segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

Pois bem, sete de manhã e lá estava eu em frente ao Consulado dos Estados Unidos da América. Quarenta e uma pessoas tinham chegado antes de mim. "A fila é sentada!", avisa um dos inúmeros cuidadores de gado. A fila anda em pequenos rebanhos, e a maior parte do tempo a gente espera sentado, porque de pé ia ser um saco. "Uma vez negaram meu visto". "Estou indo dar uma palestra sobre o Apocalipse". "Meu sobrenome é Mustafá, tomara que não encrenquem". "Olha, a moça ia a negócios e negaram o visto".
Chega, enfim, minha vez. A moça me diz bom dia, educada. Eu respondo, idem. Ela corre os olhos pelos formulários. Pede o passaporte anterior. Folheia. E faz uma única pergunta: "Por que a senhora foi pra o Suriname?". "Pelo mesmo motivo que estou indo aos EUA. Sou consultora ambiental e estou a serviço". Foi então que pronunciei a palavra mágica. O nome de meu empregador lá. "Seu visto está concedido. Volte na quarta para pegar o passaporte". Ninguém em sã consciência se mete a besta com uma multinacional daquelas.
Pois é. Embarco na quarta. Sem o visto do Canadá. Perdi o filé e fiquei só com o osso.

Tentarei postar diariamente minha mais espinhosa aventura internacional.

Beijos. E torçam por mim!

Martha Argel

domingo, 30 de janeiro de 2005

Bom dia. Obrigada pela torcida, continuo precisando dela!
Aos poucos as coisas vão ficando prontas pra viagem, mas falta o principal: não tenho o visto. Amanhã devo conseguir. Pra dizer a verdade, não sei se quero ou não ter esse trocinho no meu passaporte. Estou em pânico com a tal apresentação. Putaqueopariu, vai ser com videoconferência. Minha pronúncia é a de quem aprendeu outra língua nos livros. Como se fala reservoir? E feasibility? E Guyana? Viram? Eu sei escrever. Não faço a mínima idéia como se diz.

Beijos aterrorizados a todos

Martha Argel

domingo, 23 de janeiro de 2005

Sufoco. Decididamente, calças Capri são a última de minhas preocupações no momento. Mais uma vez, uma reviravolta transtorna todos meus planos. A contagem regressiva deixou de ter sentido. Pra quem não sabia, eu contava os dias pro final de meu contrato. A tontinha aqui achando que estava sobrecarregada, que não ia agüentar mais. Hahaha. Mal sabia eu.
Agora sim o bicho pegou.
Juro: nunca passei sufoco maior. Nunca me deparei com tamanho desafio. Nem quando fiz a entrevista na Venezuela, com meus inquisidores alternando perguntas em inglês e castelhano. Nem quando encarei apresentar o projeto em inglês no Suriname.
Se me safar bem dessa encrenca, não vou ter problemas de auto-estima pelo resto da vida. Bom, ao menos no que se refere à atividade profissional.
Se tudo der certo (!!!) a data do massacre, agora, é 4 de fevereiro. Quando estiver confirmado, compartilho com vocês o meu pânico.

beijos & queijos & torçam por mim!

Martha Argel


quarta-feira, 19 de janeiro de 2005

Ainda 12 dias? Vixe, se eu estivesse na Patagônia, nos Andes ou em Florença aposto que o tempo não ia se arrastar desse jeito.

Ontem: na foto de um jornal, um soldado com uma pobre onça acorrentada, diante de um bando de jovens admirados, e a legenda explicava que ele exibia o mascote de um batalhão amazônico do exército para integrantes do Projeto Rondon. Há milênios eu não ouvia falar disso. Nem sabia que ainda existia Projeto Rondon . Existe. E volta à mídia justo quando encerrei o meu próprio. Os perversos joguinhos do acaso.

E continua meu fascínio com o Esquadrão da Moda. Ainda não consegui grana para pôr em prática o que aprendi, mas já cheguei a uma conclusão: calça Capri, jamais! Prestem atenção quando passar por você uma das milhares de mulheres um pouco (ou muito) acima do peso, que usam uma blusa de cor berrante, com uma calça preta boca-de-sino que termina no meio da barriga da perna, deixando ver, daí pra baixo, apenas as canelas finas e uns sapatos de salto fino e bico mais fino ainda. Analise bem a silhueta resultante. Repare como a massa compacta da parte de cima parece fora de proporção com a fragilidade da parte da baixo. Não parece que ela vai cair a qualquer momento? Não parece uma batata sustentada por dois palitos? E se a mulher tiver altura abaixo da média, a combinação de cós baixo com comprimento curto dá a impressão que as pernas dela têm meio metro de comprimento. Receita certa pra você SEMPRE parecer mais gorda e mais baixa. Decididamente, quem inventou essa moda ODEIA as mulheres.

Tenham um bom dia, não esperem acontecer e evitem as calças Capri.

Martha Argel

segunda-feira, 17 de janeiro de 2005

Já é segunda-feira? Vixe! O final de semana está durando cada vez menos...
Afinal, a tal tempestade abateu-se na própria sexta-feira, e nem de perto teve a intensidade que eu temia. Tudo se resolveu muito melhor do que eu esperava. Uma coisa a menos pra me preocupar.
A revisão do livro avança lentamente. Como queria poder largar tudo JÁ e fazer o que eu realmente quero: escrever, escrever, escrever...
Bom, chega, no momento falta assunto e sobram obrigações. Back to work.

Fiquem bem, dediquem-se muito e persistam sempre.

