terça-feira, 24 de julho de 2007

21 a 24 de julho

Em Buenos Aires, estou novamente conectada com o mundo!!!
Nos últimos dias, nao deixei de escrever o diário, o problema é que nao tinha como carregar.
Agora, vai tudo de uma vez!
Divirtam-se!

beijosssss
M

21 de julho de 2007

Estou em La Plata, na casa de minha prima Maria Delia. Menos frio, mais cidade, e muitas risadas.
Falamos tanto que não tenho tempo de atualizar o diário!

18 de julho. Três dias atrás, o último que passei em Rauch, o dia foi bem jururu, por conta da depressão pós-acidente. Se eu sentia aqui, imagino como se sentiam as pessoas aí no Brasil. Passei a manhã tentando achar notícias na internet, mas naquela lerdeza internética do interior pampeano, a tarefa era inglória. Desisti e fui "hacer unos mandados". De tarde voltei a tentar conectar-me, e dessa vez foi pior ainda – uma vez mais toda a internet estava ruim na cidade inteira. De resto, só me despedi de todo mundo, fiz as malas e comecei a pensar na próxima etapa da viagem.

19 de julho. A logística da viagem foi meio complicada. Os ônibus para La Plata tinham horários muito ruins, e acabei decidindo que o melhor era o das sete e dez da manhã, madrugada pelos padrões invernais argentinos. Como chegar à rodoviária, a meras três quadras da casa de Suzana, carregando as malas e em plena noite? Tive de tomar um táxi, imaginem só. A coisa mais engraçada: como as distâncias são tão curtas, o pessoal dirige beeeeeem devagar, que é pra viagem durar mais (e não estou falando do táxi, isso é todo mundo!).
De forma que, às sete da manhã, estava eu congelando de frio, esperando o ônibus de pé, porque os bancos eram de metal... e eu não queria gelar a bunda!
O ônibus chegou só dez minutos atrasado, a viagem foi tranqüila, ninguém fumou e cheguei a La Plata na hora exata. Desci do ônibus numa esquina qualquer, e então lembrei que não tinha o endereço de minha prima. Quando liguei pra casa dela, ela não estava. Lembrei de ligar para o celular, e ela estava me esperando numa esquina onde eu não tinha descido porque o motorista não quis. No fim, ela veio andando até onde eu estava, voltamos andando (e carregando as malas) até a casa dela, e tudo terminou bem.
A casa é super-acolhedora, assim como minha prima. Passamos o resto da tarde falando e rindo, até que chegou Daniela, a filha dela, que estuda biologia. Então continuamos falando e rindo, até que desistimos e fomos dormir.

