(escrevi este texto ontem de madrugada, quando deveria ter sido postado, não fosse por esse maldito Blogger que tava fora do ar...)
Bons dias a todos.
Fim de inverno
Lá fora o sabiá canta a madrugada paulistana. De poeta, artista, sonhador ele não tem nada. É macho, e demarca o território pra conquistar da fêmea o direito de perpetuar seus genes. Mas é o sinal do fim. Fim do frio besta do curto inverno do trópico de Capricórnio.
E corroborando o sabiá... eles chegaram! Ontem ouvi, antes de ver, o primeiro andorinhão. Mas só ele. Parece que o resto da esquadrilha não tá muito convencido da honestidade de nosso veranico. A Giulia me perguntou se o andorinhão é muito maior que a andorinha.Vamos por partes: pra começar, não é o andorinhão ou a andorinha. No Brasil tem 16 espécies de andorinhões e 15 espécies de andorinhas. Em São Paulo, a andorinha mais comum é a Notiochelidon cyanoleuca, nome comprido pra um bicho pequeno, que eu chamo de nocy; nosso andorinhão é a Chaetura andrei, que batizei de chan. E por fim, quanto ao tamanho: a nocy tem 12 cm de comprimento, e o chan tem... 11,5! Não me perguntem nada, que eu não sei o porquê.
Eu na Sci Fi News
Saiu uma notinha sobre meus livros, e sobre o livro da Giulia, na Sci Fi News deste mês de setembro. Somos citadas, ainda, no artigo da Lu Costa sobre a Sci Fi Con 2003. A revista está interessante, tem uma matéria sobre os filmes Piratas do Caribe e Liga Extraordinária.
(Um parênteses: me decepcionei ao saber que o primeiro foi baseado num brinquedo da Disney e o segundo numa história em quadrinhos. Pasteurização total. Podem me chamar de antiquada. Quando era criança, li the real thing: Robert Louis Stevenson, H. G. Wells, Emilio Salgari, Júlio Verne, Alexandre Dumas. Os personagens desses caras foram roubados por nerds rasos, vazios de respeito e plenos de oportunismo. Blé.)
Últimas leituras
Dois livros que recomendo, de autores que conheci há pouco, ambos muito simpáticos.
Patagônia, de João Batista Melo (Rocco): em clima de velho oeste, um brasileiro chega à Patagônia em busca do homem que assassinou seu irmão. E o malfeitor não é outro senão o infame Butch Cassidy, o pistoleiro estadunidense! Boa leitura, estilo fluido, correto e absorvente. Talvez um ritmo algo lento para o que são meus dias corridos, mas é o ritmo patagônico, sem tirar nem pôr. O João Batista foi perfeito; nas suas viagens ao lejano sur, o sul distante, ele conseguiu captar com exatidão a paisagem imensa e monótona que se entranha na mente e nos ossos do visitante, de tal forma que ele nunca mais vai deixar de se sentir um pouco patagônico. Me deu inveja.
O Cristo rosa, de Silvio Piresh: Cristo retorna após 2000 anos, em pleno Vaticano, só que a volta do Salvador é algo inaceitável para a Santa Mãe Igreja. O estilo é gostoso, me lembrou o Dalton Trevisan na forma (embora não no cinismo ranço e desagradável do curitiboca) e a leitura é rápida, embora eu tenha pulado alguns trechos de reflexões pra voltar à trama, muito bem urdida. O Sílvio tem um humor notável, e seus diálogos são ágeis, inteligentes e surpreendentes. Opiniões firmes, dá pra notar. Vale a pena ler.
E agora estou lendo o passeio do duque a cavalo e outros poemas, do meu amigo, o poeta Luiz Carlos de Moura Azevedo. Não faço segredo de minha incapacidade para ler poesia. Mas o Luiz Carlos é especial. Ele eu consigo ler. Ele já tinha dito que eu conseguiria. Deve ser porque ele é arquiteto e consegue, como eu, olhar pra fora...
Fiquem bem, curtam o final de semana porque vocês merecem.
Martha Argel
domingo, 7 de setembro de 2003
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