segunda-feira, 23 de junho de 2003


Ufa, o feriado valeu a pena. Entre outras coisas: fiz longas caminhadas numa estrada tranqüila; conheci um diretor de cinema e seu co-roteirista que pesquisavam locações pro próximo filme; acertei uma noite de autógrafos; visitei as entranhas de um cinema antigo; tiraram foto minha pra sair no jornal; acompanhei a investigação da polícia técnica num caso de arrombamento (esqueçam os filmes da tevê, os caras são patéticos); participei de reunião com um prefeito; chupei jabuticaba no pé; ajudei a planejar um encontro de escritores. E voltei a trabalhar em meu romance, “Amores perigosos”!
Com uma programação dessas, algo tive de sacrificar. Não fui à Praça Benedito Calixto pro lançamento do Café Literário 9.
Só que, em compensação, tirei foto juntinho com o próprio Calixto noutra praça! Conheci a bela igreja matriz de Bocaina, minúscula cidade que parece um presépio de tão bonitinha, e na praça à sua frente encontrei um busto do pintor. Que que ele tá fazendo lá? Bom, acontece que por volta de 1920, nosso amigo Benedito Calixto andou pela cidade e pintou 13 painéis para a matriz, entre os quais alguns que são considerados obras primas dele. Tirei fotos! Se fosse uma igreja famosíssima, ia ter um cartaz em cada canto proibindo fotografar. Como ninguém conhece, a velhinha que toma conta ficou bem feliz por ter turistas interessados em registrar os tesouros que ela ajuda a conservar.
Quem me levou até Bocaina foi o Chico Cestari. Um cara admirável. O trabalho que ele faz à frente do Centro Cultural de Dois Córregos é maravilhoso. Foi ele quem me convidou pra fazer a noite de autógrafos. Quem for – estão todos convidados, hein? – vai poder conhecê-lo. (quando estiver tudo acertado, posto os detalhes aqui)

Ainda a Lista de Animais Ameaçados
Conversei hoje com uma técnica de um órgão ambiental estadual que tentou usar uma lista com subespécies pra avaliar um laudo de fauna. Conclusão dela: impossível. Gente!!! Lista com subespécie só é útil pra taxonomista! Identificação de subespécie exige coleta, ou seja, O BICHO MORTO. Que tal, ter de matar um bicho pra descobrir se está ameaçado de extinção? Isso é estúpido.
Quanto ao Tamar e às tartarugas pseudo-ameaçadas: pra mim, o principal feito do projeto é a divulgação impressionante da necessidade de preservação de certas espécies. Que interessa se publicam ou não os tais artigos científicos, literalmente pra inglês ver, quando graças ao projeto milhares de pessoas comuns podem ter contato com as tartarugas e ver ao vivo como é que se manejam animais silvestres? Muito mais importante do que gerar informações pros gringos é estimular a percepção ambiental na população brasileira. É o que eu sempre digo: FODAM-SE OS ACADÊMICOS EGOCÊNTRICOS.
Bom, o fato é que, graças ao Tamar as tartarugas marinhas NÃO estão ameaçadas no Brasil. Como justificar sua inclusão na lista? Acho que foi o Juan de BsAs que deu a solução: elas seriam o que em inglês é chamado de conservation dependent, ou seja, que só sobrevivem graças a um projeto específico para sua conservação. É o mesmo caso do mico-leão-dourado. Incrível a confusão mental de quem elaborou a lista. Era só acrescentar essa categoria aos prolixos parâmetros apresentados para explicar a lista (e que não explicam porra nenhuma) e pronto!

Tenham uma boa semana

Martha Argel

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