quinta-feira, 2 de abril de 2009

Plágio Online II – o Final

Depois de alguma insistência junto à moderação, o tópico do orkut criado pela mocinha com sua "fanfic" acabou sendo deletado, e com ele foi-se embora o plágio.
Numa comunidade de escritores onde relatei todo o episódio, gerou-se uma certa discussão. Várias pessoas tomaram por certo que eu estava disposta a entrar na justiça contra a garota e fazer valer meus direitos. Teve gente apoiando com entusiasmo e gente fazendo um coro magnânimo de deixa-disso, de modo que tive a nítida impressão de que alguns ali nem estavam lendo o que eu dizia e repetia: não, não vou processar ninguém.
Mas entre as pessoas que de fato acompanharam o caso com atenção, houve reações e ponderações realmente notáveis pelo bom-senso, algumas das quais me tocaram bastante.
De qualquer forma, o episódio está ultrapassado, embora não encerrado, já que, como tudo o que acontece no vida, gerou conseqüências (um budista diria: como todas as ilusões impermanentes do samsara, essa também gerou karma).
Já nos estertores da discussão, alguém disse algo como "tudo bem, mas se fosse comigo não teria deixado barato e teria insistido numa ação legal". A questão é que eu não acho que tenha deixado barato, não, mesmo sem envolver dinheiro na coisa toda.
Suspeito que a menina acabou pagando um preço alto. Algumas de "suas" leitoras ficaram decepcionadas e manifestaram isso em público. A "obra" que ela construiu ao longo de meses (ela estava postando desde novembro!) foi apagada. De repente ela se viu sem as "fãs" e sem os elogios que, não tenho dúvida, eram uma das coisas boas de sua vida de adolescente que, segundo seu próprio orkut, ficou de recuperação em cinco matérias, está submetida a castigos constantes dos pais e acha necessário mentir sobre a idade. Ela criou para si um personagem de animê que era uma escritora aclamada, e de repente a platéia percebeu que ele era só um personagem interpretado por uma atriz medíocre.
Perder a aprovação dos pares é uma catástrofe em nossa sociedade de aparências. Imagino que tenha sido para essa menina.
Pra que criar uma pendenga judicial e arrastar por meses o gosto desagradável de algo que já foi, e criar dor de cabeça e angústia pros outros (e pra mim)? A garota já deve estar numa espécie de inferno (coitadinha!). Quanto a mim, aprendi muito, e como já disse fiquei tocada com as reações de muitas pessoas com as quais eu nunca tivera qualquer contato.
Acho que, ao contrário de deixar barato, houve grandes perdas e grandes ganhos nessa história toda, sem precisar botar o dinheiro no meio.

E chega, né? Bola pra frente que a vida é curta.

Martha

6 comentários:

Carlos Relva disse...

Quando a página foi tirada do Orkut? Ontem? No Dia da Mentira? Muito conveniente para uma pessoa que, como você disse, está vivendo uma mentira. E parabéns pela maneira tranquila com que conduziu o caso, Martha!

Martha Argel disse...

Obrigada, Carlos, foi um bom exercício de autocontrole!
abraço

Carol Scultori disse...

Se no meio acadêmico tem isso de monte, imagino na literatura... A gente se expõe e corre esse risco. O que eu acho é que se vc não fizesse textos tão bons ninguém plagiaria! Ou seja, coitada da menina e que bom o seu sucesso! Parabéns pela atitude! Bjo

Martha Argel disse...

Que bom vê-la por aqui, Carol. Saudades! Obrigada :-)
beijos

Mario Carneiro Jr. disse...

Oi Martha! Credo, o que aconteceu? A menina estava postando seus escritos como se fossem dela? E laiá. Mas tá certa você. Discussão judicial, normalmente quem perde mais é o reclamante... mesmo que ganhe a ação, não compensa toda a dor de cabeça. Esse papinho "se fosse comigo seria diferente" é típico de quem nunca faz nada, afinal, é muito fácil falar.

Que bom que voltou ao mundo bloguístico. Sentimos sua falta. Bjus!

Martha Argel disse...

Pois é, Mario, não aguentei ficar longe do Vampira Paulistana.
Cada um, cada um. Tenho cá meu jeito de ver as coisas (ou pelo menos tento!).
Andei lendo que é sempre bom parar um instante em vez de reagir mecanicamente a qualquer "afronta". Funciona bem. A vida fica mais simples.
beijos, obrigada pelo carinho