segunda-feira, 14 de maio de 2007

14 de maio de 2007, Segunda-feira

Voltei!!!!!!

Como vocês perceberam, sumi do ar durante toda minha estada em NY. Foi uma correria. Um resumo rápido desses últimos dias:

No domingo, dia 6 fiquei horas no jardim do John, andando de um espaço a outro, olhando as plantas, pensando na vida. Percorri o jardim não apenas ao vivo mas também nas páginas de um livro sobre os jardins mais belos do mundo, que tem um capítulo inteiro dedicado a ele. Simplesmente maravilhoso.
Uma historinha pitoresca: quando estava me falando sobre os portugueses em Rhode Island, o John contou que a mãe dele tivera um jardineiro de origem portuguesa, de sobrenome Cadeira; ele não sabia o que a palavra significava, e expliquei que era tanto quadril quanto o móvel que usamos para sentar. Mais tarde, quando estava passeando pelo jardim, cheguei em um espaço onde havia algo bizarro, duas cadeiras prateadas que, olhando de perto, eram feitas de imitações de ossos humanos. Eu tinha descoberto o paradeiro final de Mr. Cadeira (e provavelmente de Mrs Cadeira, é claro!).
Um de nossos passeios por Little Compton nos levou a Wilbour Woods, uma floresta linda, onde as árvores ainda estão nuas enquanto a vegetação rasteira já está verde. Fantástico. Ficamos imaginando trolls embaixo das pontes, altares de sacrifício e rituais tenebrosos. De noite deve ser arrepiante.
À tarde voltamos para Nova York, e chegamos bem na hora! Faltavam quinze minutos para Blood Ties, episódio 10, começar. UEBAAAAAAA! Vi "ao vivo" a já histórica cafungada do Henry no pescoço da Vicki. Babei de inundar o quarto, rsrsrs.

De segunda a quinta, 7 a 10 de maio, fui todos os dias com o John para o Zoológico do Bronx, trabalhar no projeto Aves do Brasil. Junto com a Kat, trabalhamos pra caramba, e finalmente conseguimos um entrosamento quase perfeito. Parece que até que enfim encontramos um ritmo para o projeto. Um fato digno de nota foi ter encontrado, tomando um lanche, Amy e Bill Vedder, os cientistas responsáveis pela proteção dos gorilas da montanha em Ruanda. Parece que os dois são bem importantes. E ficaram me elogiando um monte por estar tocando adiante o projeto Aves do Brasil, depois que o John babou bastante o meu ovo. Meu ego foi às alturas :-).
De manhã, antes de irmos trabalhar, sempre dávamos um pulo no Central Park pra observar aves, mas este ano o movimento estava fraco. A gente achava um monte de birdwatcher meio atarantado, resmungando que as aves não tinham chegado, o movimento tava fraco, só tinha umas poucas espécies. Estavam perdidinhos, perdidinhos!
Minhas refeições ao longo dessa semana foram muito legais. Os almoços foram sempre coisas rápidas no Dancing Crane, o gostoso restaurante dos funcionários do zoo, que parece um desfile de celebridades da conservação internacional da vida silvestre. Eu fico deslumbrada cada vez que vou lá. Os jantares primaram pela qualidade culinária, especialmente na casa do John. MF é realmente um cozinheiro de mão cheia, e ficava me mimando não só com seus pratos deliciosos mas com petiscos, chocolate, vinhos e muita bobagem divertida, que me fazia rir um bocado. Muito legal!
Na quinta feira fui comer com Kat e Pat num restaurante etíope. Gostei muito. Bem diferente, a comida vem sobre uns pães que parecem panquecas, e a gente come com a mão. Tinha um vinho branco etíope também, mas era um tanto doce. Foi ótimo ter saído com elas!

Tirei folga na sexta-feira, dia 11, pra passear e me despedir da cidade. De manhã fui ao Metropolitan Museum. Dica: a entrada de 20 dólares é apenas sugerida. Você chega no balcão e paga quanto quiser. Eu encostei e perguntei "tudo bem pagar 10?". Tudo. Se tivesse dito 5 também seria tudo bem. Visitei, claro, a ala dos pintores europeus. Depois zanzei meio a esmo pela parte da arte asiática. Interessante. Mas minha praia é, sem dúvida, arte européia dos séculos XV a XVIII.
Depois me encontrei com MF na Union Square, pra almoçar. Compramos comida num restaurante e sentamos na praça, um dos melhores lugares para ver o mundo inteiro passar. Rimos muito. Quanta gente bizarra! Quando ele foi embora, fui a uma Barnes & Noble, ali mesmo na praça, onde sempre vou, e por fim decidi que era hora de começar a ir embora de NY. Voltei pra casa, catei minhas coisas e às sete da tarde estava na rodoviária, Port Authority Station, onde encontrei o Gui.
Fomos jantar e fazer hora num restaurante tailandês. Nunca tinha provado a culinária Thai. Muito boa, apesar de apimentada (mas nem aos pés da coreana!). Em seguida passeamos por uma área recém urbanizada ao longo do rio Hudson, até dar a hora de ir à rodoviária.

