quarta-feira, 18 de junho de 2003

Bom dia.

Ontem conheci uma moça chamada Aniete. Achei bonito o nome. Ela também é bonita. Trabalha numa loja que abriu aqui perto de casa. Perto em termos, são mais ou menos dois quilômetros, mas é no ponto extremo da minha rota diária de caminhada, e passo por lá todos os dias, então é perto. A loja só vende Coisas de Mulher (é seu nome). Ontem passei mais de duas horas lá, namorando um colar de flores azuis e um camafeu que parece uma jóia antiga. E falando de vampiros. A Eliane e a Elenice, donas da loja, são ávidas leitoras de histórias de vampiro.

Estou ansiosa com a viagem que farei no feriado, com a promessa de gentes e lugares interessantes. Engraçado, é um lugarejo que conheço há anos. Modorrento, ensolarado, pacato. Nada acontece. E agora estou tão ansiosa. The eye of the beholder. Os olhos do observador. Mudam tudo. Um detalhe torna o lugar especial para mim: foi lá que nasceram Lucila e Clara. Um detalhe entre, agora, tantos.

Há dias brinco com a idéia de retomar o Amores perigosos. Pra quê, não sei. Talvez unicamente porque está começado e inacabado. Talvez porque alguma esperança de publicação se agite, embora sem motivo, no fundo de meu cérebro.

Estou lendo um livro em galego: En salvaxe compaña (Em selvagem companhia). O autor é Manuel Rivas, e ele sorri, cabelo despenteado, ar de menino, camisa amassada, na orelha do livro. Parece um sujeito legal com quem sentar-se num café de frente para o porto, em sua A Coruña natal, e bater um longo papo a esmo enquanto os barcos de pesca vermelho-e-brancos balançam nas ondas da ría. O livro? Estou odiando. Odeio livros que me fazem pensar que o que eu escrevo é de um primarismo total, que meu estilo é infantil e tosco, minhas palavras mal-escolhidas e minha imaginação pobre e sem qualquer ousadia. Ok, confesso: inveja pura e simples da mestria do autor. Foi o Xabier Pumariño quem me deu o livro de presente. Saudades. Saudades dos passeios por Santiago, Lugo, pela costa e pelo interior da Galícia.

Sobre o post anterior
Gente, MUITO OBRIGADA PELOS COMENTÁRIOS SOBRE A LISTA DE AMEAÇADOS DE EXTINÇÃO!!! Eu ficaria escrevendo horas sobre o assunto, que não é só uma questão científica, mas envolve aspectos éticos, políticos, morais e afetivos. Sim, o tráfico de animais é um problema seríssimo, que envolve milhões de dólares e portanto implica em corrupção. E sim, a questão não é proteger as espécies em si, mas todo o sistema (i.e., o ecossistema) no qual ela se insere, com todas as relações de dependência como o meio e com outros organismos; mas as espécies da lista funcionam, em teoria, como uma bandeira, supondo-se que sua preservação implique em preservação do meio e, por extensão, de todas as outras espécies. Em teoria. Não vejo isso funcionando nessa lista em especial.
Não concordo com a inclusão de subespécies.
Não tenho opinião formada sobre a inclusão política de espécies não-ameaçadas.
Sou contra a inclusão de espécies só porque são o objeto de estudo de algum cara egocêntrico e com maior poder de convencimento do que outros pesquisadores.
A lista é um instrumento de conservação, e não um artigo científico para os iniciados!

Tenham todos um bom dia e, se eu não voltar antes, um bom feriado!

Martha Argel

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