quarta-feira, 27 de agosto de 2003

Frio, frio, frio.
Eu gosto, sim, de frio, mas o problema é ter de passar horas praticamente imóvel na frente do computador, e sentir os pés e mãos aos poucos ir congelando.
Ontem curti o frio. Pelo menos uma vez na vida acertei a roupa ao sair de casa de manhã. O casaco de couro (fajuto) e os coturnos com meia grossa ajudaram a enfrentar o vento gelado, e enquanto ia ao Fran's com o Júlio, meu amigo e parceiro de consultoria, tomar o que ele chama de "o cafezinho mais caro de São Paulo", quase me senti em alguma cidade européia.
E uma passada na livraria Cultura me reservou (além da frustração de sempre por não poder comprar TUDO o que gostaria) uma grande supresa, quase um milagre: um livro exatamente sobre o que eu procurava, a Itália no século XVII!!! Foi uma facada em meu cartão de crédito, mas hoje ele tá ali, bonitinho, na minha estante.

Obrigada a todos os que me visitam, mesmo que não deixem comentários (entre eles, os Fernandos, o que mora mais ao norte e o que mora mais ao sul). Desculpem não retribuir as visitas. O LoveSan ferrou com meu Explorer, e só dá merda quando começo a navegar. Algum dia mando consertar.

Fiquem bem, tão bem como eu me sinto nos últimos dias -- em paz, tranqüila, satisfeita com a vida; que essa paz seja eterna enquanto dure!

Martha Argel

domingo, 24 de agosto de 2003

Olás. De volta, e pra variar, após longa ausência.
Os dias passam tão rápidos, e as coisas se sucedem sem pausas nem intervalos para respirar.
Trabalho, muito, multiplicado por aquele caos mental que resulta do cansaço, e da necessidade de pensar e planejar N coisas simultaneamente. Estou indo adiante ou correndo para ficar no mesmo lugar?
Mais uma noite de autógrafos. Mais um encontro dos amigos. Valeu Ni, Lilica e Aniete, por emprestarem o cantinho tão bom. Valeu a todos que foram.
Ontem, festa do TintaRubra no Tribehouse. Revi amigos. Tive notícias boas (Carmilla, foi a maior alegria em muito, muito tempo o que aconteceu ontem!!!), conheci gente e aproveitei a noite. Me deixei envolver em pequenos eventos que me deixaram encantada com a simplicidade de certas ações, e reações, e com o valor do agora, puro e simples.
Sinto-me cansada, mas um cansaço daqueles que faz a gente encostar a cabeça no travesseiro e sorrir nos escassos momentos que precedem o sono imediato e sem sonhos. As últimas semanas foram intensas e férteis. Falta, porém, o tempo para assimilar o que significaram. É atrás desse tempo que ando agora. O tempo de pedir licença e me recolher e organizar arquivos mentais e pôr em prática o que no momento são planos, idéias, projetos.
Dia 24 de agosto. Há um ano eu tinha sonhos e sorria com eles. Sonhos que morreram no pântano viscoso das decepções e recriminações, e hoje são só uma história que o tempo está se encarregando, com pleno êxito, de pasteurizar.
Mas também há um ano, em outro fim de inverno, assisti à chegada dos andorinhões-do-temporal (Chaetura andrei) aos céus paulistanos, marcando a volta do calor. Hoje meus olhos vão vasculhar o azul-cinza que cobre a cidade seca e poluída. Quem sabe estarão lá de novo, assinalando, impiedosos, a passagem do tempo que, como disse um poeta qualquer, não pára.

beijos a todos

Martha Argel

terça-feira, 19 de agosto de 2003

Bom dia (ou boa noite? droga, sempre a dúvida!)

