sábado, 20 de maio de 2006

Bom dia! Hoje e' meu penultimo dia em Toronto. Amanha volto a NY. Desde o ultimo post nao fiz nada de muito relevante, mas continuo a colecionar meus "instantaneos de viagem".

Fui bater perna da Queen W., a rua badalada daqui, com o objetivo de ir 'a Bakka Phoenix, a melhor livraria de FC&F que ja' visitei. No caminho, reparei que havia um monte de lojas fechadas, e fuquei com a impressao de que elas fecharam depois de minha viagem anterior. Pelo menos em um caso sei que foi isso: um sebo maravilhoso ao qual fui varias vezes agora era apenas uma vitrine imunda e vazia. Sera' que a crise esta chegando aqui?
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Comprei um unico livro na Bakka. Havia varios livros de vampiros quee decidi deixar onde estavam. Ao longo da viagem notei que meu interesse em vamp-aquisicoes diminuiu. Talvez porque minha prioridade agora esteja em produzir textos. Creio que ja' tenho informacoes suficientes sobre a literatura vampirica para trilhar meu proprio caminho com seguranca, e sabendo exatamente o que estou fazendo (coisa que nao se pode dizer da grande maioria dos autores tupiniquins de lit. fantastica).
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Descobri na livraria algo peculiar: um autor portugues de fantasia que tem o mesmo nome de meu ex-marido! E' um sujeito prolixo, com livros absurdamente extensos, daqueles que me dao tedio so' de olhar. Nao apenas pelo nome, mas pelo jeitao nerdissimo dos livros, podem ter certeza de que jamais lerei o dito-cujo. Como se chama? Hahaha. Nao vou falar.
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E durante minha caminhada pela Queen, acabei comprando umas luvas de renda que vao fazer bonito nas noitadas vampiricas em Sampa! Ai, ai, as lojas de roupas goticas que tem por aqui...
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Toronto tem bem menos cachorros e bem mais criancas do que NY. Pontos extras para a Big Apple. E os cachorros daqui nao sao tao simpaticos como os de la'.
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Minha prima acabou fazendo amizade com uma russa, mae de um moleque um pouco mais velho que o Andrew. Tive chance de bater uns papos com ela. Ela e o marido (que deve ser um machista prepotente do caralho) tentaram imigrar para o Canada' por cinco anos. A burocracia foi infernal. Ele tinha de ter uma segunda profissao, fazer um exame ferrado de ingles (em Londres!) e provar que poderia se manter aqui por seis meses. Ela teve de demonstrar proficiencia em ingles (bem menos requisitos, afinal ela e' so' uma esposa e mae...). Estao morando em um apart-hotel, pagando mais de dois mil dolares por mes. Ela nao tem nenhum amigo, e deixou a mae sozinha em sua cidade natal. Eles resolveram se mudar por conta da violencia, da criminalidade e da corrupcao na Russia, e porque queriam criar o filho num pais decente. O menino e' extremamente reprimido. Ela diz que nao, mas tenho certeza de que quando fala baixinho com o moleque esta' passando a maior dura nele.
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Ontem fomos ao High Park. Muito bonito. Nao foi la' um programao porque foi basicamente aquela coisa "maes e filhos", tudo a ver comigo. :-P
Dei umas escapadas, claro, mas estou ja' em ritmo de volta. Queria ja' estar em NY, finalizando os trabalhos. Melhor ainda, queira estar de volta ao Brasil, trabalhando duro, juntando grana pra poder comprar o apartamento com que tanto sonho e que esta' cada vez mais proximo.
O ponto alto do passeio de ontem, em minha logica distorcida, aconteceu no melancolico mini-zoo que existe dentro do parque. O russinho, estabanado que so' ele, atirou de qualquer jeito uma bolinha laranja-fosforecente e ela descreveu um arco elegante e preciso... por cima da cerca do recinto das lhamas! A bola rolou e estacionou bem fora do alcance. Uma lhama descabelada aproximou-se devagar, cheirou-a delicadamente por uns tres segundos e se afastou com um ar de absoluto desprezo. Enquanto isso, dois garotos absolutamente passados se agarravam 'as grades, perplexos e desconsolados. Podem me chamar de cruel, mas achei de um humor negro total.
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Visitei o mercado de St. Lawrence um dia desses. Fiquei batendo papo com uma neo-zelandesa que tem um estande de produtos de seu pais. Entre eles, peles de opossum, macias e lindas, cada uma com enormes etiquetas dizendo: "ajude a preservar a natureza, compre peles de opossum". O fato e' que o mimoso marsupial e' uma praga descontrolada. Nativo da Australia, foi introduzido na NZ, onde nao tem inimigos naturais, e virou um tremendo destruidor (acho que preda aves e ovos, mas nao tenho certeza). Pode ser uma praga, mas a pele e' tao lindinha, da' do' do bichinho.
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Eu nao entendia quase nada do que a neo-zelandesa falava. Ela me contou uma longuissima historia, e pelo que pude entender, bem improvavel: parece que o marido dela, muitos anos atras, foi pra amazonia brasileira e la' ficou sem dinheiro, e acabou viajando com uns caminhoneiros bem toscos. Nao deu noticias por tres meses, e acabou chegando a SP, magro como um palito. Ela voou da NZ ate' la' para busca'-lo. Imagino o que e' que o cara ficou fazendo de verdade nesses tres meses...
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Tenho trabalhado um bocado estes dias, ao computador. A Internet e' uma praga ou uma bendicao? Sinto falta de meus livros, de minhas mesas de trabalho, de meus computadores, de meu canto e de minha desorganizada organizacao.
Mas a viagem esta' no fim.

beijos e queijos
Martha Argel

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