Boa tarde!
Ca' estou de volta a NY. Cheguei ontem no comeco da tarde, com frio e chuva.
A chegada ao aeroporto de La Guardia, em NY foi muito facil, talvez porque a partida de Toronto foi um pesadelo paranoico. TODA a parafernalia de seguranca esta' la', na partida, de forma que vc ja' entra nos EUA dentro do aeroporto de Toronto! Devo ter demorado mais de uma hora nos procedimentos de check-in, aduana, imigracao, revista. Bom, pelo menos serviu para passar o tempo (e por sorte consegui entrar na fila antes de um grupo que, aparentemente, reunia todas as senhoras de meia idade de alguma grande cidade japonesa). Esperei bem pouco na sala de espera. E o desembarque foi muuuito rapido. Desci do aviao praticamente na rua, e como o aviao era pequeno, as bagagens nao demoraram nada pra chegar. Ate' o trafego domingueiro ajudou. Pouco mais de uma hora depois da aeronave tocar terra eu ja' estava no apartamento!
* * *
De volta ao ape, eu ja' tinha decidido que ia passar o resto da tarde trabalhando e lendo, porque o dia parecia absolutamente miseravel. Entao o sol abriu, lindo (mas nao menos frio), e resolvi bater perna. Estudei a rota dos metros no mapa, e descobri que o numero 4 me levaria bem onde eu queria, Fulton Street, do lado de um sebo fantastico. Tomei o 2, baldeei pro 4 e algumas estacoes depois... descobri que ele estava indo numa direcao totalmente diferente!!! Desembarquei assim que noteo, mas ja' era tarde, eu estava muuuuito longe do sebo. Paciencia, afinal, deve ter coisas muito piores no mundo do que cair de paraquedas em Little Italy. Resultado: acabei conhecendo nao apenas esse bairro mas tbm o SoHo e Greenwich Village! Muito legal!
* * *
No SoHo descobri uma loja chamada Evolution. Uma loucura!!! So' coisas relacionadas a natureza. Nao, nao e' o que vcs estao pensando, nao e' uma petshop ou uma loja de camping. Conchas, cranios e ossos, animais taxidermizados, insetos fixados, pedras bizarras, garras e dentes, espinhos de ourico, e ate' aquelas cabecas de alce que a gente ve penduradas nas paredes, em filmes. Um verdadeiro gabinete de naturalistas do sec. XIX. Pra ter uma ideia, visitem http://www.theevolutionstore.com/
* * *
Passeando por Greenwich Village, resolvi entrar numa lojinha de guloseimas e comprar algo pros meus sobrinhos. O cara que atendia era bengali (de bangladesh)e era uma figura. Sabem o Apu, dos Simpsons? Justo. "leva isto, faco preco bom", "ah, isto aqui, muito bom, se levar muitos faco bom preco". Queria me empurrar todo o estoque da loja. Quando ja' tinha registrado tudo, ainda pega uma barra de chocolate Wonka (sim, elas existem!!!) "leva esta, muito boa, faco preco, de 2.99 por 2.00" e ja' foi enfiando na sacola. Bom, eu deixei, porque nem sabia que existia esse chocolate, e a molecada em casa vai curtir. No fim, ainda me deu dois pirulitos Chupa-Chups de presente.
* * *
Os New Yorkers parecem SEMPRE ter algo nas maos, em geral um copo de cafe ou um celular. Ou ambos. Mas pode ser um IPod, um livro, um jornal, uma sacolinha. Ou todas as anteriores.
* * *
Hoje de manha vi uma cena MUITO bizarra na rua em frente ao predio onde estou "morando". De repente, todos os carros junto ao meio fio da calcada oposta comecaram a debandar. Uns foram para o meio da rua, outros subiram desesperados na calcada. Que porra era aquela??? De repente vi, vindo a toda velocidade, uma maquina do tamanho de um carro, com umas escovonas gigantes girando embaixo. O cara foi passando com tudo, varrendo a rua, e tenho certeza de que se algum carro ficasse na frente dele, ele varia junto. A medida que ele passava, todos os carros voltavam a seus lugares e acabavam estacionados como se nada tivesse acontecido. Que coisa maluca!!! E' por isso que todo mundo e' meio neurotico com o dia da varricao. Capaz que tenho pesadelos com aquela coisa esta noite!
hugs and kisses
Martha Argel
segunda-feira, 22 de maio de 2006
domingo, 21 de maio de 2006
Ok, daqui a pouco vai ser good-bye Canada. Embarco meio-dia e meia rumo a NY, NY, para a derradeira etapa desta viagem.
Ontem tivemos uma festa aqui na casa da Clau. Um churrascao com direito a picanha e espetinho. Onde a gente encontra picanha, um corte brasileirissimo, aqui em Toronto? Num talho portugues, ora pois! Traduzindo: talho, em portugues portugues, e' acougue. Tem uma regiao aqui, ao redor da Dufferin, onde as colonias portuguesa e brasileira dominam o pedaco. Diz a Clau que dificilmente se ouve ingles pelas ruas. Ano passado fui a um supermercado na regiao e de fato, so' ouvia portugues pelos corredores.
Em nosso churrascao de ontem, no roof (terraco, com uma vista lindissima dos imensos predios de downtown), so' havia um canadense: o pequeno Andrew. O resto eram 8 brasileiros, 3 russos e 2 ingleses. Isso e' Canada'!
O russo, Igor (claro!), e' um barato. Deve ser bem machista, como eu suspeitava, mas e' muuuuito divertido. Um senso de humor muito brasileiro. "Russian team is shit. Brazilian very good": esse seu veredito sobre futebol.
* * *
O que no Brasil a gente chama de shopping center, nos EUA se chama Mall, e aqui ainda nao cheguei a uma conclusao. Ja' vi Shopping Centre, mas nao sei se tbm e' chamado de Mall.
* * *
Ontem sai pra me despedir da cidade. De manha esta nublado e com um vento gelado, umido, que penetrava nos ossos. Quando desisti e voltei pra casa, o sol saiu. Tivemos sol durante o churrasco. Excelente!
* * *
Durante meu passeio, voltei ao St Lawrence Market. Sabado e' dia de festa la'. Turistas do mundo todo apinhando os corredores. Tem uma feira-livre num grande galpao cruzando a rua e duzias de barraquinhas de artesanato em cada canto. Cada coisa linda! E os musicos de rua, entao? Ontem vi uma menina estida de escocesa e tocando uma animada gaita de foles, um violinista muito bom, duas mocinhas fazendo um duo de sopro (uma deles tocava oboe!) e um violonista num canto meio esquecido. Todos muito bons. Qualidade e esmero. O que falta no Brasil, em todos os niveis, aqui tem de sobra. Comi um sanduiche de salada de caranguejo que tinha cebola demais, tentei sentar num banco e ler, mas o vento estava muito frio, e acabei indo visitar a St. James Cathedral. Quentinha e acolhedora, sentei em um dos bancos confortaveis e dai' a pouco acordei assustada. Tinha caido no sono!
* * *
Nao sei se ja' comentei, mas nao existem cachorros de rua por aqui!
* * *
E falando nisso, estou lendo um livro de lobisomens em que a protagonista (lobismulher?!) mora em Toronto, ao sul da Front Street mas sem vista para o lago. Deve ser vizinha aqui da minha prima! E' muito maluco estar onde as coisas acontecem de verdade.
beijos e queijos, proximo post ja' de NY
Martha Argel
Ontem tivemos uma festa aqui na casa da Clau. Um churrascao com direito a picanha e espetinho. Onde a gente encontra picanha, um corte brasileirissimo, aqui em Toronto? Num talho portugues, ora pois! Traduzindo: talho, em portugues portugues, e' acougue. Tem uma regiao aqui, ao redor da Dufferin, onde as colonias portuguesa e brasileira dominam o pedaco. Diz a Clau que dificilmente se ouve ingles pelas ruas. Ano passado fui a um supermercado na regiao e de fato, so' ouvia portugues pelos corredores.
Em nosso churrascao de ontem, no roof (terraco, com uma vista lindissima dos imensos predios de downtown), so' havia um canadense: o pequeno Andrew. O resto eram 8 brasileiros, 3 russos e 2 ingleses. Isso e' Canada'!
O russo, Igor (claro!), e' um barato. Deve ser bem machista, como eu suspeitava, mas e' muuuuito divertido. Um senso de humor muito brasileiro. "Russian team is shit. Brazilian very good": esse seu veredito sobre futebol.
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O que no Brasil a gente chama de shopping center, nos EUA se chama Mall, e aqui ainda nao cheguei a uma conclusao. Ja' vi Shopping Centre, mas nao sei se tbm e' chamado de Mall.
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Ontem sai pra me despedir da cidade. De manha esta nublado e com um vento gelado, umido, que penetrava nos ossos. Quando desisti e voltei pra casa, o sol saiu. Tivemos sol durante o churrasco. Excelente!
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Durante meu passeio, voltei ao St Lawrence Market. Sabado e' dia de festa la'. Turistas do mundo todo apinhando os corredores. Tem uma feira-livre num grande galpao cruzando a rua e duzias de barraquinhas de artesanato em cada canto. Cada coisa linda! E os musicos de rua, entao? Ontem vi uma menina estida de escocesa e tocando uma animada gaita de foles, um violinista muito bom, duas mocinhas fazendo um duo de sopro (uma deles tocava oboe!) e um violonista num canto meio esquecido. Todos muito bons. Qualidade e esmero. O que falta no Brasil, em todos os niveis, aqui tem de sobra. Comi um sanduiche de salada de caranguejo que tinha cebola demais, tentei sentar num banco e ler, mas o vento estava muito frio, e acabei indo visitar a St. James Cathedral. Quentinha e acolhedora, sentei em um dos bancos confortaveis e dai' a pouco acordei assustada. Tinha caido no sono!
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Nao sei se ja' comentei, mas nao existem cachorros de rua por aqui!
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E falando nisso, estou lendo um livro de lobisomens em que a protagonista (lobismulher?!) mora em Toronto, ao sul da Front Street mas sem vista para o lago. Deve ser vizinha aqui da minha prima! E' muito maluco estar onde as coisas acontecem de verdade.
beijos e queijos, proximo post ja' de NY
Martha Argel
sábado, 20 de maio de 2006
Bom dia! Hoje e' meu penultimo dia em Toronto. Amanha volto a NY. Desde o ultimo post nao fiz nada de muito relevante, mas continuo a colecionar meus "instantaneos de viagem".
