sexta-feira, 16 de maio de 2003
Travelling light
Eu deveria estar trabalhando o texto que tenho que entregar agora de manhã, e não aqui colocando sentimentos ao alcance de todos. Talvez tenha sido a lua de ontem. Sim, Ceres, é possível ver o eclipse na cidade, mas a lua perde brilho por conta da poluição e da maldita iluminação viária.
Sinto, cada vez mais, que a literatura me abandona, ou antes, que eu abandono a literatura. Por literatura me refiro à ficção. É uma sensação de perda incalculável. Escrever ficção me dá um prazer imenso, mas nenhuma atividade humana é solitária. Estamos sempre dentro de um universo maior que, queiramos ou não, envolve outras pessoas. Esse universo maior que cerca minha escrita ficcional está se tornando um fardo com o qual tenho cada vez menos paciência. Nunca gostei de bagagens volumosas.
Southbound mind
O Sul acena, irresistível. Duvido que estejam lá as soluções para meus problemas. Mas a fuga é, em si, sedutora.
Roaring Forties
E antes que vocês pensem “que diabos escrevo para confortá-la?!?”: agradeço as boas intenções, mas não estou mal, não estou deprimida. Estou com um puta fôlego para trabalhar. Minha vida tem um ritmo muito acelerado. Foram grandes e várias as decepções desta semana, mas houve também grandes e várias novidades ocupando o vácuo dos fracassos. Creio estar em pleno furacão. Quando os elementos se agitam em fúria, algumas perdas são inevitáveis, mas a rapidez com que a tempestade nos arrasta, e a distância que percorremos em breves instantes, são impressionantes. Não é fácil prever onde vamos parar. A velocidade e a incerteza dão sensação de liberdade e fazem brotar e germinar a tentação de romper quaisquer amarras que nos prendam à normalidade.
Desculpem a egotrip, mas devo procurar dentro de mim, e não fora, as respostas de que necessito.
Fiquem bem
Martha Argel
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