Bom dia.
Mais um dia cinzento amanhecendo lá fora. Antes de mais nada, obrigada Trosco, Amanda, Carollia, Ceres, Kiki, Cid e Carmilla, pelos comentários, e a todos os anônimos, como o Carlos, que visitam quietinhos e que ocasionalmente me surpreendem (''ah, li no teu blog...'').
Os últimos dias foram interessantes. Novos amigos, alguns velhos amigos, novas leituras, releituras. A vida aos poucos vai mudando, se transformando sem que a gente perceba, mas definitivamente deixando para trás hábitos, pessoas, interesses que o tempo se encarrega de desatualizar em nossa mente. Acontece, com simplicidade, em silêncio, e a dor da perda nem sempre é sentida porque sequer a perda é notada. Uma amizade pode ser esquecida como um guarda-chuva no assento de um ônibus. Simples assim.
Terminei um livro que nem mesmo eu sabia que estava escrevendo (contabilidade: agora são nove).
Baixei a pilha de livros não lidos. Reli um autor que devorava quando criança, e foi uma decepção. O livro se passava na Bolívia, uma de minhas três paixões (as outras, claro, são Brasil e Argentina). O autor obviamente NUNCA pôs os pés lá. O livro é um paradidático que ensina BOBAGENS!!!! O sujeito ensina, por exemplo, que a flor nacional boliviana é a ''kantrita'', e isso aparece até na ficha de estudo dirigido. Talvez ele seja um gênio, e tenha descoberto que esse é o nome correto da Cantua buxifolia, que todos os livros citam como ''kantuta''. Ou talvez ele tenha simplesmente feito uma pesquisa porca e apressada pra ganhar mais um troco com mais um livro mal-escrito. As descrições que ele faz do povo boliviano, da paisagens, do rio Choqueyapu, da montanha Chacaltaya, das ruínas de Tiahuanaco são estapafúrdias. Eu adorava os livros dele quando adolescente. Ele se orgulha de ter escrito mais de 160 livros. Agora eu só posso me horrorizar com a quantidade de erros que ele enfiou garganta abaixo de seus leitores adolescentes.
E li alguns livros de contos de autores pouco conhecidos. Nenhum deles é mal escrito. Linguagem correta, boas construções. Aqui e ali um conto memorável, bom mesmo, com esta ou aquela idéia muito bem sacada. Mas de forma geral, um vazio na mensagem. Ou antes: a mesma mensagem transmitida N vezes. Se tirar o nome do autor, poderia ser tanto um quanto outro a escrever qualquer dos contos. Variações (pequenas) sobre o mesmo tema: divagações sobre a vida. Poderiam ser minhas, de vocês que me lêem ou de qualquer um desses autores. Escrever bem não é suficiente para um autore se destacar. Se assim fosse, os professores de gramática ocupariam o topo de todas as listas de best-sellers.
Finalmente: COMPREI O CD DO EVANESCENCE!!! Delícia, delícia, delícia!!!! Com um vinho tinto e um cobertor quentinho, numa tarde fria e cinzenta, é um delírio (quase tão bom quanto After Forever ou Ambeon, mas tá de bom tamanho, considerando-se que são meros ianques).
Desejo-lhes uma boa semana. Que consigam perceber os tesouros que temos sempre a nosso lado e aos quais raramente damos valor.
Martha Argel
segunda-feira, 15 de setembro de 2003
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