Fui bater perna da Queen W., a rua badalada daqui, com o objetivo de ir 'a Bakka Phoenix, a melhor livraria de FC&F que ja' visitei. No caminho, reparei que havia um monte de lojas fechadas, e fuquei com a impressao de que elas fecharam depois de minha viagem anterior. Pelo menos em um caso sei que foi isso: um sebo maravilhoso ao qual fui varias vezes agora era apenas uma vitrine imunda e vazia. Sera' que a crise esta chegando aqui?
* * *
Comprei um unico livro na Bakka. Havia varios livros de vampiros quee decidi deixar onde estavam. Ao longo da viagem notei que meu interesse em vamp-aquisicoes diminuiu. Talvez porque minha prioridade agora esteja em produzir textos. Creio que ja' tenho informacoes suficientes sobre a literatura vampirica para trilhar meu proprio caminho com seguranca, e sabendo exatamente o que estou fazendo (coisa que nao se pode dizer da grande maioria dos autores tupiniquins de lit. fantastica).
* * *
Descobri na livraria algo peculiar: um autor portugues de fantasia que tem o mesmo nome de meu ex-marido! E' um sujeito prolixo, com livros absurdamente extensos, daqueles que me dao tedio so' de olhar. Nao apenas pelo nome, mas pelo jeitao nerdissimo dos livros, podem ter certeza de que jamais lerei o dito-cujo. Como se chama? Hahaha. Nao vou falar.
* * *
E durante minha caminhada pela Queen, acabei comprando umas luvas de renda que vao fazer bonito nas noitadas vampiricas em Sampa! Ai, ai, as lojas de roupas goticas que tem por aqui...
* * *
Toronto tem bem menos cachorros e bem mais criancas do que NY. Pontos extras para a Big Apple. E os cachorros daqui nao sao tao simpaticos como os de la'.
* * *
Minha prima acabou fazendo amizade com uma russa, mae de um moleque um pouco mais velho que o Andrew. Tive chance de bater uns papos com ela. Ela e o marido (que deve ser um machista prepotente do caralho) tentaram imigrar para o Canada' por cinco anos. A burocracia foi infernal. Ele tinha de ter uma segunda profissao, fazer um exame ferrado de ingles (em Londres!) e provar que poderia se manter aqui por seis meses. Ela teve de demonstrar proficiencia em ingles (bem menos requisitos, afinal ela e' so' uma esposa e mae...). Estao morando em um apart-hotel, pagando mais de dois mil dolares por mes. Ela nao tem nenhum amigo, e deixou a mae sozinha em sua cidade natal. Eles resolveram se mudar por conta da violencia, da criminalidade e da corrupcao na Russia, e porque queriam criar o filho num pais decente. O menino e' extremamente reprimido. Ela diz que nao, mas tenho certeza de que quando fala baixinho com o moleque esta' passando a maior dura nele.
* * *
Ontem fomos ao High Park. Muito bonito. Nao foi la' um programao porque foi basicamente aquela coisa "maes e filhos", tudo a ver comigo. :-P
Dei umas escapadas, claro, mas estou ja' em ritmo de volta. Queria ja' estar em NY, finalizando os trabalhos. Melhor ainda, queira estar de volta ao Brasil, trabalhando duro, juntando grana pra poder comprar o apartamento com que tanto sonho e que esta' cada vez mais proximo.
O ponto alto do passeio de ontem, em minha logica distorcida, aconteceu no melancolico mini-zoo que existe dentro do parque. O russinho, estabanado que so' ele, atirou de qualquer jeito uma bolinha laranja-fosforecente e ela descreveu um arco elegante e preciso... por cima da cerca do recinto das lhamas! A bola rolou e estacionou bem fora do alcance. Uma lhama descabelada aproximou-se devagar, cheirou-a delicadamente por uns tres segundos e se afastou com um ar de absoluto desprezo. Enquanto isso, dois garotos absolutamente passados se agarravam 'as grades, perplexos e desconsolados. Podem me chamar de cruel, mas achei de um humor negro total.
* * *
Visitei o mercado de St. Lawrence um dia desses. Fiquei batendo papo com uma neo-zelandesa que tem um estande de produtos de seu pais. Entre eles, peles de opossum, macias e lindas, cada uma com enormes etiquetas dizendo: "ajude a preservar a natureza, compre peles de opossum". O fato e' que o mimoso marsupial e' uma praga descontrolada. Nativo da Australia, foi introduzido na NZ, onde nao tem inimigos naturais, e virou um tremendo destruidor (acho que preda aves e ovos, mas nao tenho certeza). Pode ser uma praga, mas a pele e' tao lindinha, da' do' do bichinho.
* * *
Eu nao entendia quase nada do que a neo-zelandesa falava. Ela me contou uma longuissima historia, e pelo que pude entender, bem improvavel: parece que o marido dela, muitos anos atras, foi pra amazonia brasileira e la' ficou sem dinheiro, e acabou viajando com uns caminhoneiros bem toscos. Nao deu noticias por tres meses, e acabou chegando a SP, magro como um palito. Ela voou da NZ ate' la' para busca'-lo. Imagino o que e' que o cara ficou fazendo de verdade nesses tres meses...
* * *
Tenho trabalhado um bocado estes dias, ao computador. A Internet e' uma praga ou uma bendicao? Sinto falta de meus livros, de minhas mesas de trabalho, de meus computadores, de meu canto e de minha desorganizada organizacao.
Mas a viagem esta' no fim.
beijos e queijos
Martha Argel
Fui bater perna da Queen W., a rua badalada daqui, com o objetivo de ir 'a Bakka Phoenix, a melhor livraria de FC&F que ja' visitei. No caminho, reparei que havia um monte de lojas fechadas, e fuquei com a impressao de que elas fecharam depois de minha viagem anterior. Pelo menos em um caso sei que foi isso: um sebo maravilhoso ao qual fui varias vezes agora era apenas uma vitrine imunda e vazia. Sera' que a crise esta chegando aqui?
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Comprei um unico livro na Bakka. Havia varios livros de vampiros quee decidi deixar onde estavam. Ao longo da viagem notei que meu interesse em vamp-aquisicoes diminuiu. Talvez porque minha prioridade agora esteja em produzir textos. Creio que ja' tenho informacoes suficientes sobre a literatura vampirica para trilhar meu proprio caminho com seguranca, e sabendo exatamente o que estou fazendo (coisa que nao se pode dizer da grande maioria dos autores tupiniquins de lit. fantastica).
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Descobri na livraria algo peculiar: um autor portugues de fantasia que tem o mesmo nome de meu ex-marido! E' um sujeito prolixo, com livros absurdamente extensos, daqueles que me dao tedio so' de olhar. Nao apenas pelo nome, mas pelo jeitao nerdissimo dos livros, podem ter certeza de que jamais lerei o dito-cujo. Como se chama? Hahaha. Nao vou falar.
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E durante minha caminhada pela Queen, acabei comprando umas luvas de renda que vao fazer bonito nas noitadas vampiricas em Sampa! Ai, ai, as lojas de roupas goticas que tem por aqui...
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Toronto tem bem menos cachorros e bem mais criancas do que NY. Pontos extras para a Big Apple. E os cachorros daqui nao sao tao simpaticos como os de la'.
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Minha prima acabou fazendo amizade com uma russa, mae de um moleque um pouco mais velho que o Andrew. Tive chance de bater uns papos com ela. Ela e o marido (que deve ser um machista prepotente do caralho) tentaram imigrar para o Canada' por cinco anos. A burocracia foi infernal. Ele tinha de ter uma segunda profissao, fazer um exame ferrado de ingles (em Londres!) e provar que poderia se manter aqui por seis meses. Ela teve de demonstrar proficiencia em ingles (bem menos requisitos, afinal ela e' so' uma esposa e mae...). Estao morando em um apart-hotel, pagando mais de dois mil dolares por mes. Ela nao tem nenhum amigo, e deixou a mae sozinha em sua cidade natal. Eles resolveram se mudar por conta da violencia, da criminalidade e da corrupcao na Russia, e porque queriam criar o filho num pais decente. O menino e' extremamente reprimido. Ela diz que nao, mas tenho certeza de que quando fala baixinho com o moleque esta' passando a maior dura nele.
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Ontem fomos ao High Park. Muito bonito. Nao foi la' um programao porque foi basicamente aquela coisa "maes e filhos", tudo a ver comigo. :-P
Dei umas escapadas, claro, mas estou ja' em ritmo de volta. Queria ja' estar em NY, finalizando os trabalhos. Melhor ainda, queira estar de volta ao Brasil, trabalhando duro, juntando grana pra poder comprar o apartamento com que tanto sonho e que esta' cada vez mais proximo.
O ponto alto do passeio de ontem, em minha logica distorcida, aconteceu no melancolico mini-zoo que existe dentro do parque. O russinho, estabanado que so' ele, atirou de qualquer jeito uma bolinha laranja-fosforecente e ela descreveu um arco elegante e preciso... por cima da cerca do recinto das lhamas! A bola rolou e estacionou bem fora do alcance. Uma lhama descabelada aproximou-se devagar, cheirou-a delicadamente por uns tres segundos e se afastou com um ar de absoluto desprezo. Enquanto isso, dois garotos absolutamente passados se agarravam 'as grades, perplexos e desconsolados. Podem me chamar de cruel, mas achei de um humor negro total.
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Visitei o mercado de St. Lawrence um dia desses. Fiquei batendo papo com uma neo-zelandesa que tem um estande de produtos de seu pais. Entre eles, peles de opossum, macias e lindas, cada uma com enormes etiquetas dizendo: "ajude a preservar a natureza, compre peles de opossum". O fato e' que o mimoso marsupial e' uma praga descontrolada. Nativo da Australia, foi introduzido na NZ, onde nao tem inimigos naturais, e virou um tremendo destruidor (acho que preda aves e ovos, mas nao tenho certeza). Pode ser uma praga, mas a pele e' tao lindinha, da' do' do bichinho.
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Eu nao entendia quase nada do que a neo-zelandesa falava. Ela me contou uma longuissima historia, e pelo que pude entender, bem improvavel: parece que o marido dela, muitos anos atras, foi pra amazonia brasileira e la' ficou sem dinheiro, e acabou viajando com uns caminhoneiros bem toscos. Nao deu noticias por tres meses, e acabou chegando a SP, magro como um palito. Ela voou da NZ ate' la' para busca'-lo. Imagino o que e' que o cara ficou fazendo de verdade nesses tres meses...
