sábado, 1 de março de 2003


Gloriosa manhã de sábado de carnaval, sol forte lá fora e nenhum repicar de tamborins aqui dentro, só The Sundays (só?! Como se precisasse mais!) me embalando, e a sensação do vento do ventilador sobre a pele é tão boa que até me dá vontade de postar letra de música, como a maioria de vocês costuma fazer.

& it’s you I need in the summertime
as I turn my white skin red
two peas from the same pod yes we are
or have I read too much fiction?
is this how it happens?


O mundo passa por minha rua
Ontem não caminhei no final da tarde. O congestionamento da serra passava na minha porta. Insano. Duvido que alguns dos motoristas que vi cheguem vivos ao fim do carnaval. Animais ao volante.
Lá pelas oito e meia, nove da noite, havia um fusca suspeito estacionado sob as bauínias no outro lado da rua. Saí às dez para um pouco de ar fresco, e a polícia estava lá, vendo qual era a dos caras. Um casalzinho. Provavelmente trepando. O cara dizia “Tô até constrangido, seu guarda”. Fusca saiu prum lado, polícia pro outro. Por que não vão trepar na frente da casa deles?
Hoje, seis e pouco da manhã, já voltando da caminhada, passa por mim um ônibus. “Banda Rouge”, o painel da frente informava. Conhece? Um daqueles conjuntos montados pra render uma boa grana. Mas acho que nem por sombra tão bem sucedido quanto o “Bandana”, a mesma coisa só que na Argentina. Deve ter um igual em cada país, já que em qualquer lugar existem uma multidão de adolescentes sonhadoras em busca de ídolos e com a grana dos pais pra gastar.

O cão mais fofo do mundo
Não é possível, o Thor deve ter feito curso pra ser TÃO mimoso. Há dois dias está envolvido numa intensa relação e amor e ódio com o ventilador. Preciso estar de olho o tempo todo. Já peguei ele duas vezes com o fio na boca!

Pobre não gosta de ler
Você acredita nisso? Minha faxineira, a Lourdes, voltou a estudar. Aproveitei e pus um livro na mão dela, perguntando se ela leria. Fininho, fácil, um juvenil de quando eu era adolescente. Ela me olhou em dúvida. O problema era a letra pequena. Vista cansada, essa maldição de quem já sente a idade chegar mas não tem grana pra óculos. Mas levou o livro. Resultado: ela não leu, mas a vizinha quando viu arregalou os olhos, catou o livro e leu em um dia e meio. “E leria muitas vezes mais”. Depois a filha, ex-drogada. Agora parece que o filho mais velho, um rapazinho tímido que há três anos estava ameaçado de morte por traficantes, está lendo. E o moleque mais novo não cansa de repetir o título, numa voz soturna: “O escaraveeelho do diaaabo!”. Me digam: por que é que pobre não lê?

Sejam felizes e façam os outros felizes.

Martha Argel

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