segunda-feira, 7 de julho de 2003

O dia hoje foi uma porrada. Pesado. Não bastava o trabalho na periferia, que é sempre uma merda. Angústia. Desespero. Como é que as pessoas conseguem viver, sobreviver, naquelas condições desumanas? Cara, eu sempre fico arrasada quando tenho de trabalhar na periferia. [aviso aos navegantes: estou completamente bêbada. Se os erros de digitação são mínimos, é porque eu, em minha obsessão por perfeição, corrijo exaustiva e mecanicamente -- obsessivamente -- toda e qualquer palavra digitada]
Não bastasse o trabalho deprimente. A revolta por viver nesta merda de megalópole desumana de terceiro mundo. Ainda por cima o celular insistia em funcionar, em despejar porrada em cima de porrada.
Cara, foi um dia ruim, muito ruim, pela carga de reveses que trouxe.
Vou, claro, sobreviver. Eu sempre sobrevivo. Corrijo meus erros, apesar de estar completamente tonta, mundo girando e tudo o mais, por um implacável piloto automático.
Ok, o dia foi difícil, mas vou sobreviver.
Só que eu poderia ter ficado sem a pentelhação de alguém que é persona non-grata neste blog. Paulo, se enxerga. Olhe-se no espelho antes de achar que pode dar lições baratas de moral. Eu já respeitei você, e suas opiniões, e seus textos. Aí eu descobri que você era só um moleque inseguro e boboca. Me esquece e não enche o saco.
Meu medo agora é que a garrafa acabe antes do alívio da inconsciência.
Como eu disse, o dia foi uma merda mas como sempre sobreviverei à angústia dos problemas que escapam a meu controle. Sobreviverei à angústia de ter, mais uma vez, convivido com a realidade da miséria de minha cidade de dez milhões de habitantes. Foi ruim. Cadê o governo para os pobres? Cadê as promessas de dignidade? Não é digno morar à beira de um córrego que é merda correndo a céu aberto. Não é digno morar uma rua que fede a lixo, a carniça. Não é digno ser cidadadão de segunda.
O que transformou o dia numa merda foi a combinação da conscîência do problema de outros com a BOSTA dos problemas pessoais advindos de estupidez, burocracia, desrespeito, descaso, incompetência, presunção...
E como eu disse, a coisa mais importante do mundo, agora, é o que resta de vinho na taça de cristal. Que, pelo menos, seja suficiente para apagar a consciência, os problemas, a bosta do senso de responsabilidade.
Ok, se eu consegui postar algo inteligível, no estado em que estou, no fim da garrafa, no fim do SACO, no fim do dia, então eu posso TUDO.
Vocês, que merecem, fiquem bem. Quem não merece, só me deixe em paz

Martha Argel

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