Estou com insônia. Não dá pra acreditar que a MESMA prefeitura que perdeu minha nota fiscal há algumas semanas... FEZ ISSO DE NOVO!!! Ainda tive que ouvir um moleque idiota me dizendo com cara de songo-mongo 'Tava na minha gaveta, mas sumiu, eu não achei', tipo 'O problema agora é todo teu'. BANDO DE INCOMPETENTES, ter um bostinha desses como funcionário é um atestado de imbecilidade!!! Eu definitivamente devia armar um belo processo pra cima do prefeito, mas sou mole demais pra isso. Ia até falar bem da cidade, que visitei ontem e cujo centro histórico me surpreendeu. Mas por conta dessa insônia que me proporcionaram, vou aproveitar pra mandar o município À MERDA.

Bem diferente o que tenho a dizer a respeito de outra cidade: Dois Córregos. A cidade é linda e limpa, com muita gente bacana. O pessoal de lá precisaria dar mais valor a si mesmo, à riqueza humana, ao patrimônio cultural e natural que o município tem. Largar a postura desanimada e meter a mão na massa, e FAZER, porque potencial existe, e muito (Claro que DC tem sua dose de filhos da puta, como os cornos que organizam aquelas malditas festas com música bate-estaca, que perturbam a cidade inteira, por conta de um punhado de idiotinhas que não têm mais nada a fazer do que perder a audição durante baladas recheadas de música e bebida ruins e companhia pior ainda. Afff, tô REALMENTE de mau humor!)

Dois Córregos sediou o II Encontro Estadual de Escritores, do qual participei autografando 'O Vampiro de Cada Um' e o 'Relações de Sangue'. Fiquei toda feliz com o sucesso dos livros: de todos os presentes na coletiva, fui quem mais autografou (e quem mais vendeu!!!). O marketing funcionou: todo mundo me reconhecia ('Ah, você é a vampira!') e vinha bater papo. Muitos leitores do 'RdS' ansiosos pelo novo livro, e muita gente vindo me contar que meu livro foi adotado por um professor para trabalhar a linguagem contemporânea na literatura. Meu orgulho: o professor é o Pedro, que todo mundo concorda em entitular 'o melhor professor de português da cidade'!!! Conheci muita gente: escritores ganhadores do Prêmio Jabuti, autoridades ligadas à cultura, editores, cineastas, jornalistas. Sem dúvida, nunca tinha tido tantos bons contatos.
E o povo que eu curti: como sempre, o Chico e a Maria Helena, pela doçura e pelo empenho para que o evento fosse um sucesso. Adorei conhecer o Emerson, um cara super talentoso, poeta, uma voz maravilhosa, um senso de humor incrível, com a tremenda sorte de ser casado com a Ester, historiadora, que deve ser um show como professora, por tudo que ouvi! A Débora, catorze anos de uma energia e uma simpatia inacreditáveis, prometendo um futuro simplesmente es-pe-ta-cu-lar. E o Silvio Pires, um dos caras mais malucos e mais gente fina que já conheci; algum dia coloco algum post sobre seu livro 'Vampires', que foi até objeto de exposição no MAM. São pessoas que gostaria de ter como amigas por muito tempo! CLARO que conheci mais gente ÓTIMA por lá, mas o tempo, como sempre, foi curto pra um contato maior. Tenho certeza de que vou reencontrar esse pessoal por aí.
O encontro em si foi produtivo e estimulante, e promete virar uma rotina. Dois Córregos, que tem a chance de virar um pólo estadual de cultura, merece. A Literatura merece. A Cultura nacional merece.

Bom, quem sabe agora consigo dormir. Ou pelo menos ler mais um pouco de 'Chore para o céu', da Anne Rice. Estou achando interessante, menos arrastado que obras mais recentes. A pesquisa dela é de dar inveja! A tradução não compromete, apesar da falta de nexo de algumas frases.

Tenham uma boa semana.

Martha Argel

(creedo, gerenciar os posts nesta porcaria é uma tortura!!!)

quarta-feira, 13 de agosto de 2003

Olá a todos.

