela ducentésima qüinquagésima nona vez que eu amo as duas de paixão?! Pois é, foi lendo Guilty Pleasures que encontrei o tom exato que eu queria para o Relações de Sangue.
Resultado, esqueci por completo de Blood Ties quando pus a mão em quatro edições dos quadrinhos da Anita Blake. Eu estava quase babando ali na frente do vendedor. Droga, faltavam os números 2 e 4. Mas tudo bem, ainda tem muito chão pela frente. Em Toronto ou em NY com certeza eu acho os números que faltam.
No caminho de volta para casa passamos no Nosso Talho, o açougue português, e na Nova Era, padaria idem. Nosso jantar foi pão francês com queijo meia-cura e guaraná Antártica. Gostinho de Brasil, a Clau estava no paraíso.
Depois de fazermos a laundry (lavar a roupa na lavanderia coletiva – e paga – do prédio) instalei-me para ler meus quadrinhos a-lu-ci-nan-tes. Homens seminus, yesssssss!!!! E Anita Blake sempre em situações absolutamente desconfortáveis.
Bem, foi um pouco difícil continuar concentrada nas cenas de sedução quando TODA a família Barcellos-Hill resolveu me azucrinar todos-juntos-agora-e-ao-mesmo-tempo. Andrew: “Titaaaa, quer escutar música?”, e tome Ol’ McDonald’s farm e Twinkle, twinkle, little star. Terry: “Maramarta, você não quer assistir The Queen? Filme excelente!” Claudia: “Ti-ííí, você quer ajudar a salvar as marmotas, coitadinhas? Olha só que bunitinhas, não são uma graça?” E tome uma coleção de cartões postais de ratos gordos.
Aaaaaaaaah, STOP IT!
Quando me livrei de todos e retomei a leitura, descobri que o sexto e último livro termina exatamente quando o Phillip está pra beijar a Anita e que a história só continua... em setembro!!!! QUERO MORRER!
Bom, depois de tudo isso, só me restava ir pra cama e capotar.

PS. Vocês acham que terminaram as emoções? Lá pelas quatro da manhã ouvi ruídos no quintal e o que parecia ser um cachorrinho chorando. Quando consegui acordar de verdade e olhar pela janela, o barulho tinha parado e eu não vi nada. Voltei pra cama e daí a pouco ouvi de novo. Eu sabia o que era. Catei a máquina fotográfica, passei pelo Terry que roncava na sala, em frente à televisão sem som, e abri a porta de vidro que dá para o quintal. Lá estavam dois dos seres noturnos que assombram os quintais de Toronto. Dois gordíssimos racoons (guaxinins) se esbaldando nos restos de comida que a Clau tinha colocado para os passarinhos. Demorou pra eu me entender com a máquina, mas desta vez, ao contrário de dois anos atrás, consegui fotografar os bichos enquanto eles escalavam a cerca com muita dificuldade (eram enormes!) e sumiam pelo pátio afora. Muito legal!

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