Sete anos atrás, quando eu ainda escrevia textão pra FB, postei isto.
Como ainda acho válido, segue, para vossa diversão.
~o~o~o~
Isso aí me faz lembrar da prova de pós-graduação que prestei para entrar em uma prestigiosa universidade, em que algum entomólogo - especialista em insetos - querendo valorizar sua área (nada contra, se feito de forma inteligente!) colocou uma questão absolutamente irrelevante, uma pegadinha, perguntando "Onde se podem encontrar ovos (ou ninfas, sei lá) de Cimex?"
Se fosse uma prova só para zoólogos já seria ridículo, pois nenhum especialista em outras áreas pode, em sã consciência, conhecer todos os nomes científicos de grupos que não o seu. Por que eu exigiria que os entomólogos conhecessem todos os nomes de aves, corais, sanguessugas ou caracóis do mundo?! Mas a prova reunia botânicos, geneticistas e sabe lá mais o quê.
Tudo bem, acho que talvez seja importante saber isso, se bem que eu nunca vi um Cimex na minha vida, e pelo que sei embora sejam um incômodo e um problema de higiene, são bem menos relevantes do que outros insetos em termos sanitários e econômicos.
O problema é, da forma como a questão foi posta, saber o nome científico parecia muito mais relevante do que de fato saber algo sobre a espécie em questão. O aluno poderia até saber tudo sobre o animal, mas se não soubesse o nome científico, dançou. Valorização da decoreba, entende? Erudição pela erudição, a despeito do valor da informação.
Eu não sabia o que o tal Cimex era, ÓBVIO. Taquei "em folhas de verduras".
Dias depois, contei a história para um Entomólogo com E maiúsculo, um daqueles que de fato entendia a relevância do conhecimento entomológico e à época um de meus Gurus científicos), ele deu uma gargalhada, abismado com a irrelevância total da questão em uma prova tão importante. Cimex é o percevejo da cama (substituam o gênero pelo nome popular, na pergunta, e vejam como ela, em vez de técnica e sisuda, soa estúpida).
Conselho desse Entomólogo do E maiúsculo:
-- Você devia ter respondido "em coleções entomológicas". Não tinha como errar!