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Tenho trabalhado um bocado estes dias, ao computador. A Internet e' uma praga ou uma bendicao? Sinto falta de meus livros, de minhas mesas de trabalho, de meus computadores, de meu canto e de minha desorganizada organizacao.
Mas a viagem esta' no fim.
beijos e queijos
Martha Argel
quarta-feira, 17 de maio de 2006
Bom dia. Tanta coisa pra fazer e tao pouco tempo.
Estou aqui mas nao estou desligada de minhas obrigacoes, em SP ou em NY. Quero passear, quero fazer compras (sim, apesar das malas pequenas, ainda ha' alguns pequenos sonhos a adquirir, alguns deles nao tao pequenos...), quero curtir o lugar, quero simplesmente sentar numa praca e ler um livro sobre lobisomens (otimo!). Mas ao mesmo tempo minha cabeca esta nos projetos, nos livros em andamento, na pilha de e-mails de trabalho nao respondidos. Bem, se nao consigo fazer tudo, pelo menos posso tentar fazer o maximo possivel.
Ontem, depois de trabalhar um pouco de manha, sai com a Claudia. Fomos 'a Universidade de Toronto, onde estudei ano passado. Foi um curos breve, mas suficiente para me fazer sentir que e' um pouco minha. A livraria central e' incrivel, material de papelaria maravilhoso, excelentes titulos a venda e, pasmem, uma secao de roupas que nao faria mal num shopping center!
Depois da U fo T, a Clau voltou sozinha para casa, e eu tomei o metro com um objetivo bem definido: gastar uma nota preta num de meus mais acalentados sonhos de consumo. Entre mim e minha aquisicao, porem, estava uma aventura urbana arrepiante.
Quando entrei na estacao de metro era o meio do dia, e pouquissima gente estava na estacao. Desci as escadas para a plataforma vazia e a meu lado, e pouco a frente, desceu uma mocinha de uns vinte anos. Nem bem ela chegou na borda da plataforma, algo caiu de sua mao e, com a perversidade natural da materia, deslizou pelo chao e caiu no meio dos trilhos do trem. Apressei-me em ir olhar. Uma maquina digital daquelas bem fininhas. Mais adiante, a bateria, que tinha voado longe. Olhei para a maquina e para a menina, sem saber o que fazer, e entao olhei ao redor, em busca de ajuda. Havia um homem parado a nosso lado, observando a cena com cara de pudim. Nada. Nenhum funcinario. Quando olhei de novo a moca, ela estava, muito decidida, tirando sua mochila das costas. Eu nao acreditei que ela ia fazer aquilo, mas ela fez. Largou a mochila no chao e pulou nos trilhos. Assustada, corri em direcao as escadas, mas antes de por o pe' no primeiro degrau raciocinei que nao ia dar tempo nem de chegar la' em cima, quanto mais de conseguir alguma ajuda, e entao voltei para a borda da plataforma. A menina pegou a maquina e, em vez de voltar, pulou ainda mais longe, entre os trilhos, para recuperar a bateria. O tempo todo ela, e eu, claro, lancando olhares assustados na direcao de onde o trem deveria vir. Pareceu uma eternidade, mas finalemtne ela retornou, pulando por cima dos trilhos, para junto da plataforma. Depois de colocar a camera a salvo na plataforma, ela tentou pular de volta. Era muito alto. Estiquei a mao para ela, ela pegou e puxei com toda a forca, mas ela conseguiu subir so' ate' a altura da barriga. Enquanto isso, o homem, parado a dois metros de distancia, so' assistindo. Filho da puta! S'o quando gritei para ele "Help us!" e' que ele correu, pegou a outra mao da menina e juntos puxamos ela de volta para a seguranca da plataforma. A idiota nem agradeceu. So' estava preocupada em saber se a camera estava funcionando ou nao. O homem nao disse uma palavra durante toda a cena. Sera' que toda a humanidade e' autista desse jeito?!
Depois disso, demorou para eu me acalmar, mas quando cheguei na loja EfstonScience, esqueci totalmente o passado. Vaguei algum tempo entre tabelas periodicas, material de laboratorio, partes do corpo humano, atlas celestes, colecoes de minerais ate' tomar coragem e chegar ao ponto: a vitrine de binoculos. Comprei o binoculo mais caro de toda a minha vida. De quebra comprei um bem barato (nao, nao vou trabalhar em Sapopemba ou Itaqua' com um binoculo de 400 dolares no pescoco!). Voltei pra casa leve e feliz com a compra.
Antes de chegar, desci em Dundas e Yonge pra fucar num dos melhores sebos de T.O. e na livraria ao lado, minha ja' conhecida The Biggest Bookstore in the World. De fato, depois de ter visitado varias livrarias em NY, nao tenho duvidas: e' um dos melhores lugares para comprar livros de vampiros (talvez superado apenas pela Bakka, aqui mesmo em T.O.). Mesmo na famosa Forbidden Planet, em NY, nao achei tantos livros quanto na Biggest.
No resto da tarde, fiquei um pouco em casa, fui a' blbilioteca publica tentar trabalhar um pouco e depois bati perna pela vizinhanca, fingindo ser uma Torontoniana de longa data. Adoro esta cidade!
beijos, queijos e cuidem-se
Martha Argel
Estou aqui mas nao estou desligada de minhas obrigacoes, em SP ou em NY. Quero passear, quero fazer compras (sim, apesar das malas pequenas, ainda ha' alguns pequenos sonhos a adquirir, alguns deles nao tao pequenos...), quero curtir o lugar, quero simplesmente sentar numa praca e ler um livro sobre lobisomens (otimo!). Mas ao mesmo tempo minha cabeca esta nos projetos, nos livros em andamento, na pilha de e-mails de trabalho nao respondidos. Bem, se nao consigo fazer tudo, pelo menos posso tentar fazer o maximo possivel.
Ontem, depois de trabalhar um pouco de manha, sai com a Claudia. Fomos 'a Universidade de Toronto, onde estudei ano passado. Foi um curos breve, mas suficiente para me fazer sentir que e' um pouco minha. A livraria central e' incrivel, material de papelaria maravilhoso, excelentes titulos a venda e, pasmem, uma secao de roupas que nao faria mal num shopping center!
Depois da U fo T, a Clau voltou sozinha para casa, e eu tomei o metro com um objetivo bem definido: gastar uma nota preta num de meus mais acalentados sonhos de consumo. Entre mim e minha aquisicao, porem, estava uma aventura urbana arrepiante.
Quando entrei na estacao de metro era o meio do dia, e pouquissima gente estava na estacao. Desci as escadas para a plataforma vazia e a meu lado, e pouco a frente, desceu uma mocinha de uns vinte anos. Nem bem ela chegou na borda da plataforma, algo caiu de sua mao e, com a perversidade natural da materia, deslizou pelo chao e caiu no meio dos trilhos do trem. Apressei-me em ir olhar. Uma maquina digital daquelas bem fininhas. Mais adiante, a bateria, que tinha voado longe. Olhei para a maquina e para a menina, sem saber o que fazer, e entao olhei ao redor, em busca de ajuda. Havia um homem parado a nosso lado, observando a cena com cara de pudim. Nada. Nenhum funcinario. Quando olhei de novo a moca, ela estava, muito decidida, tirando sua mochila das costas. Eu nao acreditei que ela ia fazer aquilo, mas ela fez. Largou a mochila no chao e pulou nos trilhos. Assustada, corri em direcao as escadas, mas antes de por o pe' no primeiro degrau raciocinei que nao ia dar tempo nem de chegar la' em cima, quanto mais de conseguir alguma ajuda, e entao voltei para a borda da plataforma. A menina pegou a maquina e, em vez de voltar, pulou ainda mais longe, entre os trilhos, para recuperar a bateria. O tempo todo ela, e eu, claro, lancando olhares assustados na direcao de onde o trem deveria vir. Pareceu uma eternidade, mas finalemtne ela retornou, pulando por cima dos trilhos, para junto da plataforma. Depois de colocar a camera a salvo na plataforma, ela tentou pular de volta. Era muito alto. Estiquei a mao para ela, ela pegou e puxei com toda a forca, mas ela conseguiu subir so' ate' a altura da barriga. Enquanto isso, o homem, parado a dois metros de distancia, so' assistindo. Filho da puta! S'o quando gritei para ele "Help us!" e' que ele correu, pegou a outra mao da menina e juntos puxamos ela de volta para a seguranca da plataforma. A idiota nem agradeceu. So' estava preocupada em saber se a camera estava funcionando ou nao. O homem nao disse uma palavra durante toda a cena. Sera' que toda a humanidade e' autista desse jeito?!
Depois disso, demorou para eu me acalmar, mas quando cheguei na loja EfstonScience, esqueci totalmente o passado. Vaguei algum tempo entre tabelas periodicas, material de laboratorio, partes do corpo humano, atlas celestes, colecoes de minerais ate' tomar coragem e chegar ao ponto: a vitrine de binoculos. Comprei o binoculo mais caro de toda a minha vida. De quebra comprei um bem barato (nao, nao vou trabalhar em Sapopemba ou Itaqua' com um binoculo de 400 dolares no pescoco!). Voltei pra casa leve e feliz com a compra.
Antes de chegar, desci em Dundas e Yonge pra fucar num dos melhores sebos de T.O. e na livraria ao lado, minha ja' conhecida The Biggest Bookstore in the World. De fato, depois de ter visitado varias livrarias em NY, nao tenho duvidas: e' um dos melhores lugares para comprar livros de vampiros (talvez superado apenas pela Bakka, aqui mesmo em T.O.). Mesmo na famosa Forbidden Planet, em NY, nao achei tantos livros quanto na Biggest.
No resto da tarde, fiquei um pouco em casa, fui a' blbilioteca publica tentar trabalhar um pouco e depois bati perna pela vizinhanca, fingindo ser uma Torontoniana de longa data. Adoro esta cidade!
beijos, queijos e cuidem-se
Martha Argel
terça-feira, 16 de maio de 2006
Nossa, tem um monte de coisas pra contar! O mau tempo intermitente nao tem atrapalhado muito esta minha nova experiencia canadense. Faz um pouco mais de frio do que eu esperava, mas e' estranho como uma temperatura de 13 graus pode ser insuportavel em Sao Paulo e perfeitamente confortavel aqui. As vezes saio sem maiores preocupacoes, um casaco sobre a camiseta, e sinto um leve incomodo com o vento frio, que me faz fechar o ziper ate' o pescoco. Entao fico sabendo que faz 13, 15 graus. Se fosse em Sao Paulo, provavelmente estaria neurotica com mil camadas, cachecois, botas e os malditos pes gelados.
