sexta-feira, 13 de agosto de 2004

Ca estou, em Paramaribo (eles pronunciam ParaMAribo, com a enfase no ma). Pra variar, problemas de acentuacao. Estou escrevendo off-line, num word-pad que me deixa maluca, uma unica e longa linha. A tela do computador tem a camada de poeira mais grossa que eu ja vi, e embaca todas as letras. O inferno dos escritores deve ser mais ou menos assim. Paciencia.
A viagem foi longa, interminavel, um entra-e-sai em aeroportos e avioes. Primeira etapa: Sao Paulo - Brasilis. Parecia que apenas nos nao estavamos de camisa social e terno preto. Segunda etapa, Brasilia - Belem, e a mudanca na clientela foi radical. Agora todos tinham cara de ambientalistas xiitas. A meu lado viajou um rapaz que desenvolve sites na internet que ia para uma apresentacao em Macapa. Provavelmente um nerd, bonitinho e sempre cheio de assunto. Conversamos bastante, e a viagem foi agradavel.
Foi em Belem que comecaram as novidades. Primeiro, o calor. Que delicia, depois do longo e frio inverno que se instalou em Sampa! Em seguida, o balcao da Surinam Airways, onde fomos cercados por gente que falava frances. Passageiros rumo a Caiena, na Guiana Francesa, onde fariamos escala. Ao passar pela policia federal, uma outra novidade: meu recem-tirado passaporte e inaugurado... com um carimbo do Brasil! Nosso voo saiu *apenas* meia uma hora atrasado. Bem-vindos ao ritmo amazonico. Parece que tivemos sorte. Durante a a espera, encontramos o Ed, um surinamense que tem ajudado o pessoal da empresa por aqui. Ok, consegui me comunicar, meu ingles esta enferrujado mas nada que um ou dois dias nao deem jeito.
Outro fato inusitado: viajamos de classe executiva! Hum, minha primeira vez tinha de ser pela Surinam Airways? As poltronas eram mais largas e nos serviram um suco gostoso, que nao consegui identificar (era de "surinamese orange", que ja me disseram que tem o tamanho de um melao grande ou uma melancia pequena!), and that`s all. Serviram algo para comer (parece que na economica nao servem), e era exatamente isso: "algo", um sanduiche seco de peixe (?!), com rodelinhas ressecadas de pepino e tomate (gostoso). Mas quem liga pra isso? Eu estava numa janelinha, e la embaixo passaram o rio Amazonas (imenso), a ilha de Marajo (interminavel), de novo o rio, e entao o que suponho que foi o vastissimo nada do Amapa. Voamos junto a costa, e era uma visao interessantissima, a "terra" - suponho que na verdade tudo manguezal - a linha da costa bem delimitada, e entao uma faixa de agua barrenta antes do mar azul escuro. Incrivel: a agua salgada nao chega na praia, a agua que banha a costa e agua doce, do rio Amazonas (situado centenas de quilometros a leste). Eta rio poderoso!
E depois do voo cheio de belas imagens... pousamos em Caiena! Muito mato, calor e quase todos os passageiros desceram: a maioria negros falando frances, mas tambemm alguns brasileiros, uma familia loirissima - pai, mae, cinco filhos - que em Belem falavam algo ininteligivel mas que agora tambem usavam o frances, turistas que poderiam ser de qualquer lugar. O voo continuou viagem quase vazio, e por fim chegamos a Paramaribo quando ja escurecia.
Eu estava exausta, depois de viajar o dia inteiro.
Fomos recebidos no aeroporto de Zanderij (algo assim) por nossos motoristas - iriamos em dois carros. O nosso era um rapaz bem negro com uma camisa estampada com oncas e folhagens de cores berrantes.
Ok, primeira licao: os carros andam pelo lado esquerdo. Segunda licao: nao seja pedestre no Suriname. Nao ha calcadas. Terceira licao: nao ha nada igual ao Suriname em nenhum outro pais da America Latina, e provavelmente do mundo!
O longo caminho do aeroporto a capital, uns 30-40 km (pergunta: porque tao longe? resposta: o aeroporto foi construido durante a segunda guerra e foi adaptado depois, nao quiseram gastar grana num novo) me revelou, apesar da escuridao, uma arquitetura particular, muitas casas de madeira, a maioria de dois andares, espalhadas por uma paisagem ainda cheia de restos de matas. Lindas as casas, grandes, espacosas. A medida que chegavamos perto da capital, a paisagem ficava mais e mais urbana: dezenas de "bar and restaurant", todos com nomes chineses. Tambem dezenas de supermercados chineses, e a palavra se escreve de tres jeitos diferentes: supermarkt, supermarket e supermarkeet. Pais maluco, suponho que seja, respectivamente, holandes, ingles e takitaki (os idiomas usados aqui).
E as mesquitas!!! Quando cheguei a 10 parei de contar.
Bom, por fim chegamos a nosso hotel, o de Luifel, simpatico e com uma comida deliciosa - comi uns camaroes que voces nao acreditam!
Dormi como uma pedra.
Hoje ainda nao sabemos o que fazer. Aparentemente nao temos compromissos marcados, o que e um contratempo, e tempo perdido, mas vamos ver o que podemos fazer.

Ate a proxima, cuidem-se.

Martha Argel, por enquanto feliz com o calor...

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