terça-feira, 9 de setembro de 2003

Bom dia de sol tímido mas gostoso.

Uma decepção, uma traição
Uma pessoa que eu considerava amiga e parceira, que eu achava que tinha consideração por minha capacidade e por meu histórico profissional me passou uma rasteira colossal. E o pior, em associação com alguém que já está em minha mira há muito, por sua arrogância e falta de consideração. Oportunismo seria a palavra correta. Estou decepcionada. Estou enfurecida. E impotente. Contra traidores e fuinhas não existem pesticidas eficientes.

Descoberta arrepiante
Ontem, mato. De novo.
Área na periferia de uma megalópole mais selvagem do que qualquer floresta. A trilha começava numa pinguela sobre um córrego que não era esgoto mas que trinta metros pra baixo seria. Trilha bem batida, escalando o morro e cruzando a mata, fuleira como todas as que sobraram no entorno paulistano. O de sempre, árvores finas e por baixo capins, taquarinhas, samambaias e muito lixo. Até que chegamos numa clareira inesperada, árvores ainda de pé mas toda a vegetação rasteira, incluindo os galhos baixos, removida. Até o folhiço tinha sido afastado, deixando o solo exposto. Limpinho. Coisa esquisita, a trilha chegava bem batida mas do outro lado saía muito menos usada. E dava noutra clareira. E então terminava. Estranho. Esse tipo de trilha costuma ser de passagem, um meio de cortar caminho de um lado a outro do mato, mas neste caso estava evidente que o destino eram as clareiras. Pra quê, nos perguntamos? Aí prestei atenção. Farrapos de uma lona nas bordas da segunda clareira e trapos amarrados nos troncos indicavam que algum tempo antes tinha sido montado um toldo. No chão, lixo nenhum exceto tiras de papel bem branco, como nomes de pessoas escritos com caneta azul. Sempre mais de um nome por papel, em geral ‘fulana e fulano’ mas tinha um com ‘fulano e família’, e outro com cinco nomes. A maioria das tiras tinha sido reduzida a pedacinhos pequenos. Examinando melhor, descobri os mesmos papeizinhos na primeira clareira e em outras duas mais. Alguns sacos de supermercado jogados, sempre nas bordas, sugeriam que algo havia sido levado às clareiras e que, fosse o que fosse, tinha ido embora junto com os freqüentadores. Saí de lá apressada, ansiosa por voltar pro carro e, admito, com os joelhos tremendo.
O que quer que aconteça naquelas clareiras, acontece com freqüência. Não sei o que pode ser e não tenho certeza se quero saber...

Fim de Inverno – bis
Outra ave de volta a Sampa: a tesourinha, Tyrannus savana. Vi hoje pela primeira vez depois do frio.
E já aparecem pelas calçadas as cascas vazias dos ovinhos eclodidos das rolinhas. Já temos os primeiros filhotes da temporada 2003-2004!

Aproveitem os dias.

Martha Argel

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