Bem, segue-se um relatorio sucinto do que foram os ultimos dias. Tres partes principais: APP, PP, PPP.
- Antes de Point Pelee: passei um bom tempo com a Clau e vaguei meio a esmo por downtown, matando as saudades e fazendo algumas compras. Nada muito especial, exceto para mim. Engracado, parecia que eu nunca tinha ido embora, que simplesmente estava retomando uma rotina familiar e conhecida. Caminhando pelas ruas, voltei a entrar no ritmo da cidade: esperar o sinal para cruzar a rua, mesmo que nao haja carro algum a vista, sentar um instante numa praca para ler, pedir desculpas e agradecer pequenas gentilezas 330 vezes por minuto. Os caixas das lojas sempre tem troco. As pessoas seguram as portas para voce. Sempre ha' um lugar onde sentar e observar as pessoas. Afinal, isto aqui e' o Canada'.
- Point Pelee: na sexta-feira, tomei um trem de suburbio e fui pra Mississauga. Primeira aventura: quase perdi o trem, embarquei no ultimo minuto e esqueci de validar o bilhete na maquina que tem na estacao. Claro que, cinco minutos depois da saida, um condutor que NUNCA passa passou verificando as passagens. Me deu uma bronca mas quebrou meu galho, e me orientou a validar o bilhete assim que descesse. Meus amigos Larry e Sheila me esperavam la', e zarpamos para o parque nacional de Point Pelee, extremo meridional do Canada' e paraiso dos observadores de aves, ou birders, que revoam pra la' exatamente nesta epoca do ano para observar a migracao.
Foi uma das experiencias mais bizarras. Vc ja' nota isso quando chega em Leamington e ve os cartazes "Welcome Birders". E' um dos lugares mais frequantados do mundo, mas apenas nas tres primeiras semanas de maio. Incrivel.
E uma vez no parque, a coisa e' mais maluca ainda. Um trenzinho absolutamente apinhado de birders carrega vc do estacionamento para a parte extrema do parque, uma ponta de terra que entra pelo Lago Erie adentro. Ai' vc esta' por sua propria conta, a pe' pelas trilhas, junto com centenas de birders, talvez milhares. Todos os caminhos ficam absolutamente congestionados, uma massa humana encapotada e munida de binoculos, lunetas, guias de campo, que seguramente custaram, em conjunto, varias centenas de milhares de dolares. O mais interessante e' que eu nao precisava procurar as aves, era so' ir de multidao em multidao, perguntar o que e' que tinha ali e seguir a mesma direcao de dezenas de outros binoculos. Vc nao observava aves, observava os birders, e chamei isso de "tecnica do urubu" - quando os urubus planam bem alto, eles estao de olho nos outros ao redor; assim que os outros convergem para algum ponto, eles vao atras, na esperanca de que tenham achado algo bom. A gente fazia isso la' em Pelee. Ocasionalmente usavamos outra tecnica, a "tecnica do bando misto". Vc achava alguem que conseguia achar muitas aves e grudava nele, em geral com mais outras pessoas; a ideia por tras disso e' que muitos pares de olhos acham mais aves do que um unico par.
Aquilo la' parecia, na verdade, um grande shopping center de aves!!! Muitas vezes, o problema era ter mais compradores que produtos disponiveis. Na manha do primeiro dia, quando estavamos bem na ponta, eu tinha absoluta certeza de que nao havia uma ave sequer na area que nao estivesse sendo observada. E todo mundo sabia exatamente onde estavam TODAS as aves. Vc parava qualquer um e perguntava: "onde e' que tem um red-headed woodpecker?" Ai' a pessoa te dava as indicacoes precisas: pega a trilha tal, depois da segunda ponte tem uma curva a' esquerda, ele esta na terceira arvore morta do lado norte. Vc apenas seguia as instrucoes e simplesmente parava quando encontrava uma uma nova multidao no local indicado.
O nivel de comunicacao e de troca de informacao era incrivel. Tinha gente que se comunicava por celular e por walkie-talkie pra chamar os outros ou receber as noticias dos novos avistamentos. No Centro de visitantes tinha um computador pra vc colocar suas observacoes na rede em tempo real, de forma que qq pessoa do mundo podia saber que naquele dia vc viu 22 especies de warblers (uns passarinhos pequenininhos e coloridos, que sao as grandes estrelas do evento). Tbm um enorme mapa do parque onde todas as raridades vistas nos dois ultimos dias estavam assinaladas nos locais exatos de avistamento, e uma lista gigante com todas as especies vistas ao longo do mes.
A gente tinha de ficar de ouvido atento, pegando os pedacos de conversa de outras pessoas, para saber as especies recentemente avistadas nas imediacoes de onde vc estava. Ate na fila do banheiro vc podia "capturar" boas dicas. Passando so olhos pela lista gigante, vi que tinham visto um Pacific Loon, uma especie que eu nunca tinha visto, e que nao devia estar la' porque vive muuuuito longe do Lago Erie. Comentei com uma moca que estava do meu lado, e ela disse "ah, o loon esta na praia [nao entendi], quando eu fui la' tinha mais ou menos uns cem birders olhando ele". Encontrei a Sheila no banheiro, contei pra ela e ela exclamou "fantastic! Precisamos ir la'!".
Checamos no mapa o local preciso onde a ave estava e em menos de 20 minutos la' estavamos nos, tentando ver algo no meio das aguas do lago Erie, junto com umas trinta outras pessoas. O bicho era uma manchinha laaaaaaa' longe. que so' consegui ver pq fiquei rondando as lunetas alheias como uma varejeira na carnica, ate' que alguem se apiedou e me deixou ver. Ou eu fui la' e pedi na cara dura.
Ah, foi simplesmente fan-tas-ti-co. (Teria tantas tantas tantas coisas interessantes mais pra contar, mas sinceramente quero terminar este post o mais rapido possivel, pra sair e bater perna debaixo da chuva).
- Pos-Point Pelee: na volta de nossa fantastica expedicao, Larry e Sheila me convidaram pra tomar um cha na casa deles antes de pegar meu trem pra T.O. Aproveitamos para observar mais algumas aves no maravilhoso quintal deles e o Larry me deu de presente os romances policiais que ele escreveu muitos anos atras, sob o nome de L.A. Morse. Ele chegou a ganhar um premio com um deles. Estou tentando convence-lo a voltar a escrever!
Ontem foi um dia familiar. Fiquei em casa de manha, fomos almocar os quatro, Clau, Terry, Andrew e eu. Depois fomos passear em Cherry Beach e nas Beaches, o distrito elegante 'as margens do lago Ontario. E pra finalizar, a Clau e eu fomos a uma incrivel loja de equipamentos de outdoor e fiz mais umas comprinhas basicas (ai, jesus, e eu com essas malinhas ridiculamente pequenas!). A grande aventura do dia foi receber uma robusta cagada de um pombo enquanto passeava numa praca. Tinha coco ate' dentro da orelha!
Um parenteses final: no meio de toda esta tranquilidade e da disciplinada vida canadense, o choque de ficar sabendo o inferno em que se transformou minha cidade foi terrivel. Ainda estou totalmente passada. Que merda de pais. Que merda de politicos. Que merda de governo filho-da-puta, mesquinho, incompetente, patetico, ridiculo, inutil e, acima de tudo, imprestavel. Nao estou falando de PT ou de PSDB. Estou falando de uma nacao de egoistas corruptos, em todos os niveis. Criamos nossos filhos numa cultura de falsidade, cobica, inveja, ignorancia e pouco-caso. Qual poderia ser o resultado?
ate' mais
Martha Argel
Bem, segue-se um relatorio sucinto do que foram os ultimos dias. Tres partes principais: APP, PP, PPP.
- Antes de Point Pelee: passei um bom tempo com a Clau e vaguei meio a esmo por downtown, matando as saudades e fazendo algumas compras. Nada muito especial, exceto para mim. Engracado, parecia que eu nunca tinha ido embora, que simplesmente estava retomando uma rotina familiar e conhecida. Caminhando pelas ruas, voltei a entrar no ritmo da cidade: esperar o sinal para cruzar a rua, mesmo que nao haja carro algum a vista, sentar um instante numa praca para ler, pedir desculpas e agradecer pequenas gentilezas 330 vezes por minuto. Os caixas das lojas sempre tem troco. As pessoas seguram as portas para voce. Sempre ha' um lugar onde sentar e observar as pessoas. Afinal, isto aqui e' o Canada'.
- Point Pelee: na sexta-feira, tomei um trem de suburbio e fui pra Mississauga. Primeira aventura: quase perdi o trem, embarquei no ultimo minuto e esqueci de validar o bilhete na maquina que tem na estacao. Claro que, cinco minutos depois da saida, um condutor que NUNCA passa passou verificando as passagens. Me deu uma bronca mas quebrou meu galho, e me orientou a validar o bilhete assim que descesse. Meus amigos Larry e Sheila me esperavam la', e zarpamos para o parque nacional de Point Pelee, extremo meridional do Canada' e paraiso dos observadores de aves, ou birders, que revoam pra la' exatamente nesta epoca do ano para observar a migracao.
Foi uma das experiencias mais bizarras. Vc ja' nota isso quando chega em Leamington e ve os cartazes "Welcome Birders". E' um dos lugares mais frequantados do mundo, mas apenas nas tres primeiras semanas de maio. Incrivel.
E uma vez no parque, a coisa e' mais maluca ainda. Um trenzinho absolutamente apinhado de birders carrega vc do estacionamento para a parte extrema do parque, uma ponta de terra que entra pelo Lago Erie adentro. Ai' vc esta' por sua propria conta, a pe' pelas trilhas, junto com centenas de birders, talvez milhares. Todos os caminhos ficam absolutamente congestionados, uma massa humana encapotada e munida de binoculos, lunetas, guias de campo, que seguramente custaram, em conjunto, varias centenas de milhares de dolares. O mais interessante e' que eu nao precisava procurar as aves, era so' ir de multidao em multidao, perguntar o que e' que tinha ali e seguir a mesma direcao de dezenas de outros binoculos. Vc nao observava aves, observava os birders, e chamei isso de "tecnica do urubu" - quando os urubus planam bem alto, eles estao de olho nos outros ao redor; assim que os outros convergem para algum ponto, eles vao atras, na esperanca de que tenham achado algo bom. A gente fazia isso la' em Pelee. Ocasionalmente usavamos outra tecnica, a "tecnica do bando misto". Vc achava alguem que conseguia achar muitas aves e grudava nele, em geral com mais outras pessoas; a ideia por tras disso e' que muitos pares de olhos acham mais aves do que um unico par.
