terça-feira, 31 de março de 2009
Plágio online
Não sei se algum de vocês já passou por situação parecida, mas vejam que coisa non-sense está acontecendo com um livro meu: uma garotinha está redigitando e postando, em uma comunidade de animê do orkut, o texto na íntegra de meu romance "Relações de Sangue", somente substituindo os nomes dos personagens, e dizendo que foi ela quem escreveu.
Sei que eu poderia tomar alguma medida legal, mas certamente é uma criança que não está ganhando um tostão com isso, e que apenas tem tempo demais e criatividade de menos.
Vai me afetar de alguma forma? Não creio. O perfil das meninas que estão lendo não me parece ser o de alguém que entra numa livraria e pede um livro de uma autora perfeitamente desconhecida.
Mas o que me assombra é a motivação do ato em si. Como eu disse no post que fui forçada a colocar no tópico, que graça vê uma pessoa em gastar tanto tempo para receber aplausos que na verdade não são para ela?
Caso queiram ver essa desfaçatez com seus próprios olhos, o nome da comunidade é "Sasuke e Sakura 4ever" e o tópico pode ser acessado clicando aqui.
E eu que achava que carregarem o arquivo de um livro na internet à revelia do autor, a título de "democratização da leitura", era o máximo da caradurice!
Ah, caso a moderadora da comunidade apague meus posts, segue o que coloquei lá:
PLÁGIO DE MEU LIVRO RELAÇÕES DE SANGUE
Caros leitores, agradeço muito todos os elogios e a empolgação com que este texto está sendo recebido por vocês, e aproveito para informar que, infelizmente, ele NÃO foi escrito pela pessoa que o está postando.
O texto que até este momento foi colocado aqui é, na íntegra, meu romance "Relações de Sangue", publicado em 2000 pela editora Novo Século. O que a pessoa responsável pelo tópico está fazendo é meramente transcrever meu texto, substituindo o nome verdadeiro dos personagens, que são:
- narradora - Clara
- vampira - Lucila
- vampiro sedutor - Daniel
- namorado - Estevão
- vampirão - William
- amiga da narradora - Carol
Não sei que satisfação terá uma pessoa ao gastar horas digitando um texto alheio em vez de criar sua própria ficção, e com a única finalidade de receber elogios que não lhe pertencem. Isso é viver uma mentira, não? Será que a vida dessa pessoa é tão pouco preciosa que vale menos que uma ilusão?
Quando se pretende ser escritor, o mínimo que se faz é respeitar o trabalho de outras pessoas. Senão, como esperar respeito para si mesmo?
Se essa pessoa chama de seu um texto que não é, será que fez ou fará o mesmo com todos os outros textos que já divulgou ou divulgará?
Aplausos efêmeros são um preço irrisório a pagar pela sua honra. Será que os personagens homenageados nesta comunidade teriam esse tipo de atitude?
Esclareço que só vim a público após ter pedido, em particular, alguma atitude por parte da pessoa que está postando este texto e da moderação da comunidade, sem ser atendida.
Bem, se quiserem saber como continua a história, a forma mais rápida é ler meu livro. Se quiserem, podem até pegar um lápis, riscar o nome dos personagens e substituir pelos que mais lhes aprouverem.
Mas talvez a responsável pelo tópico continue achando alguma graça nessa bricadeirinha e continue gastando o tempo ao qual não dá valor, copiando o que outra pessoa escreveu.
Ah, sim.
Pretendo comentar este incidente em outros sites.
Ao comunicar isto, estou tendo muito mais consideração para com a responsável por este tópico do que ela teve para comigo ao disponibilizar, sem minha autorização, minha obra.
Talvez não seja do conhecimento de todos, mas o que foi feito aqui chama-se plágio, e pode ser objeto de ação legal.
Abraços e continuem divertindo-se, mas sem prejudicar outras pessoas.
Martha Argel
Bom, é isso aí, desculpem o desabafo, mas acho que certos puxões de orelha em público podem ter efeitos bastante didáticos.
Vivam a vida enquanto não é tarde demais!
Martha
PS. Não, definitivamente, eu não vou processar a plagiadora. Tenho certeza de que ela vai tirar uma lição maravilhosa disso tudo
quarta-feira, 11 de março de 2009
A borboleta que bateu as asas no Himalaia
Ontem fez cinquenta anos que o governo chinês reinvindicou, a força, seu direito de posse sobre a remota e paupérrima região do Tibete.
Fiz meu ato de protesto. Durante duas horas mergulhei nas palavras vindas, por vias tortuosas, do alto e tempestuoso planalto tibetano. Junto comigo, umas sessenta pessoas das quais uma ínfima minoria, se alguém, já terá colocado os pés naquele território. Que eu saiba, havia na sala um único tibetano (ou talvez nem isso, quem sabe butanês). Até mesmo a pessoa que nos transmitia as palavras era, como eu, deste lado do Atlântico.
Se a China não tivesse invadido o Tibete, há meio século, um protesto não teria sido necessário ontem. Mas nem eu nem milhões de pessoas pelo mundo todo jamais teríamos ouvido as palavras vindas de lá, e elas transcendem em muito, mas muito mesmo, qualquer tipo de protesto, por mais justo e justificado que seja.
Isso é o karma em todo o esplendor de sua realidade: qualquer ação tem uma reação. E nunca se pode prever qual será. É isso que torna a vida tão fascinante.
Tashi delek!
(Boa sorte, saudação tradicional tibetana)
Martha
segunda-feira, 9 de março de 2009
Cavalos de vento
"Cavalos de vento" são essas bandeirinhas coloridas, as bandeiras de prece tão características do budismo tibetano.
O princípio básico é o seguinte: o vento passa e espalha bons augúrios, por onde for, sem escolher, sem ajudar-esse-aqui-mas-aquele-ali-não.
Devia ter desses paninhos coloridos em cada cantinho do mundo. Quem sabe só de olhar a gente se lembrasse que tem que ser que nem o vento.
Que os bons ventos soprem também para o seu lado.
Martha
O princípio básico é o seguinte: o vento passa e espalha bons augúrios, por onde for, sem escolher, sem ajudar-esse-aqui-mas-aquele-ali-não.
Devia ter desses paninhos coloridos em cada cantinho do mundo. Quem sabe só de olhar a gente se lembrasse que tem que ser que nem o vento.
Que os bons ventos soprem também para o seu lado.
Martha
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domingo, 1 de março de 2009
De repente
De uns tempos pra cá, a idéia de andar por aí com uma máquina fotográfica começou a me incomodar. Por que não deixar que o tempo se encarregue do que já passou? Por que tentar guardar o que já não é? Por que tentar compartilhar com outros o que é, foi só seu? E por que raios ter um blog?
Mas por outro lado, por que não assumir os próprios dilemas e paradoxos pessoais? A ânsia em capturar o passado e a verborragia eletrônica são obstáculos a ser ultrapassados, sim... mas eu ainda não consegui!
Enquanto isso, continuo capturando e, se alguém se interessar por eles, compartilhando meus acasos.
Catedral de noite.
Pôr do sol na varanda de casa, em São Paulo.
Curtam seus momentos. Cada um deles, sem sofrer quando se vão.
Martha
Mas por outro lado, por que não assumir os próprios dilemas e paradoxos pessoais? A ânsia em capturar o passado e a verborragia eletrônica são obstáculos a ser ultrapassados, sim... mas eu ainda não consegui!
Enquanto isso, continuo capturando e, se alguém se interessar por eles, compartilhando meus acasos.
Catedral de noite.
Pôr do sol na varanda de casa, em São Paulo.
Curtam seus momentos. Cada um deles, sem sofrer quando se vão.
Martha
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