Pois é. Voltei de Belo Horizonte. Cidade linda, deliciosa apesar da secura desta época do ano. Não imaginava que, distante de São Paulo apenas sete horas by bus, a capital das Minas Gerais pudesse ser tão mais quente que a Terra da Garoa!

Salão do Livro de Minas Gerais
Não tem, claro, as dimensões mastodônticas da Bienal paulistana, mas tem aquele clima que enlouquece os fanáticos por livros, como eu. Sem muito o que fazer, por três dias percorri os corredores e conversei com livreiros e vendedores em tudo quanto foi estande, sem exceção uma gente maravilhosa, apaixonada pelo trabalho, pela leitura, pelas letras, cheios de assunto e que me ajudaram com entusiasmo toda vez que eu procurava algum livro sobre os assuntos mais bizarros.
O pessoal da Leitura da Savassi foi o máximo. Não lembro o nome de todos, mas agradeço ao Carlos, ao Evandro, ao Gustavo, ao Paulo, à Lionara ?Bruxa?, à Cintia e a todos os demais. Quem apareceu todas as noites foram o Nitro e a Tuz, simpáticos e animados como sempre, com uma galera ótima: Trosco, Hermann, Anderson, Cristiano, Flávio e mais gente que não lembro o nome (sorry!!!). Conheci leitoras muito gracinhas, entre elas a Lucy e a Alice. Valeu, meninas, pela alegria ao levarem o livro pra eu autografar!
Revi gente conhecida, que não esperava encontrar. O professor Angelo Machado, cujo livro de neurobiologia foi meu terror no curso de Fisio Humana, especialista afamado em libélulas e educador ambiental de primeira, estava autografando seus livros infantis. Grande surpresa foi topar com o Roberto de Sousa Causo, especialista em literatura fantástica, autografando seu tratado Ficção científica, fantasia e horror no Brasil (ed. da UFMG), obra já indispensável para todos os interessados. Conversamos muito e aprendi um bocado com ele sobre literatura.
Conheci o José Carlos Neves, que tem um site dedicado a Alan Moore, autor de terror. Bati bons papos com o escritor João Batista Melo, super simpático. Encontrá-lo foi uma grande coincidência, pois umas duas semanas atrás teria comprado seu livro Patagônia (ed. Rocco), não fosse o berreiro do grilo falante chamado Saldo Bancário. Mas desta vez comprei. Temos em comum a paixão por el sur lejano e o fato de que seu livro é sobre Butch Cassidy e seu bando, que uma vez pensei em usar numa história de vampiros. Quem sabe lendo o livro (autografado!) me animo!

... e nas horas vagas...
Fiquei novamente hospedada na biblioteca.... ops, no apartamento da Clau, que agüentou meu surto obsessivo pela Itália pós-Renascimento. Claro que foi o lugar certo para ser atacada pela enfermidade, pois a quantidade de livros que minha amiga tem sobre a Itália é espantosa. Enchei o caderno que levei e me vi obrigada a usar as margens das folhas... Por que tanto interesse? Meu próximo livro, claro! Torçam pra que eu consiga. É meu projeto literário mais ambicioso até o momento.
E numa pausa da pesquisa bibliográfica, assistimos O filho da noiva, belíssimo filme argentino. Ma-ra-vi-lho-so. Chorei muito e também ri muito. Deu vontade de fazer as malas e me mudar pra Buenos Aires (rá, como se essa vontade nunca tivesse existido...).

Bom, é isso. Curtam a vida e façam de tudo pra realizar seus melhores sonhos, sem ferir os outros.

Martha Argel

PS. meu Explorer tá dando uns paus homéricos. Não consigo abrir os comentários dos blogs que estou visitando!!! Lucy, Trosco, Mexicano, Tuz, Nitro, Flávio, passei pra agradecer por tudo, mas...

terça-feira, 5 de agosto de 2003

(Ui, que ódio dessa porcaria de blogger. Publicou meu post duas vezes e, como sempre, é impossível consertar. Ódio, ódio, ódio. Será que colocando este novo postzinho o eco some???)
Oiiiiiis!