Aquilo la' parecia, na verdade, um grande shopping center de aves!!! Muitas vezes, o problema era ter mais compradores que produtos disponiveis. Na manha do primeiro dia, quando estavamos bem na ponta, eu tinha absoluta certeza de que nao havia uma ave sequer na area que nao estivesse sendo observada. E todo mundo sabia exatamente onde estavam TODAS as aves. Vc parava qualquer um e perguntava: "onde e' que tem um red-headed woodpecker?" Ai' a pessoa te dava as indicacoes precisas: pega a trilha tal, depois da segunda ponte tem uma curva a' esquerda, ele esta na terceira arvore morta do lado norte. Vc apenas seguia as instrucoes e simplesmente parava quando encontrava uma uma nova multidao no local indicado.
O nivel de comunicacao e de troca de informacao era incrivel. Tinha gente que se comunicava por celular e por walkie-talkie pra chamar os outros ou receber as noticias dos novos avistamentos. No Centro de visitantes tinha um computador pra vc colocar suas observacoes na rede em tempo real, de forma que qq pessoa do mundo podia saber que naquele dia vc viu 22 especies de warblers (uns passarinhos pequenininhos e coloridos, que sao as grandes estrelas do evento). Tbm um enorme mapa do parque onde todas as raridades vistas nos dois ultimos dias estavam assinaladas nos locais exatos de avistamento, e uma lista gigante com todas as especies vistas ao longo do mes.
A gente tinha de ficar de ouvido atento, pegando os pedacos de conversa de outras pessoas, para saber as especies recentemente avistadas nas imediacoes de onde vc estava. Ate na fila do banheiro vc podia "capturar" boas dicas. Passando so olhos pela lista gigante, vi que tinham visto um Pacific Loon, uma especie que eu nunca tinha visto, e que nao devia estar la' porque vive muuuuito longe do Lago Erie. Comentei com uma moca que estava do meu lado, e ela disse "ah, o loon esta na praia [nao entendi], quando eu fui la' tinha mais ou menos uns cem birders olhando ele". Encontrei a Sheila no banheiro, contei pra ela e ela exclamou "fantastic! Precisamos ir la'!".
Checamos no mapa o local preciso onde a ave estava e em menos de 20 minutos la' estavamos nos, tentando ver algo no meio das aguas do lago Erie, junto com umas trinta outras pessoas. O bicho era uma manchinha laaaaaaa' longe. que so' consegui ver pq fiquei rondando as lunetas alheias como uma varejeira na carnica, ate' que alguem se apiedou e me deixou ver. Ou eu fui la' e pedi na cara dura.
Ah, foi simplesmente fan-tas-ti-co. (Teria tantas tantas tantas coisas interessantes mais pra contar, mas sinceramente quero terminar este post o mais rapido possivel, pra sair e bater perna debaixo da chuva).
- Pos-Point Pelee: na volta de nossa fantastica expedicao, Larry e Sheila me convidaram pra tomar um cha na casa deles antes de pegar meu trem pra T.O. Aproveitamos para observar mais algumas aves no maravilhoso quintal deles e o Larry me deu de presente os romances policiais que ele escreveu muitos anos atras, sob o nome de L.A. Morse. Ele chegou a ganhar um premio com um deles. Estou tentando convence-lo a voltar a escrever!
Ontem foi um dia familiar. Fiquei em casa de manha, fomos almocar os quatro, Clau, Terry, Andrew e eu. Depois fomos passear em Cherry Beach e nas Beaches, o distrito elegante 'as margens do lago Ontario. E pra finalizar, a Clau e eu fomos a uma incrivel loja de equipamentos de outdoor e fiz mais umas comprinhas basicas (ai, jesus, e eu com essas malinhas ridiculamente pequenas!). A grande aventura do dia foi receber uma robusta cagada de um pombo enquanto passeava numa praca. Tinha coco ate' dentro da orelha!
Um parenteses final: no meio de toda esta tranquilidade e da disciplinada vida canadense, o choque de ficar sabendo o inferno em que se transformou minha cidade foi terrivel. Ainda estou totalmente passada. Que merda de pais. Que merda de politicos. Que merda de governo filho-da-puta, mesquinho, incompetente, patetico, ridiculo, inutil e, acima de tudo, imprestavel. Nao estou falando de PT ou de PSDB. Estou falando de uma nacao de egoistas corruptos, em todos os niveis. Criamos nossos filhos numa cultura de falsidade, cobica, inveja, ignorancia e pouco-caso. Qual poderia ser o resultado?
ate' mais
Martha Argel
quinta-feira, 11 de maio de 2006
Fui abandonada pela boa sorte climatica, e o dia amanheceu de chuva aqui em Toronto. Como eu ja' havia visto a previsao do tempo ontem, depois de por as noticias em dia com minha prima, sai' pra caminhar por downtown e matar as saudades
A viagem NY-T.O. foi bem tranquila. No trajeto entre o apartamento e o aeroporto de La Guardia atravessei uma linda ponte, enorme, que ja' tinha visto 'a distancia. Antes de cruzar o raio X da revista, tentei tirar todos os metais que tinha espalhados pelo corpo e colocar na bolsa, pra evitar aborrecimentos. Relogio, colar, chaves, moedas. Resolvi arriscar com brincos e aneis de prata. Mas nao teve jeito, esqueci do cinto e o troco apitou. Tive que voltar e tirar e passar de novo. O, saco. Mas pelo menos o cara nao resolveu me revistar, como aconteceu uma ano e meio atras, em Pittsburgh, quando a presilha de cabelo disparou o alarme. E' engracado ver, logo depois das maquinas, todo mundo praticamente se vestindo em publico!
Durante a looonga espera, por duas vezes eu e todos os outros passageiros fomos brindados por um fortissimo alarme contra incendio. Luzes brilhantes piscavam e um assobio intermitente perfurava o timpano enquanto todos se entreolhavam, tentando descobrir quem diabos estava fumando.
Embarquei sem problemas no aviao da CanJet. Nome horrivel, nao? Depois de mim, entre os ultimos passageiros, estava um grupo barulhento de velhinhas canadenses, retornando de uma visita 'a Big Apple, carregadas de sacolas e coisas decoradas com I [coracao] NY. Ultimas a entrar e chias de coisas, adivinha se tinha lugar nos porta-bagagens acima das cabecas? Nenhuma pareceu se lembrar de que vc pode levar bagagem embaixo do assento a sua frente. Ficamos uns dez minutos esperando que elas, trancando o corredor, brincassem de Tetris com seus pacotes. A coisa so' terminou quando alguns outros passageiros se dispuseram a ajuda'-las e encaixar as coisas nos poucos vazios disponiveis. Enquanto isso, uma fila de ultimos passageiros esperava pacientemente que a novela terminasse. Aposto como elas atrasaram o voo...
Mas finalmente partimos. De la' de cima eu pude ter uma ideia de como o estado de NY e' densamente ocupado. Sobrevoamos a regiao dos Finger Lakes, uma serie de lagos compridos, todos paralelos, que se formaram no caminho de geleiras ha' milhares ou milhoes de anos. Interessantissimos.
Mas a cereja do sundae foi sobrevoar Niagara Falls!!!! De cima parecem tao pequeninas. E totalmente cercadas de civilizacao, em especial do lado americano.
Engracado que fiquei emocionada ao entrar no espaco aereo canadense. E depois de cruzar o imenso Lago Ontario, me emocionei de novo vendo surgir, 'a distancia, o perfil familiar de Toronto, com a torre sobressaindo-se, inconfundivel.
E' bom estar aqui, de volta. Parece que nem fui embora.
beijos e queijos, desde as margens do lago Ontario.
Martha Argel
(tremenda coincidencia, o livro que estou lendo e' uma historia de lobisomens que se passa em Toronto e na regiao norte do estado de NY, que sobrevoei ontem)
A viagem NY-T.O. foi bem tranquila. No trajeto entre o apartamento e o aeroporto de La Guardia atravessei uma linda ponte, enorme, que ja' tinha visto 'a distancia. Antes de cruzar o raio X da revista, tentei tirar todos os metais que tinha espalhados pelo corpo e colocar na bolsa, pra evitar aborrecimentos. Relogio, colar, chaves, moedas. Resolvi arriscar com brincos e aneis de prata. Mas nao teve jeito, esqueci do cinto e o troco apitou. Tive que voltar e tirar e passar de novo. O, saco. Mas pelo menos o cara nao resolveu me revistar, como aconteceu uma ano e meio atras, em Pittsburgh, quando a presilha de cabelo disparou o alarme. E' engracado ver, logo depois das maquinas, todo mundo praticamente se vestindo em publico!
Durante a looonga espera, por duas vezes eu e todos os outros passageiros fomos brindados por um fortissimo alarme contra incendio. Luzes brilhantes piscavam e um assobio intermitente perfurava o timpano enquanto todos se entreolhavam, tentando descobrir quem diabos estava fumando.
Embarquei sem problemas no aviao da CanJet. Nome horrivel, nao? Depois de mim, entre os ultimos passageiros, estava um grupo barulhento de velhinhas canadenses, retornando de uma visita 'a Big Apple, carregadas de sacolas e coisas decoradas com I [coracao] NY. Ultimas a entrar e chias de coisas, adivinha se tinha lugar nos porta-bagagens acima das cabecas? Nenhuma pareceu se lembrar de que vc pode levar bagagem embaixo do assento a sua frente. Ficamos uns dez minutos esperando que elas, trancando o corredor, brincassem de Tetris com seus pacotes. A coisa so' terminou quando alguns outros passageiros se dispuseram a ajuda'-las e encaixar as coisas nos poucos vazios disponiveis. Enquanto isso, uma fila de ultimos passageiros esperava pacientemente que a novela terminasse. Aposto como elas atrasaram o voo...
Mas finalmente partimos. De la' de cima eu pude ter uma ideia de como o estado de NY e' densamente ocupado. Sobrevoamos a regiao dos Finger Lakes, uma serie de lagos compridos, todos paralelos, que se formaram no caminho de geleiras ha' milhares ou milhoes de anos. Interessantissimos.
Mas a cereja do sundae foi sobrevoar Niagara Falls!!!! De cima parecem tao pequeninas. E totalmente cercadas de civilizacao, em especial do lado americano.
