segunda-feira, 8 de março de 2004

Oscillate wildly.
É o nome de uma música dos Smiths.
É a música que ouço agora.
É como me sinto.
Não sei o que fazer com toda a energia que sinto dentro de mim já há alguns dias, o desejo de fazer tudo de uma vez. Acabo começando mil coisas ao mesmo tempo. Algumas termino, algumas não. Outras esqueço, como a panela no fogo: só me lembro ao ouvir o barulho da água fervendo (invariavelmente é água para um chá de erva-cidreira, em teoria um calmante que obviamente na prática não me faz efeito algum).
Tenho tentado ficar longe das pessoas. Mas telefone e internet são uma praga. Ontem meti os pés pelas mãos, acho. Não vou me torturar por isso, mas me assusta. Me assusta a intensidade com que posso atingir quem importa para mim e se importa comigo.
Esse excesso de energia e essa resposta exagerada aos estímulos do meio fazem com que a irritação provocada pela imbecilidade humana atinja níveis muito além da escala. Essa cretinice de Dia da Mulher, por exemplo. Me faz querer sair por aí chutando partes sensíveis da anatomia alheia.
Talvez numa conspiração cósmica visando reestabelecer algum controle, estou justamente terminando meu conto, num gran finale apoteótico de violência e crueldade, e a chance de extravasar ao menos um pouco dessa avalanche emocional não está sendo desperdiçada.
Mas não se enganem: toda essa intensidade tem uma origem. É a euforia que faz minha cabeça girar. Estou feliz e não consigo entender esse estado. Talvez seja muito mais fácil lidar com a tristeza, a melancolia, a insatisfação do que com a felicidade.

Tenham uma boa semana. Vivam. Não se deixem estar mortos dentro de carcaças inertes. Sintam e façam e corram o risco de alcançar seus sonhos.

Martha Argel

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