20 de julho. Ontem continuamos rindo e falando por toda manhã. Era o Dia do Amigo aqui. No Brasil também tem isso?! Tentei ligar para o celular de minha mãe e não consegui. A mocinha que me atendeu no cibercafé, Lucrecia (o mesmo nome da que trabalhava no ciber em Rauch, será um complô?), me disse que as linhas telefônicas estavam saturadas por causa do dia do amigo. Putz! Depois minha prima me disse que durante o dia do amigo 800 milhões de mensagens de texto foram mandadas por celular na Argentina!
De tarde Daniela e eu fomos ao Museu de La Plata, onde ela estagia. O prédio é maravilhoso, antigo, com escadarias, colunas, pé direito altíssimo com grandes janelas. Visitamos a exposição e vi dinossauros, megatérios e gliptodonte.Ueba! Uma das salas mais lindas é a que está abarrotada com dezenas de esqueletos enormes de mamíferos, até pendurados do teto. Bem século dezenove. Deve estar exatamente igual ao que estava quando o museu foi inaugurado (quando estiver de volta ao Brasil, espero colocar as fotos no multiply!). Depois de percorrer a parte aberta ao público, fomos à parte reservada, onde Daniela estagia. Adoro as entranhas de museus, quem acompanha meus diários de viagem já deve ter percebido. Passamos por salas abandonadas, com múmias e esqueletos que me lembro de ter visto quando criança, subimos por escadas geladas e atravessamos galerias escuras e desertas. No final, saímos a um corredor no teto do museu. Uau. No fim do corredor, por uma porta chegamos a uma ala de laboratórios. Putz, dá pena. A pesquisa científica na Argentina é muito mais difícil que no Brasil. Os cientistas argentinos não têm equipamentos, verba e muitos nem mesmo salário têm. Tudo tão, mas tão precário, e não obstante eles seguem em frente. Meu, dá dó ver tanta determinação e perseverança, tanta qualidade de trabalho e tanto sofrimento. Daniela me mostrou a sala onde trabalha com produção primária de campos naturais – só vi sacos plásticos de lixo, uma balança velha, uma mesa de madeira e o sinal das décadas. Mas tenho certeza de que o artigo científico que vai resultar do esforço dela vai ser de primeira.
Não podia parar de pensar nos últimos museus que visitei, o Royal Ontario Museum e o American Museum of Natural History. Life is not always fair.
Depois do museu, saímos para fazer uma caminhada pela cidade. Já anoitecia. Daniela me levou a lugares lindos, praças, edifícios históricos, um centro cultural maravilhoso. Aí havia uma exposição de Salvador Dalí, mas era paga e não quisemos entrar. Mas havia outra de um pintor local, que assina Cardén, e como era grátis, entramos. Quadros lindos, pelo menos para meu gosto. O artista retrata lugares e cenas de La Plata. De repente, uma pintura me chamou a atenção. "Daniela, corre aqui! Não é o teto do museu, por onde a gente passou hoje?!" Caraca, era!!!! Que coincidência mais bizarra! (quando puder, coloco no ar a foto do quadro e vocês vão ver como é o lugar).
Retomamos o passeio, e já era noite. As ruas estavam totalmente abarrotadas de gente. É o costume no Dia do Amigo. Todo mundo sai para se reunir com seus amigos. Se encontram nas praças, fazem picnics, tocam música, enchem a cara, fumam unzinho. Lindo. A coisa vai embora, madrugada adentro. No dia seguinte, o centro está nojento de tanto lixo, sacos plásticos, embalagens de bolachas, garrafas vazias.
O último ponto que visitamos foi a Plaza Moreno, ponto de encontro principal durante o dia. A multidão já estava indo embora, deixando detrás de si um rastro de detritos. A praça, defronte à belíssima catedral, tem várias estátuas que, como Daniela me contou e demonstrou, fazem sinal de chifres, todas, com o indicador e mínimo em direção à casa do senhor. Muito interessante.
Tomamos um ônibus repleto para voltar pra casa. Num ato de genialidade, nos havíamos nos afastado da praça até um ponto distante cerca de meio quilômetro, para só então subirmos. O ônibus lotou tanto que, quando passamos pelo ponto da praça, sequer parou. Hahaha.
Bom, enquanto o dia ontem estava lindo e ensolarado, hoje já nasceu nublado e feio. Dizem que o frio volta. Até hoje todos falam da neve e de como está forte esse inverno. Azar o meu. Fiquei só com a parte ruim. Mas sobreviverei!

Beijos e queijos a todos!
Martha Argel


22 de julho de 2007

Ontem fiquei emputecida por não conseguir postar o loooongo texto que tinha escrito. No ciber, não podia colocar CD em nenhuma máquina. Droga.
Foi um dia muito jururu. Nublado, úmido, e a temperatura voltou a cair. Não dava vontade de botar o nariz fora de casa. O único lugar a que fomos foi uma distribuidora de "golosinas", a três quadras da casa de minha prima. Imaginem só, chocolate por atacado. Uaaaaaah! Vocês não têm idéia do despropósito que foi. Vou voltar pro Brasil rolando.
Fora isso, fiquei trabalhando no livro das aves do Brasil. E, claro, rindo e falando.
Desta vez, nossas vítimas foram nossos ancestrais bascos e italianos. Os alvos favoritos foram os bisavôs ou trisavôs Quirico e Giosne, e as bisavós, tataravós, tias-trisavós, todas elas Marias ou Maries. Entre elas, Marie Etchalecou levou a taça. Que raio de sobrenome!
Pois é, o que o inverno não faz a gente fazer. Ficar trancado em casa, diante do calefactor sacaneando gente que morreu há mais de um século.
Amanhã deixo La Plata. Espero conseguir atualizar o blog quando estiver em Buenos Aires.