Engracado que fiquei emocionada ao entrar no espaco aereo canadense. E depois de cruzar o imenso Lago Ontario, me emocionei de novo vendo surgir, 'a distancia, o perfil familiar de Toronto, com a torre sobressaindo-se, inconfundivel.
E' bom estar aqui, de volta. Parece que nem fui embora.
beijos e queijos, desde as margens do lago Ontario.
Martha Argel
(tremenda coincidencia, o livro que estou lendo e' uma historia de lobisomens que se passa em Toronto e na regiao norte do estado de NY, que sobrevoei ontem)
terça-feira, 9 de maio de 2006
Mais alguma pinceladas novaiorquinas:
Olhando pela janela de meu apartamento, vi algo estranho no predio em frente. Enormes corujas pousadas nas varandas?! Quando olhei com o binoculo, vi que eram corujas de mentira, em pelo menos tres apartamentos diferentes. O pessoal coloca para espantar as pombas. Nao da' certo. Mais eficientes sao os cataventos coloridos, de papel metalizado, enfoleirados ao longo das grades das varandas.
* * *
As pessoas nao conseguem nunca adivinhar minha nacionalidade. Outro dia um cara me perguntou "quais sao as especies de falcoes que vcs tem em Barcelona?" pedi desculpas e informei que nao era espanhola. O cara: "ah, claro, claro, vc 'e israelense!". Outra coisa engracada foi entrar numa livraria, pedir um livro e entao ouvir da vendedora uma longuissima explicacao... em frances! A cara dela quando eu disse "perdao, mas eu nao entendo frances"! E quando eu ia subir no alto do Empire State, o funcionario do raio X comecou: "italiana?" nao. "francesa!" nao. "espanhola, entao." depois do terceiro nao ele desistiu.
* * *
Os esquilos nao sao os unicos mamiferos silvestres dos parques urbanos de NY. Dias atras eu estava saindo do Zoo ja' vazio e de uma so' vez vi tres especies juntas: um esquilo, um coelho e um chipmunk, um esquilinho pequeno de rabo pontudo e costas estriadas, lindo de morrer. E no Central Park eu vi um racoon no alto de uma arvore, de manha bem cedinho, tentando se acomodar numa forquilha provavelmente para passar o dia dormindo.
* * *
No sabado tive uma tremenda aventura no sistema de metro novaiorquino. Parece que nos finais de semana os metros ficam todos malucos, algumas linhas desaparecem, outras mudam de itinerario ou param em estacoes diferentes. Eu estava em Downtown, querendo subir para o Metropolitan Museum. Primeiro descobri que as estacoes onde eu planejava pegar o trem estavam fechadas, e tive que andar um monte pra achar uma aberta. Entao descobri que, das quatro linhas que eu podia usar, tres nao estavam funcionando. Peguei a unica opcao (que, com uma baldeacao me deixaria perto do Museu de Historia Natural e me forcaria a cruzar o parque inteiro, mas fazer o que...). Pelo alto falante, a condutora falou um MONTE de coisa que nao entendi a principio. Aos poucos entendi que aquele trem, normalmente um expresso, estava fazendo a linha local, e eu nao precisaria fazer a baldeacao. Beleza! Fui acompanhando pelo mapa casa estacao. Estavamos parando em todas. Na estacao anterior 'a minha, a condutora repetiu que ia parar em TODAS as estacoes ate' o final. Entao entrou no ar a voz de um homem informando que aquele trem NAO ia parar nas estacoes porque era expresso, e a condutora irritada confirmou que o trem IA parar. Ela foi tao incisiva que acreditei nela. Me ferrei. O trem nao parou. Passou direto por umas dez estacoes e so' parou na estacao onde originalmente deveria parar. Puta da vida, sai' junto com dezenas de outras pessoas, bem a tempo de ver uma das passageiras, uma negra enorme, ir decidida ate a janela da condutora e passar-lhe uma tremenda descompostura! Entramos todos no proximo trem e ai' foi uma piada so', todo mundo se perguntando o que aconteceria com aquele trem. Ate' a passageira irritada agora gargalhava. Bati um papao com ela e com duas outras senhoras, que no fim ate' me ajudaram a descer na estacao mais proxima de onde eu queria. Foi divertidissimo!
* * *
Uma coisa que me impressiona aqui, como me impressionou no Canada', e' a educacao das pessoas. Nao so' pedindo desculpas na rua, mas quando vc esta' conversando com elas. Prestam uma atencao intensa ao que voce diz, concordam entusiasmadas, agradecem efusivamente quando vc diz alguma coisa gentil, elogiam qualquer detalhe de sua aparencia. Chega a parecer ingenuidade da parte delas, mas talvez sejamos nos que tenhamos perdido o rumo da gentileza, da educacao e do respeito pelos outros.
* * *
Ontem fui comer com o John numa cantina italiana chamada Roberto`s. Segundo ele, e' um dos melhores restaurantes de NY, e so' nao esta' nos guias porque 'e no Bronx, e nao em Manhattan. Parecia uma daqueles restaurantes onde os mafiosos se encontram. A comida era, claro, deliciosa, e os garcons falavam italiano. Um deles ficou surpreso quando eu respondi na mesma lingua.
* * *
AAAAH! E eu fiz uma coisa que todos dizem que a gente JAMAIS pode fazer: andei pelo Central Park durante a noite. Estava morrendo de medo. Mas logo encontrei criancas brincando, e casais sentados em bancos. Cheguei em casa sa e salva.
* * *
Falando nisso, um pedaco de uma musica de Simon e Garfunkel nao sai de minha cabeca: "New York, looking down the Central Park, where they say you should not wander after dark".
O proximo post ja' vai ser de Toronto.
Juizo, criancas, e ate' la'!
Martha Argel
Olhando pela janela de meu apartamento, vi algo estranho no predio em frente. Enormes corujas pousadas nas varandas?! Quando olhei com o binoculo, vi que eram corujas de mentira, em pelo menos tres apartamentos diferentes. O pessoal coloca para espantar as pombas. Nao da' certo. Mais eficientes sao os cataventos coloridos, de papel metalizado, enfoleirados ao longo das grades das varandas.
* * *
As pessoas nao conseguem nunca adivinhar minha nacionalidade. Outro dia um cara me perguntou "quais sao as especies de falcoes que vcs tem em Barcelona?" pedi desculpas e informei que nao era espanhola. O cara: "ah, claro, claro, vc 'e israelense!". Outra coisa engracada foi entrar numa livraria, pedir um livro e entao ouvir da vendedora uma longuissima explicacao... em frances! A cara dela quando eu disse "perdao, mas eu nao entendo frances"! E quando eu ia subir no alto do Empire State, o funcionario do raio X comecou: "italiana?" nao. "francesa!" nao. "espanhola, entao." depois do terceiro nao ele desistiu.
* * *
Os esquilos nao sao os unicos mamiferos silvestres dos parques urbanos de NY. Dias atras eu estava saindo do Zoo ja' vazio e de uma so' vez vi tres especies juntas: um esquilo, um coelho e um chipmunk, um esquilinho pequeno de rabo pontudo e costas estriadas, lindo de morrer. E no Central Park eu vi um racoon no alto de uma arvore, de manha bem cedinho, tentando se acomodar numa forquilha provavelmente para passar o dia dormindo.
* * *
No sabado tive uma tremenda aventura no sistema de metro novaiorquino. Parece que nos finais de semana os metros ficam todos malucos, algumas linhas desaparecem, outras mudam de itinerario ou param em estacoes diferentes. Eu estava em Downtown, querendo subir para o Metropolitan Museum. Primeiro descobri que as estacoes onde eu planejava pegar o trem estavam fechadas, e tive que andar um monte pra achar uma aberta. Entao descobri que, das quatro linhas que eu podia usar, tres nao estavam funcionando. Peguei a unica opcao (que, com uma baldeacao me deixaria perto do Museu de Historia Natural e me forcaria a cruzar o parque inteiro, mas fazer o que...). Pelo alto falante, a condutora falou um MONTE de coisa que nao entendi a principio. Aos poucos entendi que aquele trem, normalmente um expresso, estava fazendo a linha local, e eu nao precisaria fazer a baldeacao. Beleza! Fui acompanhando pelo mapa casa estacao. Estavamos parando em todas. Na estacao anterior 'a minha, a condutora repetiu que ia parar em TODAS as estacoes ate' o final. Entao entrou no ar a voz de um homem informando que aquele trem NAO ia parar nas estacoes porque era expresso, e a condutora irritada confirmou que o trem IA parar. Ela foi tao incisiva que acreditei nela. Me ferrei. O trem nao parou. Passou direto por umas dez estacoes e so' parou na estacao onde originalmente deveria parar. Puta da vida, sai' junto com dezenas de outras pessoas, bem a tempo de ver uma das passageiras, uma negra enorme, ir decidida ate a janela da condutora e passar-lhe uma tremenda descompostura! Entramos todos no proximo trem e ai' foi uma piada so', todo mundo se perguntando o que aconteceria com aquele trem. Ate' a passageira irritada agora gargalhava. Bati um papao com ela e com duas outras senhoras, que no fim ate' me ajudaram a descer na estacao mais proxima de onde eu queria. Foi divertidissimo!
* * *
Uma coisa que me impressiona aqui, como me impressionou no Canada', e' a educacao das pessoas. Nao so' pedindo desculpas na rua, mas quando vc esta' conversando com elas. Prestam uma atencao intensa ao que voce diz, concordam entusiasmadas, agradecem efusivamente quando vc diz alguma coisa gentil, elogiam qualquer detalhe de sua aparencia. Chega a parecer ingenuidade da parte delas, mas talvez sejamos nos que tenhamos perdido o rumo da gentileza, da educacao e do respeito pelos outros.
* * *
Ontem fui comer com o John numa cantina italiana chamada Roberto`s. Segundo ele, e' um dos melhores restaurantes de NY, e so' nao esta' nos guias porque 'e no Bronx, e nao em Manhattan. Parecia uma daqueles restaurantes onde os mafiosos se encontram. A comida era, claro, deliciosa, e os garcons falavam italiano. Um deles ficou surpreso quando eu respondi na mesma lingua.
* * *
AAAAH! E eu fiz uma coisa que todos dizem que a gente JAMAIS pode fazer: andei pelo Central Park durante a noite. Estava morrendo de medo. Mas logo encontrei criancas brincando, e casais sentados em bancos. Cheguei em casa sa e salva.
