Mais alguma pinceladas novaiorquinas:
Olhando pela janela de meu apartamento, vi algo estranho no predio em frente. Enormes corujas pousadas nas varandas?! Quando olhei com o binoculo, vi que eram corujas de mentira, em pelo menos tres apartamentos diferentes. O pessoal coloca para espantar as pombas. Nao da' certo. Mais eficientes sao os cataventos coloridos, de papel metalizado, enfoleirados ao longo das grades das varandas.
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As pessoas nao conseguem nunca adivinhar minha nacionalidade. Outro dia um cara me perguntou "quais sao as especies de falcoes que vcs tem em Barcelona?" pedi desculpas e informei que nao era espanhola. O cara: "ah, claro, claro, vc 'e israelense!". Outra coisa engracada foi entrar numa livraria, pedir um livro e entao ouvir da vendedora uma longuissima explicacao... em frances! A cara dela quando eu disse "perdao, mas eu nao entendo frances"! E quando eu ia subir no alto do Empire State, o funcionario do raio X comecou: "italiana?" nao. "francesa!" nao. "espanhola, entao." depois do terceiro nao ele desistiu.
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Os esquilos nao sao os unicos mamiferos silvestres dos parques urbanos de NY. Dias atras eu estava saindo do Zoo ja' vazio e de uma so' vez vi tres especies juntas: um esquilo, um coelho e um chipmunk, um esquilinho pequeno de rabo pontudo e costas estriadas, lindo de morrer. E no Central Park eu vi um racoon no alto de uma arvore, de manha bem cedinho, tentando se acomodar numa forquilha provavelmente para passar o dia dormindo.
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No sabado tive uma tremenda aventura no sistema de metro novaiorquino. Parece que nos finais de semana os metros ficam todos malucos, algumas linhas desaparecem, outras mudam de itinerario ou param em estacoes diferentes. Eu estava em Downtown, querendo subir para o Metropolitan Museum. Primeiro descobri que as estacoes onde eu planejava pegar o trem estavam fechadas, e tive que andar um monte pra achar uma aberta. Entao descobri que, das quatro linhas que eu podia usar, tres nao estavam funcionando. Peguei a unica opcao (que, com uma baldeacao me deixaria perto do Museu de Historia Natural e me forcaria a cruzar o parque inteiro, mas fazer o que...). Pelo alto falante, a condutora falou um MONTE de coisa que nao entendi a principio. Aos poucos entendi que aquele trem, normalmente um expresso, estava fazendo a linha local, e eu nao precisaria fazer a baldeacao. Beleza! Fui acompanhando pelo mapa casa estacao. Estavamos parando em todas. Na estacao anterior 'a minha, a condutora repetiu que ia parar em TODAS as estacoes ate' o final. Entao entrou no ar a voz de um homem informando que aquele trem NAO ia parar nas estacoes porque era expresso, e a condutora irritada confirmou que o trem IA parar. Ela foi tao incisiva que acreditei nela. Me ferrei. O trem nao parou. Passou direto por umas dez estacoes e so' parou na estacao onde originalmente deveria parar. Puta da vida, sai' junto com dezenas de outras pessoas, bem a tempo de ver uma das passageiras, uma negra enorme, ir decidida ate a janela da condutora e passar-lhe uma tremenda descompostura! Entramos todos no proximo trem e ai' foi uma piada so', todo mundo se perguntando o que aconteceria com aquele trem. Ate' a passageira irritada agora gargalhava. Bati um papao com ela e com duas outras senhoras, que no fim ate' me ajudaram a descer na estacao mais proxima de onde eu queria. Foi divertidissimo!
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Uma coisa que me impressiona aqui, como me impressionou no Canada', e' a educacao das pessoas. Nao so' pedindo desculpas na rua, mas quando vc esta' conversando com elas. Prestam uma atencao intensa ao que voce diz, concordam entusiasmadas, agradecem efusivamente quando vc diz alguma coisa gentil, elogiam qualquer detalhe de sua aparencia. Chega a parecer ingenuidade da parte delas, mas talvez sejamos nos que tenhamos perdido o rumo da gentileza, da educacao e do respeito pelos outros.
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Ontem fui comer com o John numa cantina italiana chamada Roberto`s. Segundo ele, e' um dos melhores restaurantes de NY, e so' nao esta' nos guias porque 'e no Bronx, e nao em Manhattan. Parecia uma daqueles restaurantes onde os mafiosos se encontram. A comida era, claro, deliciosa, e os garcons falavam italiano. Um deles ficou surpreso quando eu respondi na mesma lingua.
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AAAAH! E eu fiz uma coisa que todos dizem que a gente JAMAIS pode fazer: andei pelo Central Park durante a noite. Estava morrendo de medo. Mas logo encontrei criancas brincando, e casais sentados em bancos. Cheguei em casa sa e salva.
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Falando nisso, um pedaco de uma musica de Simon e Garfunkel nao sai de minha cabeca: "New York, looking down the Central Park, where they say you should not wander after dark".
O proximo post ja' vai ser de Toronto.
Juizo, criancas, e ate' la'!
Martha Argel
terça-feira, 9 de maio de 2006
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