sexta-feira, 3 de abril de 2009
O Vampiro da Mata Atlântica
Era noite – ele sabia que era noite – mas por que ele podia ver a floresta com tanta clareza, como se o sol estivesse brilhando alto no céu? Por que o ar estava tão cheio de ruídos e de cheiros? Ele ouvia pequenos animais, ratos silvestres talvez, andando pelo chão da floresta, ouvia até suas respirações e os corações minúsculos batendo rápidos em seus corpos. A brisa quase inexistente trouxe um cheiro de bicho do mato, e ele soube com surpreendente certeza que uma jaguatirica trotava por um carreiro a uns bons duzentos passos de distância.
E ele se sentia mais forte, mais cheio de energia do que nunca.
Não, ele não estava morto.
Ou estava? De repente lhe ocorreu que já tinha ouvido histórias demais sobre assombrações e mortos-vivos para que não houvesse uma gota de verdade por trás delas.
Passando os dedos sobre o sangue seco – seu sangue – que cobria a barriga intacta, ele teve a certeza de que morrera naquela emboscada, e que voltara como algo do outro mundo. Algo capaz de encher de terror a alma das pessoas.
Ficou algum tempo matutando sobre aquilo, até que um espasmo súbito, violento, contraiu-lhe o estômago. Curvando-se, ele apertou as mãos contra a barriga, num esforço vão de atenuar a dor.
Fome. Uma fome implacável.
Um instinto recém-despertado disse-lhe exatamente o que precisava para saciá-la. E onde fazer isso.
Ele pegou a trilha de volta para o bairro do Alto dos Lacerdas. A espingarda Boito ficou esquecida no fundo da cova. Não era a carne de paca, tenra e saborosa, que ia satisfazer seu apetite a partir de agora.
Logo vocês vão conhecer o vampiro da Mata Atlântica!
O Vampiro da Mata Atlântica, de Martha Argel
Lançamento previsto para 2009
Idea Editora
Capa: Billy Argel
beijos a todos
Martha
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7 comentários:
pooo mana , teu blog ta lindao! rsrs
bjos
ansiedade, agora... além da fome!
(de ler, hehehe)
beijo
Valeu, Billy!
Estel, há quanto tempo, que legal vc ter aparecido por aqui.
beijos e obrigada!
Maravilha, maravilha.
A doutora Argel volta a atacar!
E isso é muito bom pra literatura fantástica brasileira.
Beigius!
o bom filho à casa volta! hehehe
Obrigada, Giu, pela força de sempre!
beijosss
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