Drops de Nova York

* continua meu problema com o transporte público. Tomei um trem expresso e baldeei direitinho na estação correta, paro o trem local que me levaria para "casa". Estava toda orgulhosa quando o alto-falante irrompe num blablabla ininteligível. Só peguei "this is not [alguma coisa] [alguma coisa] express train". Raios! Só podia ser uma coisa, e saí correndo do trem, bem a tempo. Aquele trem não seria local, seria um expresso, e se eu pegasse, ia parar só umas três estações depois da minha! Por pouco não me ferro de novo nos subterrâneos de NY.

* ainda no metrô: um dia entrei num vagão quase vazio, só eu e outra moça. Na estação seguinte, subiu um sujeito grandalhão, todo tatuado, e sentou quase na minha frente. O elemento começou a sacudir a cabeça, falar sozinho, fazer movimentos bruscos, como se estivesse sendo perturbado por assombrações. Chapado até as orelhas. Fiquei assustadíssima, porque cada braço dele parecia ser mais grosso que minha cintura, mas fingi que não havia ninguém ali comigo. Ainda bem que desci duas estações depois. Me disseram que esses tipos são comuns no metrô. "São inofensivos. Você só não pode olhar pra eles. Nunca olhe. Fica tudo bem." Ufa. Fiz a coisa certa.

* as tulipas estão por toda parte. De novo.

* e os cachorros continuam simpáticos. Nunca vi seres caninos tão amigáveis. Se você demonstra interesse, os donos deixam eles subir em cima de você, te lamber, te sujar com as patas enlameadas. Sempre orgulhosíssimos de seus pequeninos.

* usar patinete como meio de transporte? Sim. Vi uma garota chegando ao Metropolitan, desmontando de seu veículo e dobrando-o enquanto subia as escadas. Prático.

* desperdício é o nome do meio desta terra. A quantidade de junk mail que as pessoas recebem é tremenda. Cada fast food que você come gera um volume impressionante de lixo (reciclável, mas será que todos se preocupam em?). E num dia de especial calor, passei por um hidrante que jorrava um Niágara na rua. Me espantei. "É comum", disse o John, "Os moradores abrem para refrescar a rua. Precisa ver no verão, isso acontece por toda parte. Quando deixam a água espirrar para cima, como uma fonte, a polícia costuma fechar a rua para as crianças poderem brincar."

12 de maio - sábado

Neste instante estou em um ônibus, voltando para Toronto, e espero chegar lá com menos de duas horas de atraso. Quem reclama da desorganização do Brasil nunca tomou um dos desconfortáveis ônibus da Greyhound na rota NY-T.O. (pelamordedeus, são as duas principais cidades da América do Norte!).
Começou na rodoviária de NY: o horário na passagem estava errado, mudaram nossa fila pra outro portão e depois de volta para o original, deu confusão entre os passageiros da fila e entre os funcionários. Acabamos saindo mais de meia-noite. Durante a viagem, não houve "parada técnica" porque o local costumeiro estava fechado (!), tentamos ainda um McDonalds, mas também estava fechado, e acabamos tendo de usar uns horríveis banheiros químicos. Mais adiante, já de dia, e sem ter parado nem um instante para comer algo, paramos no meio do caminho pra uma diabética ir comprar não-sei-o-quê, mas a gente não pôde descer. Já mais do que atrasados, o motorista se perdeu em Buffalo e não conseguia achar a rodoviária (até que um passageiro ajudou).Em Buffalo, primeiro disseram que a gente tinha que descer com toda a bagagem pra mudar de ônibus, aí disseram que não, não podíamos descer nem pra ir no banheiro, e então disseram, "Tá legal, 10 minutos. Rápido que agora só tem nove. Vamos, vamos, são oito minutos". Consegui descer no quatro, fiz xixi em três e depois que voltei ao ônibus fiquei esperando um tempão. Enfim chegamos na fronteira. Tudo fechado, ninguém apareceu pra nos orientar. O motorista teve de ir atrás de alguém que explicasse como abria a porta da imigração pra gente entrar. Passei sem problemas, mas só porque já conheço os procedimentos. O agente da imigração ia esquecendo de recolher um documento que tinha de ficar com ele, e precisei lembrá-lo. Putz, se eu não tivesse percebido, provavelmente ia ser uma encrenca quando voltasse pros EUA. No fim, ainda esqueceram de devolver a carta de motorista do chofer do ônibus, e ele teve que voltar pra pegar!
Moral da história: em certas coisas a gente tá muito bem!!!

Não tenho muito o que dizer do resto do sábado e do domingo, 13 de maio. Dormi muito e me recuperei da viagem. Vida caseira.

Amanhã eu volto!
Beijos e queijos
Martha Argel

(e não esqueçam que tem um monte de fotos no multiply! http://marthaargel.multiply.com )

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