* * *
Falando nisso, um pedaco de uma musica de Simon e Garfunkel nao sai de minha cabeca: "New York, looking down the Central Park, where they say you should not wander after dark".
O proximo post ja' vai ser de Toronto.
Juizo, criancas, e ate' la'!
Martha Argel
segunda-feira, 8 de maio de 2006
Booom dia, como foi o final de semana pra vcs?
Por aqui foi agitado. Comecou na sexta-feira, quando resolvi folgar. Nao tenho muito tempo, entao vou resumir:
- tomei o ferry para Staten Island, ida e volta. E' de graca e da' pra ver a estatua da Liberdade de perto! E NY 'a distancia, e' lindo;
- encontrei-me com a Sarah, amiga de meu amigo Wandir, batemos otimos papos e fomos juntas a um restaurante porto-riquenho. comi arroz com lula, acompanhado de banana frita. delicia, e muito barato!
- subi no Empire State e vi a cidade do alto; encontrei-me la em cima com alguns brasileiros que nao sao de dar orgulho aos compatriotas...
- fui fazer comprar nos brechos: tive em minhas maos Dior, Chanel, Ferragamo, tudo a um decimo (ou menos?!) do preco que as dasluzetes pagam em Sampa. Acabei comprando uma saia sem marca.
- passeei pelo Central Park, visitei o Dakota (o predio onde John Lennon morou) e estive nos Strawberry Fields.
- estive na igreja de St. Peter (acho que e' isso), que fica bem atras do WTC Site, e chorei com uma exposicao de recordacoes, fotos e mensagens referentes ao 11-9. Nunca mais vou tolerar que alguem faca piada do atentado.
- visitei (por fora) o edificio da ONU e vi a bandeira do Brasil, perdidinha num canto.
- tive uma amostra do que e' a vitalidade desta cidade: um tremendo passeio de motos (pareciam milhares de clones dos apresentadores de American Chopper!), um outro tremendo passeio de ciclistas no Central Park, um festival de cinema em TriBeCa em plena rua, um teatro ao vivo em Times Square, duas ou tres feiras de artesanato, um show na Madison Square.
- longas caminhadas em Downtown, na Broadway, no Central Park, ao longo do rio Hudson.
- todos os dias, uma ou duas horas de birdwatching no parque.
Bom, agora ja' acho que conheco um pouco desta cidade incrivel. Quando tiver mais tempo conto alguns dos episodios curiosos pelos quais passei (por exemplo, a briga entre dois funcionarios do metro pelo alto-falante).
beijos e queijos a todos
Martha Argel, em dois dias voando para Toronto.
Por aqui foi agitado. Comecou na sexta-feira, quando resolvi folgar. Nao tenho muito tempo, entao vou resumir:
- tomei o ferry para Staten Island, ida e volta. E' de graca e da' pra ver a estatua da Liberdade de perto! E NY 'a distancia, e' lindo;
- encontrei-me com a Sarah, amiga de meu amigo Wandir, batemos otimos papos e fomos juntas a um restaurante porto-riquenho. comi arroz com lula, acompanhado de banana frita. delicia, e muito barato!
- subi no Empire State e vi a cidade do alto; encontrei-me la em cima com alguns brasileiros que nao sao de dar orgulho aos compatriotas...
- fui fazer comprar nos brechos: tive em minhas maos Dior, Chanel, Ferragamo, tudo a um decimo (ou menos?!) do preco que as dasluzetes pagam em Sampa. Acabei comprando uma saia sem marca.
- passeei pelo Central Park, visitei o Dakota (o predio onde John Lennon morou) e estive nos Strawberry Fields.
- estive na igreja de St. Peter (acho que e' isso), que fica bem atras do WTC Site, e chorei com uma exposicao de recordacoes, fotos e mensagens referentes ao 11-9. Nunca mais vou tolerar que alguem faca piada do atentado.
- visitei (por fora) o edificio da ONU e vi a bandeira do Brasil, perdidinha num canto.
- tive uma amostra do que e' a vitalidade desta cidade: um tremendo passeio de motos (pareciam milhares de clones dos apresentadores de American Chopper!), um outro tremendo passeio de ciclistas no Central Park, um festival de cinema em TriBeCa em plena rua, um teatro ao vivo em Times Square, duas ou tres feiras de artesanato, um show na Madison Square.
- longas caminhadas em Downtown, na Broadway, no Central Park, ao longo do rio Hudson.
- todos os dias, uma ou duas horas de birdwatching no parque.
Bom, agora ja' acho que conheco um pouco desta cidade incrivel. Quando tiver mais tempo conto alguns dos episodios curiosos pelos quais passei (por exemplo, a briga entre dois funcionarios do metro pelo alto-falante).
beijos e queijos a todos
Martha Argel, em dois dias voando para Toronto.
quarta-feira, 3 de maio de 2006
Nem tudo sao flores, ou papoulas multicoloridas, na terra da liberdade.
Em minha visita a Darien, Connecticut, visitei uma praia "publica" em que vc so' entra se seu carro tiver um selinho confirmando que vc mora nas vizinhancas. Ou seja: quem e' de fora nao entra e ponto. Ah, mas e se eu deixar o carro estacionado do lado e fora e entrar a pe'? Resposta. E' proibido estacionar nas ruas de Darien, vc nao pode deixar o carro em lugar nenhum, a nao ser que seja no patio de estacionamento de algum estabelecimento comercial (e estao todos beeem longe de casas e praias). Ou seja: estranhos simplesmente nao podem parar, tem que ir em frente ate' sair da cidade. Ah, em alguns pontos (raros) vi estacionamentos na beira de rios e canais, para dois ou tres carros no maximo. Que contraste com os tremendos patios dos shopping centers, ou malls, como sao chamados aqui.
* * *
O restaurante que mencionei no post anterior se chama Itzocan Bistro, e esta' situado na Lexington com 102th.
* * *
O predio de meu apartamente tem um staff que parece ser composto por dezenas de pessoas. Todo dia parece ter um porteiro diferente. Todos eles correm para abrir a porta para vc, perguntam se quer taxi, carregam os pacotes e malas ate' o elevador. Vixe, vcs achavam que era so' em filme? Ah, e o predio tem um daqueles toldinhos verdes que a gente ve nos filmes.
* * *
Quanto mais conheco da vida estadunidense (americanos somos todos nos!!!), mais percebo as diferencas abismais com o Canada'. EUA e Canada' sao dois mundos totalmente separados por uma fina linha de fronteira, amor e estranhamento.
* * *
Sabem o que e' dificilimo achar por aqui? Um chocolate quente decente. Cafe' indecente tem em qualquer canto, mas chocolate com leite parece estar fora do cardapio ianque.
* * *
As torneiras de agua quente e fria sao um verdadeiro pesadelo. Teve uma vez em que fui tomar banho e nao conseguia fazer com que a agua do chuveiro esquentasse. A torneira do chuveiro parecia com as nossas (nao uma daquelas em que vc vai controlando a mistura de agua quente e fria, independentemente), e so' virava para uma direcao. Entao agi como se estivesse no Brasil, e abri pouquinho pra ter agua bem quente. Nao funcionou. Por menos que eu abrisse, a agua saia gelada. Tive que pedir ajuda, e so' entao descobri que abrindo pouco, sai agua fria, mas se vc abrir MUITO ai' e' que a agua esquenta. Pra ter agua bem quente, precisava sair do chuveiro uma verdadeira cachoeira. Coisa maluca!
* * *
Ontem teve festa em minha homenagem, num restaurante chamado Gardenia, onde o Guy Tudor e' chamado de "professor" e todos os garcons o veneram. Nao me perguntem porque, mas la', o Guy e seus amigos (nos) podemos tudo, menos ficar ate' depois das 22:30. Fomos praticamente expulsos. Mas foi divertido. Varios artistas-naturalistas, alguns colegas de trabalho e um que outro apaixonado pelas aves. O unico problema foi ter sentado ao lado do Guy, que fuma como uma chamine'. Ele, claro, saia para fumar la fora, mas voltava fedendo a cigarro, e isso atacou terrivelmente minha rinite, de forma que eu nao podia respirar, pensar ou coordenar uma frase decente em ingles... Mas foi divertido!
* * *
Tambem ontem, mas de manha, vindo para o Zoo, vi uma tremenda coluna de fumaca a sul. Hoje vi nos jornais: um incendio gigantesco, a maior movimentacao de bombeiros desde o 11-9.
beijos e queijos
Martha Argel
Em minha visita a Darien, Connecticut, visitei uma praia "publica" em que vc so' entra se seu carro tiver um selinho confirmando que vc mora nas vizinhancas. Ou seja: quem e' de fora nao entra e ponto. Ah, mas e se eu deixar o carro estacionado do lado e fora e entrar a pe'? Resposta. E' proibido estacionar nas ruas de Darien, vc nao pode deixar o carro em lugar nenhum, a nao ser que seja no patio de estacionamento de algum estabelecimento comercial (e estao todos beeem longe de casas e praias). Ou seja: estranhos simplesmente nao podem parar, tem que ir em frente ate' sair da cidade. Ah, em alguns pontos (raros) vi estacionamentos na beira de rios e canais, para dois ou tres carros no maximo. Que contraste com os tremendos patios dos shopping centers, ou malls, como sao chamados aqui.
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O restaurante que mencionei no post anterior se chama Itzocan Bistro, e esta' situado na Lexington com 102th.
* * *
O predio de meu apartamente tem um staff que parece ser composto por dezenas de pessoas. Todo dia parece ter um porteiro diferente. Todos eles correm para abrir a porta para vc, perguntam se quer taxi, carregam os pacotes e malas ate' o elevador. Vixe, vcs achavam que era so' em filme? Ah, e o predio tem um daqueles toldinhos verdes que a gente ve nos filmes.
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Quanto mais conheco da vida estadunidense (americanos somos todos nos!!!), mais percebo as diferencas abismais com o Canada'. EUA e Canada' sao dois mundos totalmente separados por uma fina linha de fronteira, amor e estranhamento.
* * *
Sabem o que e' dificilimo achar por aqui? Um chocolate quente decente. Cafe' indecente tem em qualquer canto, mas chocolate com leite parece estar fora do cardapio ianque.
