Segunda feira fria, de madrugada, e eu correndo contra o relógio para manter minha fama de profissional séria e pontual. Às dez, chova, neve ou haja um terremoto, tenho de estar no escritório do contratante com o documento pronto. Moleza.
Os últimos dias foram bons, mantendo a tendência já observada de melhora em todos (ou quase todos) os indicadores de bem-estar. Contatos e planos novos, como sempre. Projetos que eu achava terem sido arquivados, de repente voltando à tona. Gosto disso. Dá uma sensação de movimento à vida. Em meu entender não há coisa pior que a imobilidade, aquela sensação de um-dia-depois-do-outro-e-todos-exatamente-iguais.
Sexta-feira viajei. Seis da manhã, 11 graus nos relógios de rua, Aniete e eu pegamos a estrada e fomos bater num lugar lindo, beira do rio Sorocaba, mata ribeirinha e uma antiga usina hidrelétrica, fantástica, feita de negras pedras basálticas. Pela primeira vez na vida fiz rapel, para conseguir atravessar o rio por sobre as ruínas da barragem. Adorei, talvez fique viciada: uma corda, equilíbrio, um pouquinho de concentração, e você chega onde jamais teria chegado se desse ouvidos a seus receios e à cautela. É bom. Não tão bom ter encontrado um antro de carrapatos e micuins do outro lado, mas são os ossos do ofício.
Eles fizeram um estrago em mim; nada de febre ou reações pelo corpo, a resposta alérgica é local, mas o antialérgico tópico não está funcionando. Quem sabe hoje procuro outra solução.
E o final de semana foi o que há muito eu precisava. Não botei o nariz fora de casa, e fiz o que me dava na telha, i.e. li muito. Basicamente sobre arquitetura gótica, neo-gótica e um pouco de barroco, e agora já consigo entender um pouquinho certas coisas que me intrigavam.
Também aproveitei para baixar a pilha de livros que esperavam pacientemente ser lidos. Destaque absoluto para "El anatomista", do argentino Federico Andahazi. ESPETACULAR!!!! Um romance de época, sobre o cirurgião renascentista que descobre o que ele chamou de "Amor Veneris", o ponto do corpo feminino onde está sediado o amor. Estou apaixonada por Andahazi, o estilo dele é fluido, irônico, rápido. Sem enrolação. E ele é um gato!!
No meio de leituras, muito chocolate quente e música para acompanhar o espírito das leituras, um detalhe que não deixou de ter seu interesse, ou repercussões de fundo egótico: o celular tocando insistentemente na noite de sábado, a cobrar. Não atendi, desliguei. Estou sem BINA e não sei quem era. Mas imagino; por trás, uma história curta e nada interessante, mas suficiente para dar uma pontinha de satisfação, ah, isso sim!
Seis da manhã, já, e preciso voltar pro documento.
Tenham todos uma boa semana e não fiquem parados, inertes. Façam algo por si mesmos.
Martha Argel
segunda-feira, 1 de setembro de 2003
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