segunda-feira, 14 de julho de 2003

Aí foi assim:
Graças à noite de autógrafos de meu romance Relações de Sangue em Dois Córregos (SP), me senti famosa não por quinze minutos, mas por quatro dias. Saí nos dois jornais da cidade, o Democrático e o Independente. Dei entrevista para a rádio (e quis morrer de vergonha, há anos não gravava). Todos a quem meus cicerones me apresentavam já sabiam que eu estava na cidade (“Recebi o convite”, “Ouvi na Transamérica”, “Você saiu nos dois jornais hoje”). Dei palestra sobre vampiros para uma turma de adolescentes de um programa de apoio a jovens problemáticos, e eles demonstraram sua aprovação (“Ô dona, nóis gosta de firme de terror”, “Hoje eu nem durmi na palestra!”, “Palestra assim é boa, podia sê sempre assim, é sempre só droga, droga, droga, nóis sai daqui com vontade de fumá”).
Pro evento fizemos uma decoração especial no salão do Centro Cultural. O Chico, a Patrícia e o Celso se esmeraram e ficou um barato. Um painel negro de parede inteira com a fachada de uma casa antiga (feita com fita crepe!), um teto negro, um tapete pra esquentar um pouco o ambiente, panos pretos, rendas e quadros pelas paredes, candelabros com velas roxas e pretas por toda parte. Ficou o máximo! A gente tava esperando a hora que alguém ia entrar e perguntar de quem era o velório!
Como já era de se esperar, não foi exatamente uma multidão que compareceu, mas valeu a pena, e muito. Além da “família” (a relação é difícil explicar, então esquece), tinha escritores, jornalistas e professores. Toda cidade tem um punhado de pessoas que agita a vida cultural, e eram essas as pessoas que estavam lá. A ausência mais comentada foi a do prefeito, mas deixa pra lá, não sou da cidade e não vou dar palpite na política. A trilha sonora foi Cocteau Twins, dei uma micropalestra sobre vampiros e um de meus amigos, o Branco, fez a leitura de um trecho do livro. Claro que eu usava minhas roupinhas góticas, e um rapazinho tímido chegou a me perguntar, sério e assustado, se eu era uma vampira de verdade! A má notícia: esqueci de tirar fotos. A boa notícia: o fotógrafo de um dos jornais (não lembro qual) tirou algumas, prometeu mandar por e-mail e ainda autorizou a colocar na internet. Ueba!
De resto, durante minha estada na cidade, arranjei um monte de novos amigos; filei bóia todos os dias na casa da dona Téia, e vocês não imaginam o que é a calda de vinho tinto e canela que ela faz pro manjar branco; em reuniões e em conversas informais conheci mais a fundo os problemas ambientais do município; assisti a uma sessão de cinema fantástica, não pelo filme, um blockbuster besta a não mais poder, mas pelo teatro lotado, pela atmosfera, pela cena impagável das luzes se acendendo e o Chico pedindo desculpas porque o projetor antiqüíssimo tinha dado problema mas que ia ter sessão mesmo assim (“Achei que iam me vaiar”); terminei mais um capítulo do Amores Perigosos; vi, pelo janelão da sala do apartamento, a lua cheia no céu límpido das madrugadas frias.
Por enquanto foi só, mas logo tem mais: a noite de autógrafos do novo livro, O Vampiro de Cada Um, foi confirmada para o Encontro de Escritores que vai acontecer lá mesmo, em Dois Córregos, em 16-17 de agosto.
Tenham todos uma boa semana e não esqueçam de perseguir seus sonhos e ideais.

Martha Argel

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