Beijos e queijos
Martha Argel


23 de julho de 2007

Putz, o frio polar voltou com tudo (e polar aqui é literal; a frente fria está mesmo chegando da Antártica!). Esta noite, meu nariz ficou gelado. Em nenhuma noite isso tinha acontecido.
Vi ontem na televisão que nos próximos dias são esperadas temperaturas abaixo de zero. Ai. O repórter perguntou à climatóloga, esperançoso, o que todo mundo quer saber: já que vamos sofrer, pelo menos vamos ter neve? E ela, toda séria, explicando que o aquecimento global, que a irresponsabilidade das pessoas, que a seriedade da ciência, que no fim das contas não ia dizer nada. Muito, muito compenetrada. Aí o repórter: "mas ao menos podemos sonhar, não?" E ela abre num sorriso infantil: "ah, sim, vamos torcer, quem sabe volta a nevar".
O dia ontem foi tão miserável quanto anteontem. Talvez mais, pois não só continuou chovendo como a temperatura continuou caindo, e ficou por volta dos seis graus. Com as deficiências de aquecimento das casas aqui, jesus amado!
Algo inesperado: um leitor meu me telefonou, um amigo de minha prima que, pra variar, é biólogo e adora vampiros. Puxa vida! Tenho mesmo leitores aqui na Argentina!
Na hora em que falávamos ao telefone, mais uma surpresa: um alarme de carro dispara na frente de casa, e eram minha mãe com meu primo Ernesto que vinham nos visitar. Eita!
Como nos divertimos. Meu primo é um genealogista (existe essa palavra?) amador e há anos vem estudando nossos antepassados. E dá-lhe contar histórias ancestrais.
Moral da história: ele já traçou a origem de todos os bisavôs dele, exceto... quem? Claro, nosso bisavô Pedro Argel. Mas ele me contou que a família vivia mesmo no país basco francês, embora provavelmente tenha vindo de algum outro lugar. E há variações do sobrenome, como Archel e Argeles. Bacana, né?
Eles se foram cedo, porque o dia estava mesmo miserável, e ainda por cima meu primo (tão fanático por esporte quanto a irmã María Délia) queria assistir a um jogo de futebol. Sem nada pra fazer, nós três inventamos uma sessão de fotos, e passamos um bom tempo gargalhando das palhaçadas que inventamos.
Fazia tanto frio que logo, a cama era a única opção...

Beijos e queijos novamente gelados a todos
Martha Argel.

24 de julho de 2007

Mais uma etapa da viagem ontem: a viagem La Plata – Buenos Aires foi tranqüila e rápida. O frio intenso do começo da manhã arrefeceu rapidamente, e o resto do dia foi muito mais suportável que os que passei em Rauch.
Como Buenos Aires é linda. Sair do subúrbio onde vive minha prima, e de repente ver-se numa calçada movimentada, em plena avenida 9 de Julho, foi como um ato de mágica. Aquele monte de pessoas apressadas e elegantes, os edifícios altos, antigos e de ar muito europeu... O conjunto é muito Buenos Aires. Não tem como confundir BsAs com nenhuma outra metrópole.
Puxa vida, nos últimos meses estive em Toronto, Nova York, Rio de Janeiro, São Paulo (claro!) e agora Buenos Aires. O que falta? Cidade do México, talvez. Ah, quem me dera!
Daniela veio comigo desde La Plata, o que foi uma mão na roda considerando-se o tamanho de minhas malas.
Nem bem me instalei no quarto, minha mãe chegou de Monte Grande, e saímos para comer. Espantosamente, nenhuma de nós pediu carne argentina! Eu estava com saudades de meu franguinho light com salada, minha mãe pediu tortilla e minha prima adora nhoques.
Depois do almoço, acompanhei Daniela, que precisava visitar sua sogra, e passamos horas divertidas com Evis e Jorge, ela psiquiatra, ele escritor-músico-revisor de textos. Muito boa gente, os dois!
Daniela se foi no fim da tarde, e eu bati perna pela cidade até que anoiteceu. Ficar no hotel mofando? Nem pensar, isto é Buenos Aires! Assim, convenci minha mãe e fizemos um lindo passeio noturno pela Avenida de Mayo, conhecendo os edifícios históricos, a maioria dos primeiros anos do século vinte. Acabamos no restaurante do Palácio Barolo, uma das jóias da arquitetura portenha, e pedimos uma tábua de frios e queijos, que consumimos enquanto nos embebedávamos, ela com chopp escuro, eu com vinho tinto.
Depois disso, ainda passeei mais um tempo pelas ruas ainda cheias de gente, enquanto dona Martha voltou pro hotel.
Hoje tem mais. Oba!

Besos, fríos y quesos a todos!
Martha Argel

PS. Acho que achei um passatempo novo. Cada linha de ônibus urbano, aqui, tem um padrão de cor diferente e pertence a uma companhia diferente. Tenho um guia da cidade de tem o itinerário e o desenhinho de todos os ônibus. Ontem um procurava no guia cada um que passava. Vou começar a anotar. Não tem os train-spotters? Então, agora sou uma bus-spotter!

Nenhum comentário: