quarta-feira, 30 de maio de 2007

Dreaming of flying

Uma das borboletas inquietas empurra-me para sul. As teias do senso comum e da vida de todos os dias me retêm.
Resolveu ser críptica agora, é? Metáforas poéticas?
Não. Reencontro com a língua-mãe.
Agüentem, por favor, ainda ando perdida entre os fusos horários e a mudança de cultura.

M

terça-feira, 29 de maio de 2007

E depois que eu saí de lá...

Está no blog da Tanya Huff:

"On Saturday June 2nd -- that's not this coming Saturday but the next Saturday for the date impaired -- I'll be signing my new book THE HEART OF VALOR at Bakka-Phoenix Books, 697 Queen St. W, Toronto, Ontario. The signing starts at 3pm and I'll be there for at least two hours (my train out is at 6:30 so don't count on me being there much after 5:30)".

Pior o que aconteceu ANTES de eu sair de lá. No dia 27 entrei no blog da livraria e achei isto, postado no dia 25:

"In addition to being the day after the twenty-fifth, tomorrow is the day Kelley Armstrong comes to visit!
She'll be here at 3pm, to launch No Humans Involved, the newest book in her wonderful Women Of The Otherworld series (which, incidentally, is now a NYT Bestseller. Go Kelley!). Come celebrate with us!"

NÃO! Ela tinha estado lá no dia anterior. Kelley Armstrong é autora de uma série de lobisomens. Gostei do primeiro livro, tem um lobisomem de babar, o Clayton. E EU PERDI A CHANCE DE CONHECÊ-LA!!!!!
Life is not fair.

Martha Argel
P.S. - sim, estou de volta a Sampa. Sim, a viagem foi ok. Sim, ao abrir o jornal de manhã e olhar as notícias, pensei sinceramente em comprar uma passagem pra Toronto, só de ida.

domingo, 27 de maio de 2007

27 de maio, domingo

Há exatamente um mês comecei a escrever este diário, neste mesmo lugar, sentada no chão, com o laptop diante de mim, sobre uma cadeirinha azul de criança. Não vou dizer que parece que foi ontem porque é um chavão usado e batido. Mas que parece, parece.
Acho que em todos meus diários eu sempre comento como o tempo psicológico é esquisito durante viagens, especialmente as intensas (ah, bem, e tem outro tipo de viagem? Ao menos que valham a pena, não). Parece que cheguei ontem, mas também parece que estou há meses aqui. Aliás, parece que estou há dois anos aqui, porque cada nova viagem, dormindo na mesma cama, andando pelas mesmas ruas, reencontrando as faces de antes, é simplesmente a continuação de uma única permanência aqui. É como se não tivesse nunca ido embora.
E dentro de mim toma forma um Canadá mítico, próprio, pessoal e intransferível.
Meu Canadá é curiosamente desprovido de invernos e de neve. É uma eterna meia-estação de temperaturas amenas. Meu Canadá é um enclave lusófono num contexto anglo-falante. Meu Canadá é uma longa busca e um recorrente re-encontro com minha brasilidade, um lugar onde constante e inconscientemente eu e outros como eu procuramos os iguais – e “igual” passa a ser determinado apenas pela língua original, sem importar o acento. Eu poderia discorrer on and on and on sobre isso, mas acho que vocês já entenderam meu ponto. Se não paro por aqui, vou começar a soar perigosamente semelhante a certo autor famosinho que decididamente abomino.
(Nota que deveria ser de rodapé: dado meu iminente retorno à pátria, com todas as dores e alegrias inerentes, deixo hoje de lado minha obsessão em evitar advérbios terminados em -mente, bem como outros termos terminados em -ente. Yay! Sinto-me incrivelmente livre!)
Voltando ao minucioso relato do dia-a-dia de uma viajante-escritora compulsiva, ontem foi um dia de puro marasmo. Perdido já no labirinto entre os dois hemisférios do mundo, meu cérebro simplesmente se recusou a fazer qualquer coisa original, arrojada ou surpreendente.
Um evento delicioso a marcar este final de viagem foi ter conhecido, após dezenas de scraps, e-mails e telefonemas, a Danny e o Neil e a filhinha deles, a Yasmin. Passeamos pelo St. Lawrence Market e fomos a um restaurante (Town & Country Market Fresh Buffet, 190 Queens Quay East). Ok, a comida não era lá essas coisas, exceto pelas sobremesas, mas o lugar é uma delícia! Eu voltaria lá pelo ambiente.
De tarde bateu uma preguiça total, e eu dormi. Acho que foi o cansaço acumulado de toda a viagem que me pegou. Ou quem sabe o consumo excessivo de açúcar. Talvez aquelas borboletas de que falei ontem. Um momento de “fechado para balanço”, maybe... Quem sabe o fato de ter fechado as malas (sim, coube tudo! Bem, praticamente tudo) refletiu-se em meu cérebro.
No meio de tudo, desisti de esperar pelo ep 12 de Blood Ties no IslifeCorp e assisti no YouTube mesmo. Hum. A lot of kissing around. I liked it. Very. Much.
Hoje o domingo amanheceu cinzento, taciturno, lento. Outside, inside.
Este é o último post da viagem. Talvez coloque um adendo, quando chegar ao Brasil, mas sei por experiência própria que posso demorar semanas para isso. Ou jamais fazê-lo.
Por isso... Tchau a todos! Acabou. C’est fini.
Mas não vou terminar com uma despedida, porque é deprê demais. E, afinal de contas, em outro momento esta viagem vai continuar. Pode ser daqui seis meses, pode ser um ano. Mas será a mesma viagem.
Algumas noites atrás vi algo que esqueci de comentar. Estava no metrô quando entraram duas moças. Uma delas, de costas para mim tinha uma bolsa ao ombro. A alça era uma corrente, presa à bolsa por uma algema. Uau. Percebi um rapaz olhando fixamente para a algema. A expressão do rosto dele mostrava tudo o que passava por sua cabeça. Com certeza o que havia passado pela minha e muito mais. Definitivamente, naquele momento eu desejei ter uma bolsa daquela. Se alguém aí souber onde tem, me avisa?

beijos e queijos e hasta la vista!
Martha Argel

sábado, 26 de maio de 2007

26 de maio, sábado

Eu já disse que não quero ir embora? Eu não quero ir embora.
Talvez queira. Nos últimos dias, ou quem sabe nas últimas horas, uma borboleta inquieta bate asas dentro de minha cabeça, ou de meu coração. Os ventos me empurram. Preciso de novidades, uma ou outra loucura daquelas que fazem a vida valer ser vivida. Às vezes o sonho em si é suficiente.
Em meu antepenúltimo dia de Canadá estive, quase sem planejar, em dois pontos turísticos de Toronto.
Saindo para caminhar a esmo de manhã, cheguei ao Distillery District, uma antiga área industrial transformada em um grande espaço para o lazer – grandes galpões antigos, de tijolos, com ruelas de paralelepípedos. Mas é lazer à la norte-americana, lugar de gastar dinheiro com compras, arte e comida caras. Procurei por algum museu que perpetuasse a história do lugar. Não tinha. Só as fachadas dos prédios mesmo. Não julguei nem que o lugar merecesse fotos. Fiquei pensando que talvez antes da modernização o lugar fosse usado como locação para filmagens. Agora não dá mais. Perdem os filmes. E as pessoas ainda se espantam por menos filmes serem rodados aqui.
No almoço, o Terry e eu aproveitamos que a Clau estava fora, no trabalho voluntário dela, e comemos lagostas. Hummmmmm! Com vinho. Hummmmmm! Tava tudo ótimo até que a Clau ligou e contou que um caminhão tinha batido no carro dela. Ela estava bem. O carro, amassado mas em condição de uso. Oh well. Lá se foi nossa alegria.
Ela chegou toda jururu, e me pediu para acompanhá-la pelo resto do dia. Ok, claro! Não resolveu, mas ajudou. Fizemos um monte de coisas na região da Bloor. E, pra variar, eu estava lendo um conto da Tanya Huff. Que se passava todo na Bloor e adjacências. Tá, já não é mais novidade que essas coisas aconteçam, né?
De noite saí para jantar com a Claudia E. e o Gustavo, e de novo tive problemas com o metrô. A plataforma na King estava lotadaça. Xi. Um longo aviso saiu dos alto-falantes, como sempre totalmente incompreensível, só entendi, “we apologize for...”. Perscrutei as faces ao redor e como só vi tédio, deduzi que não havia interrupção total. Devia ser só atraso, mesmo. E de fato era isso.
Finalmente cheguei ao meu destino e conheci o segundo ponto turístico do dia, o bairro grego. Um paraíso gastronômico.
Fomos comer numa creperia. “Pra beber?”. Ginger-ale diet. Hum... não tem, me desculpe. Ginger ale normal. Ok... hum, hã... não tem, me desculpe. Tá, Pepsi diet. Oh, me desculpe, não tem. Ok, ok, Pepsi normal. No final: um crepe de geléia de laranja com chocolate amargo. Ok... oh, me desculpe, eu achei que tinha mas não tem, pode ser geléia de morango? Na hora de pagar, o Gustavo sugeriu que a gente dissesse “dólares? Oh, me desculpe, a gente achou que tinha mas não tem, pode ser reais?”
Dali fomos tomar um café, ops, chafé. Entramos num Timothy’s, segundo o Gustavo, a melhorzinha entre as cadeias de café. Estávamos na fila quando uma salva de palmas frenéticas nos surpreende. Havia um monte de gente sentada, olhando uma mulher vestida de preto? Despedida de solteiro? sugeriu o Gustavo. Perguntei pra caixa. Resposta toda animada “Oh, it’s Friday. Comedy night”. A mulher de preto tinha uma voz esganiçada e aguda, que doía no ouvido. O Gustavo fez cara de terror. “E eles estão rindo!” Era verdade. A balconista de vez em quando dava risada. Os cafés não vinham nunca. A mulher chamava a platéia pra participar. Gustavo: vamos ficar aqui, bem longe. A balconista: vocês têm de pegar os cafés ali no outro balcão. A escassos três metros da mulher. Fomos pra lá, com olhos arregalados de terror. Gustavo: “mas quanto tempo demora pra fazer esses cafés?!” O sujeito parecia que estava pintando a Santa Ceia. Cheio de técnica. O pior é que o resultado, a gente sabia, ia ser a catástrofe de sempre. O sujeito entregou dois copos, os capuccinos meu e da Cláudia. “A gente te espera lá”. Olhar aterrorizado do Gustavo, enquanto escapávamos para o fundo da loja. A mulher ainda se esgoelava. O povo ria. E finalmente o Gustavo se juntou a nós e saímos para a segurança e a paz das mesas externas. Ufa. Que aventura besta.
Não houve contratempos no metrô da volta. E a caminhada de King até em casa, nas ruas escuras mas não vazias da noite de sexta-feira, teve um gostinho de despedida. Por que é que a gente sofre por antecipação?

beijos e queijos a todos
Martha Argel, quase aí

sexta-feira, 25 de maio de 2007

25 de maio, sexta-feira

Nossa, já está no fim! Embarco de volta depois de amanhã, nem acredito. Onde foi parar este último mês?!
Estou totalmente dividida. Should I stay or should I go? Devo ir, mas queria ficar. Por outro lado, estou ansiosa para voltar a minha casa, minhas coisas, minha cidade. Sensação peculiar essa, de se sentir em casa em vários lugares diferentes, mas já escrevi longamente sobre isso algumas semanas atrás.
Nestes derradeiros dias, acho que estou tentando fazer um apanhado sensorial da cidade, recolher na mente os últimos instantâneos. Os ângulos da luz, o movimento das pessoas nas calçadas. As fileiras de sobrados pitorescos nas ruas de árvores imensas. A ordem pacífica e desconcertante das avenidas movimentadas do centro. A desordem caótica e a falta de educação dos pedestres em Chinatown. Os parques, praças e esquilos. As gaivotas no céu. A familiaridade das estações de metrô. Os mil e um idiomas captados enquanto caminho na multidão.
Sempre é estranho voltar ao Brasil e perceber que todos falam a mesma língua que eu. Vocês têm idéia do privilégio que é poder se comunicar com todos ao nosso redor? Depois de alguma longa viagem ao exterior, cada conversa que tenho com gente na rua, com a caixa do supermercado, com o cobrador do ônibus, com quem for, é um momento precioso, que saboreio na ponta da língua. Estamos falando Português. Temos um idioma em comum. Falamos a NOSSA língua. Por algum motivo isso me enche de orgulho. Queria que todos sentissem isso. É tão bom. A gente se sente muito mais brasileiro quando sai do país.
O dia de ontem foi dedicado a uma missão quase impossível: fazer minha prima comprar um sutiã de verdade. Ela é uma das pessoas mais desencanadas do mundo para se vestir, e consegue usar as maiores camisetas e as calças mais amplas do mundo. “É confortável”. Sei. Já fui assim. E usa praticamente qualquer coisa, desde que seja... verde-limão! (Não posso falar muito; montei um guarda-roupa quase completo, só em tons de roxo, lilás, malva e fúcsia, mas pelo menos são do tamanho certo). Pois bem, agora que ela está procurando trabalho, tem que ficar mais apresentável. E decididamente, uma roupa de baixo adequada faz alguns milagres (rá, aprendi com a Trinny e a Susanna, em What Not To Wear). Comecei a buzinar no ouvido dela sobre sutiãs quando cheguei aqui, e ela me xingou por semanas. Assim, quase caí de costas quando ela me pediu pra ajudá-la a comprar a bendita pecinha de roupa. Urra!
Eu sabia que seria quase um milagre fazer a Clau entrar numa loja de lingerie, e que ela enrolaria até que eu desistisse de nossa missão, mas respirei fundo e ataquei o desafio.
A batalha começou ao meio-dia, quando a encontrei perto da Bloor, uma das principais ruas comerciais da cidade, senão a principal. Primeiro fomos a uma cantina italiana almoçar. Delícia! Comi um peixe cujo nome não entendi, mas estava maravilhoso.
Então entramos no Honest Ed’s, uma loja tipo Americanas, mas só com produtos de segunda, extremamente baratos. Saca Brás? Então. Com certeza não era ali que acharíamos o tal sutiã. Mas encontramos algo espantoso: uma prateleira de bustos do Elvis em tamanho natural, topete e tudo! Um pesadelo, em especial o que era colorido.
Próxima parada, uma loja de material de desenho e pintura. Namoramos canetas e cadernetas de anotações, cada uma mais linda que a outra. Comprei uma caneta roxa.
Em seguida, entramos num sebo. Inevitável. Mais uma vez me perguntei se de fato tenho algum sentido extra para encontrar livros de vampiros. No meio de centenas de livros, havia um, no chão, lombada pra cima toda empoeirada, e não dava pra ver nada a não ser que era preto. Aliás, a única lombada empoeirada ali. Fui direto nele. Bingo. Era um livro que eu nunca tinha encontrado, de Nancy Baker, escritora canadense excelente. Acabei comprando seis, a maioria em minha wish list há tempos. Yeah!
A seguir outro sebo. Um supermercado. Lojas de bugigangas. O tempo passando e nenhuma menção a sutiãs. Caminhando, caminhando, chegamos a Chinatown, e eu já perdia as esperanças. A Clau só falava em encontrar uns clogs, um tipo de tamanco de borracha super-ultra leve, que todo mundo usa por aqui, ela queria verde-limão (argh!). Eu lembrava de ter visto os malditos em Kensington Market. “Vamos entrar nessa rua que acho que vi aqui”. Busca infrutífera, mas achei algo que eu buscava, uma camiseta branca comprida e justa, também na moda aqui, por baixo de um top curtinho (é como a Vicki se veste em Blood Ties!). Olhando dentro da loja... AHÁ!!!!! Sutiãs!!!!
Agarrei a Clau pelo braço “Agora você entra aqui!” e puxei-a pra dentro. Como ia fazer pra garantir a ajuda da vendedora? E como convencer a Clau a experimentar um sutiã que fosse?! Aquilo ia ser um pesadelo! “Ai, tô tão cansada...”, e a Clau desabou num banquinho. Pelo menos não tinha saído correndo, primeira batalha vencida. Eu já ia na direção da vendedora, pensando em como recrutá-la para a luta, quando ela vem com um sorriso enorme. “Vocês falam português! Vocês são brasileiras?” Quase desmaiei de susto! Aquilo não era uma vendedora, era um anjo enviado pelos céus!
Resumindo: a Juliana era paulista, simpática e eficiente. Sabia tudo de sutiãs e conseguiu a façanha de fazer a Clau provar uns quantos (“O quê, eu tenho que experimentar antes de comprar?!”). Quando eu dei meu palpite que aquele menos confortável ficava melhor, ela foi genial: “Mas é melhor ela levar o que achou mais confortável, nessa fase de transição”. Além de anjo, instrutora. Cool! No fim, a Clau levou dois (yes! incluindo o “menos confortável”) e eu levei um, além das camisetas.
Vitória!!!!!
Pra completar, a Clau achou os tais clogs verde-limão.
Quando chegamos em casa, ela estava radiante. “Não são lindos?!” Não era dos sutiãs que ela falava. Esses foram pra gaveta. Os clogs ela colocou nos pés e não deve ter tirado nem pra dormir.

beijos a todos!
Martha Argel

PS. mais uma do sistema de transporte coletivo: na verdade, não voltei com minha prima. Ela veio de metrô e eu vim andando (deve dar uns 4-5 quilômetros da Bloor até em casa, quase uma hora de caminhada), mas cheguei poucos minutos antes dela! Por causa de um acidente na linha, o trem parou e lá ficou. Que saco, não?! Pelo menos dessa eu escapei.
PPS. pra quem quer ver a cara dos tais clogs, tem uma foto aqui: http://www.flickr.com/photos/anniemole/230486812/ . Enjoy.
PPPS. na caminhada de volta, sentei no Queen’s Park e fiquei um tempo apreciando as árvores e as pessoas fazendo o mesmo que eu. Lindo.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

24 de maio, quinta-feira

Terça-feira foi um dia de cansaço pós-viagem e de pequenas surpresas e novidades.
Vencendo a inércia que tentava me manter em casa, voltei ao Value Village, aquele brechó que mais parece um super-mercado de segunda mão. Já disse o quão baratas são as coisas lá, né? Pois bem, o dia 22 de cada mês é dia de liquidação. Liquidação de verdade: tudo por metade do preço! Não dá nem pra acreditar. Bom, e imaginem quanta gente havia, atrás de barganhas absurdas, e eu lá no meio... (mas a escolha era enfrentar a multidão ou ir lá depois do arrastão e correr o risco de não achar nada de bom). Em resumo: com trinta dólares (cinqüenta reais?) fiz uma senhora festa, com direito a dois jeans, duas bolsas, puloveres e camisetas. Uau. Cores lindas. Foi dia de azuis e marrons.
Após o despropósito de compras (e já começo a meditar acerca do quão grandes são minhas malas...), ganhei uma carona da Clau até minha livraria favorita, em minha rua predileta, a Bakka-Phoenix, na Queen Street West.
Caso vocês ainda não estejam cansados de me ver dizendo isso, a Tanya Huff trabalhou lá por oito anos. Foi na Bakka que ela se deu conta da fidelidade canina dos leitores de ficção vampírica, e resolveu escrever algo voltado para eles. Feliz idéia, eu diria.
Zanzei um pouco em busca de livros que não encontrei, ou que acabei desistindo de levar, até que me ocorreu fazer uma pergunta. “Vocês têm algum livro autografado pela Tanya Huff?”. E a resposta veio rápida: “Ah, sim, dá uma olhada ali, tem vários”. Uaaaaah! Quase tive um troço.
E lá estava eu, ajoelhada diante da prateleira mais baixa, tentando decidir qual levar (acabei levando meu preferido, Blood Trail), quando a simpática vendedora chega junto. “Não sei se você sabe, mas ela vai estar autografando aqui”. Caraaaaaalho! Quase caí sentada. Quando? Quando? “Hum... peraí.... hum.... ah, dia 2 de junho.”. Nããão! Quase uma semana depois de minha partida! Não, não, não!!! A vida não é justa.
Engolindo a decepção, continuei de papo com a vendedora. Ela estava muito bem informada sobre Blood Ties, e me contou que um amigo tinha baixado os primeiros episódios, e um grupo se reunia na casa dele para assistir à série. Cool. A coisa tá boa por aqui também.
Já de posse de meu livro autografado, peguei o rumo de volta pra casa, sem pressa e com um objetivo. Estava em busca de mais blood steps na própria Queen, em Chinatown e na Spadina. O resultado da procura, bem sucedida, está no Multiply.
O mais legal foi um lugar que vi primeiro no ep 12, Post Partum, e depois notei de novo no 9, Stone Cold. Era uma cena com a fachada de algumas lojas, que eu tinha certeza que era na Queen. Procurei, procurei até que achei! O mais legal, uma das lojas é um brechó que eu já tinha visitado antes, o Black Market!! Não é cool?
Cheguei em casa alegrita como lambari na sanga (sem mencionar preocupada com a iminente montagem das malas...).
Ontem, quarta-feira, dia 23, o dia começou diante do computador. Horas, literalmente, carregando as fotos e tentando pôr o diário em ordem. Às onze e meia saí ventando, quase atrasada para encontrar a Claudia B (minha prima) e a Claudia E (a esposa do Gustavo). Tínhamos combinado uma girlie party: um bate-e-volta até Niagara-on-The-Lake, uma cidadezinha lindinha, na beira do Niagara, onde ele desemboca no lago Ontário. A viagem foi meio longa, mas divertida. Usei de novo meu GPS, e ainda estou tentando entender como funciona. Sem, claro, ler o manual de instruções...
Uma coisa bizarra no caminho de ida: do lado de lá da QEW (a rodovia super-movimentada pra Niagara, e que liga T.O. a NY), um caminhãozinho com fardos de feno parado à beira da estrada e um moooonte de fardos caídos no meio do asfalto. Vocês não imaginam o tamanho do congestionamento! Tudo por causa de capim seco. Incongruente.
Chegando na cidadezinha, atravessamos vinhedos e pomares, com mansões enormes espalhadas na paisagem bucólica. Muito lindo, mesmo.
Na cidade em si não ficamos muito tempo. Passeamos por um parque, atraídas pelos sinos de uma igreja (provavelmente uma gravação, oh, well) que tocavam várias músicas, e acabamos perambulando pelo cemitério atrás dela. Bem típico, com as lápides em maio a gramados e árvores. Muito pacífico. Melancólico.
Caminhamos pela rua central, olhamos as flores, os turistas, as lojas e restaurantes, comemos algo e então pegamos a estrada de volta.
O retorno foi muuuuito engraçado. Deu um ataque de nerdice nas duas. A Claudia ficava controlando a velocidade do piloto automático, o nível de combustível, os avisos sobre o estado do trânsito à frente. Eu monitorava a velocidade de cruzeiro com o GPS, o ETA (Estimated Time of Arrival) e a distância até Toronto. O mais engraçado é que esses dois últimos eram estapafúrdios, porque o GPS insistia que o melhor caminho até T.O. era... através do lago! Rimos muito.
Chegamos a tempo de pegar o Andrew na escola, e acabei pedindo pra Clau me largar na universidade, pra eu voltar pra casa caminhando. Aproveitei pra passar na Biggest, e fazer uma compra basiquinha de livros...
No finalzinho, uma experiência meio desconcertante. Chegando na St Andrew, peguei o Path, pra ir bisbilhotando as lojas do subterrâneo. De repente, notei que não havia mais ninguém pelos corredores, só eu. As lojas todas fechadas. Eram oito horas da noite e eu não tinha percebido, pois ainda era dia lá fora! Aí bateu um terror de ficar presa na cidade subterrânea, e comecei a procurar meio assustada a saída mais próxima. Até que achei uma escada rolante e saí para o saguão de um hotel luxuoso, e dali pra rua. Ufa! Eu estava bem mais pra oeste do que pensava – tinha perdido não só a noção da hora mas também o rumo! Mas uau, o Path pode ser bem assustador. Adorei saber disso!

Beijos a todos
Martha Argel

23 de maio, quarta-feira

Ufa, consegui voltar.

Hoje vou fazer um resumo do feriado, o dia de ontem deixo pra amanhã. Hã... deu pra entender? :-/

Uma palavra sobre o feriado: é o Victoria Day. Hein, como é que é, o dia da Vicki?! Não, os canadenses são súditos de Sua Majestade, a rainha da Inglaterra. Então, têm um feriado nacional, no dia 24 de maio ou antes disso, para comemorar não apenas o aniversário da Rainha Vitória (!), mas o da atual soberana. Aí todos os Canadians urbanos carregam seus carros com toda a tralha imaginável e abandonam as grandes cidades, rumo a suas cottages nas praias (de lago, e geladas, of course). É o primeiro feriado da primavera, e as pessoas mais do que depressa querem colocar em ordem suas casas de veraneio e seus jardins. Então, o que se ouve o tempo todo, durante os três dias e por todo lado, são os inconfundíveis ruídos primaveris: cortadores de grama a pleno vapor, motores dos barcos sendo ligados pela primeira vez após o inverno, os golpes dos machados picando galhos caídos no inverno. Você fica com saudades dos decibéis da cidade. Neste ano, o feriado seria na segunda-feira, dia 21.

Saímos na sexta-feira, 18, ao anoitecer, e claro que pegar uma estrada desconhecida de noite é algo que ninguém deve fazer. Not my fault, a idéia não foi minha. Claro que nos perdemos. Mas...

Creio que não contei que na quinta-feira eu tinha comprado meu GPS. Foi um capricho planejado. Comprei por comprar, com a mais absoluta certeza de que jamais usaria pra valer. Mas queria porque queria (uns personagens meus usaram recentemente, por que é que eu, a autora, não usaria?.

O fato é que eu estava com meu GPS, ainda na caixa (porque se eu não planejava usar jamais, não tinha motivo pra tirar da caixa, não é?) quando vi que estava pra dar merda. Com a sensação de catástrofe eminente, violei a sagrada embalagem. Pilhas? Hum. As da máquina fotográfica. Como funciona essa bodega?

Aprendi na marra, abençoando o vendedor que não me deixou comprar um modelo mais sofisticado: “Se você nunca usou, e quer ligar e usar, leva este”. Foi o que aconteceu. Liguei e usei.

Até que chegou a hora inevitável em que realmente nos perdemos. De noite e no meio do nada, sem nenhum recurso a não ser um GPS novo em folha que eu não sabia usar – não conseguia mover o mapa e achar nele nosso destino, a cidade de Sutton. Aperta daqui, empurra dali, e o mapa absolutamente imóvel no ponto em que estávamos empacados. Quando todos desceram dos carros e ia começar a troca de acusações... voilà! Apertei alguma função e como por mágica o mapa se deslocou até que Sutton apareceu! Só tínhamos que voltar atrás uns 500 m e virar para norte no cruzamento que acabávamos de passar.

Daí pra frente navegamos com o GPS. Chegamos bem. Piece of cake.

Vou ser sucinta. Cottage (chalé) bonitinho mas ordinário. A água da torneira fedia ovo podre. Descarga racionada, só em último caso ou em casos... bem, sólidos. A água do chuveiro sumia depois de dois minutos (nunca aconteceu comigo, sou rápida). Quando havia uso de água, parecia que o Darth Vader estava nos encanamentos. Entre outros percalços irritantemente insuportáveis. Não sou, definitivamente, a mais sociável das criaturas

Eu resumo: quanto mais longe de casa, melhor. Assim, passei bastante tempo ao ar livre.

O lugar era bonito. Não lindo, mas agradável. Um condomínio de casas não muito luxuosas, em terrenos grandes e jardins que começam agora a ser cuidados para a primavera e o verão. O lago estava a pouco mais de 100 metros da cottage, e nos fundos do quintal gramado passava um rio (ou canal); todos os vizinhos tinham pequenos atracadouros com lanchas.

No sábado, logo de cara, fugindo do ambiente familiar, topei com um bosque na beira do lago, e lá me embrenhei. Lindo. Encharcado, com um barro preto pegajoso. Praticamente zero de aves. E compensação, uma biomassa inacreditável de mosquitos i-men-sos. Nunca tinha visto tão sarados. E esfomeados. Formavam nuvens ao redor de minha cara e das mãos. Devidamente protegida com repelente, o bosque logo se tornou meu lugar favorito. Mais tarde descobri que o Gustavo e sua esposa Claudia se interessam por aves e têm até binóculos! Ueba! Eu tinha outros birders comigo! Moral da história: a viagem não foi tão insuportável como poderia ser.

Vi várias espécies que nunca tinha visto, as lifers. A mais legal foi um pássaro migratório, que no Brasil se chama triste-pia e aqui Bobolink (nome bobo!). Quero ver esse bicho desde que comecei a observar aves, há quase 30 anos. Assim, imaginem minha emoção ao finalmente conseguir vê-lo.

Outro ponto alto ornitológico, foi ouvir o estranho chamado do Common Loon. um grito forte, melancólico, assombrado, a voz dos lago canadenses, que talvez vocês já tenham ouvido em filmes. Nossa, há quanto tempo queria ouvir isso. Fiquei arrepiada.

Numa das caminhadas pelo condomínio, acabei parando pra conversar com um casal de idade que tinha um jardim lindo, e um verdadeiro condomínio de casas de passarinho. Uma graça.

O marido, Eric, era muito simpático e comunicativo. Ao longo do feriado, conversamos algumas vezes, e ele acabou me apresentando a uma senhora portuguesa da Ilha da Madeira, a Lourdes, que todo mundo chama de Laura. Muito atenciosa, ela me convidou para ir visitar uma brasileira que é dona de um hotel de beira de estrada – um dos motéis daqui, que nada têm a ver com as putarias do Brasil. Foi assim que conheci Tereza, uma figura notável, personagem de filme mesmo. Ela sem qualquer ajuda toca o hotel, onde faz tudo: atende, administra, limpa, lava, tira a neve no inverno. So-zi-nha. Sem camareira, sem vigia, sem porteiro. No meio do nada. E ainda encontra tempo para ser bonita, vaidosa e elegante. E muito divertida. Passei um começo de noite delicioso em companhia de minhas duas novas amigas lusófonas.

Gustavo, Claudia e eu conversamos bastante. Acabamos criando mil e uma histórias de monstros, assombrações e casos de Arquivo X. E de noite, eu assistia Blood Ties com minha prima, a outra Claudia.

E falando nisso, durante a viagem aconteceu mais uma coincidência ref. Tanya Huff. Eu estava lendo, de caso pensado, o conto dela “The vengeful spirit of Lake Nepeakea”. Vicki e Mike vão resolver um caso num lago no norte de Ontario e ficam numa cottage. Tem uma hora em que o Mike descobre os mosquitos locais, e eu me senti incrivelmente solidária a ele. De repente, chego a um trecho em que um sujeito diz pra Vicki “No wait, tomorrow’s Sunday, place’ll be closed. Closed Monday too, seing as how, it’s Victoria Day”. Raios! O dia seguinte, o MEU dia seguinte, seria justamente... segunda-feira, Victoria Day! Só comigo essas coisas acontecem!

Voltamos na segunda à noite. No caminho, passamos pelo Sibald Point Provincial Park. Já tinha visitado o lugar no outono. Da primeira vez estava vazio. Desta, apinhado. Gente demais. Aves de menos. Não meu ideal.

E até que enfim, acabou (não, não me refiro ao post).

Daqui a pouco (amanhã) tem mais novidades. Stay tuned.

Beijos e queijos a todos!

(vejam as fotos que postei no álbum novo, On the shores of Lake Simcoe. Também andei adicionando fotos aos álbuns Toronto dos Vampiros: Depois que a noite cai e A Toronto de Blood Ties, durante o dia)

sexta-feira, 18 de maio de 2007

18 de maio, sexta-feira

Serei breve. Hoje gastei de outra maneira o tempo que eu ia usar para escrever esta entrada: baixei os episódios 9 e 10 de Blood Ties, que eu ainda não tinha. Encontrei um site novo com tudo legendado em português. Ok, a qualidade das legendas não é lá essas coisas, mas meu inglês não é suficiente para acompanhar as falas rápidas demais dos personagens. A legenda ajuda pelo menos a acompanhar o fio da meada, embora eu me retorça em agonia com os erros atrozes.

Ontem: de manhã fiquei me torturando em casa, diante do computador, e mal consegui escrever meia página. À tarde tive que ir fazer compras com minha prima, e lá pelas tantas consegui escapar e fiz uma loooonga caminhada.

Destino: o cemitério Mount Pleasant, que supostamente aparece no episódio 3, Bad JuJu. Pra quem assistiu: não tem aqueles gramadões abertos, é um arvoredo só. Teria sido muito mais legal do que o que usaram na série. Minha curiosidade era saber se tinha alguma cripta que se assemelhasse com a da cena final do episódio. Tem. Poucas, mais tem. E muito mais legais que a da tevê.

Ainda acho um pecado que Blood Ties não seja filmado aqui em T.O.

Se alguém aí quiser, no futuro, fazer o que estou fazendo e tirar fotos nos lugares da série, uma dica: não deixem ninguém ver vocês tirando fotos no Mount Pleasant. Como a maioria dos cemitérios, eles não gostam. Provavelmente já tiveram problemas com góticos mórbidos usando as imagens indevidamente.

Bom, devo sair do ar até terça-feira. Farei uma viagem para um lugar à beira de um lago. Viajar em bando não é meu estilo (ainda mais com pessoas que mal conheço e nem sei se tenho algo em comum), mas fazer o quê... Torçam pra eu não me entediar demais e pelo menos ter um mínimo de privacidade pra continuar trabalhando no meu livro.

Até mais!
Martha Argel

quinta-feira, 17 de maio de 2007

17 de maio, Quinta-feira

Uma viagem ao Cambriano! Foi o que fiz ontem, durante algumas horas. Minha amiga Yasmin trabalha na seção de Paleontologia do Royal Ontario Museum, e me convidou para conhecer o lugar. Imagina se eu não ia aceitar! Assim, meio-dia em ponto lá estava eu no portão reservado pra pesquisadores e funcionários, pendurando na roupa um deselegante crachá de papel cor-de-laranja, meu laissez-passer que me daria acesso à Paleonto e também à área de visitação pública.
O museu é, como todos os museus, um labirinto. Escada daqui, corredor dali, vira à esquerda, passa pela primeira porta, segue em frente e de repente... ahá, estamos na Paleontologia, cercadas de armários altíssimos, bancadas, caixas de papelão e um caos tremendo. Me senti em casa. Anos freqüentando museus, e há muito não faço isso.
A Yasmin foi uma guia excelente. Num lugar quase inacessível por conta das caixas amontoadas no corredor, ela mostrou a bancada onde trabalha, conferindo e organizando a i-men-sa coleção de fósseis coletados num dos lugares mais interessantes do mundo pra quem gosta de história bem antiga: o sítio paleontológico de Burgess Shale, situado na British Columbia, oeste do Canadá. A fauna de Burgess Shale viveu no começo do Cambriano, há cerca de 530-520 milhões de anos, e é composta em sua maioria por grupos animais que há muito se extinguiram. Um detalhe muito pitoresco desses animais (eles em si muuuuito bizarros) são os nomes com que foram batizados pelos cientistas: meu preferido é Hallucigenia, e tem Aysheaia, Wiwaxia, Pikaia, Amiskwia, Opabinia. Tudo muito engraçado.
Tive nas minhas mãos uma série deles. Antes que me perguntem quantos metros de comprimento um Canadaspis ou uma Ottoia têm, a maioria não tem dez centímetros. Devo postar algumas fotos, e aí vai dar pra ver a carinha do material.
Pra quem quer conhecer um pouco mais sobre a fauna de Burgess Shale, recomendo o site da Wikipedia em inglês (porque não tem na pobre versão brazuca, onde páginas de relevância duvidosa abundam), além do site da Universidade de Calgary, Se quiserem ir além, podem ler o simplesmente espetacular livro de Stephen J. Gould, Vida maravilhosa (com certeza fora de catálogo em terras tupiniquins, então aprendam inglês pra ler no original, Wonderful Life). E eu falo um pouco sobre esse livro num artigo que publiquei muitos anos atrás. Vamos lá, leiam, que um pouco de cultura científica não faz mal a ninguém.
Minha amiga me mostrou gavetas e gavetas de material, me explicou o sistema de organização da coleção e caçou pra mim algumas celebridades. Depois disso, deixando as estrelas um pouco de lado, ela me mostrou suas peças favoritas – grandes placas com dezenas de trilobitas fossilizados juntos. Nossa, maravilhosos! Ah, se vocês não sabem o que são trilobitas, dêem uma fuçada no Google, são uns artrópodes já extintos muito legais, vocês vão curtir!
Depois disso, demos uma volta rápida pela área de visitação pública. A exposição da fauna de Burgess Shale é decepcionante, três vitrininhas num canto, onde eu as tinha visto dois anos atrás. Talvez seja só uma exibição tapa-buraco, pois em breve a exposição de palentologia vai estar alojada na seção nova do museu, a ser inaugurada em junho. Mas a Yasmin não mencionou ninguém montando uma exibição nova, e suponho que essa fauna maravilhosa será totalmente eclipsada por tiranossauros e apatossauros. Injustiças da vida...
Conversamos muito. Não agüento ver um cientista promissor perdido nas dúvidas de início de carreira. Tive sorte quando comecei, pois havia alguém ao meu lado, me ajudando, me explicando e confiando no meu trabalho. A doutora Liliana Forneris sempre foi e sempre será meu modelo de cientista séria, competente, profissional, ética e sobretudo apaixonada pela Ciência. Espero que a Yasmin encontre alguém assim para ajudá-la. Seria um pecado desperdiçar o brilho que há em seus olhos quando eles percorrem os vastos espaços do museu, chamando-os de casa.
Saí do museu feliz por ter visitado mais um dos highlights da paleontologia tropical. Se vocês não lembram, uns anos atrás cruzei a Patagônia atrás de dinossauros, numa caçada mais do que produtiva.
De noite saí para jantar com Elena e Giuseppe, os dois médicos italianos que conheci no ônibus para NY. Fomos a um restaurante de cozinha do Oriente Médio e África, chamado 93 Harbord. Comi um peixe, acho que chamava bronzino, mas não tenho certeza. Estava muito bom. Meus dois novos amigos são ótimos, rimos muito, conversamos muito. É esquisito falar inglês com italianos, mas eu já não lembro mais nada do que aprendi nos dois meses em que passei na Itália.
Voltei pra casa quase onze da noite. Tive de caminhar até a estação Museum do metrô (a mesma que usei de dia, e a mais próxima do prédio de Henry Fitzroy) e depois da King até em casa. Um frio do cão, e ruas em muitos locais totalmente desertas. Exciting! Adorei. Como aliás adorei o dia inteiro.

beijos e queijos e comida do oriente médio a todos!
Martha Argel

quarta-feira, 16 de maio de 2007

16 de maio, quarta-feira

Choveu quase que a noite toda. Gostoso dormir com o barulhinho da chuva. Ontem foi um dia quente e abafado para os padrões canadenses – deve ter feito uns 27 graus. E choveu de ter trovoada. Quando a gente vê nos noticiários que está prevista uma thunderstorm dá até medo. Palavra impressionante, né? Aí cai uma chuvinha com meia dúzia de trovões graves e prolongados (e juro que o som deles é diferente do que estou acostumada, deve ser por causa do lago), and that’s it. Perto de nossas tempestades tropicais... Algo assim como visitar Niagara Falls quando você já esteve em Iguaçu, entende?
O livro continua avançando lentamente. Bem, “lentamente” é um advérbio que uso com freqüência junto ao verbo “escrever”. Continuo incorporando cenas soltas escritas nas semanas anteriores, e é tão bom constatar que não foram trabalho vão.
Ontem fui com a Clau até uma biblioteca pública onde ela tinha uma entrevista de emprego, e me aboletei na sala de leitura com meu inseparável caderno de anotações. Azar. Aquela sala era destinada mostly a crianças. Daí a pouco elas chegaram. As escolas daqui levam a garotada para passear na biblioteca, não no Wet n’Wild. O sapo de fora era eu. Observar a molecadinha se divertindo era tão ou mais interessante do que escrever. Primeiro mundo é isso: não é comprar o último trinket ou gadget eletrônico Made in China que vai permitir que você leia seus e-mails enquanto dirige seu BMW, mas ter professores que sabem incentivar o contato com livros e espaços culturais (cultura de verdade, puh-lease!, não esses arremedos que pululam por aí, sob o rótulo guarda-chuva de “cultura popular”).
Em seguida fomos passear no Kensington Market, que fica perto de China Town. Nem bem saímos da primeira loja, alguém grita o nome da Clau – nome e sobrenome! “Pronto, a polícia me achou”. Era a Cris, amiga nossa, passeando o bebê que ela cuida. Mundinho pequeno.
O Kensington Market é demais. Lojas de bugigangas chinesas, casas especializadas em cafés, ou queijos, ou produtos orgânicos, ou até em atender maconheiros. Por toda parte bandos de outcasts, aquelas tribos que vivem nas bordas da sociedade – punks, hippies, umas figuras com quem você não gostaria de cruzar na rua de noite. Um estudo em auto-moda. Resultado da expedição: uma compra tão grande de queijos que poderia ser considerada investimento (a frase é da Clau). E fi-nal-men-te encontrei o chá de alcaçuz que eu procurava há uns quatro ou cinco anos!
E de noite, quando a casa aquietou, minha prima e eu nos sentamos para uma maratona de episódios de Blood Ties, acompanhada de uma degustação (ou seria consumo excessivo?) de queijos, com o barulho bom da chuva lá fora.
Cai o pano em mais um dia de minha jornada torontoniana. Hoje tem mais.

beijos a muuuuitos queijos a todos
Martha Argel

(PS. Um pequeno incidente curioso e que vale a pena contar: ontem, quebrando a cabeça num dado ponto de meu livro, bolei uma frase para um de meus personagens, Dá pra ler a cara dele como um livro de letras bem grandes. Fiquei na dúvida quanto a acrescentar “com figuras coloridas”, mas achei demais. De noite, retomando a leitura do conto This Town Ain’t Big Enough, da Tanya Huff, estrelando Vicki Nelson e Mike Celluci, topo com a seguinte frase: I can read you like a book. With large type. And pictures. Tive de ler umas quatro vezes pra conseguir acreditar. Caramba, não é à toa que ela é minha escritora favorita atualmente. Até as mesmas idéias nós temos. Com a diferença de que eu ainda precisaria crescer pra escrever como ela... Mas não é coincidência demais?! Foi também com um livro da TH que aconteceu um episódio dois anos atrás, em minha primeira vinda a T.O.: fui caminhando a esmo até chegar num sebo onde acabei comprando um livro dela. Chegando em casa, comecei a lê-lo... e o caminho que a personagem fazia no começo da história era e-xa-ta-men-te o mesmo que eu tinha feito pra chegar ao sebo. Really weird)

terça-feira, 15 de maio de 2007

15 de maio – Terça-feira

Continuo num estado de inatividade física quase total, que me dominou desde minha volta de Nova York. Estou pagando pra ficar em casa.
Tá, bate aquela culpa, vir até essa lonjura, pagar a maior grana, pra ficar trancada em casa? Meu grilo falante interno não pára de ralhar comigo.
Só que não estou, em absoluto, parada. Minha cabeça fervilha. Desde o começo, um dos objetivos desta viagem foi trabalhar num novo livro, algo bem mais complicado do que tudo que eu já escrevi.
Eu vinha me angustiando, nos últimos meses, com a quantidade de textos inacabados que lotam minhas gavetas metafóricas. Depois de várias conversas com a escritora Helena Gomes, decidi encarar de frente o problema, e uma longa caminhada a esmo, dias antes da viagem, me colocou no caminho certo e me encheu ao mesmo tempo de energia, determinação e um medo acachapante. E se não desse certo? Bom, o único jeito de descobrir seria tentando, e a viagem parecia uma excelente possibilidade de deixar outros problemas de lado e me concentrar nesse desafio.
Como resultado, brinquei com meu caderno de anotações durante as três últimas semanas, revisei interminável e obsessivamente parte do material já escrito até que, bingo!, consegui por fim achar um bom ritmo.
Isso foi ontem, e foi muito legal. Não apenas consegui ir adiante na história, como encontrei um jeito de incorporar trechos que havia escrito sem saber direito como inserir na trama principal. O que mais me entusiasmou foi ter criado uma cena bem legal, e inesperada até pra mim. Adoro quando isso acontece!
Durante a manhã escrevi em casa. De tarde, a Clau me convenceu a acompanhá-la até o analista dela. Levei o laptop, e fiquei escrevendo enquanto ela estava em consulta. Como rendeu! A mudança de cenário funciona que é uma beleza pra mim. Estar acomodada em um sofá macio e muito hippie num quartinho aconchegante e bagunçado de um terapeuta holandês que toma mate argentino, num dia de chuva, é muito mais estimulante do que lutar com a imaginação durante horas em meu escritório, que já conheço até a última rachadura da parede, cercada dos problemas diários, ao alcance do telefone, do celular e dos emaranhados viscosos da burocracia e dos problemas diários.
E tem toda a coisa de estar cercada por uma cidade que, no meu imaginário, está povoada de vampiros e outros seres sobrenaturais. Enquanto esperava para ser atendida, a Clau pediu para ver um pedacinho de Blood Ties. Caramba, o que estava ali na tela do laptop era a paisagem urbana que acabávamos de cruzar. Quando fiquei só, estava completamente mergulhada numa atmosfera de aventura e fantasia, que fluiu com uma facilidade incrível para dentro do texto.
Pra ajudar, tem mais duas coisas. Primeira, estou lendo um livro que a Clau pegou na biblioteca, "100 Things Every Writer Needs to Know". Você é escritor e acha que sabe tudo sobre sua atividade? Believe me, you don't. É um livro tão simpático, tão sensato, tão amigo, que é impossível não querer pôr tudo em prática de imediato.
Segunda, a Claudia ama escrever. Durante anos ela foi editora de literatura no jornal Valor Econômico. Ela está retornando a suas paixões profissionais agora que o Andrew está grandinho. E como é bom poder trocar idéias com alguém que não apenas escreve muitíssimo bem (ela tem uma redação e um vocabulário como poucos que eu já tenha visto), mas que não tem nem vestígios da arrogância e egolatria que grassam entre escritores com um décimo do talento dela.
Bom, este longo post sobre uma viagem mais interior que geográfica foi o aperitivo para o dia de hoje. A chuva mansa lá fora me convida a atacar o prato principal. Alguém está servido?

beijos e queijos de minas
Martha Argel

segunda-feira, 14 de maio de 2007

14 de maio de 2007, Segunda-feira

Voltei!!!!!!

Como vocês perceberam, sumi do ar durante toda minha estada em NY. Foi uma correria. Um resumo rápido desses últimos dias:

No domingo, dia 6 fiquei horas no jardim do John, andando de um espaço a outro, olhando as plantas, pensando na vida. Percorri o jardim não apenas ao vivo mas também nas páginas de um livro sobre os jardins mais belos do mundo, que tem um capítulo inteiro dedicado a ele. Simplesmente maravilhoso.
Uma historinha pitoresca: quando estava me falando sobre os portugueses em Rhode Island, o John contou que a mãe dele tivera um jardineiro de origem portuguesa, de sobrenome Cadeira; ele não sabia o que a palavra significava, e expliquei que era tanto quadril quanto o móvel que usamos para sentar. Mais tarde, quando estava passeando pelo jardim, cheguei em um espaço onde havia algo bizarro, duas cadeiras prateadas que, olhando de perto, eram feitas de imitações de ossos humanos. Eu tinha descoberto o paradeiro final de Mr. Cadeira (e provavelmente de Mrs Cadeira, é claro!).
Um de nossos passeios por Little Compton nos levou a Wilbour Woods, uma floresta linda, onde as árvores ainda estão nuas enquanto a vegetação rasteira já está verde. Fantástico. Ficamos imaginando trolls embaixo das pontes, altares de sacrifício e rituais tenebrosos. De noite deve ser arrepiante.
À tarde voltamos para Nova York, e chegamos bem na hora! Faltavam quinze minutos para Blood Ties, episódio 10, começar. UEBAAAAAAA! Vi "ao vivo" a já histórica cafungada do Henry no pescoço da Vicki. Babei de inundar o quarto, rsrsrs.

De segunda a quinta, 7 a 10 de maio, fui todos os dias com o John para o Zoológico do Bronx, trabalhar no projeto Aves do Brasil. Junto com a Kat, trabalhamos pra caramba, e finalmente conseguimos um entrosamento quase perfeito. Parece que até que enfim encontramos um ritmo para o projeto. Um fato digno de nota foi ter encontrado, tomando um lanche, Amy e Bill Vedder, os cientistas responsáveis pela proteção dos gorilas da montanha em Ruanda. Parece que os dois são bem importantes. E ficaram me elogiando um monte por estar tocando adiante o projeto Aves do Brasil, depois que o John babou bastante o meu ovo. Meu ego foi às alturas :-).
De manhã, antes de irmos trabalhar, sempre dávamos um pulo no Central Park pra observar aves, mas este ano o movimento estava fraco. A gente achava um monte de birdwatcher meio atarantado, resmungando que as aves não tinham chegado, o movimento tava fraco, só tinha umas poucas espécies. Estavam perdidinhos, perdidinhos!
Minhas refeições ao longo dessa semana foram muito legais. Os almoços foram sempre coisas rápidas no Dancing Crane, o gostoso restaurante dos funcionários do zoo, que parece um desfile de celebridades da conservação internacional da vida silvestre. Eu fico deslumbrada cada vez que vou lá. Os jantares primaram pela qualidade culinária, especialmente na casa do John. MF é realmente um cozinheiro de mão cheia, e ficava me mimando não só com seus pratos deliciosos mas com petiscos, chocolate, vinhos e muita bobagem divertida, que me fazia rir um bocado. Muito legal!
Na quinta feira fui comer com Kat e Pat num restaurante etíope. Gostei muito. Bem diferente, a comida vem sobre uns pães que parecem panquecas, e a gente come com a mão. Tinha um vinho branco etíope também, mas era um tanto doce. Foi ótimo ter saído com elas!

Tirei folga na sexta-feira, dia 11, pra passear e me despedir da cidade. De manhã fui ao Metropolitan Museum. Dica: a entrada de 20 dólares é apenas sugerida. Você chega no balcão e paga quanto quiser. Eu encostei e perguntei "tudo bem pagar 10?". Tudo. Se tivesse dito 5 também seria tudo bem. Visitei, claro, a ala dos pintores europeus. Depois zanzei meio a esmo pela parte da arte asiática. Interessante. Mas minha praia é, sem dúvida, arte européia dos séculos XV a XVIII.
Depois me encontrei com MF na Union Square, pra almoçar. Compramos comida num restaurante e sentamos na praça, um dos melhores lugares para ver o mundo inteiro passar. Rimos muito. Quanta gente bizarra! Quando ele foi embora, fui a uma Barnes & Noble, ali mesmo na praça, onde sempre vou, e por fim decidi que era hora de começar a ir embora de NY. Voltei pra casa, catei minhas coisas e às sete da tarde estava na rodoviária, Port Authority Station, onde encontrei o Gui.
Fomos jantar e fazer hora num restaurante tailandês. Nunca tinha provado a culinária Thai. Muito boa, apesar de apimentada (mas nem aos pés da coreana!). Em seguida passeamos por uma área recém urbanizada ao longo do rio Hudson, até dar a hora de ir à rodoviária.

Drops de Nova York

* continua meu problema com o transporte público. Tomei um trem expresso e baldeei direitinho na estação correta, paro o trem local que me levaria para "casa". Estava toda orgulhosa quando o alto-falante irrompe num blablabla ininteligível. Só peguei "this is not [alguma coisa] [alguma coisa] express train". Raios! Só podia ser uma coisa, e saí correndo do trem, bem a tempo. Aquele trem não seria local, seria um expresso, e se eu pegasse, ia parar só umas três estações depois da minha! Por pouco não me ferro de novo nos subterrâneos de NY.

* ainda no metrô: um dia entrei num vagão quase vazio, só eu e outra moça. Na estação seguinte, subiu um sujeito grandalhão, todo tatuado, e sentou quase na minha frente. O elemento começou a sacudir a cabeça, falar sozinho, fazer movimentos bruscos, como se estivesse sendo perturbado por assombrações. Chapado até as orelhas. Fiquei assustadíssima, porque cada braço dele parecia ser mais grosso que minha cintura, mas fingi que não havia ninguém ali comigo. Ainda bem que desci duas estações depois. Me disseram que esses tipos são comuns no metrô. "São inofensivos. Você só não pode olhar pra eles. Nunca olhe. Fica tudo bem." Ufa. Fiz a coisa certa.

* as tulipas estão por toda parte. De novo.

* e os cachorros continuam simpáticos. Nunca vi seres caninos tão amigáveis. Se você demonstra interesse, os donos deixam eles subir em cima de você, te lamber, te sujar com as patas enlameadas. Sempre orgulhosíssimos de seus pequeninos.

* usar patinete como meio de transporte? Sim. Vi uma garota chegando ao Metropolitan, desmontando de seu veículo e dobrando-o enquanto subia as escadas. Prático.

* desperdício é o nome do meio desta terra. A quantidade de junk mail que as pessoas recebem é tremenda. Cada fast food que você come gera um volume impressionante de lixo (reciclável, mas será que todos se preocupam em?). E num dia de especial calor, passei por um hidrante que jorrava um Niágara na rua. Me espantei. "É comum", disse o John, "Os moradores abrem para refrescar a rua. Precisa ver no verão, isso acontece por toda parte. Quando deixam a água espirrar para cima, como uma fonte, a polícia costuma fechar a rua para as crianças poderem brincar."

12 de maio - sábado

Neste instante estou em um ônibus, voltando para Toronto, e espero chegar lá com menos de duas horas de atraso. Quem reclama da desorganização do Brasil nunca tomou um dos desconfortáveis ônibus da Greyhound na rota NY-T.O. (pelamordedeus, são as duas principais cidades da América do Norte!).
Começou na rodoviária de NY: o horário na passagem estava errado, mudaram nossa fila pra outro portão e depois de volta para o original, deu confusão entre os passageiros da fila e entre os funcionários. Acabamos saindo mais de meia-noite. Durante a viagem, não houve "parada técnica" porque o local costumeiro estava fechado (!), tentamos ainda um McDonalds, mas também estava fechado, e acabamos tendo de usar uns horríveis banheiros químicos. Mais adiante, já de dia, e sem ter parado nem um instante para comer algo, paramos no meio do caminho pra uma diabética ir comprar não-sei-o-quê, mas a gente não pôde descer. Já mais do que atrasados, o motorista se perdeu em Buffalo e não conseguia achar a rodoviária (até que um passageiro ajudou).Em Buffalo, primeiro disseram que a gente tinha que descer com toda a bagagem pra mudar de ônibus, aí disseram que não, não podíamos descer nem pra ir no banheiro, e então disseram, "Tá legal, 10 minutos. Rápido que agora só tem nove. Vamos, vamos, são oito minutos". Consegui descer no quatro, fiz xixi em três e depois que voltei ao ônibus fiquei esperando um tempão. Enfim chegamos na fronteira. Tudo fechado, ninguém apareceu pra nos orientar. O motorista teve de ir atrás de alguém que explicasse como abria a porta da imigração pra gente entrar. Passei sem problemas, mas só porque já conheço os procedimentos. O agente da imigração ia esquecendo de recolher um documento que tinha de ficar com ele, e precisei lembrá-lo. Putz, se eu não tivesse percebido, provavelmente ia ser uma encrenca quando voltasse pros EUA. No fim, ainda esqueceram de devolver a carta de motorista do chofer do ônibus, e ele teve que voltar pra pegar!
Moral da história: em certas coisas a gente tá muito bem!!!

Não tenho muito o que dizer do resto do sábado e do domingo, 13 de maio. Dormi muito e me recuperei da viagem. Vida caseira.

Amanhã eu volto!
Beijos e queijos
Martha Argel

(e não esqueçam que tem um monte de fotos no multiply! http://marthaargel.multiply.com )

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Sem posts por agora

Gente, perdão por sumir, ando terrivelmene ocupada, milhões de coisas pra decidir, e ainda por cima uma editora me pediu um textinho, que tive de escrever e mandar a toque de caixa. Nada extremamente importante, mas gostei de fazer aquilo. Logo logo conto pra vcs o que foi. Espero hoje conseguir postar alguma coisa, mas nao prometo.

beijos a todos, daqui desta Nova York onde a primavera enfim se instalou!
Martha Argel

segunda-feira, 7 de maio de 2007

6.mai – Domingo

Morrendo de sono, só vou postar algo (longo) que escrevi hoje de manhã. E amanhã em mais, incluindo fotos!

Fui!
M

Neste momento estou deitada em minha cama aconchegante, certamente muito mais velha do que eu, em um quartinho de sótão e teto de duas águas, em Little Compton, Rhode Island. Ao meu redor, entre outras companhias, dois carrinhos com tacos de golfe, um espelho com armação de madeira (com certeza uma passagem para outra dimensão), e um carrinho verde de lata. Nenhum deles deve ter menos de cinqüenta anos. Lá fora o dia está nublado e o gramado verde. As árvores lentamente se vestem de folhas novas e os jardins estão rebrotando, no expectante intervalo entre os narcisos já em plena floração e as tulipas quase-mas-ainda-não-no-ponto. Meu cérebro tropical custa a assimilar a metamorfose completa e radical da primavera das latitudes temperadas. Que coisa!
Um momento de calmaria, que faço o possível para estragar com laptop, iPod e câmara digital, esmagando com o século XXI o clima de 1930.
Resumindo os dois últimos dias.
Sexta-feira 4
saí com a Clau pra mais um dia de Meals on Wheels, entregando comida pra velhinhos descapacitados. O runner era Eugene, um bonitão descendente de Ucranianos, com quem a Clau e eu tínhamos de tomar cuidado ao falar português, pois o cara tinha um dom para línguas e entendia quase tudo o que dizíamos. Minha priminha ficava tentando me convencer de que o cavalheiro era um bom partido. Bonitão mesmo, e belos olhos azuis. Enquanto eles cumpriam as complicadas tarefas de encontrar as ruas, separar as refeições e entregar, eu estava noutro mundo, rabiscando cenas provavelmente imprestáveis para meu livro.
Terminada a tarefa, fomos almoçar. Depois do fiasco da comida coreana, a Clau não arriscou e me levou num restaurante brazuca. Todos falando português, coxinha no balcão e Vale a Pena Ver de Novo na tevê. A Clau comeu arroz com feijão.
Voltei sozinha para casa de metrô, e foi esquisito. Há um ano não fazia isso. Tudo parecia novidade, e ao mesmo tempo tão familiar.
É uma sensação estranha estar em Toronto. Me sinto em casa, conheço as ruas, sei as lojas onde quero ir. Mas estou a milhares de quilômetros de minha casa de verdade. Como é que essas coisas acontecem? A distância desaparece. Um lugar que até dois anos atrás era um ponto inatingível em um mapa de atlas de repente é real e cotidiano, e vira um lar com o qual você não tem qualquer conexão histórica, a não ser a mais recente possível, aquela história que a gente cria sem perceber, no dia a dia.
De qualquer modo, rompi essa conexão no momento em que, algumas horas depois, subi no ônibus rumo a Nova York. Outra casa longe de casa.
A viagem foi parecida com a que fiz quase dois anos atrás, a não ser que a sempre tensa passagem pela imigração foi muito mais tranqüila, parte porque eu já sabia o que me esperava, parte porque o funcionário que me atendeu era simpático, e parte porque junto comigo estavam passando dois italianos, um rapaz e uma moça, com que tinha feito amizade no ônibus. No fim acabamos todos, incluindo os funcionários, falando italiano, rindo e fazendo piadas. Realmente incomum para uma entrada nos EU da América.

Sábado 5
O amanhecer nos encontrou em New Jersey, e havia uma lindíssima lua quase-cheia no céu. A claridade insipiente da manhã transformou o skyline de Nova York numa pintura maravilhosa, que apareceu por curtos segundos no horizonte antes que mergulhássemos no túnel que nos levou, por baixo do rio Hudson, para o coração da Big Apple.
Fiquei muito orgulhosa de mim, ao desembarcar decidida e saber exatamente o caminho até o ponto de táxi, que tomei como se fizesse isso todo dia.
Como o Central Park estava lindo! Verdíssimo, a primavera muito mais avançada que em Toronto. De novo a sensação esquisita, e ainda mais forte. Aqui não tenho família, não tenho brasileiros ao redor, mas tenho bons amigos e uma independência muito maior. Se me dissessem algum dia que estaria por minha conta em NY, eu pediria pra contar outra piada.
O táxi me deixou em frente ao “meu”prédio. O porteiro uniformizado me cumprimentou, abriu a porta pra mim e me entregou as chaves do “meu” apartamento. Tinha um bilhete de boas vindas na porta. Eram seis e meia da manhã e eu tinha chegado em casa.
Mais tarde tomei com meus amigos um café da manhã meio truncado. Enquanto púnhamos em dia as novidades, a pergunta: vamos pra Rhode Island hoje? SIM!!!
Ok, então minha estada em NY durou umas quatro horas (que aliás renderam: fomos ao parque, fizemos umas compras, comemos pizza, o MF achou uma muleta no lixo e saiu usando, só para esquecê-la na porta de uma farmácia, observamos aves, comentamos sobre as pessoas, achei uma cabeça de passarinho).
O dia estava simplesmente espetacular para viajar. Tivemos uma viagem maravilhosa. Paisagem linda, companhia interessante e divertida, estrada tranqüila. Ei, que tal esquecer de voltar pro Brasil? Hum, tá. Ok.
Já em Rhode Island paramos pra comprar o jantar: halibut (um peixe), camarões (enormes, e diferentes dos brasileiros, aos menos para meus olhos de zoóloga), little necks (um tipo de marisco), chouriço e inhame.
HEIN???? CHOURIÇO E INHAME?! Pois é, acreditem se quiserem, mas aqui na região de Little Compton tem uma tradicional colônia portuguesa, pescadores que se estabeleceram há muito tempo e que influenciaram a cultura local. Tem missa e jornal em português. E do café da manhã consta um pãozinho doce português que hoje vou experimentar.
Coisa mais doida! Amaral, Goulart, Coelho, Cadeira. Todos esses nomes você vê por aqui, neste cenário de filme 100% estadunidense tradicional.
Surpresas, surpresas. A vida está cheia delas.
Bom, chegamos na casa, me instalei neste lindo quarto, que eu tinha ocupado da outra vez que estive aqui, e saímos para explorar.
Tudo tão, tão lindo quanto eu me lembrava. Ou ainda mais, porque agora tem sol.
Mas não vou descrever. Vejam as fotos no multiply (incluindo o álbum da viagem passada, ok?).
Agora vou tomar o café da manhã que me trouxeram na cama. Eita!
Depois tem mais.
Beijos e paes de queijo!
Martha Argel

sexta-feira, 4 de maio de 2007

4 de maio – Sexta-feira

Meu humor deteriorou-se rapidamente ontem pela manhã, depois de um alerta de vírus no computador. Fiquei horas mexendo com isso, mas acho que me livrei dele. Mas fiquei muito, muito irritada. Para me acalmar fui... lavar louça. Uma longa e relaxante sessão de dishwashing.
Depois disso, catei meus quadrinhos da Anita Blake, Vampire Hunter, e fui pra praça, sentar ao sol e ler. Meu, que gelado tava ontem! No sol até que estava ok, mas o vento estava implacável. Mas meu estado de espírito melhorou deveras, ainda mais que por fim consegui acertar os detalhes para minha ida a Nova York.
À tarde a Clau e eu tomamos o metrô e fizemos uma visitinha a um Value Village. Pra quem não sabe: é uma rede de brechós gi-gan-tes-cos. Comprei dois jeans (um deles é Old Navy) e três tops por menos de 60 reais. E este é só o começo, hehehe. Da primeira vez que vim a T.O. refiz meu guarda-roupa, e as peças que comprei ainda estão entre as minhas favoritas. Pretendo repetir a dose.
Saímos de lá carregadas de mochilas e sacolas. Duas sacoleiras em Toronto.A Clau comprou um brinquedo enorme para o Andrew. O brinquedo desandava a falar quando mexia. Com o imenso saco plástico na mão, ela olhou pra mim com cara de pânico. “Carregar isso no metrô. Meu, que mico!”. Mas carregou. E metrô cheio, ainda por cima. Foi engraçado, o troço ia chiando a cada encontrão.
Paramos pra pegar o Andrew no daycare, e voltamos pra casa de street car, isto é, bonde. Muito bonitinho! O Bonde desceu pela Spadina, que atravessa o coração de Chinatown. Pra quem assiste Blood Ties, Spadina é onde acontece o crime que abre Hearth of Ice. Tanto esse quanto o seguinte se passam ali pelos arredores.
Só que o transporte coletivo norte-americano deve ter algo contra mim. Já enfrentei zicas nos metrôs de NY (várias vezes) e de Toronto, tipo o trem parar e não sair mais, ou pegar pro lado errado. Desta vez, o street car parou numa dada altura e todo mundo teve de desembarcar, porque os trilhos estavam com problema. Toca todo mundo esperar por um ônibus pra seguir viagem. Ônibus, claro, apinhado. E a Clau com o Andrew pela mão e o brinquedão barulhento. Mas no fim deu, como dizem, tudo certo.
Bom, viajo hoje de noite num busão corujão para New York, New York. Não sei como será minha conexão por lá. Fiquem de olho.

Beijos a todos
Martha Argel

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Passei quase todo o dia de ontem às voltas com meu computador. Resultado: estou conectada. Com todas as alegrias e dores que isso traz. Às vezes internet é uma perda de tempo incompreensível, principalmente quando você se torna adicto.
Mas passando ao que interessa.
A grande aventura do dia foi uma incursão na culinária coreana, sugestão da Claudia. Cacete. Quanta pimenta. Tomei uma sopa de frutos do mar até o fim, apesar das lágrimas que me inundavam os olhos. Quer saber? Tava boa! Ninguém mais na casa conseguiu comer.
E de tarde, cansada da imensa inação acarretada pela nerdice internética, resolvi sair e ponto final. Um pecado resistir ao sol lá fora. Saí a esmo, atravessei o Sculpture Garden, onde sempre tem alguma novidade, e claro que tinha. Uma tiazinha empoleirada num andaime estava brincando de aranha diligente, usando uma fita transparente que enrolava nas árvores e puxava para criar umas bizarras estrelas tridimensionais, a uns três metros de altura. O parque já estava todo amarrado, de um lado a outro. Arte. Ok.
Sem saber direito o que fazer deixei-me levar pelos meus passos. Aonde? The Biggest. A maior livraria do mundo. Adivinha só. Mas até que fui bem comedida. Peguei só os lançamentos mais recentes (pocket books, hardcover nem a pau!) das minhas séries favoritas. Não comecei nenhuma nova. Até ao Dresden Files resisti. Só não pude resistir a uma bela edição de contos e poemas de Edgar Allan Poe, numa edição belíssima apesar do erro tipográfico que encontrei logo no índice.
Bom, e só. Estou de saco cheio de ficar na frente do computador. Tenho que organizar minha viagem a NY.

Beijos a todos
Martha Argel

quarta-feira, 2 de maio de 2007

2 de maio – quarta-feira


Bom, não sei o que era, mas não era gripe. Ontem eu me sentia horrível pela manhã, e o único termo técnico para descrever meu estado era “esquisito”. Além do mais, o céu voltou a ficar todo cinzento e a temperatura caiu violentamente. Assim, em homenagem ao dia do trabalho, passei quase o dia inteiro dentro de casa trabalhando.
Depois que a turma toda saiu – Terry para o trabalho, Claudia para a universidade, Andrew para o daycare, consegui terminar e enviar o documento de impacto ambiental que estava devendo.
Em seguida, suspirei fundo e peguei todas as anotações para o maldito livro novo. Não consegui avançar muito, só revisei parte do que já estava escrito há anos, e quando fui ver já estavam todos de volta em casa. Fim da agonia, ainda mais que a Clau e eu íamos sair voando.
O compromisso dela, na parte oeste da cidade, me levou muito perto de um lugar que estava shortlisted pra ser visitado desde antes de eu sair do Brasil, e logo logo eu estava diante...
... da livraria The Beguiling! Ueba! Foi nessa livraria que, na década de noventa, um sujeito chamado Peter Mohan encontrou um livro interessantíssimo de vampiros, um tal de Blood Price, de uma tal de Tanya Huff, e decidiu que algum dia faria uma adaptação dele para a tela. Pois é, foi na The Beguiling que nasceu o Blood Ties, muitos anos atrás. E a loja é homenageada no quarto episódio da série (Gifted, o mais fraquinho, mas tudo bem...), aparecendo logo na primeira cena.



Bom, a fachada é dela mesma, mas o interior que aparece no seriado, incrivelmente arrumadinho, não tem nada a ver com a bagunça que recheia the real one! É demais. Os vendedores com que conversei, Peter e Chris, são muito menos esquisitos e mais simpáticos (sem dizer que são bem mais bonitinhos) que os dois nerds do seriado, mas não eram menos nerds.
O Peter me contou que Mohan costumava ser um cliente assíduo da livraria no passado. Eles não sabiam muito sobre o seriado, só que estava sendo filmado, e não tinham idéia de que a livraria tivesse aparecido em um episódio. O Chris ainda sabia alguma coisa, mas os dois ficaram impressionados em saber que BT já tinha uma legião de fãs pelo mundo todo. O Peter comentou com o Chris que eu havia dito que já havia um bom número de fãs no Brasil, e me disse “Eles adorariam saber disso”. Bom, a verdade é que eu também adoraria contar isso a “eles”, quem quer que fossem...
No fim, o Peter acabou me perguntando se eu conhecia uma série de quadrinhos chamada Anita Blake e eu quase caí dura de susto. Caramba!!!! Eu tinha esquecido TO-TAL-MEN-TE dos quadrinhos. É a adaptação de Guilty Pleasures, de Laurell K. Hamilton, primeiro livro de uma série sobre a supracitada Anita Blake, uma reanimadora de mortos e caçadora de vampiros que se envolve com o espetacular Jean-Claude, Mestre-Vampiro da cidade de Saint Louis. A série foi minha porta de entrada para a moderna literatura de vampiros, que tem nas duas,Tanya Huff e Laurell K. Hamilton, dois de seus mais altos expoentes. Eu já mencionei pela ducentésima qüinquagésima nona vez que eu amo as duas de paixão?! Pois é, foi lendo Guilty Pleasures que encontrei o tom exato que eu queria para o Relações de Sangue.
Resultado, esqueci por completo de Blood Ties quando pus a mão em quatro edições dos quadrinhos da Anita Blake. Eu estava quase babando ali na frente do vendedor. Droga, faltavam os números 2 e 4. Mas tudo bem, ainda tem muito chão pela frente. Em Toronto ou em NY com certeza eu acho os números que faltam.
No caminho de volta para casa passamos no Nosso Talho, o açougue português, e na Nova Era, padaria idem. Nosso jantar foi pão francês com queijo meia-cura e guaraná Antártica. Gostinho de Brasil, a Clau estava no paraíso.
Depois de fazermos a laundry (lavar a roupa na lavanderia coletiva – e paga – do prédio) instalei-me para ler meus quadrinhos a-lu-ci-nan-tes. Homens seminus, yesssssss!!!! E Anita Blake sempre em situações absolutamente desconfortáveis.
Bem, foi um pouco difícil continuar concentrada nas cenas de sedução quando TODA a família Barcellos-Hill resolveu me azucrinar todos-juntos-agora-e-ao-mesmo-tempo. Andrew: “Titaaaa, quer escutar música?”, e tome Ol’ McDonald’s farm e Twinkle, twinkle, little star. Terry: “Maramarta, você não quer assistir The Queen? Filme excelente!” Claudia: “Ti-ííí, você quer ajudar a salvar as marmotas, coitadinhas? Olha só que bunitinhas, não são uma graça?” E tome uma coleção de cartões postais de ratos gordos.
Aaaaaaaaah, STOP IT!
Quando me livrei de todos e retomei a leitura, descobri que o sexto e último livro termina exatamente quando o Phillip está pra beijar a Anita e que a história só continua... em setembro!!!! QUERO MORRER!
Bom, depois de tudo isso, só me restava ir pra cama e capotar.

PS. Vocês acham que terminaram as emoções? Lá pelas quatro da manhã ouvi ruídos no quintal e o que parecia ser um cachorrinho chorando. Quando consegui acordar de verdade e olhar pela janela, o barulho tinha parado e eu não vi nada. Voltei pra cama e daí a pouco ouvi de novo. Eu sabia o que era. Catei a máquina fotográfica, passei pelo Terry que roncava na sala, em frente à televisão sem som, e abri a porta de vidro que dá para o quintal. Lá estavam dois dos seres noturnos que assombram os quintais de Toronto. Dois gordíssimos racoons (guaxinins) se esbaldando nos restos de comida que a Clau tinha colocado para os passarinhos. Demorou pra eu me entender com a máquina, mas desta vez, ao contrário de dois anos atrás, consegui fotografar os bichos enquanto eles escalavam a cerca com muita dificuldade (eram enormes!) e sumiam pelo pátio afora. Muito legal!

terça-feira, 1 de maio de 2007

1o. de maio, terça-feira

Aiaiai, tô achando que uma gripe tá me pegando. O dia de ontem foi bastante parado. Fiquei em casa toda a manhã, tentando terminar um trabalho que não tive tempo de fazer no Brasil. Ok, isso e uma boa dose de enrolação, também. Sabe quando você não está realmente a fim de fazer uma coisa? Enquanto isso, o sol brilhava lá fora, convidativo.
Ao meio-dia, resolvi que era suficiente e me mandei.
Voltei a uma pracinha legal, Court Square, aqui perto, pra sentar ao sol e meditar sobre a droga do livro empacado. Putz, tinha um maldito caminhão parado, com o motor ligado, fazendo tanta zoeira que não dava pra ouvir os próprios pensamentos. Os fones do iPod bem enfiados nos ouvidos resolveram em parte, mas não tudo. Na falta de inspiração não tem iPod que dê jeito.
Depois de rabiscar alguma coisa sem muita vontade, resolvi, finalmente, ceder ao impulso de ir a duas de minhas livrarias favoritas, o sebo BMV e The Biggest Bookstore in the World. Uma fica do lado da outra. Ns viagens anteriores fiz a feira lá. Desta vez o resultado foi decepcionante. Acho que elas ainda não se recuperaram de minhas investidas passadas, especialmente o sebo. Na Biggest achei praticamente todos os livros da minha lista, mas a lista na verdade não tem muita coisa realmente interessante, e acabei não levando nada, só fiz prospecção. Minha sacola já estava pesada demais com um livro gooordo que comprei no sebo.
Saindo de lá fui até o escritório da Sheila, e no caminho comprei minhas passagens para NY. A Sheila trabalha num lugar amplo, e muito iluminado, um quarto andar com uma bela vista da cidade. Passamos uma meia hora de conversa agradável, com um gostoso chá de baunilha.
Voltando pra casa, da novamente de posse da sacola esquecida no carro da minha amiga, o corpo começou a reclamar. Dores por todo canto. Que não me impediram, porém de... ueba!... fazer compras!
Já em casa, estavam todos lá, Terry, Claudia, Andrew. Ainda pensei em sair pra bater perna depois que a noite caísse – já anoitece supertarde, umas oito e meia da noite – mas o mal-estar falou mais alto. Tivemos um jantar delicioso, de salmão com batatas e moyashi (grande Clau!) e depois de algum tempo enrolando, batendo papo com eles e nos divertindo com a birra teimosa do Andrew, resolvi dar o dia por encerrado.
Ah, sim, em algum momento do fim do dia chequei os e-mails, e tinha um de minha amiga Pat, de NY, me contando que o episódio 9 de Blood Ties, que passou neste domingo lá, foi escrito pela própria Tanya Huff, e é exelente!!!! Ai, que ansiedade pra assistir!

Beijos e queijos a todos!
Martha Argel

(ah, aqui não é feriado hoje)