Martha Argel
(14 dias e contando)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

Sem muito assunto hoje. A tempestade ainda paira no ar, apenas promessa. Por ora. Mais cedo ou mais tarde desaba. A paciência cada vez mais frágil. Uma sensação de que nada muda, nada acontece, e sei que não é assim. Mudanças estão acontecendo, porém lentas demais para minha ansiedade crônica. Quero que tudo aconteça . Imaturidade de minha parte, eu sei.
17 dias, e contando, ainda bem que é sexta-feira.

Fiquem bem.

Martha Argel




quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

O tempo não passa nunca. Faltam 19 dias, e há sinais de turbulência no horizonte. Chumbo grosso. Vou ter de defender minha decisão com unhas e dentes. Não esperava isso. Não sei exatamente qual argumentação terei de enfrentar. Consigo imaginar quatro abordagens. A grande merda é que eu sei o que quero, mas não sei o que é melhor para mim. Como ser firme numa discussão se não há firmeza em minhas idéias?

Beijos a todos

Martha Argel

terça-feira, 11 de janeiro de 2005

Comentando o comentário da Ceres: o Anjo Triste eu não conheço, mas uma das obras mais famosas do Dürer (tirando, claro, seus es-pe-ta-cu-la-res auto-retratos) é uma gravura chamada justamente Melancolia.
Uma amostra dos despropósitos que tenho de agüentar todo dia: num texto de um "especialista em fauna", encontrei um tópico sobre "Poluição agronômica". Imaginei um monte de agrônomos fazendo xixi num rio de águas cristalinas. Nada disso, a tal poluição advinha de pesticidas usados no combate de... molúsculos!!! Percebem porque esse projeto me frustra? Tal profissional está sendo pago para produzir esse tipo de coisa, e eu perco meus dias tentando consertar textos que jamais deveriam ter sido escritos.
O inferno dos escritores deve ser mais ou menos assim.
20 dias e contando.

Tenham todos um bom dia e acautelem-se contra os molúsculos do dia-a-dia.

Martha Argel

segunda-feira, 10 de janeiro de 2005

Bom dia.
Na contagem regressiva faltam 21 dias, e neste exato instante parece uma tarefa impossível agüentar tanto tempo. Como conseqüência de minhas decisões (já faz uma semana!), a ansiedade desapareceu mas em seu lugar instalou-se uma tristeza mansa que sufoca o ânimo. Melancolia, acho que é isso. Esse estado de espírito fascinava meu adorado Albrecht Dürer.
Seria excelente para escrever, não fosse o fato de ter de estar aqui, trabalhando num projeto que já detesto, com um prazo inadiável e tarefas odiosas, que me tomam o tempo em que deveria estar VIVENDO.
Não há saída. Apenas tenho que suportar, e continuar acreditando que mais cedo ou mais tarde pelo menos deste inferno estarei livre. Então terei todo o tempo do mundo para tentar conviver com meus demônios pessoais.

Tenham uma boa semana.

Martha Argel

sexta-feira, 7 de janeiro de 2005

Anteontem, algo que fez meu ego inchar como um baiacu frente à bocarra do tubarão (vocês não sabem o que é um baiacu? Procurem no Google). Entrei numa loja de duendes&gnomos&fadinhas, não exatamente meu estilo, fazer o quê, e me encantei com uns simpáticos brincos de morceguinho. O dono da loja perguntou se o morcego era meu "animal xamânico", ou algo assim, e eu resolvi chocá-lo: "Não. Sou escritora de terror e escrevo sobre vampiros". Só que quem ficou chocada fui eu. "Pera lá, eu sei quem você é! Eu vi a sua foto no site da Giulia Moon!" Pois é, ele me reconheceu! Acabou que ficamos papeando por quase uma hora, ele me chamando de Tita como se me conhecesse há anos, e no fim me deu os brincos de presente. Mundo pequeno. Eu também sabia quem ele era, já tinha visto mensagens dele no Anne Rice-BR. Ele assina como MorcegOsmar e é um sujeito super-simpático. Caramba, primeira vez que alguém me reconhece assim fora do universo gótico,
Ainda bem que acontecem coisas boas como essa, que ajudam a segurar a barra de arcar com as conseqüências das decisões de dias atrás.
24 dias, e o tempo não passa nunca.

Fiquem bem.

Martha Argel

quarta-feira, 5 de janeiro de 2005

Ontem fiz uma limpeza em minha vida. Respirei fundo e coloquei em prática duas decisões importantes que já tinha tomado há algum tempo. Acho que o que mata a gente é a falta de mudança. Para o bem ou para o mal, provoquei uma reviravolta em minha vida. Não tem como voltar atrás e o único a fazer é seguir adiante.
Feliz ano novo.
26 dias e contando, agora com mais fôlego (e uma vontade enorme de cair na festa!)

Tenham coragem de mudar, e vivam melhor!

Martha Argel

terça-feira, 4 de janeiro de 2005

Madrugada abafada e úmida, de uma noite mal-dormida.
Passou-se o primeiro dia de inferno. Hoje tem mais. Faz um tempo li que a gente tem de ter cuidado com o que escreve nos blogs, ou pode tomar um processo por calúnia e difamação nas costas. Ok, mantenho em meus pensamentos a opinião sobre alguns colegas de profissão.
Tenham todos um bom dia.

Martha Argel
27 dias e contando

domingo, 2 de janeiro de 2005

Astral lá em baixo, entre outras causas a tragédia asiática e o que, guardadas as devidas proporções, é minha tragédia pessoal: voltar para aquela BOSTA de projeto.
Belíssimo início de ano. Mal posso esperar pelo resto.
29 dias e contando.

Que para vocês as coisas estejam muito melhores.
Feliz 2005

Martha Argel