* * *
As torneiras de agua quente e fria sao um verdadeiro pesadelo. Teve uma vez em que fui tomar banho e nao conseguia fazer com que a agua do chuveiro esquentasse. A torneira do chuveiro parecia com as nossas (nao uma daquelas em que vc vai controlando a mistura de agua quente e fria, independentemente), e so' virava para uma direcao. Entao agi como se estivesse no Brasil, e abri pouquinho pra ter agua bem quente. Nao funcionou. Por menos que eu abrisse, a agua saia gelada. Tive que pedir ajuda, e so' entao descobri que abrindo pouco, sai agua fria, mas se vc abrir MUITO ai' e' que a agua esquenta. Pra ter agua bem quente, precisava sair do chuveiro uma verdadeira cachoeira. Coisa maluca!
* * *
Ontem teve festa em minha homenagem, num restaurante chamado Gardenia, onde o Guy Tudor e' chamado de "professor" e todos os garcons o veneram. Nao me perguntem porque, mas la', o Guy e seus amigos (nos) podemos tudo, menos ficar ate' depois das 22:30. Fomos praticamente expulsos. Mas foi divertido. Varios artistas-naturalistas, alguns colegas de trabalho e um que outro apaixonado pelas aves. O unico problema foi ter sentado ao lado do Guy, que fuma como uma chamine'. Ele, claro, saia para fumar la fora, mas voltava fedendo a cigarro, e isso atacou terrivelmente minha rinite, de forma que eu nao podia respirar, pensar ou coordenar uma frase decente em ingles... Mas foi divertido!
* * *
Tambem ontem, mas de manha, vindo para o Zoo, vi uma tremenda coluna de fumaca a sul. Hoje vi nos jornais: um incendio gigantesco, a maior movimentacao de bombeiros desde o 11-9.
beijos e queijos
Martha Argel
terça-feira, 2 de maio de 2006
Ontem no Central Park: o sol baixo no horizonte, nos fones de ouvido uma musica inspiradora, a meu redor papoulas multicoloridas e as arvores todas verdes de primavera. e eu trabalhando em um de meus proximos livros.
nao e' o sonho de qualquer escritor?!
* * *
O desperdicio nesta terra e' assustador. abundancia e' a palavra de ordem, quer vc precise dela ou nao.
* * *
Voltando ao tema Central Park: que luxo ter um lugar assim em pleno centro! Centenas de ciclistas podem pedalar antes de ir para o trabalho. Ou vc pode observar aves, fazer jogging ou meditar antes do expediente. Ou quem sabe andar a cavalo! E, espanto!, e' permitido pescar nos lagos do parque.
* * *
Mais Central Park: tem horas em que calha de ter mais observadores que aves, e' muito engracado. Parece que o grosso da migracao ainda nao aconteceu, e os birdwatchers estao inquietos, ansiosos. Vc ve alguem olhando com binoculos e ja' comeca a achar "opa, ele encontrou algo bom!", ai' gruda no cara e tbm comeca a procurar. Dai a pouco tem uns quatro, cinco. O pior e' que as vezes nem e' nada que vale a pena... Pura perda de tempo!
* * *
E mais birdwatching: outro dia, numa dessas aglomeracoes de observadores, comentei que na arvore a meu lado havia uma bolota de pasta de amendoim, e que tinha visto uma mulher colocando a meleca nas arvores. Um dos birdwatchers disse "ah, quem e' a Rebecca, ela faz isso faz tempo".
* * *
Ontem fui jantar com o Guilherme, e acabamos num bistro que e' uma mistura de comida mexicana com cozinha francesa, na Lexington com 103 (mais ou menos). Tava muito bom! Comi algo com frutos do mar, bem apimentado, e tomei um chardonnay chileno. Depois o Gui e eu ficamos batendo papo sentados num banco ao longo do muro do Central Park, em frente de "casa", ate' altas horas.
* * *
Quando me encontrei com o Gui, ele comentou "vc esta' parecendo uma novaiorquina!". Eu estava com minha saia "nova", comprada num brecho'. Estou apaixonada por ela!
* * *
Eu ja' disse que tem mais fotos no multiply?
http://marthaargel.multiply.com
* * *
Andando pela rua, outro dia, me espantei com o tremendo espirro de uma mulher no meio da multidao. Dai' a pouco, outro espirro, de outra mulher. As ambas estavam com os olhos e o nariz vermelho, e apartavam lencos de papeis entre os dedos, como se fosem tesouros. Primavera aqui e' a grande temporada de alergias. Uma das mais comuns e' a alergia a polen. Alergia e', nesta epoca, um dos assuntos prediletos dos novaiorquinos.
Beijos e queijos a todos, deixa eu voltar pro trabalho!
Martha Argel
nao e' o sonho de qualquer escritor?!
* * *
O desperdicio nesta terra e' assustador. abundancia e' a palavra de ordem, quer vc precise dela ou nao.
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Voltando ao tema Central Park: que luxo ter um lugar assim em pleno centro! Centenas de ciclistas podem pedalar antes de ir para o trabalho. Ou vc pode observar aves, fazer jogging ou meditar antes do expediente. Ou quem sabe andar a cavalo! E, espanto!, e' permitido pescar nos lagos do parque.
* * *
Mais Central Park: tem horas em que calha de ter mais observadores que aves, e' muito engracado. Parece que o grosso da migracao ainda nao aconteceu, e os birdwatchers estao inquietos, ansiosos. Vc ve alguem olhando com binoculos e ja' comeca a achar "opa, ele encontrou algo bom!", ai' gruda no cara e tbm comeca a procurar. Dai a pouco tem uns quatro, cinco. O pior e' que as vezes nem e' nada que vale a pena... Pura perda de tempo!
* * *
E mais birdwatching: outro dia, numa dessas aglomeracoes de observadores, comentei que na arvore a meu lado havia uma bolota de pasta de amendoim, e que tinha visto uma mulher colocando a meleca nas arvores. Um dos birdwatchers disse "ah, quem e' a Rebecca, ela faz isso faz tempo".
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Ontem fui jantar com o Guilherme, e acabamos num bistro que e' uma mistura de comida mexicana com cozinha francesa, na Lexington com 103 (mais ou menos). Tava muito bom! Comi algo com frutos do mar, bem apimentado, e tomei um chardonnay chileno. Depois o Gui e eu ficamos batendo papo sentados num banco ao longo do muro do Central Park, em frente de "casa", ate' altas horas.
* * *
Quando me encontrei com o Gui, ele comentou "vc esta' parecendo uma novaiorquina!". Eu estava com minha saia "nova", comprada num brecho'. Estou apaixonada por ela!
* * *
Eu ja' disse que tem mais fotos no multiply?
http://marthaargel.multiply.com
* * *
Andando pela rua, outro dia, me espantei com o tremendo espirro de uma mulher no meio da multidao. Dai' a pouco, outro espirro, de outra mulher. As ambas estavam com os olhos e o nariz vermelho, e apartavam lencos de papeis entre os dedos, como se fosem tesouros. Primavera aqui e' a grande temporada de alergias. Uma das mais comuns e' a alergia a polen. Alergia e', nesta epoca, um dos assuntos prediletos dos novaiorquinos.
Beijos e queijos a todos, deixa eu voltar pro trabalho!
Martha Argel
segunda-feira, 1 de maio de 2006
Ola' todos, ca' estou eu de volta 'a correria de NY.
No sabado, depois de observar aves durante toda a manha em Darien, Connecticut, Jean e Don me levaram para passear. Voltamos ao estado de New York e, no meio de uma paisagem incrivelmente verde, rebrotando com a chegada de primavera, atravessamos o rio Hudson por uma ponte belissima. Depois de passarmos por uma reserva natural - onde encontramos um grupo de train watchers!!! - subimos a Bear Mountain. de la' de cima a paisagem era incrivelmente ampla, e dava pra ver ate' a cidade de NY, pequenininha no horizonte, a mais de 70 km de distancia.
De tarde, Kat (que trabalha comigo), seu namorado Ethan e seu amigo Phillip passaram para me dar carona de volta para NY. Depois de uma rapida escala em casa, Kat, Ethan e eu fomos a uma festa. Um amigo dela estava lancando um documentario sobre o telescopio Hubble, e estava comemorando a ocasiao. Foi divertido. No comeco estavamos sem jeito, porque a Kat so conhecia o dono da festa (e centro das atencoes) e eu so conhecia ela e o Ethan. Decidi que ia conversar com estranhos e acabei conhecendo um monte de gente. O mais divertido foi descobrir que ninguem ali parecia conhecer mais do que uma ou duas pessoas, e ficavam felizes em conversar com alguem diferente!
Ontem, domingo, fui observar aves com o John e o Mikel no Central Park, e de tarde sai pra bater perna pela cidade. Fui a uma thrift store (loja de roupa usada), atravessei um Central Park apinhado de gente, visitei um mercado de pulgas e acabei comendo um cheesecake maravilhoso no Zabars - recomendo!!!
Depois, com tempo, conto algumas das coisas curiosas que vi.
beijos e cheeses!!!
Martha Argel
No sabado, depois de observar aves durante toda a manha em Darien, Connecticut, Jean e Don me levaram para passear. Voltamos ao estado de New York e, no meio de uma paisagem incrivelmente verde, rebrotando com a chegada de primavera, atravessamos o rio Hudson por uma ponte belissima. Depois de passarmos por uma reserva natural - onde encontramos um grupo de train watchers!!! - subimos a Bear Mountain. de la' de cima a paisagem era incrivelmente ampla, e dava pra ver ate' a cidade de NY, pequenininha no horizonte, a mais de 70 km de distancia.
De tarde, Kat (que trabalha comigo), seu namorado Ethan e seu amigo Phillip passaram para me dar carona de volta para NY. Depois de uma rapida escala em casa, Kat, Ethan e eu fomos a uma festa. Um amigo dela estava lancando um documentario sobre o telescopio Hubble, e estava comemorando a ocasiao. Foi divertido. No comeco estavamos sem jeito, porque a Kat so conhecia o dono da festa (e centro das atencoes) e eu so conhecia ela e o Ethan. Decidi que ia conversar com estranhos e acabei conhecendo um monte de gente. O mais divertido foi descobrir que ninguem ali parecia conhecer mais do que uma ou duas pessoas, e ficavam felizes em conversar com alguem diferente!
Ontem, domingo, fui observar aves com o John e o Mikel no Central Park, e de tarde sai pra bater perna pela cidade. Fui a uma thrift store (loja de roupa usada), atravessei um Central Park apinhado de gente, visitei um mercado de pulgas e acabei comendo um cheesecake maravilhoso no Zabars - recomendo!!!
Depois, com tempo, conto algumas das coisas curiosas que vi.
beijos e cheeses!!!
Martha Argel
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