Sábado foi uma delícia! SciFi Con 2003, na Oficina Cultural Mazzaropi. EU ME SENTI NORMAL!!!! Primeiro passava um elfo. Depois a Princesa Lea, e aquele ali num canto era o James Bond. Mas o mais sensacional de todos foi o Morpheus, igualzinho o personagem daquele filme que me deu sono. Eu tava quase indo pedir autógrafo.
E não sabia pra onde olhar. Tava no stand do Adorável Noite, dos adoráveis Lila & Dri, mas queria visitar o Highlander, o Arquivo X, o Harry Potter, a Buffy...
O Paulo Chede e a Lu Costa, da Sci Fi News, estão de parabéns pelo evento delicioso que conseguiram organizar, assim como estão de parabéns todos os fã-clubes que fizeram essa festa. E ainda não sei, como não sabia então, se devo dar os parabéns ou o muito obrigado ao vereador Roger Lin, que apoiou o evento.
Menção especial ao nosso Lord Dri, o Adriano Siqueira, que desta vez conseguiu se superar: reuniu praticamente TODOS os escritores brasileiros que lançaram livros sobre vampiros: Flávia Muniz, André Vianco, Giulia Moon, Cid Vale Ferreira, Eliana Gomes Clementino, Marcos Torrigo e eu. A troca de experiências foi FANTÁSTICA!

Domingo eu estava acabada. Adrenalina a mil, uma ansiedade inexplicável, talvez resultado das mil conversas do dia anterior, da proximidade da viagem a Belo Horizonte, de ainda não ter me acostumado à idéia de que O vampiro de cada um já está pronto, de ter virtualmente terminado o Amores Perigosos e de ter dado início ao novo romance, ainda sem nome oficial. Resolvi que tinha de fazer algo para me acalmar: nada de trabalho, nada de planos, nada de nada. Colocar a leitura em dia. Escolhi um volume autografado: O caminho das pedras, o diário da peregrinação de meu amigo Auro Lúcio Silva a Santiago de Compostela. ESSE CARA É O MÁXIMO!!! O LIVRO É MARAVILHOSO!!! Eu não poderia ter escolhido livro melhor que a descrição não de uma caminhada mera e simples, mas de uma viagem interior, contada numa prosa deliciosa, bem humorada, fluida, repleta de detalhes preciosos. Lúcio, o oráculo estava certo: VEJA OS DETALHES. Palavra de quem já leu MUITO na vida: vocês são tontos se não lerem o livro desse cara!

Segunda, e ainda não me recuperei. Por culpa do papo de HORAS que tive com o pessoal do AnneRice-BR, lá na convenção, estou completamente afônica. E o doutor Lúcio, por melhor médico e escritor que seja, não conseguiu curar minha ansiedade, mas tudo bem, consegui um vidro de tranqüilidade na farmácia – ei, é fitoterápico, hein? – e o troço funciona!
Estou lendo outro livro ESPETACULAR, Expedições Urbenauta – São Paulo: uma aventura radical, de Eduardo Emílio Fenianos, mais um de minha coleção de volumes com autógrafos. Suas aventuras pelos bairros mais pobres de São Paulo são de arrancar lágrimas dos olhos - lágrimas de vergonha pela discriminação social dessa bosta de classe média / média-alta à qual pertencemos. O livro do Eduardo é uma aula de cidadania e tolerância e é incrível como se aproxima ao livro do Lúcio na filosofia e nas conclusões, embora não na metodologia. Impressionante a convergência das idéias de ambos.

E é isso. Tenho de pedir perdão por ter me tornado visitante tão irregular em meu próprio blog. Mas meu reencontro com a ficção, com amigos dos quais há muito tinha me afastado, e comigo mesma, tinham de ter alguma conseqüência logística: o tempo não alcança pra tudo.
Beijos a todos. Lembrem-se de ler livros BONS, que fazem a gente suspirar, já de saudades, no fim.

Martha Argel.