sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

Bom dia.

Ainda está escuro lá fora, nesta véspera de feriado carnavalesco que promete ser de debandada geral. Ontem já tive o tráfego dos foliões passando em frente a minha porta. Congestionamento e babaquices. Minha rua é paralela a uma avenida que dá acesso à Imigrantes (pra quem não é de Sampa: Imigrantes é a autopista que desce a serra em direção ao litoral). Quando a avenida congestiona, o pessoal vaza para a minha rua, e é um pessoal alucinado, desesperado por chegar logo na praia e fazer o que a maioria dessa classe média pobre de espírito sempre faz: encher a cara e agir como selvagens. Ontem vi neguinho já entornando sua cervinha dentro do carro. E fazendo horrores no trânsito, acelerando na contra-mão, fechando os cruzamentos, cortando a frente dos outros, xingando-se e se metendo em bate-bocas. Acho bom mesmo que saiam de Sampa e deixem a cidade muito mais civilizada. Pena que todos voltam depois. Alguns direto pro cemitério, mas voltam.
E enquanto isso, eu cá no meu cantinho gostoso trabalho um pouco, sonho muito, recebo a visita de amigos e leio um livro atrás do outro. No momento estou lendo "Blood and Gold", de Anne Rice. Incrível como alguém pode descuidar TANTO da escrita e da criatividade depois que chega lá em cima e garante um público-leitor cativo. O livro é chato, os diálogos são pueris, os detalhes exaustivos e a ação (se é que a palavra se aplica a uma obra onde NADA acontece) está cheia de pequenas e irritantes contradições. Exemplo do descuido: num dado ponto, a ação se passa explicitamente em 1482 e um personagem descreve com detalhes irritantes um quadro famoso que, descobri numa pesquisinha de 10 minutos, foi pintado oito anos depois, em 1490! Puxa, quem ganha a grana que a Rice ganha devia contratar gente melhor pra fazer a pesquisa histórica.
É isso aí. Bom carnaval a todos. Façam o que bem entenderem mas lembrem-se de não prejudicar nem a si nem aos outros.

Martha Argel,
uma vampira que vai curtir Sampa vazia no carnaval

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