sábado, 1 de novembro de 2003

Dia de luz, manhã de sol...

Gafanhoto
Agora há pouco, vinha eu pela rua, caminhando distraída de volta do supermercado e meditando sobre questões profundas como o fato dos rolos de papel higiênico terem encurtado de 40 para 30 metros e os pacotes de absorventes trazerem 8 em vez de 10 unidades, quando escuto "Psiu, moça". Olhei. Um vigia de rua, sentado numa cadeira. "Por favor", disse ele, me chamando com a mão. Ué. Achei que ele ia pedir as horas. "Pois não?" "A senhora é discípula de Shao-Lin?" Hã, como é que é?! "Como assim?" Aí ele apontou para o dragão de estanho que eu trazia ao pescoço. "É que a senhora usa isso aí" ele apontou de novo "e nos filmes os discípulos de Shao-Lin usam uma coisa parecida. A senhora é budista?". Essa eu nunca tinha ouvido! Já me perguntaram se eu era bruxa (uma vez em que usava um pentagrama) e vampira de verdade (numa noite de autógrafos). Uma outra vez, enquanto eu observava aves, uma mocinha me perguntou, com olhos arregalados e assombro na voz, "a senhora é... cientista?!", e só faltou me cutucar com o dedo pra comprovar que eu era de verdade. Mas nunca tinham me parado na rua pra perguntar se era budista! E antes de eu ir embora, inconformado, o rapaz ainda tentou de novo: "Mas a senhora luta, né?".

Ritual noturno
Ontem foi noite de Halloween. Não fui a nenhuma das festas que pulularam por aí, em parte por um certo desencontro e falta de comunicação. Mas principalmente porque, em homenagem à data e como boa escritora de histórias macabras, tive de participar de um ritual secreto. Algo muito mais sério que uma festa. Só para iniciados. Éramos três durante a cerimônia, realizada em um recinto especial, na calada da noite, em torno de uma mesa especialmente preparada para a ocasião. Sobre a mesa, a vítima ritual, coberta por rubro e vital líquido em homenagem a uma entidade antiqüíssima e muito cultuada, proveniente da península itálica. Num ato de sublime abnegação, comungamos e compartilhamos nossa vítima, por nós consumida até que, como exigia o ritual, não restasse dela vestígio algum. Foi uma cerimônia maravilhosa, que nos deixou num estado de plena satisfação, tão total que sentíamos como se não coubéssemos mais dentro de nós mesmos. Vocês deveriam tentar. Todos nós, adoradores desse entidade divina, nos sentimos felizes em nossa devoção. Seu nome, glorioso, magnífico, único e redentor, é... Parmeggiana!


Hasta la vista, babies!
Para este blog não vai fazer muita diferença porque à vezes passo quase duas semanas sem postar, mas estou saindo para breves férias numa cidadezinha pacata e bonita. Estarei fora do ar. Lá não tem internet. Deixo aqui os problemas, as frustrações, os incompetentes, mal-educados e filhos da puta com que sou forçada a conviver e interagir. Os amigos e as coisas boas carrego sempre comigo, na alma e no coração. Assim como carrego os sonhos e os planos para os próximos meses.

Fiquem bem, acalentem e alimentem seus ideais.

Martha Argel

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